sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O "Feiticeiro da Água"

buscado no Prezado...Cara Palida

 


Não há dois pingos de água que sejam iguais e cada um alberga mais vida do que o número de seres humanos que o nosso planeta tem!

Viktor Schauberger

( 1885 - 1958 )


Há séculos que vivemos na convicção de que a água é igual ao símbolo H2O. Este pressuposto é um grande equívoco, uma mentira por omissão. A água é muito mais do que o conteúdo desta fórmula. Se bebêssemos H2O nas quantidades em que bebemos água, rapidamente morreríamos.


A definição científica H2O é oriunda dos pensamentos de cientistas ateus seiscentistas, cuja visão curta, obstinada nas suas convicções e cega nas suas limitações, resultou no materialismo actual. Nasceu assim uma mola-real de um processo destruidor do nosso mundo.


Milhares de outros cientistas, desrespeitantes das leis da natureza, têm fiéis seguidores deste pensamento, ao ponto de hoje se pensar que a energia atômica é a única solução.


Este caminho é profundamente errado!


Einstein só depois de décadas de pesquisas na direcção errada se apercebeu disso mesmo, juntou 40 colegas e expôs aos governantes as suas preocupações.


Quem ocupa o poder não gosta de ser criticado e, como ninguém é mais perigoso do que o medíocre com receio de ser desmascarado como tal, lançaram-se na perseguição dos cientistas não conformistas. Sabiam demais e mostravam sinais de potencial discordância, logo tinham de ser afastados.


Poucos houveram que já antes da frequência universitária se tenham apercebido dos graves erros cometidos no ensino.


Um dos maiores e menos conhecidos exemplos disto foi o austríaco VIKTOR SCHAUBERGER. Nascido em 1885, numa família de guardas florestais há quatro séculos, encontrou na observação da natureza a sua escola. Terminado o seu curso de liceu, resolveu, com grande tristeza do pai, não se integrar na Universidade, mas retirar-se durante um ano para viver sozinho na floresta das montanhas. Considerou a água, a terra, o dia e a noite os seus mestres máximos e dedicou-se a estudá-los, sem distracções.


A 1ª Guerra Mundial, porém, interrompeu os seus estudos. Combateu de 1914 a 1918, tendo ficado diversas vezes ferido e visto o lado negativo da utilização de conhecimentos que os governantes fazem da natureza e dos homens.


Regressado as suas florestas, assumiu a carreira de guarda florestal de 1919 a 1924, ano em que já ocupou o lugar máximo possível e em que passou para o serviço direto do Príncipe Adolf de Schaumburg-Lippe.


Viktor Schauberger descobriu capacidades na água nunca antes suspeitadas! Inventou sistemas de transporte de troncos do cimo das montanhas para as serrações, que encurtaram a despesa e perca da matéria-prima em 90%. Troncos que há milénios eram puxados por cavalos e trenós, passaram a ser colocados em calhas com água corrente, que em poucos minutos os levavam a quilómetros de distância!


Schauberger registou dezenas de patentes austríacas entre 1929 e 1959. Muitos dos seus estudos baseavam-se na sua ligação especial com a água, ao ponto de o chamarem, respeitosamente “FEITICEIRO DA ÁGUA”. Conseguia extrair desta, forças eléctricas, magnéticas e de levitação até.


Em 1930 inventou uma turbina a jacto. Em 1936 uma turbina de ar.


Parte do mundo científico rejeitou-o por não ser dos seus e também por não ter capacidade para o compreender. Os resultados dos seus estudos, porém, eram indiscutivelmente impressionantes.


Em 1934 foi apresentado a Adolf Hitler (que tinha chegado ao poder, no Reich Alemão, um ano antes). Schauberger concordou na realização do encontro, mas não escondeu a sua aversão ao novo governante. Quando o Reich anexou a Áustria (1938), o Exército Alemão confiscou os protótipos das suas invenções (para não caírem em mãos inimigas), e Schauberger foi obrigado a integrar uma equipa de estudos energéticos avançados da SS. Como se recusou a tal prepotência foi feito prisioneiro e enviado para o Campo de Concentração de Mauthausen. Perante o perigo de fuzilamento, reconsiderou a sua colaboração, acabando por ser admitido, em 1941, como técnico, na fábrica de Messerschmidt, a 1ª a produzir aviões a turbinas, que ainda chegaram a ser utilizados em combate em número significativo. A partir de 1943 trabalhou em técnicas avançadas para a propulsão de submarinos, criando um vácuo na água em frente deles. A sua invenção parece não ter sido colocada em prática, em mãos alemãs, e os seus planos caíram em mãos soviéticas. Muito recentemente a Federação Russa adoptou um tipo de torpedo, que atinge uma velocidade acima dos 800 km/h, por criar sucessivas zonas de vácuo à sua frente. Percorre a água sem se molhar!


A utilização militar das suas invenções foi sempre uma grande preocupação para Schauberger. Nunca foi devidamente clarificado como a sua turbina de ar, construída pela Siemens, em 1937, foi destruída num teste não autorizado e as suspeitas de auto sabotagem levantaram-se.


O mesmo aconteceu quando Schauberger construiu um disco voador, em 1940, em Viena, nas instalações fabris da Companhia Kertl. Schauberger patenteou este seu invento, em Viena, a 4 de Março de 1940, sob o número de registo 146.141. No teste esperava-se que o protótipo apenas se elevasse um pouco acima do chão. Assim, efectuou-se o teste dentro de um hangar e não ao ar livre. O resultado foi assustador: o protótipo levantou-se com tal força e rapidez que se desfez imediatamente contra o tecto do hangar!


A Associação dos Engenheiros de Viena considerou então Schauberger como um “louco perigoso”, conseguindo o seu internamento compulsivo no Hospital Mental de Mauer-Ohling. Foi Willy Messerschmidt quem o retirou daí.


O disco voador alemão, que levantou vôo a 19 de Fevereiro, perto de Praga (Boêmia alemã, hoje República Checa), atingindo uma altura de 15.000 metros em apenas 3 minutos e uma velocidade horizontal de 2.200 km/h, foi construído com base nos seus estudos. Outros discos voadores surgiram baseados noutras tecnologias.





Schauberger lançou um grande aviso à comunidade científica em geral:


“VOCÊS MEXEM DE FORMA ERRADA!”


O que ele queria dizer é que o mundo “mexe” de forma errada na natureza! Todos os nossos esforços de criação de energia se baseiam na explosão ou no calor obtido por destruição!


O cientista austríaco propôs a utilização da:


“IMPLOSÃO, EM VEZ DA EXPLOSÃO!”


Assim, nada se destrói! Usam-se forças energéticas terrestres, existentes de forma ilimitada, sem tirar nada que a natureza não nos ofereça, gratuitamente, e sem causar problemas ambientais de espécie alguma.


A única desvantagem que o uso gratuito das energias terrestres por ele propostas e testadas coloca é o colapso de todo o sistema financeiro mundial, que se ligou a formas de exploração do planeta e que sem isto não poderá sobreviver!


Em 1958, um consórcio americano convidou Viktor Schauberger para ir ao Texas, onde se proponham facultar-lhe tudo o que necessitasse para criar energia por implosão. Fizeram questão de que levasse consigo todos os seus planos (já se tinham apercebido que em relação ao que ele sabia só pouco tinha caído em mãos dos aliados).


Quando se deslocou com o seu filho ao Texas, levando uma boa parte dos seus planos com ele, apercebeu-se de que lhe tinham preparado uma cilada.


Visto que a 2ª Guerra Mundial oficialmente ainda não havia terminado (não há Tratado de Paz e o Reich Alemão ainda existe “de jure”), os americanos confiscaram-lhe todos os seus documentos e apontamentos e obrigaram-no a assinar um documento em que se comprometesse a nunca mais fazer pesquisas sobre a implosão. Não assinar significaria a sua prisão e a do seu filho. Nunca mais poderiam voltar a Áustria.


Schauberger teve de deixar tudo nos Estados Unidos e voltou à Europa a 20 de Setembro de 1959. Cinco dias depois da sua chegada, morreu de causa desconhecida ! Deixou três filhos e um crescente número de secretos seguidores.

 Fonte: Escovando Bits / Google

Uma história do Brasil Sem Miséria

buscado no Carta Maior


No dia 11 de junho de 2011, numa noite fria de Porto Alegre, seu Valdir e sua cadela Princesa dormiram sob um teto e não mais sob a marquise que os abrigava até então. No dia 13 de setembro o Seu Valdir tocou o interfone. Estava trêmulo e com os olhos mareados. Tinha três folhas de papel em mãos e uma carta, da Previdência Social, com um texto que começava assim: “Em atenção ao seu pedido...informamos que foi reconhecido o direito ao Benefício de Prestação Continuada...”. Acionado em um desafio para dar vida nova a um morador de rua, o Estado brasileiro respondeu com políticas de carne e osso.

