buscado no Prezado...Cara Pálida
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Relembrando uma informação de junho de 2012 estou reeditando uma
postagem, talvez possa ajudar a entender o que estamos passando, pois
além de sermos desmemoriados, ainda temos a memória seletiva.
Tibiriçá
O sub-mundo da "Democracia" e a Conspiração
"Ainda com relação aos posts anteriores
encontrei essa matéria que nos pode dar uma idéia de como funciona o
sub-mundo da democracia que vai do "atacado" ao "varejo", ou seja
podemos vislumbrar a parte submersa do iceberg que não aparece nas
mídias corporativas, pelo contrário onde só aparace as notícias e os
resultados de tais "revoluções" desses movimentos ditos "populares",
vide a primavera árabe, occupy isso, occupy aquilo e etc.. E os mais
desavisados e os pretensos indignados da era da informática sequer
suspeitam que apenas repetem um comportamento que lhes foi planejado, e
os jovens, principalmente, acabam servindo de massa de manobra, bucha de
canhão, servindo a um propósito de construirem para si a pópria prisão,
e por aí vai. De modo que todos esses movimentos que se espalham pelo
mundo "naturalmente" como destruir uma nação
e nada mais são do que os interesses corporativos americanos e aí se
quiserem ser mais "paranóicos", também pode ser os interesses da Elite
Global que não tem face, e que não se expõem. Saliento que o sitio de
onde tirei a reportagem também tem o apoio dos não menos suspeitos Fundação Ford e da Open Society . E aqui fica o ditado árabe "Enquanto os cães ladram, a caravana passa"...e sigo ladrando".
Tibiriçá
Documentos vazados pelo WikiLeaks mostram como
age uma organização que treina oposicionistas pelo mundo afora – do Egito à
Venezuela.
No canto superior do documento, um punho cerrado
estampa a marca da organização. No corpo do texto lê-se: “Há uma tendência
presidencialista forte na Venezuela. Como podemos mudar isso? Como podemos
trabalhar isso?”. Mais abaixo, o leitor encontra as seguintes frases:
“Economia: o petróleo é da Venezuela, não do governo. É o seu dinheiro, é o seu
direito… A mensagem precisa ser adaptada para os jovens, não só para estudantes
universitários… E as mães, o que querem? Controle da lei, a polícia agindo sob
autoridades locais. Nós iremos prover os recursos necessários para isso”.
O texto não está em espanhol nem foi escrito por
algum membro da oposição venezuelana; escrito em inglês, foi produzido por um
grupo de jovens baseados em outro lado do mundo – na Sérvia.
O documento “Análise da situação na Venezuela,
Janeiro de 2010”, produzido pela Organização Canvas,
cuja sede fica em Belgrado, está entre os documentos da empresa de inteligência
Stratfor vazados pelo WikiLeaks.
O último vazamento do WikiLeaks – ao qual a
Pública teve acesso – mostra que o fundador desta organização se correspondia
sempre com os analistas da Stratfor, empresa que mistura jornalismo, análise
política e métodos de espionagem para vender “análise de inteligência” a
clientes que incluem corporações como a Lockheed Martin, Raytheon, Coca-Cola e
Dow Chemical – para quem monitorava as atividades de ambientalistas que se
opunham a elas – além da Marinha americana.
O Canvas (sigla em inglês para “centro para
conflito e estratégias não-violentas”) foi fundado por dois líderes
estudantis da Sérvia, que participaram da bem-sucedida revolta que derrubou o
ditador Slobodan Milosevic em 2000. Durante dois anos, os estudantes
organizaram protestos criativos, marchas e atos que acabaram desestabilizando o
regime.
Depois, juntaram o cabedal de conhecimento em
manuais e começaram a dar aulas a grupos oposicionistas de diversos países
sobre como se organizar para derrotar o governo. Foi assim que chegaram à
Venezuela, onde começaram a treinar líderes da oposição em 2005. Em seu
programa de TV, Hugo Chávez acusou o grupo de golpista e de estar a serviço dos
Estados Unidos. “É o chamado golpe suave”, disse.
Os novos documentos analisados pela Pública
mostram que se Chávez não estava totalmente certo – mas também não estava
totalmente errado.
O começo, na Sérvia
“Foram dez anos de organização estudantil durante
os anos 90”, diz Ivan Marovic, um dos estudantes que participaram dos protestos
contra Milosevic. “No final, o apoio do exterior finalmente veio. Seria bobo eu
negar isso. Eles tiveram um papel importante na etapa final. Sim, os Estados
Unidos deram dinheiro, mas todo mundo deu dinheiro: alemães, franceses,
espanhóis, italianos. Todos estavam colaborando porque ninguém mais apoiava o
Milosevic”, disse ele em entrevista à Pública.
“Dependendo do país, eles doavam de um
determinado jeito. Os americanos têm um ‘braço’ formado por ONGs muito ativo no
apoio a certos grupos, outros países como a Espanha não têm e nos apoiavam
através do ministério do exterior”. Entre as ONGs citadas por Marovic
estão o National Endowment for Democracy (NED),
uma organização financiada pelo congresso americano, a Freedom House e o
International Republican Institute, ligado ao partido republicano – ambos
contam polpudos financiamentos da USAID, a
agência de desenvolvimento americana que capitaneou movimentos golpistas na
América Latina nos anos 60, inclusive no Brasil.
Todas essas ONGs são velhas conhecidas dos
governos latinoamericanos, incluindo os mais recentes.
Foi o IRI, por
exemplo, que ministrou “cursos de treinamento político” para 600 líderes da
oposição haitiana na República Dominicana durante os anos de 2002 e 2003.
O golpe contra Jean-Baptiste Aristide, presidente
democraticamente eleito, aconteceu em 2004. Investigado pelo Congresso dos
Estados Unidos, o IRI foi acusado de estar por trás de duas organizações que
conspiraram para derrubar Aristide.
Na Venezuela, o NED enviou US$ 877 mil para
grupos de oposição nos meses anteriores ao golpe de Estado fracassado em 2002,
segundo revelou o New York Times.
Na Bolívia, segundo documentos do
governo americano obtidos pelo jornalista Jeremy Bigwood, parceiro da Pública,
a USAID manteve um “Escritório para Iniciativas de Transição”, que
investiu US$ 97 milhões em projetos de “descentralização” e “autonomias
regionais” desde 2002, fortalecendo os governos estaduais que se opõem a Evo
Morales.
Procurado pela Pública, o líder do Canvas, Srdja Popovic, diz que a organização não
recebe fundos governamentais de nenhum país e que seu maior financiador é o
empresário sérvio Slobodan Djinovic, que também foi líder estudantil.
Porém, um PowerPoint de apresentação da
organização, vazado pelo WikiLeaks, aponta como parceiros do Canvas o IRI e a
Freedom House, que recebem vultosas quantias da USAID.
Para o pesquisador Mark Weisbrot, do
instituto Center for Economic and Policy Research, de Washington,
organizações como a IRI e Freedom House “não estão promovendo a democracia”.
“Na maior parte do tempo, estão promovendo
exatamente o oposto. Geralmente promovem as políticas americanas em outros
países, e isto significa oposição a governos de esquerda, por exemplo, ou a
governos dos quais os Estados Unidos não gostam”.
Fase dois: da Bolívia ao Egito
Vista através do mesmo PowerPoint de
apresentação, a atuação do Canvas impressiona. Entre 2002 e 2009, realizou 106
workshops, alcançando 1800 participantes de 59 países. Nem todos são
desafetos americanos – o Canvas treinou ativistas por exemplo na Espanha, no
Marrocos e no Azerbaijão – mas a lista inclui muitos deles: Cuba, Venezuela,
Bolívia, Zimbabue, Bielorrussia, Coreia do Norte, Siria e Irã.
Segundo o próprio Canvas, sua atuação foi
importante em todas as chamadas “revoluções coloridas” que se espalharam por
ex-países da União Soviética nos anos 2000.
O documento aponta como “casos bem sucedidos” a
transferência de conhecimento para o movimento Kmara em 2003 na Geórgia, grupo
que lançou a Revolução Rosas e derrubou o presidente; uma ajudinha para a
Revolução Laranja, em 2004, na Ucrânia; treinamento de grupos que fizeram a
Revolução dos Cedros em 2005, no Líbano; diversos projetos com ONGs no Zimbabue
e a coalizão de oposição a Robert Mugabe; treinamento de ativistas do Vietnã,
Tibete e Burma, além de projetos na Síria e no Iraque com “grupos
pró-democracia”. E, na Bolívia, “preparação das eleições de 2009 com grupos de
Santa Cruz” – conhecidos como o mais ferrenho grupo de adversários de Evo
Morales.
Até 2009, o principal manual do grupo, “Luta não violenta - 50 pontos cruciais” já havia sido traduzido para 5
línguas, incluindo o árabe e o farsi.
Um das ações do Canvas que ganhou maior
visibilidade foi o treinamento de uma liderança do movimento 6 de Abril,
considerado o embrião da primavera egípcia. O movimento começou a ser
organizado pelo Facebook para protestar em solidariedade a trabalhadores têxteis
da cidade de Mahalla al Kubra, no Delta do Nilo. Foi a primeira vez que a rede
social foi usada para este fim no Egito. Em meados de 2009, Mohammed Adel, um
dos líderes do 6 de Abril viajou até Belgrado para ser treinado por Popovic.
Nos emails aos analistas da Stratfor, Popovic se
gaba de manter relações com os líderes daquele movimento, em especial
com Mohammed Adel – que se tornou uma das principais fontes de
informação a respeito do levante no Egito em 2011. Na comunicação interna da
Stratfor, ele é mencionado sob o codinome RS501.
“Acabamos de falar com alguns dos nossos amigos
no Egito e descobrimos algumas coisas”, informa ele no dia 27 de janeiro de
2011. “Amanhã a irmadade muçulmana irá levar sua força às ruas, então pode
ser ainda mais dramático… Nós obtivemos informações melhores sobre estes grupos
e como eles têm se organizado nos últimos dias, mas ainda estamos tentando
mapeá-los”.
Documentos da Stratfor
Os documentos vazados pelo WikiLeaks mostram que
o Canvas age de maneira menos independente do que deseja aparentar. Em pelo
menos duas ocasiões, Srdja Popovic contou por email ter participado de reuniões
no National Securiy Council, o conselho de segurança do governo americano.
A primeira reunião mencionada aconteceu no dia 18
de dezembro de 2009 e o tema em pauta era Russia e a Geórgia. Na
época, integrava o NSC o “grande amigo” de Popovic – nas suas próprias palavras
– o conselheiro sênior de Obama para a Rússia, Michael McFaul, que hoje é
embaixador americano naquele país.
No mesmo encontro, segundo Popovic relatou mais
tarde, tratou-se do financiamento de oposicionistas no Irã através de grupos
pró-democracia, tema de especial interesse para ele.
“A política para o Irã é feita no NSC por Dennis Ross. Há uma função crescente sobre o
Irã no Departamento de Estado sob o Secretário Assistente John Limbert. As
verbas para programas pró-democracia no Irã aumentaram de US$ 1,5 milhão em
2004 para US$ 60 milhões em 2008 (…) Depois de 12 de junho de 2009, o NSC
decidiu neutralizar os efeitos dos programas existentes, que começaram com
Bush. Aparentemente a lógica era que os EUA não queriam ser vistos tentando
interferir na política interna do Irã. Os EUA não querem dar ao regime iraniano
uma desculpa para rejeitar as negociações sobre o programa nuclear”, reclama o
sérvio, para quem o governo Obama estaria agindo como “um elefante numa loja de
louça” com a nova política.
