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O horror! O horror!
Acho difícil explicar quais sentimentos passam por minha mente ao saber do caso de estupro coletivo e assassinato ocorrido em Queimadas, na Paraíba.
Sabemos que vivemos numa sociedade em que as mulheres ainda são vistas como posse. Vivemos numa sociedade que ensina mulheres e cobra delas que não sejam estupradas, ao invés de dizer aos homens: não estupre! O estupro é um crime de poder e humilhação, de violação máxima do corpo. Sabemos de tudo isso. Porém, é espantoso que dez pessoas decidam promover um estupro coletivo. Todos que sabiam e estiveram presentes participaram de um crime com grandes requintes de crueldade e misoginia.
Cada manchete dos jornais é assustadora:
Uma pequena cidade da Paraíba nos mostra novos níveis do horror. Não basta apenas sabermos que todos os dias mulheres sofrem violência doméstica ou que os casos de estupro tem aumentado, inclusive nos transportes coletivos como metrô e ônibus. Mesmo sabendo que não há mais segurança, é preciso encarar novas faces da barbárie misógina.
Ainda me choca saber que dez pessoas concordaram em adentrar uma linha tão profunda da falta de humanidade. Ainda mais, porque o motivador do crime parece ter sido o fato de que uma das mulheres teria se negado a ficar com um dos rapazes em um outro dia. A Lola lembrou bem de Ensaio sobre a Cegueira, em que cegos por uma luz branca, os homens propõe estuprar as mulheres em troca de comida. Enxergamos a barbárie facilmente em situações extremas, mas quando apresenta-se como um presente de aniversário retrocedemos as trevas. Este crime precisa ser o símbolo de uma mundaça crucial na forma como encaramos a violência sexual em nossa sociedade.
Duas das mulheres foram mortas, porque identificaram os estupradores. É importante dizer os nomes das vítimas, porque esse não é um crime isolado e elas não podem ser esquecidas, são mais duas mulheres que morrem vítimas do feminicídio: Michele Domingues da Silva (29 anos) e Isabela Pajussara Frazão Monteiro (27 anos).
Este post faz parte da blogagem coletiva em repúdio ao caso de estupro como presente de aniversário.