Escrevinhador (www.rodrigovianna.com.br)
Na Cisjordânia está o pequeno povoado palestino de Brudus. Com apenas 1.400 habitantes, que têm na terra e nas oliveiras a sua sobrevivência, a vila ganhou destaque em 2003 e virou exemplo de resistência e solidariedade.
Brudus estava na rota do muro que o governo israelense constrói para separar Israel da Palestina, a obra invadiria território palestino e os habitantes de Brudus perderiam cerca de seis acres (em torno de 24 km²) e três mil oliveiras.
A população do vilarejo se organizou e resistiu. Foram dez meses e 55 manifestações pacíficas até o governo israelense recuar e mudar o trajeto do muro. Mas o mobilização não foi simples. A população teve que trabalhar em conjunto superando divisões e preconceitos. Membros de grupos rivais se uniram. Mulheres participaram das manifestações e foram fundamentais na mobilização, muitas vezes tomando a frente do conflito. Além disso, esses protestos foram pioneiros em unir palestinos e israelenses em manifestações conjuntas.
Essa é a história retratada pelo documentário Brudus, dirigido por Julia Bacha, que é lançado este mês no Brasil. No entanto, não é só isso. Brudus conta a história do líder local que organizou a resistência dos aldeões e se esforçou para unir membros do Fatah e Hamas nos protestos. Mostra um pouco da vida da jovem que sonha em estudar medicina enquanto lida com seus medos e luta pelo povoado, e se orgulha de ter protegido as oliveiras da escavadeira. Conta como se sente uma jovem militar israelense ao se ver na situação de confronto e, de alguma maneira, se identificar com as palestinas. E expõe como ativistas israelenses de esquerda decidiram lutar ombro a ombro junto com palestinos, no que chamam de “co resistência”.
O documentário consegue mostrar a beleza e leveza que se manifestam mesmo em situações de conflito como essa. Apesar do pano de fundo, são histórias com as quais é possível se identificar e, por isso, se envolver e se emocionar. Julia Bacha conta que é este o objetivo do documentário: sensibilizar através de uma narrativa, fazendo com
A diretora Julia Bacha: “buscamos criar visibilidade para as ações pacíficas que ocorrem” (Foto: Rodrigo Valente)
que se absorva novas informações, mesmo que contraditórias à uma visão já sedimentada. A diretora ressalta a importância de divulgar as ações não violentas, apresentando uma versão distinta da predominante na mídia. É para “cobrir esta lacuna” dos meios de comunicação que trabalha a organização Just Vision, que é a realizadora do documentário e da
qual faz parte Julia.
A primeira exibição de Brudus foi na própria vila e contou com a presença de metade da população. Julia conta que houve muito festejo e que foi a sessão que teve maior dificuldade em conversar com o público, por estar emocionada. Desde então, o documentário passou por diversos festivais de cinema e canais de televisão. Neste mês é lançado no Brasil pela Copacabana Filmes e tem sua última sessão hoje (28) em São Paulo às 18h, na Casa Jaya (Rua Capote Valente, 305, Pinheiros).
(*) Matéria reproduzida originalmente do Escrevinhador (www.rodrigovianna.com.br)
2 comentários:
Fantástico Jader, adorei e espero poder assistir esse documentário.
Como é bom saber que existe pessoas que superam os preconceitos que nos são impostos.
É muito bom ver Palestinos e judeus se unindo contra o Sionismo, contra a barbarie que sempre é cometida.
Muito obrigado amigo por essa boa noticia que nos dá um alento perante tanta agressões que o mundo está sofrendo.
Um grande abraço
Obrigado a você pela atenção e incentivo, espero que conheça o vídeo do poste anterior e também o blog são dois lugares importantes.
Grande abraço Burgos
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