“Como resultado, o Iran
Human Rights Documentation Center, Freedom House, IFES e IRI tiveram
seus pedidos de recursos rejeitados”, descreve em um email no início de janeiro
de 2010.
A outra reunião de Popovic no NSC teria ocorrido
às 17 horas do dia 27 de julho de 2011, conforme Popovic relatou à analista
Reva Bhalla.
“Esses caras são impressionantes”, comentou, em
um email entusiasmado, o analista da Stratfor para o leste europeu, Marko
Papic. “Eles abrem usa lojinha em um país e tentam derrubar o governo. Quando
bem usados são uma arma mais poderosa que um batalhão de combate da força
aérea”.
Marko explica aos seus colegas da Stratfor que o
Canvas – nas suas palavras, um grupo tipo “exporte-uma-revolução” –
“ainda depende do financiamento dos EUA e basicamente roda o mundo
tentando derrubar ditadores e governos autocráticos (aqueles de quem os Estados
Unidos não gostam)”. O primeiro contato com o líder do grupo, que se tornaria
sua fonte contumaz, se deu em 2007. “Desde então eles têm passado inteligência
sobre a Venezuela, a Georgia, a Sérvia, etc”.
Em todos os emails, Popovic demonstra grande
interesse em trocar informações com a Stratfor, a quem chama de “CIA de
Austin”. Para isso, vale-se dos seus contatos entre ativistas em diferentes
países. Além de manter relação com uma empresa do mesmo filão idológico, se
estabelece uma proveitosa troca de informações. Por exemplo, em maio de 2008
Marko diz a ele que soube que a inteligência chinesa estaria considerando
atacar a organização pelo seu trabalho com ativistas tibetanos.
“Isso já era esperado”, responde Srdja. Em 23 de
maio de 2011, ele pede informações sobre a autonomia regional dos curdos no
Iraque.
Venezuela
Um dos temas mais frequentes na conversa com
analistas da Stratfor é a Venezuela; Srdja ajuda os analistas a entenderem o
que a oposição está pensando. Toda a comunicação, escreve Marko Papic, é feita
por um email seguro e criptografado. Além disso, em 2010, o líder do
Canvas foi até a sede da Stratfor em Austin para dar
um briefing sobre a situação venezuelana.
“Este ano vamos definitivamente aumentar nossas
atividades na Venezuela”, explica o sérvio no email de apresentação da sua
“Análise da situação na Venezuela”, em 12 de janeiro de 2010.
Para as eleições de setembro daquele ano, relata
que “estamos em contato próximo com ativistas e pessoas que estão tentando
ajudá-los”, pedindo que o analista não espalhe ou publique esta informação.
O documento, enviado por email, seria a “fundação
da nossa análise do que planejamos fazer na Venezuela”. No dia seguinte,
ele reitera em outro email: “Para explicar o plano de ação que enviamos, é
um guia de como fazer uma revolução, obviamente”.
O documento, ao qual a Pública teve acesso, foi
escrito no início de 2010 pelo “departamento analítico” da organização e
relata, além dos pilares de suporte de Chávez, listando as principais
instituições e organizações que servem de respaldo ao governo (entre elas, os
militares, polícia, judiciário, setores nacionalizados da economia, professores
e o conselho eleitoral), os principais líderes com potencial para formarem uma
coalizão eficiente e seus “aliados potenciais” (entre eles, estudantes, a
imprensa independente e internacional, sindicatos, a federação venezuelana de
professores, o Rotary Club e a igreja católica).
A indicação do Canvas parece, no final, bem
acertada. Entre os principais líderes da oposição que teriam capacidade de
unificá-la estão Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda e
candidato de oposição nas eleições presidenciais de outubro pela coalizão Mesa
de Unidade Democrática, além do prefeito do distrito metropolitano de Caracas,
Antonio Ledezma, e do ex-prefeito do município de Chacao, Leopoldo Lopez
Mendoza.
Dois líderes estudantis, Alexandra Belandria, do
grupo Cambio, e Yon Goicochea, do Movimiento Estudiantil Venezolano, também são
listados.
O objetivo da estratégia, relata o documento, é
“fornecer a base para um planejamento mais detalhado potencialmente realizado
por atores interessados e pelo Canvas”. Esse plano “mais detalhado” seria
desenvolvido posteriormente com “partes interessadas”.
Em outro email Popovic explica:“Quando alguém
pede a nossa ajuda, como é o caso da Venezuela, nós normalmente perguntamos
‘como você faria?’ (…) Neste caso nós temos três campanhas: unificação da
oposição, campanha para a eleição de setembro (…). Em circunstâncias NORMAIS,
os ativistas vêm até nós e trabalham exatamente neste tipo de formato em um
workshop. Nós apenas os guiamos, e por isso o plano acaba sendo tão eficiente,
pois são os ativistas que os criam, é totalmente deles, ou seja, é autêntico.
Nós apenas fornecemos as ferramentas”.
Mas, com a Venezuela, a coisa foi diferente,
explica Popovic: “No caso da Venezuela, por causa do completo desastre que o
lugar está, por causa da suspeita entre grupos de oposição e da desorganização,
nós tivemos que fazer esta análise inicial. Se eles irão realizar os próximos
passos depende deles, ou seja, se eles vão entender que por causa da falta de
UNIDADE eles podem perder a corrida eleitoral antes mesmo que ela comece”.
Aqueles que receberam a análise (como o pessoal
da Strartfor, por exemplo) aprenderam que segunda a lógica do Canvas os
principais temas a serem explorados em uma campanha de oposição na Venezuela
são:
– Crime e falta de segurança: “A situação
deteriorou tremendamente e dramaticamente desde 2006. Motivo para mudança”
– Educação: “O governo está tomando conta do
sistema educacional: os professores precisam ser atiçados. Eles vão ter que
perder seus empregos ou se submeter! Eles precisam ser encorajados e haverá um
risco. Nós temos que convencê-los de que os temos como alta esfera da
sociedade; eles detêm uma responsabilidade que valorizamos muito. Os
professores vão motivar os estudantes. Quem irá influenciá-los? Como nós vamos
tocá-los?”
– Jovens: “A mensagem precisa ser dirigida para
os jovens em geral, não só para os estudantes universitários”.
– Economia: “O petróleo é da Venezuela, não do
governo, é o seu dinheiro, é o seu direito! Programas de bem-estar social”.
– Mulheres: “O que as mães querem? Controle da
lei, a polícia agindo sob as autoridades locais. Nós iremos prover os recursos
necessários para isso. Nós não queremos mais brutamontes”.
– Transporte: “Trabalhadores precisam conseguir
chegar aos seus empregos. É o seu dinheiro. Nós precisamos exigir que o governo
preste contas, e da maneira que está não conseguimos fazer isso”.
– Governo: “Redistribuição da riqueza, todos
devem ter uma oportunidade”.
– “Há uma forte tendência presidencialista na
Venezuela. Como podemos mudar isso? Como podemos trabalhar com isso?”
No final do email, Popovic termina com uma
crítica grosseira aos venezuelanos que procura articular: “Aliás, a cultura de
segurança na Venezuela não existe. Eles são retardados e falam mais que a
própria bunda. É uma piada completa”.
Procurado pela Pública, o líder do Canvas negou
que a organização elabore análises e planos de ação revolucionária sob
encomenda. E foi bem menos entusiasta com relação ao seu “guia” elaborado para
a Venezuela.
“Nós ensinamos as pessoas a analisarem e
entenderem conflitos não-violentos – e durante o processo de aprendizagem
pedimos a estudantes e participantes que utilizem as ferramentas que apresentam
no curso. E nós também aprendemos com eles! Depois usamos o trabalho que
eles realizaram e combinamos com informações públicas para criar estudos de
caso”, afirmou.
