buscado no Gilson Sampaio
por Wladmir Coelho
As
denuncias de corrupção envolvendo dirigentes da Petrobras e autoridades
da república revelam o tamanho da negligencia e irresponsabilidade de
sucessivos governos em relação a política econômica do petróleo no
Brasil.
Negligência iniciada durante a ditadura
militar através da imposição do contrato de risco e ampliada durante o
governo de Fernando Henrique Cardoso que entregou o petróleo nacional
aos oligopólios.
O governo Lula, apoiado na
manipulação da história, manteve o modelo implantado por Fernando
Henrique Cardoso e continuou o processo de desmonte da Petrobras
escondendo-se no discurso pretensamente nacionalista e intervencionista.
O ex-presidente chegou a imitar o gesto de
Getúlio Vargas erguendo a mão mergulhada em petróleo como símbolo do
controle nacional do mineral. Entretanto a mesma mão presidencial que
acenava para as fotos publicitárias assinou, em 2010, a lei 12.351
determinando a execução dos leilões de entrega do pré-sal aos
oligopólios.
Em 2013 a presidente Dilma
Rousseff concluiu o projeto entreguista iniciado durante a ditadura
militar realizando os infames leilões do pré-sal. O governo brasileiro,
mais uma vez, manteve-se submisso aos interesses dos oligopólios gerando
um prejuízo irreparável ao Brasil.
Esta
submissão aos interesses dos oligopólios gerou uma legislação que
submete a política econômica do petróleo nacional aos interesses de
empresas que desde o século passado atuam de forma obscura em todo o
planeta.
Desta forma o Brasil deveria iniciar
um processo não somente de investigação da conduta ética dos dirigentes
da Petrobras, mas um amplo debate a respeito da nacionalização da
produção petrolífera nacional.
O modelo de
exploração proposto e executado através da lei 12.351 de 2010 revela o
seu caráter antinacional ao transformar a Petrobras em elemento
financiador dos oligopólios aspecto agravado quando somado a conversão
dos recursos desta exploração para um fundo especulativo.
A
Petrobras não foi criada para “brilhar” nas bolsas de valores. Esta
característica mercadológica, defendida por governantes neoliberais e
oposicionistas da mesma linha ideológica, revela somente o desejo de
abrir o controle da empresa ao capital internacional.
Na
verdade o modelo de financiamento da produção petrolífera no Brasil
precisa de uma análise profunda desvinculada de opções ideológicas que
visam a lucratividade dos oligopólios. Este debate não pode permanecer
nos parâmetros estabelecidos durante a ditadura militar, retomado
durante o governo Fernando Henrique, ampliado durante os governos Lula e
Dilma Rousseff.
Torna-se necessário redefinir o
papel da Petrobras na política econômica do petróleo tornando clara a
sua função de empresa nacional responsável pela exploração petrolífera e
garantidora do abastecimento da matéria prima necessária à produção.
O
modelo “oitava irmã”, planejado durante a ditadura militar, revela-se
incompatível à missão histórica da Petrobras de rompimento com o modelo
econômico de base colonial.
O debate de
interesse do povo, apesar de todas as denuncias, ainda não foi iniciado.
Infelizmente, estamos observando uma disputa entre governo e oposição
neoliberal relativa a melhor forma de privatização total da Petrobras.
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