buscado no MST
por Rogério DaflonDo Observatório do Pré-sal
Movimentos sociais e
organizações não governamentais protestam contra a apresentação do
Código da Mineração em regime de urgência. Na elaboração do projeto de
lei para a mudança do código, os grupos econômicos do segmento tiveram
um amplo diálogo com o governo e acordaram pontos com o próprio
Executivo Federal, mas o mesmo Executivo evitou a participação das
comunidades atingidas pela mineração e da sociedade civil.
“Não tivemos nem dez
dias para analisar o código e propor emendas, enquanto os grupos
econômicos já estão em diálogo com o governo desde o início do ano e,
tudo indica, que executivo e esse grupos acordaram pontos do projeto de
lei", afirma Carlos Bittencourt, pesquisador do Ibase, que vem
acompanhando os encontros em Brasília do Comitê Nacional em Defesa dos
Territórios frente à Mineração.”
O regime de urgência
obriga que o projeto de lei tramite em apenas 45 dias em cada casa
legislativa. O mais grave é que foi dada a entrada no projeto de lei no
dia 21 de junho e as emendas só podem ser apresentadas até amanhã
(03/06).
“Qual é urgência em
se modificar uma lei que tem mais de 40 anos (o código atual é de 1967)?
O governo vem debatendo a proposta desde 2009 com os grupos econômicos,
mas tratou o projeto com absoluto sigilo frente à sociedade civil, não
nos permitindo conhecer e, muito menos, propor emendas ao seu conteúdo.”
Para o comitê, a
opção pelo regime de urgência é uma manobra que visa não só a evitar o
debate público sobre o tema como também manter os interesses do setor
econômico protegidos no projeto de lei.
Os membros do Comitê
também vêem com desconfiança a possibilidade do Congresso, sem
participação cidadã, modificar positivamente a proposta de código.
Dados públicos
mostram que a maioria dos deputados envolvidos nesse debate da
mineração, como os que compõem a Comissão de Minas e Energia, receberam
vultosos financiamentos das empresas mineradoras para suas campanhas
eleitorais.
A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil já se pronunciou publicamente contra a
forma como o Executivo vem conduzindo todo esse processo, no qual
entidades como o Movimento Nacional de Atingidos pela Mineração têm sido
totalmente excluídas.
Os casos de
violações de direitos humanos e ambientais nas áreas mineradoras são
inúmeros em estados como Pará, Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina.
Apesar disso, o governo federal ignorou a existência de impactos nessas
regiões em seu projeto de lei. Nele, não há qualquer menção às pessoas e
comunidades afetadas pelos empreendimentos do setor.
O comitê pretende lançar uma campanha nacional contra o regime de urgência e pela abertura do debate público sobre o tema.
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