“E isso é transformado em análises mais longas
por dois estagiários. Usamos estas análises nas nossas pesquisas e
compartilhamos com estudantes, ativistas, pesquisadores, professores,
organizações e jornalistas com os quais cooperamos – que estão interessados em
entender o fenômeno do poder popular”.
Questionado, Popovic também respondeu às criticas
feitas por Hugo Chávez no seu programa de TV: “É uma fórmula bem conhecida… Por
décadas os regimes autoritários de todo o mundo fazem acusações do tipo
‘revoluções exportadas’ como sendo a principal causa dos levantes em seus
países. O movimento pró-democracia na Sérvia foi, claro, acusado de ser uma
‘ferramenta dos EUA’ pela TV estatal e por Milosevic, antes dos estudantes
derrubarem o seu regime. Isso também aconteceu no Zimbabue, Bielorrusia, Irã…”
O ex-colega de movimento estudantil, Ivan Marovic
– que ainda hoje dá palestras sobre como aconteceu a revolta contra Milosevic –
concorda com ele: “É impossível exportar uma revolução. Eu sempre digo em
minhas palestras que a coisa mais importante para uma mudança social
bem-sucedida é ter a maioria da população ao seu lado. Se o presidente tem a
maioria da população ao lado dele, nada vai acontecer”.
Marovic avalia, no entanto, que houve uma mudança
de percepção do “braço de ONGs” dos governos ocidentais, em especial dos
Estados Unidos, depois da revolução na Sérvia em 2000 e as “revoluções
coloridas” que se seguiram no leste europeu.
“Um mês depois de derrubarmos o Milosevic, o New
York Times publicou um artigo dizendo que quem realmente derrubou o Milosevic
foi a assistência financeira americana. Eles estão aumentando o seu papel. E
agora acreditam que a grana dos Estados Unidos pode derrubar um governo. Eles
tentaram a mesma coisa na Bielorrusia, deram um monte de dinheiro para ONGs, e
não funcionou”.
O pesquisador Mark Weisbrot concorda, em termos.
É claro que nenhum grupo estrangeiro, ainda mais um grupo pequeno, pode causar
uma revolução em um país. Para ele, não é o dinheiro do governo americano –
seja através de ONGs pagas pelo National Security Council, pela USAID ou pelo
Departamento de Estado – que faz a diferença.
“A elite venezuelana, por exemplo, não precisa
deste dinheiro. O que estes grupos financiados pelos EUA, antigamente e hoje,
agregam são duas coisas: uma é habilidade e o conhecimento necessário em
subverter regimes. E a segunda coisa é que esse apoio tem um papel unificador.
A oposição pode estar dividida e eles ajudam a oposição a se unificar”.
Para ele, muitas vezes o patrocínio americano tem
uma “influência perniciosa” em movimentos legítimos. “Sempre tem pessoas grupos
lutando pela democracia nestes países, com uma variedade de demandas, reforma
agrária, proteções sociais, empregos… E o que acontece é que eles capitaneiam
todo o movimento com muito dinheiro, inspirado pelas políticas que interessam
aos EUA. Muitas vezes, os grupos democráticos que recebem o dinheiro acabam
caindo em descrédito”.
PS do Viomundo: Desde 2007,
quando estávamos em Washington, este site denuncia que a “promoção da
democracia” é picaretagem financiada por dinheiro público ou privado dos
Estados Unidos. Quem inventou o National Endowment for Democracy, o NED, foi o
governo de Ronald Reagan, depois do escândalo do Irã-contras, em que os Estados
Unidos venderam armas clandestinamente ao Irã e usaram o dinheiro para
organizar a contrarrevolução na Nicarágua. A turma do Reagan foi esperta:
descobriu que se todos estivessem envolvidos no esforço de promover os
interesses do país no exterior, com dinheiro público, seria fácil aprovar
financiamento no Congresso. Por isso o NED inclui institutos ligados ao Partido
Democrata, ao Partido Republicano, a centrais sindicais e a associações
empresariais.
Original em: http://apublica.org/2012/06/revolucao-a-americana/
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