 

Porto Alegre - Se os números apresentados pelo governo federal são verdadeiros, então qualquer pessoa deve poder pegar um morador de rua, ou uma pessoa em situação de risco, e inscrevê-la ao menos no Bolsa Família. Depois de pesquisar e acompanhar os dados sobre a redução da desigualdade, a entrada de mais de 30 milhões de pessoas na classe C e a saída de 28 milhões da extrema pobreza, eu pensei que poderia “ver” esses números encarnados. Trata-se de uma população maior que a de muitos países, então não deveria ser muito difícil “tirar alguém da rua”, por exemplo. Teria de ser ao menos possível e relativamente fácil; caso contrário, esses números necessariamente seriam falsificações.

É verdade que muitos dentre os que Jack London chamou de o povo do abismo já se quebraram, e a sua ida para as ruas não é outra coisa que a porta de entrada para todo tipo de quebradeira: a psíquica, a física, a emocional, a social. Os moradores de rua e a população excluída das cidades parecem existir para interpelar, intermitentes, o poder do estado, os governos, a assistência social.

Muitos do que se julgam bem informados leem nas magazines de fofocas semanais que o governo ou os governos seriam entidades comandadas por ladrões manipuladores. Indignados sem saber ao certo o porquê, passam pelos moradores de rua invariavelmente com raiva, quando não tampam os narizes e saem esbravejando contra o governo, que “permite” essa “palhaçada” ou “sujeira” ou “vagabundagem”.

Com tudo isso em mente e de certa forma apesar de tudo isso, eu quis testar o Estado brasileiro para ver se esses milhões tinham “carne”. Eu quis saber se esses números são reais ou ao menos se faz sentido e como pode fazer sentido ter gerado uma ascensão de classe social de 60 milhões de pessoas, em menos de dez anos. E isso sem um Plano Marshall, e sem um New Deal, e com uma política econômica determinada pela finança globalizada, engessada pela trindade do superávit primário, do câmbio flutuante e controle inflacionário via taxação de juros.

Um carrinho de supermercado era a sua casa
Mas essa decisão foi movida por um encontro, mais do que por informação. Eu quis testar o Estado brasileiro depois de ter conhecido o Seu Valdir e a sua filhote, a cadela Princesa, caminhando nas ruas do Bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Ele empurrando um carrinho de supermercado que era a sua casa, cheio de coisas, bolsas, cobertores, tudo muito organizado, sob a triunfante Princesa, sentada no carrinho. Pensei que não podia ser pelas razões que imaginava, então perguntei-lhe por que ela estava sobre o carrinho, ao que ele me respondeu, confirmando a hipótese mais estapafúrdia que eu imaginara: “é que ela não tomou todas as vacinas, ainda, e a doutora disse que não era para pôr os pés na rua”. (Uma veterinária, Marília Jaconi, cuidou da Princesa gratuitamente, em solidariedade).

Começamos a conversar e eu perguntei se ele tinha o Bolsa Família. Não tinha. Perguntei se tinha documentos; tinha todos, aliás, além dos documentos, retirou do seu lar móvel uma pasta com uma inacreditável quantidade de exames, laudos, prescrições médicas e medicamentos (ordenados por cor, já que é analfabeto). “As radiografia e aqueles outros, né, de imagem, ficam lá no posto, lá, no meu arquivo”.

O Seu Valdir cuidava da Princesa (que salvou de um espancamento por um drogadito) e cuidava de si mesmo, inclusive tomando antidepressivos, “daquele comprimido branco (prozac), que a doutora, lá do Posto Santa Marta, me deu, pra meus problemas de depressão”. Também não se droga, não bebe. “O que mais o senhor tem?” “Ah”, disse, “tive um joelho esmagado na construção civil, né, quando trabalhava de assistente de pedreiro, também tenho uns problemas de coluna” e seguiu falando. Tinha carteira de isenção de passagem de ônibus, estadual e municipal, como deficiente físico.

Buscando as políticas em carne e osso
Depois de dois encontros e muitas perguntas respondidas, tomei a decisão de buscar a carne ou alguma carne do número de 60 milhões de brasileiros. Fazer esse cara acessar ao menos o Bolsa Família ou quem sabe o BPC, pensei, tinha de ser possível e relativamente fácil. Estávamos em maio de 2011 e hoje, passados mais de 8 meses, digo sem pestanejar que foi fácil, rápido e uma experiência surpreendente.

No dia 13 de maio de 2011, fui com o Seu Valdir à Fundação de Assistência Social – FASC, de Porto Alegre. Tinha na mente a informação de que o programa Bolsa Família havia se ampliado para abranger a população em situação de rua, desde 2010. Tinha também a informação de que o Seu Valdir preenchia requisitos para receber o BPC (embora julgasse esse um desejo irrealizável, um benefício no valor de um salário mínimo, para um cara que tá na rua e caminha?). No dia 23 de maio entramos juntos pela primeira vez no Prédio da Previdência Social, quando se abriu o processo de requerimento do BPC.

Depois de aberto o processo na Previdência, fui impedida de acompanhar o Seu Valdir. Dali em diante eu poderia ter me despedido dele, e esperaria pelas respostas que o Estado iria ou não dar, a contento. Se o Estado denegar, vou à Defensoria Pública Federal, pensei, entro com um mandado de segurança. Em um ano, no máximo, a vida desse cara vai mudar. Porque se não mudar, então esses números todos, todos esses milhões, isso tudo é mentira. Se é verdade que o Seu Valdir foi resgatado, em termos de saúde e alguma qualidade de vida, de integridade física e psíquica, pelo SUS, na pessoa da médica comunitária Isabel Munaretti, também é verdade que não cabe ao SUS tirar ninguém da rua.

Porque existe o SUS e ele funciona
O sujeito pode viver na rua, não ter onde dormir, nem como cozinhar, e ter assistência médica, acesso a medicamentos e exames. Porque existe o SUS e ele funciona. “Quando o senhor vai no Posto Santa Marta (ele tinha uma carteirinha de consulta em mãos), onde deixa o seu carrinho, com a Princesa?”. Respondeu-me que deixava na portaria, porque o vigilante gostava muito de brincar com ela e cuidava do carrinho dele. Na volta dessa consulta, que já estava marcada antes mesmo de nos encontrarmos, ele tocou o interfone de meu apartamento. Queria me mostrar o laudo que a doutora escreveu, recomendando a concessão do benefício. Um laudo escrito com clareza, cheio de detalhes.

Era inacreditável. Cada etapa da história parecia desmontar parte de um certo universo de crenças de classe média que eu cultivava, talvez nem sequer lendo as magazines de fofocas (que não leio nem nunca li), mas simplesmente com aquela percepção meio consolidada, embora pouco vivida, de que o estado não funciona, de que os médicos do SUS não querem saber dos pacientes, de que os funcionários públicos são inoperantes, toda essa tralha simbólica que tornou intuitiva a crença nas decisões, expectativas e apostas unicamente privadas e particulares. Tão extraordinário como cuidar da saúde de sua cadela foi saber que aquele homem, que estava na rua há mais de dez anos, tinha mais exames e diagnósticos e assistência médica do que eu, usuária de plano de saúde.

O acesso ao poder público, por meio da inscrição nos programas sociais não apenas requer um certo tempo, como pode ser insuficiente para a garantia da dignidade. Dizer que o Estado funciona não é dizer, pelo menos não ainda, que no Brasil a miséria deixou de ser uma chaga e a desigualdade, um tumor maligno. Além disso, estamos em Porto Alegre, o estado mais meridional do país, onde o frio é hostil e às vezes mortal, para quem está vulnerável. O inverno se aproximava e o Seu Valdir iria enfrentá-lo, uma vez mais, na rua. Não iria para um abrigo, nem mesmo nos piores dias, dessa vez porque não abandonaria a sua Princesa, ao relento. (O capítulo do descaso do poder público com os animais de estimação dos moradores de rua ainda será escrito com as denúncias cabíveis. A única exceção de que tenho notícia se deu na gestão de Marta Suplicy, na prefeitura de São Paulo, quando abrigos para moradores de rua contemplavam canis).

Uma amiga teve a ideia, diante de minha angústia frente ao frio que se aproximava, de alugarmos uma casa para ele e a cadelinha passarem pelo inverno. Com uns trezentos reais por mês isso seria possível. Mas e a comida, e os cuidados veterinários, e a luz? Estava fora de cogitação. Sozinha, não poderia arcar com isso, ainda mais correndo o risco de os benefícios não saírem. O que estava fazendo, adotando um sem teto? Mas o objetivo não era testar o Estado, além de ajudar esse homem a acessar os seus direitos? Irrefletidamente, a pergunta que fazia era: daqui para a frente eu não tenho mais nada a ver com isso, por que me envolver? Ele só não seria invisível porque, a título do teste em curso, eu aguardava as respostas do estado brasileiro. Até lá, a sua estada na rua não era problema meu.

Generosidade, amizade e solidariedade
A segunda parte desta história é feita da generosidade, da amizade e da solidariedade, como valores cultivados. A sua relação com o governo é inexistente. Testar o Estado teve um efeito rebote: e se as minhas crenças na delegação republicana das tarefas próprias do estado democrático de direito estivessem, eventualmente, a serviço da manutenção de preconceitos e de um universo de crenças mesquinhas de classe média, que mira a pobreza com uma tonalidade de indecência intolerável?

Escrevi um e-mail, contando essa história toda, para 30 pessoas, alguns mais, outros menos, amigos. Pedi ajuda para tirar o Seu Valdir da rua. Disse que ele tinha 53 anos, que era analfabeto, que tecnicamente não tinha como conseguir trabalho, dadas as suas (não) qualificações. E que a marquise onde se abrigava iria levar muita água, nos meses que se aproximavam. Seria um inverno chuvoso, além de frio. Contei que tinha encontrado uma casa, na região metropolitana. A duas quadras da casa da amiga, havia uma casa com pátio para alugar. Pelo menos até que a concessão dos benefícios ocorresse (pensava que esperaríamos 10, 12 meses, sem falar nas eventuais ações judiciais que teríamos de ajuizar), ele teria um teto, se cada um desse uma pequena quantia, seria possível. 20 pessoas responderam, topando a empreitada. Eu alugaria no meu nome, dois seriam fiadores. Cada um daria entre 20 e 50 reais por mês. “Se eu soubesse que com 50 pilas por mês tiraria um cara da rua, já estava fazendo isso há muito tempo”, disse uma das amigas. Dentre os 20 amigos e parceiros na empreitada há jornalistas, professores universitários, estudantes, advogados e servidores públicos.

Nem todos podiam contribuir com dinheiro, ou queriam fazê-lo. Mas todos, sem exceção, tinham em casa provas de uma certa abundância de consumo que tem acometido a classe média brasileira, para além dos 60 milhões: um colchão de casal novo, uma cama de casal, botijão de gás, um fogão, banco, mesa, cadeiras, sofá, guarda-roupa, máquina de lavar roupa, talheres, panelas, copos, lençóis, toalhas, roupa, muita roupa. Tudo sobressalente. Em dois meses, o Seu Valdir tinha tudo isso e ainda uma televisão de 20 polegadas, colorida, com antena, para ver o jogo do Internacional. Compramos um balcão de pia em aço inox e uma geladeira (o sogro de nossa amiga resolveu trocar de geladeira, para abrigar as cervejas geladas num novo modelo, e vendeu uma geladeira seminova, por 240 reais).

"Isso deve ser o paraíso, né?"
Uma casa metade de madeira, metade de alvenaria, com dois quartos, um pátio na frente e um atrás, uma sala. Ele e a Princesa lá, sob a marquise, estavam prontos, aguardando a minha chegada, numa Kombi, para leva-los. Nervoso, em silêncio, o Seu Valdir olhava para mim como se perguntando se era verdade. Ele queria sair da rua, tinha dito isso, enfático. No dia 11 de junho, numa noite fria do inverno que ainda nem tinha chegado oficialmente, Seu Valdir e sua Princesa dormiram sob um teto. A luz só foi ligada 4 dias depois. Mas naquela noite, com as mãos trêmulas, ele se despediu de nós com a chave da casa nas mãos. Duas horas depois telefonou, para dizer que “isso deve ser o paraíso, né?”. Deve ser.

Em julho ele começou a plantar. Fez uma pequena lavoura, com tomates, alfaces, beterrabas (que chama de batata roxa, talvez porque seja guarani), espinafre, pimentão, temperos, abóboras. Pegou mais três cães, enxovalhados por donos cruéis ou simplesmente abandonados na rua. E os amigos começaram a se beneficiar da colheita desses vegetais feios, miúdos e deliciosos, sem nada de agrotóxico. Montamos um blog, ainda incipiente, para contar a história toda. Queríamos dizer às pessoas que é possível tirar um cidadão ou cidadã da rua, que há dinheiro e política em curso, no país, que é verdade e nós estávamos experimentando o quanto esse fato pode ser transformador na vida de uma pessoa.

Demos entrevistas a estudantes de jornalismo. Rejeitamos aparecer em televisões, invariavelmente dispostas a contar uma história bonita de voluntariado. A mais recente das tentativas veio com o estranho convite, feito pessoalmente a mim, a fim de que eu contasse sobre “a minha luta” para tirar um morador da rua. Todos os convites foram recusados. Não houve luta, nem voluntariado. Há um Estado e um governo que existem, nós testamos e testemunhamos isso. E há amizade e gente para quem a erradicação da miséria também implica mais felicidade e dignidade, inclusive frente a si mesmo, para além das mesquinharias de classe média.

No dia 13 de setembro o Seu Valdir tocou o interfone. Estava trêmulo e com os olhos mareados. Tinha três folhas de papel em mãos: uma com um comprovante de saque, no valor de 1291 reais, e uma carta, da Previdência Social, com um texto que começava assim: “Em atenção ao seu pedido...informamos que foi reconhecido o direito ao Benefício de Prestação Continuada etc....”. Nos abraçamos e tudo o mais que se diga sobre a alegria daquele momento é incapaz de descrevê-lo. Os 1291 reais eram retroativos ao dia 23 de maio, quando se abriu o processo de pedido do benefício.

Hoje, cada um dos amigos que participaram da ação entre amigos colabora oficialmente com 20 reais por mês. Oficialmente, porque a imensa maioria deles se recusou a parar de contribuir ou a diminuir a contribuição. Por decisão de todos, seguimos pagando o aluguel e a luz (valor total chega a trezentos e poucos reais), em troca dos produtos da lavoura orgânica. O Seu Valdir se matriculou e depois abandonou o EJA. Teve ataques de angústia e me telefonou muitas vezes, ansioso, receando que o benefício não saísse. Quando o benefício saiu, comprou uma máquina fotográfica digital, um pequeno cortador de canteiros, para aparar sua grama, um aparelho de som para ouvir música gauchesca e estendeu o braço para a mãe, uma descendente de guarani, também analfabeta.

No momento, ele faz uma dentadura, com o superávit que as contribuições do grupo de amigos geraram. Uma veterinária amiga atende aos animais adotados por ele, inclusive a sua Princesa, a preço de custo. A outra cadela por ele adotada se chama Isabel, “como aquela princesa, né?”. E agora ele ficou sabendo que tem um programa chamado “Minha Casa, Minha Vida”. Eu o informei que as casas são muito pequenas, sem pátio, com quase nenhuma área verde. Ele respondeu: então eu vou ter de construir um lugar, comprar uma pré-moldada, né? Pode ser. Agora, pode ser.

Nenhum de nós precisou fazer isso, ninguém foi forçado e menos ainda foi requerida uma luta ou um grande esforço. A cada colheita, em cada conquista dele, a satisfação e a alegria de quem participa dessa ação entre amigos só se consolida. Há muitos capítulos nesta história e muitos são de angústia e medo. E há também um aspecto que habita um universo simbólico e afetivo de antes das palavras, que também comporta o afeto dele e nosso com os animais domésticos, então não dá para descrever, à altura, o que significa poder dizer que tiramos um cara da rua, que tem carne nos números do governo e, mais ainda, que somos parte dessa carne. Eu decidi testar o Estado e suas políticas e recebi, como resposta, na vida nossa e do Seu Valdir, que o Brasil Sem Miséria é uma realidade e, portanto, que um Brasil sem miséria é possível. Acionado em um desafio para dar vida nova a um morador de rua, o Estado brasileiro respondeu com políticas de carne e osso.

AS ESTATAIS NECESSÁRIAS

buscado no Gilson Sampaio  

 



(HD) - As empresas estatais são necessárias, em qualquer país do mundo, para o processo de desenvolvimento econômico e social da população e a conquista e defesa de soberania e independência com relação às outras nações.
Nos Estados Unidos, que são citados como paradigma da livre iniciativa, o Exército, com 75 usinas, é o maior operador de hidrelétricas do país e a AMTRAK, a gigantesca empresa ferroviária nacional, subsidiada pelo governo - o que ninguém estranha - oferece um dos melhores serviços de transporte de passageiros do mundo.
Na China, com quase 4 trilhões de dólares em reservas internacionais, pouquíssimas empresas não têm participação majoritária do estado ou até mesmo do Partido Comunista Chinês. Elas competem entre si, dentro e fora do país, até mesmo na compra de empresas estrangeiras, principalmente da Europa, da América Latina e dos Estados Unidos.
No Brasil, também já tivemos grandes estatais, que foram essenciais para o desenvolvimento da siderurgia, da energia, do transporte, das telecomunicações, nos governos de Getúlio Vargas, de Juscelino e durante o regime militar. O problema das estatais não é o fato de pertencerem ao Estado, mas quem se coloca à frente delas. Como diz o economista Delfim Netto, não há diferença essencial entre empresa pública ou empresa privada, mas, sim, entre empresa bem administrada e mal administrada.
Infelizmente, muitas delas foram esquartejadas, desnacionalizadas e vendidas a preço de banana nos anos 1990, para empresas internacionais. Por ironia, muitas das compradoras eram estatais estrangeiras, ou tinham participação de governos estrangeiros, até mesmo de países menos desenvolvidos do que o nosso, que tinham acesso a dinheiro barato e subsidiado, e estão quebrando agora, como é o caso da Espanha.
Entre os argumentos para privatização, estava o de que o preço dos serviços ia cair e que ia se acabar com os cabides de empregos. E o que aconteceu? Pagamos, em telecomunicações, por exemplo, algumas das tarifas mais altas do mundo. Os serviços são tão “bons”, que empresas estiveram proibidas de comercializá-los até que melhorassem o funcionamento de suas redes. Seus lucros servem para pagar ao genro do Rei da Espanha, um jogador de handebol envolvido com a corrupção, mais de um milhão de euros por ano para participar de algumas reuniões como conselheiro da Telefónica (Vivo) para a América Latina.
A administração das estatais deve ser conduzida por critérios técnicos e sempre subordinada politicamente ao interesse nacional maior.
Escândalos como o da VALEC, com o prejuízo de mais de 400 milhões de reais, desgastam o Estado diante da opinião pública, o que só favorece aos estrangeiros que querem dominar a nossa economia.

Trabalhador pega comida do lixo e vai parar na cadeia

buscado no Com Texto Livre 

 

A realidade pode ser mais dura do que a ficção. No Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), três trabalhadores de uma empresa que presta serviços à estatal foram retirados em camburão do trabalho e processados criminalmente. Um deles, Cláudio Charles Gonçalves, de 33 anos, está desde terça (28) preso na 54º DP, em Belford Roxo. Hoje (29) seria transferido para o presídio de Bangu. O crime cometido? Tentou levar para casa um frango jogado no lixo. Eles trabalham para a firma Ultraserve, contratada pela Petrobras e responsável por servir as refeições no restaurante do Cenpes.
 
A retirada dos três rapazes do seu local de trabalho em camburão, diante de todos os colegas, aconteceu no dia 19 de julho. Diogo Cardoso, 27, também processado, é um jovem magro, de olhar assustado. Ele relatou que uma de suas funções na Ultraserve é recolher os sacos de lixo para descarte. Disse que as normas da Anvisa são muito rigorosas e os frangos, depois de descongelados, quando não aproveitados na refeição, são sempre descartados, “pois não poderiam ser congelados novamente”.
Assim, teria achado um desperdício aquele descarte. Com o produto já no lixo – dois ou três frangos – achou que não haveria problema em dividir aqueles restos de comida com um amigo. Foi o que fez, dividindo o descarte com Cláudio Charles, que no momento está preso. Segundo a sua esposa, ele está muito abalado emocionalmente, “por causa da vergonha a que está sendo submetido”.
O amigo Diogo – ambos são vizinhos na localidade de Nova Aurora, em Belfort Roxo – só não foi para a cadeia esta semana, porque não estava em casa quando a polícia chegou, a mando da Ultraserve, com ordem de prisão preventiva. O que não impediu sua esposa de passar por momentos de tensão, quando a polícia adentrou pela sua casa. Aos 27 anos de idade, Diogo já tem três filhos, um deles com necessidades especiais.
O terceiro trabalhador processado criminalmente pela Ultraserve é Marcos Paulo, de 24 anos, residente numa comunidade em Caxias. Ele trabalhava em outro restaurante do Cenpes, quando foi detido. Seu crime foi tentar levar para casa, achando que dava para aproveitar, “algumas barrinhas de chocolate quebradas e amassadas e um pouco de iogurte fora da validade”.
Se hoje Marcos Paulo não está detido em Bangu, preso preventivamente como se fosse um perigoso fora da lei, é porque não estava em casa, no momento em que a polícia chegou à casa de seus pais com a ordem de prisão.
 
O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) denunciou há cerca de um mês, em editorial publicado no jornal Surgente, o absurdo daqueles processos criminais. Na ocasião, o sindicato já exigia providências da Petrobrás contra o que considerou um abuso de autoridade e desrespeito aos trabalhadores.
Mas, na terça (28), recebe uma notícia ainda mais inusitada: é decretada a “prisão preventiva” dos trabalhadores, a pedido da Ultraserve. Em apoio às vítimas dessa arbitrariedade, o sindicato indicou um advogado para acompanhar o caso. O mais ilógico é que as leis em vigor jamais condenariam à prisão três trabalhadores de ficha limpa, por tentar levar para casa ninharias destinadas ao lixo. A prisão preventiva deveria estar reservada a bandidos perigosos que ameaçam a sociedade.
Na manhã desta quarta (29), os trabalhadores da Ultraserve fizeram uma paralisação no Cenpes, em solidariedade aos colegas injustados. Representantes do Sindipetro-RJ se reuniram com a gerência de Recursos Humanos (RH) do Cenpes e aguardam providências. O advogado que vai defender os trabalhadores dará entrevista à TV Petroleira, ao vivo, na próxima segunda-feira, 3 de setembro, às 19 horas – o endereço eletrônico é tvpetroleira.tv
 

OS MINÉRIOS E O INTERESSE NACIONAL

por Mauro Santayana



(Carta Maior) - As empresas mineradoras, quase todas estrangeiras ou com forte participação de capital externo, ameaçam ir à Justiça contra o governo brasileiro. Alegam “direitos minerários”. Razão alegada: o Ministério de Minas e Energia e o Departamento Nacional de Produção Mineral, a ele subordinado, não têm emitido novas licenças para pesquisas de lavras, nem outorgas de concessão do direito de minerar. Segundo informações oficiosas, e não oficiais, a ordem é do Planalto.
A matéria sobre o assunto, publicada sexta-feira pelo jornal Valor, não esclarece de que “direitos minerários” se trata. Pelo que sabemos, e conforme a legislação a respeito, o subsolo continua pertencendo à União, como guardiã dos bens comuns nacionais. A União pode, ou não, conceder, a empresas brasileiras, o direito de pesquisa no território brasileiro e o de explorar esses recursos naturais, dentro da lei. Nada obriga o Estado a atender aos pedidos dos interessados.
A Constituição de 1988, e sob proposta da Comissão Arinos, apresentada pelo inexcedível patriota que foi Barbosa Lima Sobrinho, havia determinado que tais concessões só se fizessem a empresas realmente nacionais: aquelas que, com o controle acionário de brasileiros, fossem constituídas no Brasil, nele tivessem sua sede e seus centros de decisão. O então presidente Fernando Henrique Cardoso, com seus métodos peculiares de convencimento, conseguiu uma reforma constitucional que tornou nacionais quaisquer empresas que assim se identificassem, ao revogar o artigo 171 da Constituição, em 15 de agosto de 1995, com a Emenda nº 6. Ao mesmo tempo, impôs a privatização de uma das maiores e mais bem sucedidas mineradoras do mundo, a nossa Vale do Rio Doce.
É bom pensar pelo menos uns dois minutos sobre a América Latina, seus recursos minerais e a impiedosa tirania ibérica sobre os nossos povos. A prata de Potosi – e de outras regiões mineiras do Altiplano da Bolívia – fez a grandeza da Espanha no século 17. O ouro e os diamantes de Minas, confiscados de nosso povo pela Coroa Portuguesa, financiou a vida da nobreza parasita da Metrópole, que preferiu usar o dinheiro para importar produtos estrangeiros a criar manufaturas no país. As astutas cláusulas do Tratado de Methuen, firmado entre Portugal e a Inglaterra, em 1703, pelo embaixador John Methuen e o Conde de Alegrete, foram o instrumento dessa estultice. Assim, o ouro de Minas financiou a expansão imperialista britânica nos dois séculos que se seguiram.
A luta em busca do pleno senhorio de nosso subsolo pelos brasileiros é antiga, mas se tornou mais aguda no século 20, com a intensa utilização do ferro e do aço na indústria moderna. Essa luta se revela no confronto entre os interesses estrangeiros (anglo-americanos, bem se entenda) pelas imensas jazidas do Quadrilátero Ferrífero de Minas, tendo, de um lado, o aventureiro Percival Farquhar e, do outro, os nacionalistas, principalmente mineiros, como os governadores Júlio Bueno Brandão e Artur Bernardes.
Bernardes manteve a sua postura quando presidente da República, ao cunhar a frase célebre: minério não dá duas safras. Essa frase foi repetida quarta-feira passada, pelo governador Antonio Anastasia, ao reivindicar, junto ao presidente do Senado, José Sarney, a aprovação imediata do novo marco regulatório, que aumenta a participação dos estados produtores nos lucros das empresas mineradoras, com a elevação dos royalties devidos e que, em tese, indenizam os danos causados ao ambiente.
Temos que agir imediatamente, a fim de derrogar toda a legislação entreguista do governo chefiado por Fernando Henrique, devolver a Vale do Rio Doce ao pleno controle do Estado Nacional e não conceder novos direitos de exploração às empresas estrangeiras, dissimuladas ou não. E isso só será obtido com a mobilização da cidadania. 


buscado no Gilson Sampaio

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

EUA exportam R$ 134 bi em armas, 80% do mercado mundial

buscado nO Cafezinho


por Miguel do Rasário

EUA exportam R$ 134 bi em armas em 2011 e batem recorde histórico

Os Estados Unidos exportaram em 2011 mais armas do que nunca, com um total de US$ 66,3 bilhões (R$ 134,2 bilhões) em cargas que se destinaram sobretudo a aliados no Golfo Pérsico, que argumentam que precisam se defender de um possível ataque do Irã, informou neste domingo The New York Times. As exportações americanas representaram quase 78% do mercado mundial de armas, no qual o segundo maior vendedor é a Rússia, com US$ 4,8 bilhões, segundo um relatório entregue na sexta-feira ao Congresso e publicado neste domingo na edição digital do jornal.
O número de vendas é o triplo do total de 2010, quando foram exportados US$ 21,4 bilhões, e é “o maior valor total em um ano da história das exportações de armas dos Estados Unidos”, segundo o relatório, elaborado pelo Serviço de Investigação do Congresso – uma entidade independente. Os maiores clientes foram Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã, que compraram, sobretudo, sistemas de mísseis avançados e aviões de última geração.
Entre as vendas para a Arábia Saudita, que somaram US$ 33,4 bilhões, está o maior acordo militar já assinado pelos EUA, que vendeu ao país 84 novos aviões de combate F-15, atualizou outras 70 aeronaves e ofereceu três tipos de helicópteros: 70 Apaches, 72 Black Hawks e 36 Little Birds. Os Emirados Árabes Unidos compraram US$ 4,42 bilhões em armas, entre eles US$ 3,49 bilhões em um escudo antimísseis avançado e US$ 939 milhões em 16 helicópteros Chinook.
Omã, por sua vez, comprou 18 aviões de combate F-16 por US$ 1,4 bilhão, entre outras armas que a região acumula com o argumento de se defender de um possível ataque do Irã. Além disso, os EUA venderam US$ 4,1 bilhões de dólares em aviões C-17 à Índia, e outros US$ 2 bilhões em baterias antimísseis Patriot para Taiwan, em um acordo muito criticado pelo governo chinês.


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buscado nOdiário.inf

Paul Craig Roberts*

 
O ângulo a partir do qual Paul Craig Roberts analisa a realidade não é o do diário.info. Mas que um comentador informado como ele é afirme que “O estado policial que está em construção na América da “liberdade e democracia” não tem paralelo na história. Quando os únicos terroristas são farsantes organizados pelo FBI, é evidente que o propósito do estado policial não é proteger os americanos de terroristas muçulmanos. O objetivo é aterrorizar os cidadãos americanos”, uma tal afirmação merece certamente leitura.

“O dia em que vemos a verdade e nos calamos é o dia em que começamos a morrer.” - Martin Luther King
20 de agosto de 2012 “Information Clearing House” —- As teorias da conspiração floresceram agora naquilo que os complacentes media da prestituta chamam a “cultura da conspiração” (N.T. - prestituta é a tradução possível do neologismo presstitute, mistura de press, imprensa e prostitute, prostituta, denotando o caráter mercenário da imprensa dominante). De acordo com os prestitutos, os americanos precisam de encontrar qualquer explicação para as suas frustrações e falhanços e por isso viram-se contra os Bilderbergs, os Rotschilds, a Nova Ordem Mundial e por aí adiante.
Os leitores não ficarão surpreendidos que discorde dos prestitutos. De facto, a cultura da conspiração é o resultado do falhanço dos media prestitutos para investigarem e contarem a verdade. Estou certo que os media ocidentais são piores do que foram os media soviéticos. Os media soviéticos arranjavam maneira de ajudar o público a ler nas entrelinhas, ao passo que os ocidentais são tão orgulhosos por serem da confiança do governo que fornecem propaganda sem darem pistas aos leitores de que se trata de propaganda.
Os americanos têm sido alimentados com mentiras pelo “seu” governo e pelos media prestitutos durante tanto tempo que não é surpreendente vê-los acreditar cada vez mais haver conspiração contra eles. Milhões de americanos foram despejados dos seus empregos, carreiras e habitações enquanto os pulhas que os roubaram andam em liberdade e financiam os candidatos presidenciais. O mundo que milhões de americanos conheciam acabou e ninguém foi responsabilizado por isso. A explicação que os americanos tiram dos media é que é sua a culpa. Compraram casas que não deviam ter comprado e não se prepararam para os empregos certos. Não é desrazoável que os americanos cheguem à conclusão que existe uma conspiração contra eles.

Dizem aos americanos que o “seu” governo não consegue ajudá-los por causa do défice do orçamento e da carga sobre os nossos descendentes. Mas, os americanos veem os biliões que são gastos com os banksters (N.T. – neologismo intraduzível, mistura de banker, banqueiro e gangster, bandido), com as guerras e com a segurança interna. Porque é que um estado policial e mais um ataque a um país muçulmano são mais importantes do que manter os americanos com os seus empregos e as suas casas?
O 11º aniversário do 11/9 está a menos de um mês. Será que os media prestitutos vão lembrar aos americanos que o governo gastou mais de 6 milhões de milhões de dólares do seu dinheiro em custos futuros incontroláveis e já despendidos nas despesas da invasão e tentativa de ocupação do Afeganistão e do Iraque, tudo isso com o único resultado de enriquecer as administrações e os accionistas do complexo militar securitário, à custa da destruição da reputação dos Estados Unidos e de pôr a segurança Social e o Medicare no cepo?

Não, claro que não. A conversa vai ser sobre as nossas corajosas tropas que lutam e morrem para tornar o mundo mais seguro para a democracia e os direitos das mulheres. Washington vai enrolar-se na bandeira e exortar os americanos a “apoiarem as nossas tropas” na guerra orquestrada para o dia. Hitlery Clinton (Hillary Clinton, verdadeiro nome – N.T.) ainda monta o cavalo da moral e acusa a China e a Rússia, mas o que o mundo vê é hipocrisia. Ninguém, nem mesmo os governos-fantoche de Washington, já vê nas moralidades de Washington mais do que uma máscara para o domínio pela simples força. A democracia, segundo declara Washington, vem dos canos das armas.
A moral actual é toda sobre dinheiro, mas não para os 99%. Os 99% não podem encontrar bons empregos ou ganhar qualquer rendimento com as suas poupanças, porque a economia é para os 1%. Os licenciados universitários não conseguem emprego e pagar os empréstimos de estudante. A reciclagem de milhões de americanos cujos empregos foram deslocalizados ou preenchidos por estrangeiros com visa H1-B (visa temporário de não-imigrante – N.T.) provou-se ser uma fraude, pois não há emprego para a força de trabalho americana substituída a longo prazo e reciclada. A projeção oficial do emprego pelo governo americano é que poucos licenciados universitários são necessários na força de trabalho, donde que o velho slogan “educação é a resposta” seja outra mentira dos departamentos económicos da Ivy League (grupo de oito universidades privadas de prestígio do nordeste dos EUA – N.T.) que vendem as mentiras do sistema por dinheiro.
Qualquer cidadão americano habituado a viajar nos “grandes espaços” da América antes do 11/9 deve estar espantado com o súbito crescimento da intrusiva Homeland Security (segurança interna – N.T.), palavra com ressonâncias de gestapo como poucas terão existido. Os porno-scans (inspeções de raios X de corpo inteiro – N.T.) e as apalpações genitais passaram dos aeroportos para as estações rodoviárias e ferroviárias e as auto-estradas públicas, apesar da ausência de acidentes terroristas. Ninguém de pleno juízo imaginaria que a avózinha de 90 anos numa cadeira de rodas é um terrorista cujas fraldas têm que ser inspecionadas ou que pais loiros e de olhos azuis terão atado uma bomba na cintura da filha de 5 anos. Ninguém, excepto o departamento gestapo da Homeland Security.
Até alguns dos ingénuos conservadores patriotas agarrados à bandeira começam a reflectir sobre tanta segurança. As notícias de que o departamento da Homeland Security encomendou 750 milhões de cargas de munições letais são intrigantes mesmo para esses conservadores que sentem prazer por delegação com a matança dos “cabeças de turbante”.
Para que precisa o departamento da segurança interna de munições suficientes para atingir cada americano 2 vezes e meia? Porque está a Homeland Security a equipar-se com couraças de corpo inteiro? Porque estão a adquirir nova tecnologia que pode “saber tudo sobre nós instantaneamente a 500 metros?” Um novo manual do exército para as “Operações de Perturbação Civil” descreve como os militares podem ser usados internamente nos EUA para reprimir protestos, confiscar armas de fogo e matar cidadãos.
O estado policial que está em construção na América da “liberdade e democracia” não tem paralelo na história. Quando os únicos terroristas são farsantes organizados pelo FBI, é evidente que o propósito do estado policial não é proteger os americanos de terroristas muçulmanos. O objetivo é aterrorizar os cidadãos americanos.
Não é apenas a Homeland Security que está a ser militarizada. O governo anunciou que foi feita uma encomenda de munições pelo Serviço Meteorológico Nacional , mais tarde corrigido para Gabinete das Pescas. Se isto causa surpresa, porque encomendou a Administração da Segurança Social 174,000 cargas de balas de ponta cortada? (balas de expansão após o impacto, com efeitos mais destrutivos – N.T.)
As listas da encomenda das munições pela Homeland Security estão disponíveis online. É óbvio que não são munições para treino de tiro. São munições para matar pessoas: as balas de ponta cortada são para a espingarda militar M-16. Balas match grade são para espingardas de atirador especial (sniper) 0,308. Munições calibre 12 são para caça grossa. Balas de ponta cortada são para magnum 0,357 e pistolas calibre 0,40.
Como não houve qualquer ataque terrorista nos EUA desde o 11/9 (este, por seu lado, sob suspeita dos peritos), excepto os que foram organizados pelo FBI, esta compra maciça de poder de fogo não é obviamente para proteger os americanos dos terroristas muçulmanos. Então, é para quê?
Talvez este filme explique o que está reservado para o povo americano que confiou no “seu” governo. Os que protestam contra a guerra e os críticos do governo estão sendo redefinidos como “extremistas internos” que podem ser presos por ajudarem e serem cúmplices dos inimigos dos Estados Unidos. Se os americanos acordarem para a realidade de que estão a ser desapossados económica, política e socialmente, enquanto Washington os arrasta para a III Guerra Mundial e ocuparem as ruas em protesto, encontrarão uma força militar extrema.
A esquerda liberal é ainda mais ingénua que os conservadores agarrados à bandeira. Seja o que for que o governo faça, os conservadores estão do lado do governo. Isto porque os conservadores confundem patriotismo com apoio ao governo e não com defesa da Constituição, documento suspeito, tolerante para os criminosos, os terroristas e os que protestam contra a guerra e que fazem a América perder as guerras. A esquerda liberal considera Obama com a sua origem semi-negra como membro da classe oprimida, que para a esquerda liberal significa pessoas dotadas da mais elevada moralidade. A esquerda liberal continua a considerar Obama como um redentor, mesmo com Obama assinando no Gabinete Oval listas de cidadãos americanos a serem executados sem devido processo legal. Nem mesmo Naomi Wolf consegue acordar a esquerda liberal.
Não se espere que o Congresso ou os prestitutos façam o que quer que seja sobre a rápida concentração de poder no estado policial que Bush e Obama criaram. Não se espere ser resgatado pelos tribunais federais. Ainda que alguns juízes estejam inclinados a defender a Constituição contra o seu inimigo interno, os tribunais não têm poder quando o ramo executivo não respeita o primado da lei. Atualmente, o ramo executivo ignora a determinação de um juíz federal contra a detenção indefinida de cidadãos americanos. Os advogados do Departamento de Justiça (sic) nem sequer respondem às perguntas do juiz.
Um povo crédulo está desamparado se o governo decide escravizá-lo. É uma brincadeira de crianças para o governo lançar o descrédito sobre os líderes naturais do povo e os que lhe dão informação rigorosa. A maioria dos americanos tem uma base de conhecimentos muito estreita e preconceitos ideológicos muito vastos. Por conseguinte, não conseguem distinguir entre factos e ficção.
Veja-se o caso de Julian Assange. Quando o governo dos EUA, furioso com a publicação pela WikiLeaks da fuga de documentos que revelaram a falsidade e mentira de Washington, começou por atacar Assange, este teve um apoio quase universal. Então, Washington pôs na internet a história que Assange era um agente de informações a trabalhar para a CIA ou até para a ainda mais odiosa Mossad. Tanto os sítios da internet de esquerda como de direita caíram na óbvia esparrela. Temos aqui uma ingenuidade ao nível dos que acreditavam na acusação de Stalin de que Bukharin era agente capitalista.
Uma vez iniciado, o libelo contra Assange foi cancelado pelo esclarecimento pelo gabinete do procurador sueco das queixas feitas pelas duas mulheres que o seduziram. Vendo Assange recuperado, uma procuradora reabriu o caso arquivado e, segundo muitos acreditam, sob pressão de Washington. As feministas saltaram para a cena, exigindo que Assange seja punido pela sedução por mulheres que obviamente tinha enganado e de alguma maneira coagido.
Foi a repetição do caso Dominique Strauss-Kahn. Falsamente acusado de assédio sexual a uma empregada de hotel em New York, o director do Fundo Monetário Internacional, procurado em dois continentes por mulheres caçadoras de celebridades, foi eliminado da corrida à presidência da França e teve que se demitir da sua posição no FMI. A polícia de New York, habituada por décadas de propaganda feminista a encarar cada acusação sexual apresentada por uma mulher como a verdade absoluta, fez figura de parva e incompetente quando era evidente que a acusação era fabricada, com o objetivo de extorquir dinheiro a Strauss-Kahn e possivelmente para o eliminar da corrida à presidência francesa.
Muitos sítios da internet e comentadores normalmente de confiança foram apanhados pela falsa história.
Os hegemónicos de Washington e seus media prestitutos foram ainda mais bem-sucedidos a enganarem os americanos sobre ataques terroristas, Osama bin Laden, os talibãs, o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Somália, o Iémen, o Paquistão, a Síria e o Irão. O que é espantoso é o facto de não ter havido quaisquer ataques na América, apesar das enormes provocações que Washington tem feito assassinando nada menos que um milhão de muçulmanos, destruindo três países muçulmanos, conduzindo operações militares contra sete países muçulmanos e preparando um ataque a um oitavo, o Irão.

O presidente da Rússia, cujos mísseis balísticos termonucleares podem varrer os EUA da face da terra, disseram para todo o mundo ouvir que Washington tem o mundo inteiro amedrontado com a sua deriva hegemónica. “Ninguém se sente seguro,” disse Putin. E acima de tudo os russos, com bases de mísseis americanas nas fronteiras e uma “oposição” política traidora e desleal financiada por Washington, que serve de sua quinta coluna na Rússia.
Putin reconheceu que a América quer mandar no mundo. Mas, Washington não vai mandar na Rússia e na China. Se o actual atrasado mental da Casa Branca mantiver a sua promessa ao primeiro-ministro de Israel Netanyahu de que os EUA atacam o Irão em Junho próximo se o Irão não encerrar o seu programa de energia nuclear (programa não-militar autorizado ao Irão como signatário do Tratado de Não-proliferação Nuclear), a Casa Branca terá aberto a porta à III Guerra Mundial. Nessa guerra, os EUA não ficariam imunes contra um ataque, como na I Grande Guerra e na II Grande Guerra. Desta vez, a América pode desaparecer em holocausto nuclear. Se algum dos mundos sobreviver, as pessoas agradecerão que seja Washington a sair de cena.
É Morte aquilo que o “nosso” governo em Washington, tanto de republicanos, como de democratas, nos traz. Ambos os partidos são dirigidos por neoconservadores que acreditam valer a pena uma guerra nuclear para conseguir a hegemonia americana no mundo. Se estes perigosos ideólogos continuarem a dominar, a vida na Terra tem fracas perspectivas.

*Paul Craig Roberts foi Secretário Assistente do Tesouro para a Política Económica e editor associado do Wall Street Journal. Foi colunista da Business Week, do Scripps Howard News Service e do Creators Syndicate. Teve diversos cargos universitários. As suas colunas na internet têm atraído seguidores no mundo inteiro. 

www.paulcraigroberts.org/

Tradução: Jorge Vasconcelos

OS MINEIROS E O NACIONALISMO

buscado no Mauro Santayana 



A consciência de nação é anterior ao povoamento de Minas, mas foi em Minas que ela encontrou o instrumento prático, no projeto do estado republicano. Em Pernambuco, a concepção da nacionalidade esteve associada à idéia de soberania nacional, por parte de negros, índios e mestiços, submetidos ao invasor nórdico, bem armado e arrogante. Assim, todos se uniram, para, em Guararapes, mudar a história, expulsar os holandeses, criar o Exército Nacional, e inseminar a idéia da soberania do povo brasileiro no mundo.
Em Minas, a isso se unia, e com legitimidade, a reação contra a espoliação da riqueza dos mineradores mediante o confisco do ouro e dos diamantes pela Metrópole. Já em 1708, a superioridade intelectual dos Emboabas sobre os rudes ocupantes paulistas se impôs, com a criação, ainda que efêmera, de um estado autônomo, com suas instituições proto-republicanas, entre elas a eleição do governante, Manuel Nunes Viana, e um sistema orçamentário próprio.
Durante todo o século que se seguiu, os mineiros lutaram para criar uma república que lhes garantisse a liberdade nos atos cotidianos e no usufruto de seus bens. Os inimigos de Minas costumam dizer que a Inconfidência não foi um movimento popular, e têm razão. As revoluções de libertação nacional devem somar todas as classes sociais, e assim ocorrera, um pouco antes, na América do Norte, com a luta das colônias inglesas, que inspirou a Conjuração de 1789. O que marca as lutas pela independência é o nacionalismo, a vontade de nação, a idéia de hacer pátria, como a definiriam, anos depois, os revolucionários da América Espanhola.
Movidos pelas idéias de nação, e de defesa de suas riquezas minerais contra o saqueio estrangeiro, os conjurados mineiros projetaram a sua república e anteviram a construção federativa do Brasil. Isso implicava o compromisso nacionalista como o vetor de todo o desenvolvimento do Estado dos brasileiros. Ao longo do tempo, a maioria dos mineiros que influíam na construção política do Brasil, entre eles muitos conservadores e escravocratas, mantiveram-se na defesa da plena autonomia política e econômica do país. Foi esse sentimento que orientou a Revolução de 1842, que se marcaria pela vitória, ainda que efêmera, da Carreira Comprida na retirada das tropas imperiais, sob o comando de Caxias, diante da bravura dos rebeldes comandados por Teófilo Ottoni, em Santa Luzia.
A partir de então, os liberais (que nada têm a ver com os “liberais” de hoje) passaram a chamar-se luzias, em homenagem aos nacionalistas e libertários de Minas. É esse sentimento dos mineiros que se inquieta com a decisão do governo federal de retornar ao sistema de concessões, cujo prejuízo ao desenvolvimento nacional todos nós conhecemos – e os mineiros, mais ainda.

