buscado no Blog De Um Sem Mídia
Petrobrás reduz produtividade das reservas para justificar privatização
Data: 07/06/2013
Colunista: Dalton Francisco dos Santos
Colunista: Dalton Francisco dos Santos
Era dos gigantes do Brasil
A partir de meados de 2004, a extração
total de petróleo do mundo deixou de se expandir. A curva definida pela
extração mundial de petróleo diariamente tem permanecido relativamente
plana desde meados de 2004 (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Reservas Mundiais de Petróleo em 2009 (Fonte: EIA)
Uma análise recente da Cambridge-Energy
Research Associates (CERA) estima que o declínio ponderado de extração
de todos os campos de petróleo existentes no mundo foi de
aproximadamente 4,5% em 2006 (CERA, 2007). A taxa de declínio da CERA
está em concordância com o intervalo entre 4 a 6% ao ano, calculado pela
ExxonMobil em 2004.
Já a Agência Internacional de Energia
(AIE) chegou à conclusão de que a taxa média ponderada de declínio da
extração mundial foi de 6,7% ao ano para os campos pós-pico (AIE, 2008).
Isso significa que a taxa de declínio global seria menor, uma vez que
muitas áreas petrolíferas não estão ainda em declínio como, por exemplo,
o Brasil.
Gráfico 2 – Curvas do Sino das Bacias NNE e SSE do Brasil
A contribuição mais significativa para a
extração total de petróleo no mundo é dada pelos campos gigantes. Os
campos gigantes cadastrados no mundo até agora representam apenas 1% de
todos os campos descobertos no mundo, e respondem por quase 2/3 da
extração mundial de petróleo.
É a partir de 2007 que o Brasil entra na
Era dos achados dos campos gigantes de petróleo no pós e pré-sal
ultra-profundo. O Brasil é o único país do mundo em que a curva do sino
(curva que mostra a extração diária de petróleo) ainda está em ascensão.
No entanto, antes mesmo da confirmação destes gigantes, FHC (PSDB) já
havia leiloado (privatizado), sob o regime de concessão, 29% do pré-sal
ultra profundo.
Por outro lado, o Brasil ainda não pode
ser considerado autossuficiente em petróleo. O Brasil já é o sétimo
maior consumidor mundial de petróleo. Gasta diariamente 2,653 milhões de
barris. E já tem capacidade comprovada de extração de 2,772 milhões de
barris de petróleo por dia. Mas, o máximo extraído até agora pela
Petrobras foi 2,019 milhões de barris por dia, em 2011, caindo para
1,977 milhão de barris por dia em 2012.
Ao assumir a Presidência da República,
Lula (PT) mantém tudo que foi estabelecido por FHC (PSDB). Mantém o
regime de concessão e realiza 6 leilões de campos de petróleo e gás, 50%
a mais do que FHC, que realizou 4 leilões. O 8º leilão foi suspenso por
um mandado judicial conseguido pela AEPET e patrocinado pelo falecido
Dr. Luiz Antônio Castagna Maia.
No segundo mandato do governo Lula (PT) é
implantado o regime de partilha do petróleo do pré-sal ultra profundo
do Brasil. É sob o regime de partilha que Dilma (PT) quer leiloar
(privatizar) os 71% do pré sal ultra profundo, já mapeado, ainda este
ano (2013), incluindo os campos terrestres das bacias do NNE do Brasil
que a ANP teima em chamá-las de maduras, sob o regime de concessão.
Ao contrário do que diz a Petrobrás: bacias petrolíferas maduras ainda não existem no Brasil
Gráfico 1 – Curva do Sino da Bacia de Sergipe e Alagoas
O Gráfico 1 contém o histórico de
extração de petróleo em Sergipe e Alagoas e mostra também os lances
decisivos do jogo de xadrez geopolítico. Pode ser observado que sempre
há decaimento da extração de petróleo quando o governo precisa
justificar a nação a aprovação de projetos de interesse do imperialismo.
