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O comércio na
área de "segurança" entre os dois países revela que,
apesar das ofensas, o Brasil não é nenhum "anão"
A acusação de
"irrelevância diplomática" do Brasil feita por Israel
acabou ferindo o orgulho ufanista de alguns brasileiros.
Mas para além da
retórica diplomática, é necessário observar os fatos. Como diria
um grande professor, o direito - e aqui incluo a diplomacia - tem
sua importância maior não pelo que diz, mas pelo que não diz.
Se a condenação
feita ao massacre dos palestinos é um ponto positivo, talvez a
falta de referência às intensas trocas comerciais entre os dois
países deixe em suspenso a materialidade das relações. Para que
se tenha aviões, bombas, drones, armas e munições, é preciso
recursos. E nisso, o Brasil é cúmplice.
O comércio na área
de "segurança" entre os dois países revela que, apesar
das ofensas, o Brasil não é nenhum "anão".
O mercado não é
somente intenso e movimenta bilhões de dólares, mas também é uma
área que cresce cada vez mais - às custas do povo palestino e da
população periférica, pobre e preta do Brasil.
Entre 1993 e 2013, o
Brasil negociou com Israel ao menos 10 contratos de compra e venda
de armamento e tecnologias militares, com o valor total de no mínimo
US$285 milhões. Segundo a revista israelense Defense Update, tais
contratos já passam de US$ 1 bilhão. Em 2010 - mesmo ano em que o
país reconheceu o Estado Palestino nas fronteiras de 1967 - os
países firmaram um acordo de cooperação bilateral na área de
defesa, apontando para oportunidades que "possam valer bilhões
de dólares" (http://tinyurl.com/prejtm2).
Os produtos israelenses chegam com o selo de "testado em
campo": ou seja, "testados" contra a população
palestina.
Nesse período,
também, o total em importações de Israel foi de ao menos US$ 187
milhões. O que torna Israel o 5o maior exportador de armas para o
Brasil, atrás somente do Reino Unido, Alemanha, França e EUA.
(http://www.sipri.org/)
A principal parceira
comercial israelense na área de defesa no Brasil é a Elbit
Systems, que, junto com a Embraer Defesa e Segurança, comandam sua
filial local, a AEL Sistemas. A Elbit Systems é uma das principais
fornecedoras de equipamentos militares para o exército israelense,
auxiliou na construção do Muro do Apartheid e ajuda na construção
dos assentamentos em terras palestinas. O intercâmbio com o Brasil
tanto de tecnologia como de pessoal também é assegurado. Segundo a
própria empresa “…destacamos a participação de engenheiros e
programadores da empresa, no desenvolvimento de novos e sofisticados
produtos e sistemas, nas instalações da Elbit Systems Ltd., em
Israel, exercitando efetiva transferência de tecnologia. Ao
retornarem ao Brasil, compõem, com os demais especialistas da
empresa, o grupo de elite da eletrônica embarcada brasileira na
AEL." A empresa está quadruplicando sua área construída, o
que significa que os negócios estão prosperando.
(http://tinyurl.com/lrct9y7)
Mas não só na área
de "segurança internacional" a parceria entre os dois
países é grande. Também na "segurança pública" o
intercâmbio tanto de armas de pequeno porte como de expertise é
alto. A venda de drones israelenses para a PF, o intercâmbio de
métodos e técnicas policiais, e a venda de armas de pequeno porte
são também outra face do mercado de segurança entre os países.
Entre 2007 e 2011, o
Brasil aparece 3 vezes como um dos maiores exportadores de armas
leves a Israel - um mercado que vem se expandindo cada vez mais.
Contudo, vale constar que Israel não reporta a importação dessas
armas para o banco de dados de trocas comerciais da ONU. O que leva
a crer que a quantidade e a cifra que gira em torno desse comércio
é muito maior. (http://www.smallarmssurvey.org/)
Se, de um lado, as
declarações do MRE são positivas, para que se possa trazer
resultados reais, as ações têm de ser concretas. Discursos cheios
de significados são importantes, mas não asseguram a diminuição
do sofrimento do povo palestino.
É preciso agir.
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