Como Caçar Porcos Selvagens

buscado no Prezado Cara Palida

 

 
(Autor desconhecido)
Havia um professor em um grande colégio com alunos estrangeiros de intercâmbio em sua turma. Um dia, enquanto a turma estava no laboratório, o professor notou um jovem africano do intercâmbio que continuamente coçava as costas e se esticava como se doessem. O professor perguntou ao jovem qual era o problema. O aluno respondeu que tinha uma bala alojada nas costas pois tinha sido alvejado enquanto lutava contra os comunistas de seu país nativo onde estavam tentando derrubar seu governo e instalar um novo regime, um “outro mundo possível”. No meio da sua história ele olhou para o professor e fez uma estranha pergunta: “O senhor sabe como se capturam porcos selvagens?” O professor achou que se tratava de uma piada e esperava uma resposta engraçada. O jovem disse que não era piada. E contou:- “Você captura porcos selvagens encontrando um lugar adequado na floresta e colocando algum milho no chão. Os porcos vêm todos os dias comer o milho gratuito. Quando eles se acostumam a vir todos os dias, você coloca uma cerca mas só em um lado do lugar em que eles se acostumaram a vir. Quando eles se acostumam com a cerca, ele voltam a comer o milho e você coloca um outro lado da cerca. Mais uma vez eles se acostumam e voltam a comer. Você continua desse jeito até colocar os quatro lados da cerca em volta deles com uma porta no último lado. Os porcos que já se acostumaram ao milho fácil e as cercas começam a vir sozinhos pela entrada. Você então fecha a porteira e captura o grupo todo.” “Assim, rapidamente, os porcos perdem sua liberdade. Eles ficam correndo e dando voltas dentro da cerca, mas já foram pegos. Logo, voltam a comer o milho fácil e gratuito. Eles ficaram tão acostumados a ele que esqueceram como caçar na floresta por si próprios, e por isso aceitam a servidão.” O jovem então disse ao professor que era exatamente isso que ele via acontecer neste país. O governo ficava empurrando-os para onde queria e espalhando o milho gratuito na forma de programas de auxílio de renda, bolsas isso e aquilo, impostos variados, estatutos de “proteção”, cotas para estes e aqueles, subsídio para todo tipo de coisa, pagamentos para não plantar, programas de “bem-estar social”, medicina e medicamentos “gratuitos”, sempre e sempre novas leis, etc, tudo ao custo da perda contínua das liberdades, migalha a migalha. Devemos sempre lembrar que “Não existe esse negócio de almoço grátis” e também que “não é possível alguém prestar um serviço mais barato do que seria se você mesmo o fizesse”.

Qualquer semelhança com a realidade não é coincidência.
Tibiriça

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Software livre de matemática

 

A maioria dos estudantes não gosta de matemática porque, dizem, é uma matéria que não serve para nada. Quem sabe, através deste programa descoberto pela redação de Desacato, você comece a pensar que aprender vale a pena !

O que é o GeoGebra?

 O GeoGebra é um software de matemática dinâmica gratuito e multi-plataforma para todos os níveis de ensino, que combina geometria, álgebra, tabelas, gráficos, estatística e cálculo em um único sistema. Ele tem recebido vários prêmios na Europa e EUA.

Fatos Rápidos

  • Gráficos, álgebra e tabelas estão interconectados e possuem características dinâmicas
  • Interface amigável, com vários recursos sofisticados
  • Ferramenta de produção de aplicativos interativos em páginas WEB
  • Disponível em vários idiomas para milhões de usuários em torno do mundo
  • Software gratuito e de código aberto


A água novamente entre a vida e a morte

buscado no Carta Maior



 

O Conselho Mundial da Água, liderado por empresas como Veoliam, Suez, Coca Cola, Monsanto e outras grandes transnacionais desenvolveu uma visão muito sofisticada da água, uma visão que está fundamentada no conceito de que ela é um bem mercantil necessário para a vida e a ecologia, funcional aos direitos humanos e à sobrevivência e, portanto...um grande negócio. Como é possível que o Fórum Mundial da Água negue-se a reconhecer o direito humano à água e ao saneamento? O artigo é de Elizabeth Beltrán.

 

Passaram-se já 15 anos da primeira edição do Fórum Mundial da Água e 20 da Declaração do Rio. Durante esses anos, o Conselho Mundial da Água, liderado por empresas como Veoliam, Suez, Coca Cola, Monsanto e outras grandes transnacionais desenvolveram uma visão muito sofisticada da água, uma visão que está fundamentada no conceito de que água é um bem mercantil necessário para a vida e a ecologia, funcionais aos direitos humanos e à sobrevivência e, portanto...um grande negócio.

Em todo esse período, ao invés de melhorar o cuidado com as fontes e aquíferos em todo o mundo a situação piorou substancialmente. Os equilíbrios ecológicos necessários para a sobrevivência e a fluidez do ciclo hidrológico foram rompidos como nunca havia acontecido, devido aos processos de agroindústria em larga escala, contaminação mineradora e projetos de energia baseados na construção de enormes hidroelétricas, entre outras causas. As empresas, por sua vez, estão buscando cada vez ganhar mais terreno da gestão pública e seguem ocorrendo debates entre gestores públicos e empresários diplomáticos corporativistas que tentam nos convencer de que o papel do setor privado é absolutamente necessário para a gestão da água.

Nestes debates e acordos de governança global da água pretende-se deslegitimar a gestão pública e fortalecer o conceito que foi desenvolvido pelo Consenso de Washington: o desenvolvimento e o cumprimento dos objetivos do Milênio só serão possíveis se existir um forte investimento privado; portanto, o desenvolvimento, os direitos humanos e os equilíbrios ecológicos estão ligados à sorte do mercado.

Este princípio permitiu construir um sistema especulativo de alto voo que agora é reforçado com o desenvolvimento da economia verde que é mais do mesmo, mas concebido para criar mercados especulativos coloridos com uma tinta verde acrescentada para dar a sensação de que se está protegendo o planeta e com a intenção de mercantilizá-lo todo; não só a água que tomamos e até o ar que respiramos, mas inclusive o futuro do planeta. Ainda que pareça ficção científica, isso é possível assim como foi possível que desde este Fórum tenham surgido soluções técnicas e corporativas escandalosas há alguns anos e que agora estão sendo colocadas em prática.

Em Haia, o Fórum Mundial da Água de 2003 se propôs incentivar a criação de sementes transgênicas para “poupar água”, sob o diagnóstico de que a agricultura é a atividade que consome mais água em todo o mundo. Na época, os ativistas da água reclamaram que esta solução podia se constituir em um crime que poderia afetar a saúde de todo o mundo e lançaram campanhas para evitar as sementes transgênicas e incluir o princípio de precaução nestas tecnologias. Hoje, as sementes transgênicas são parte do comércio mundial de alimentos e suas tecnologias e insumos. Nesta semana a Argentina apresentou ao mundo com orgulho o patenteamento de uma nova semente transgênica capaz de “poupar” água na produção de trigo, milho e soja em nível mundial.

As coisas vão mal porque deixaram as decisões mais importantes sobre a vida e sobre o planeta nas mãos das corporações e de governos poderosos e desenvolvimentistas que, baseados no princípio de que tudo se compra, se paga, se vende ou se repara pagando, levaram até os limites a impossibilidade de construir uma sociedade solidária, protetora do meio ambiente e, sobretudo, respeitosa de um bem sagrado para a vida como é a água.

O Fórum Mundial da Água se negou sistematicamente a apoiar em suas declarações o Direito Humano à Água e ao Saneamento. No Fórum Mundial da Água do México, em 2006, foram apenas quatro os países que assinaram uma declaração minoritária exigindo o direito humano à água, entre eles Uruguai e Bolívia. No entanto, nas Nações Unidas, há dois anos não houve nem um só voto contra a Resolução 64/292 declarando o Direito Humano à Água e ao Saneamento. Os países que se opunham a ela só puderam se abster de votar, mas não explicitar sua negativa a um evidente consenso gerado pelos povos e pelos países que sabem que esse é um direito inalienável para a humanidade.

Como é possível que, sistematicamente, o FMA se negue a reconhecer esse direito e que, na ONU, ele tenha sido aprovado sem oposição há dois anos?
Sendo que são os mesmos países que fazem parte das declarações ministeriais, por um lado, e das resoluções e conferências, por outro. Por que é que agora que ocorreu esse passo tão importante na ONU, o FMA não avança, mas, ao contrário, busca retroceder e diminuir as possibilidades de implementação do direito humano à água, favorecendo os processos de privatização? Mais do que isso, agora o FMA está decididamente disposto a incluir a água em “todas as suas dimensões econômicas, sociais e ambientais em um marco de governança, financiamento e cooperação”...como afirma sua declaração emitida ontem, apesar do protesto de alguns países.