No seio do conjunto da Política de
Desinvestimento da Petrobras está a redução drástica do número de sondas
de produção em Sergipe e Alagoas. É com tais sondas que é feita a
limpeza dos poços de desenvolvimento dos campos de petróleo. Somente uma
única destas sondas vai permanecer operando precariamente em Sergipe.
Assim, o efeito é baixar ainda mais o volume da extração de petróleo na
Bacia de Sergipe e Alagoas e jogar os trabalhadores na rua da amargura.
De 2008 a 2012 a queda registrada foi de 17%. Igual queda foi confirmada
na totalização da extração das bacias do Norte-Nordeste do Brasil.
Entre 2004 e 2012, a partir do governo
Lula até o momento atual do governo Dilma, houve um decaimento da
extração de petróleo nas bacias do Norte-Nordeste de 17%. É quando no
segundo mandato do governo Lula é implantado o regime de partilha do
petróleo do pré-sal ultra-profundo do Brasil.
O campo de petróleo de Carmópolis, único
campo gigante da porção terrestre do Brasil, foi achado pela Petrobrás
em agosto de 1963. No início de 1964 foi disparado o golpe militar para
defender apenas interesses econômicos e comerciais do imperialismo,
principalmente dos Estados Unidos da América.
Descoberto o campo gigante de Carmópolis
(1963), a partir de 1966 até 1970, a extração de petróleo cresce 993%,
sai de 2.831 para 30.954 barris por dia, na Bacia de Sergipe e Alagoas.
No ano de 1970, o time da seleção de futebol do Brasil retornou do
México como tri campeão mundial e a palavra de ordem da ditadura militar
aqui era: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Escondidos desta eufórica alegria
nacional, milhares de trabalhadores estavam sendo assassinados e
torturados pela ditadura militar instalada no Brasil, em seus porões. O
presidente ditador era Emilio Garrastazu Médici (1969/1974). Nesta época
e durante todo o período do regime repressor quem escolhia o presidente
ditador do Brasil eram os generais da ditatura militar.
Mesmo depois do fim do “milagre
econômico” (1968/1973), a extração de petróleo em Sergipe e Alagoas
continuou crescendo até 1977, atingindo o patamar de 53,4 mil barris por
dia. O novo presidente ditador era o general Geisel (1974/1979),
criador dos contratos de “riscos” com as multinacionais petrolíferas dos
países imperialistas. Elas nada investiram; logo, nada encontraram. Por
isso, foram indenizadas. Deixando o prejuízo para o povo brasileiro.
Quem descobriu a bacia de Campos foi a Petrobras. Entre 1977 e 1987, a
queda da extração de petróleo em Sergipe e Alagoas foi de 11%.
Em 1986, a extração de petróleo em
Sergipe e Alagoas chegou ao volume de 65,7 mil barris por dia. É a
partir do governo Sarney (1985/1990), forte aliado da ditadura militar,
quando, de fato, inicia a preparação da entrega do petróleo do Brasil.
Comparando o histórico de extração de
petróleo em Sergipe e Alagoas com o da totalização das bacias do
Norte-Nordeste, constatamos quão influente é a extração da bacia de
Sergipe e Alagoas (UO-SEAL).
Gráfico 2 – Curva do Sino das Bacias do NNE do Brasil
Neste momento, o que está à vista é a
expectativa do governo Dilma reduzir ao extremo a extração de petróleo
em Sergipe e Alagoas. E, consequentemente, a do conjunto das bacias do
Norte-Nordeste, a fim de propagandear que essas bacias estão maduras e
que, por isso, devem ser privatizadas. Na verdade, todas essas bacias
ainda não alcançaram seus picos de petróleo; ou seja, há muito petróleo
ainda para ser extraído guardado nelas.
A partir do governo Sarney até a quebra
do monopólio estatal do petróleo a queda na extração de petróleo em
Sergipe e Alagoas foi de 35%. Certamente que seja este degrau que o
governo Dilma pretenda atingir para entregar também o campo gigante de
Carmópolis e outros campos do Norte-Nordeste do Brasil para as
multinacionais dos países imperialistas.
Dilma, leilão é privatização. O petróleo
tem que ser nosso. Queremos a Petrobras 100% Estatal e sob o controle
dos trabalhadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário