quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Voto Bota fora

Como muita gente por desse mundo afora, votei sim. Mesmo sem poder votar, votei de mentirinha, mas dei meu voto.
O povo da sua terra esperou horas na fila com o orgulho estampado na cara, votou de verdade e com liberdade. Votou contra o passado, contra as guerras, condução desenfreada da economia e um montão de outras coisas. Podia ficar em casa, não tinha obrigação de votar, nem lei que obrigasse.

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    Muita gente espalhada pelo mundo dançou e cantou a vitoria do presidente de outro país como se fosse do seu. De verdade ou não, usamos o sagrado direito e liberdade de votar. Sou livre pra votar, era necessário mesmo sendo de mentirinha. Sempre que vou votar me sinto como se estivesse no “Ensaio sobre a cegueira". Cego, desnorteado, desamparado, impedido de ver a verdade, a cidade se transforma num caos, nada funciona, a vida perde a direção, quando voltamos a enxergar é tarde não tem outro jeito, a não ser carregar o sentimento de culpa e esperar a próxima eleição. José Saramago foi brilhante ao mostrar a nossa cegueira política, é assim que me sinto, cego e desprotegido. Sabemos que o novo Presidente Negro não fará milagres nem deixara de ser o presidente da (até então)maior potencia do mundo. Continuara brigando pelo petróleo, pelos embargos e tudo mais, para que seu país possa continuar dono do mundo. Não importa se foi só uma troca de cor da pele do presidente com o ex-presidente e da primeira ministra com a ex-primeira ministra. O que importa é que votamos. A globalização aumentou a dimensão da crise financeira, poupanças foram confiscadas, fundo de pensão mobilizado para financiar gastos públicos, a pobreza aumenta e é cada vez mais consciente de que é mal representada. A desumanidade nivela a todos por baixo e isto significa poder para os pobres, não mais será possível esconder a multidão de pobres. Será impossível conduzir a massa, ela se tornara viva, representativa, autônoma e não tem rabo preso e nada a perder. A realidade pede mudanças independentes de partidos ou conceitos de políticas passadas, precisamos legitimar a consciência de cada um de nós. Precisamos urgente do voto facultativo. Um direito vergonhosamente negado ao povo. Até quando seremos manipulados como fantoches numa peça sem direção. Entra governo e sai governo e somos obrigados a dar o voto na marra. Mesmo na nossa cegueira mental ainda somos empurrados um atrás do outro até a mesa examinadora, passar por uma caixa de papelão e receber um papelzinho que em pouco tempo se perde como uma dessas propagandas de videntes distribuídas pela cidade. Continuamos sem alternativas, estamos cansados do voto nulo, de votar no Cristo Redentor, na vaca lelé, no jegue do Zé ou figuras alegóricas que diz na propaganda de uma candidata. Me ajeita que eu te ajeito e acabam se ajeitando como podem, entre os que querem passar o cargo de pai pra filho e fazem dali a casa de ninguem. Se não bastasse, o povo vota também naquele que é contra aquele outro, só pra ver aquele outro despencar e perder a pose e da tudo no mesmo, para isso existem alianças e anéis e algemas, esta, é proibida, pra eles. Voto agora não elege. É “Bota fora” e quando votamos ganhamos é comemorado com alegria. Atravessamos uma hora critica, que exige mudanças e podemos começar com voto facultativo, solidariedade política, não aquela de dar esmolas, mas de valorizar a vida sobre a terra. Com voto facultativo, votaremos quando quiser e quando encontrar um verdadeiro líder que nos conduza a uma sociedade mais humana, uma distribuição de renda baseada no prazer de viver, uma distribuição de terra digna para quem dela precise, cultura livre e dignidade para todos que votam ou que não votam. Não podemos esquecer que mais de 100 milhões de pessoas passam fome no mundo, precisamos fazer alguma coisa urgente. Nessa lenga, lenga, muitos morreram até que se mude alguma coisa, é preciso acabar com o egoísmo político e partir para a solidariedade. O comunismo sempre se mostrou mais eficiente que o capitalismo, o seu modelo e irresponsabilidade políticas é que foram derrotados, mesmo assim sabemos que nada conseguiremos procurando soluções no passado, temos a nossa frente à solidariedade global e podemos começar fazendo o dever de casa. A primeira lição é VOTO FACULTATIVO.
    Texto e foto de Jader Resende

Um comentário:

Guará Matos disse...

Obama merce votos de apoio e confiança. Afinal está mexendo com uma porção de lunáticos, principalmente dentro de seu próprio país.
Abraços.