Enquanto isso, milhares, senão milhões de experiências e iniciativas de gestão social e solidária, experiências exitosas de gestão pública, são implementadas com base no conceito de que água é um bem comum, um bem não mercantil para a vida.

As políticas e visões promovidas pelo Fórum Mundial da Água não estão à
altura dos desafios colocados diante do planeta e da humanidade. Pelo contrário, estão condenando a gestão da água a seu manejo pelos poderes corporativos incapazes de priorizar a vida, preocupados mais em extrair lucros de qualquer parte, por sistemas financeiros, especulativos e sistemas de litígios corporativos cobiçados nas instituições financeiras internacionais.

Considerando o extremo esgotamento dos recursos e o desequilíbrio ecológico produzido no planeta é indispensável que a governabilidade da água fique fora das mãos do Conselho Mundial da Água e seja construída a partir de consensos dos cidadãos, dos povos e do interesse público. É por isso que os movimentos sociais reunidos em Marselha estão propondo que a ONU convoque um Fórum Global da Água que possibilite escutar as vozes das pessoas para pensar a água como um bem para a vida. As organizações sociais estão pedindo que sejam reforçados os sistemas locais e que se contribua para um exercício de vigilância social para assegurar que seu manejo seja social, democrático e solidário.

Diz-se, não sem razão que “milhares viveram sem amor, mas ninguém viveu sem água” (Auden). Nós acrescentamos, a partir deste Fórum, “sem amor, empatia e solidariedade, será impossível assegurar que a água chegue limpa e pura para todos”.

(*) Elizabeth Peredo é psicóloga social, escritora e ativista pela água, cultura e contra o racismo. Escrito para o Fórum Alternativo Mundial da Água, Marselha, 2012.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Henfil

buscado no Alice Via

 



Texto publicado no fanzine Justiça Eterna Zine (http://www.fotolog.com/justicaeterna) n° 27.
 
 
HENFIL E SEU TRAÇO CIRÚRGICO "Quando eu faço um desenho, eu não tenho a intenção que as pessoas riam. A intenção é de abrir, e de tirar o escuro das coisas" Depois de alguns textos sobre criações fantásticas dos quadrinhos no mundo como o Calvin, a Mafalda e o Charlie Brown, chegou a hora de falar de um criador (é, ele foi mais do que um cartunista ou um chargista; ele ouvia o que não se falava): Henrique de Sousa Filho, Henfil, para os mais íntimos. Muuuito prazer. Aliás, um prazer preciso, funcional, em um traço quase que invisível, mas que de tão profundo, deixa marcas sobre quem o lê. Henfil fez um tanto assim de gente pensar, através de desenhos sólidos, mas ao mesmo tempo, leves, que se desmanchavam em traços gargalhados de ironia, sarcasmo e acidez. Henfil nasceu em Minas no ano de 1944. Bom, talvez Henfil não tenha nascido. Acho mesmo é que ele brotou da voz de um povo humilhado, massacrado e redimido de várias partes do Brasil. E como é costume dos grandes gênios, Henfil partiu cedo, em 1988, com apenas 43 anos, nos deixando órfãos de uma visão humorística acerca de um Brasil que ainda não mudou. Mas essa partida breve não o impediu de ser intenso, de ser profundo, de criar personagens com uma velocidade espantosa, com a mesma gana que o cara tinha de viver. É, porque viver para ele é que era urgente. O resto não importava tanto. Henfil, assim como seu irmão, Betinho (é, o cara genial da Campanha da Cidadania e da Ação contra a fome) era hemofílico. E em uma das transfusões de sangue, recebeu também o vírus HIV. Mas isso não tirou dele a vontade de existir no mundo, de deixar sua marca, ou melhor, o seu traço. E o Henfil era tão inteligente que conseguiu subverter todo um contexto de ditadura no período em que viveu. Na verdade, não o contexto em si, mas fazia dos seus traços a arma para lutar numa guerrilha quase solitária em torno dos direitos do povo, na busca por uma suposta democracia que podia demorar, mas que não tardaria a chegar. Deu vida a personagens intrigantes como “Os Fradinhos” (Frandins, no sotaque lindamente mineiro), uma dupla impossível formada pela acidez do “Baixim” e pela bondade ingênua do “Cumprido”, que juntos colocavam à prova o riso contido do leitor. Também havia o “trio da caatinga” que criticava o Sul Maravilha, formado pela Graúna, Bode Orelana e o Capitão Zeferino. Sem contar é claro, o personagem típico do contexto da ditadura, aquele cara paranóico, Ubaldo, que de tão preocupado, tornava-se engraçado, numa caricatura invertida da realidade brasileira da época. Ubaldo foi criado por Henfil depois da morte de Wladimir Herzog, em 1975, com o jornalista Tárik de Souza, mas só estreou em 1976, devido, olha só a ironia, à paranóia da época. Henfil chacoalhou o país com as cartas que ele escrevia para a sua mãe, Dona Maria, no Pasquim e depois, em 1976, na revista Isto É, onde tinha liberdade para usar a mãe, através de uma literatura bem rasgada, para falar dos problemas do Brasil. Um gênio esse cara. Uma pena que Henfil não conseguiu viver tempo suficiente para ver a democracia. Mas ele eternizou-se em seu desenho, tão veloz quanto seu pensamento, e que, creio eu, não eram apenas charges, mas sim cartuns de um passado político ainda bem atual aos nossos olhos. Acho que no tinteiro que ele usava tinha sangue. E voz. - Ah, Lídia, imagina, eu nem era tanto assim.... - Você ainda é Henfil... - Sério? Então vou escrever uma carta para minha mãe falando sobre isso... - Pois é, pra você ver... - É, mas o que eu to vendo é uma esperança...igual a Graúna via quando a democracia estava próxima... - Esperança? Do que, Henfil? - De que o pão de queijo já assou... e de que ainda há muito a ser feito pelo Brasil...
 

Henrique de Souza Filho, o Henfil
 

Por uma infância livre de consumISMO

buscado no trezentos





A internet é realmente uma revolução. E quando usada para o bem, é maravilhosa. Existe um projeto de lei, que tramita há 10 anos, com o intuito de proibir a veiculação de publicidade direcionada ao público infantil. Parece radical, parece censura? Mas não é. Lembram-se da publicidade para cigarros? A propaganda de cigarro gerou a mesma polêmica e só ganhamos com a ausência das “caras de pau” das empresas e publicitários que insistiam em associar cigarro a 

  

esporte e vida saudável e bem sucedida. Uma reportagem com fumantes famosos confirma que a maioria fumou para ser moderno e se inserir no grupo social que desejavam. Hoje se arrependem pois não conseguem se livrar do vicio. Assim é a publicidade infantil. No futuro teremos criancas com a vida pautada na satisfação exclusiva pelo consumo. Comprar é viciante e a insatisfação compulsiva já se trata nos consultorios e com medicação tarja preta como antidepressivos e ansiolíticos, porque hoje, quem não consome, não faz parte da turma moderna, descolada e bem sucedida. Qualquer semelhança com o cigarro é mera coincidência?

Para completar , a Associação de Agências de Publicidade, criou uma ação que pretende parecer dizer que todos somos responsáveis pela infância. À primeira vista, a gente entende que a intenção da campanha é chamar todos à reflexão mas não é isso. A campanha empenhou-se em culpabilizar exclusivamente os pais pelo controle do que os filhos assistem na TV, como se as empresas não tivessem responsabilidade nenhuma sobre o que fabricam, vendem e anunciam, e as agências de publicidade sobre suas ações de marketing para promover qualquer tipo de produto e serviço direcionado ao público infantil. Uma ação com título dúbio, com atitudes dúbias, com intenções dúbias, assim como é a publicidade voltada para crianças que não têm condições de distinguir o que é bom para elas, o que é realidade, o que é mentira e o que manipulação. Nós adultos somos ludibriados, imaginem as crianças!

 

Os pais ativistas da internet se uniram e reagiram na hora. E a ABAP tratou-os com um desrespeito e desprezo absurdo, apagando suas mensagens na página da campanha, manipulando os comentários, banindo comentaristas que se opunham ao que eles queriam propagar. E ainda dizendo que nós, pais, queremos censurar a propaganda e impedir a liberdade de expressão da pobre publicidade. Liberdade de expressão só deles,basta ver as regras de participacão do seu site que a gente vê a cara ditatorial e demagógica de suas intenções. Mas uma coisa importante de se tentar entender, é o que a publicidade espera dos pais quando os culpabiliza. Afinal, o que querem que façamos: ficamos em casa cuidando do lixo propagandeado excessivamente às crianças ou saimos para trabalhar como loucos para poder consumir o que eles anunciam? Fiquei confusa.
O que eles não esperavam , era encontrar pais instruídos, informados e prontos para defender o bem estar de seus filhos respondendo na mesma moeda: criaram um site para divulgar a importância de se botar um freio na farra da publicidade infantil. E o site dos pais, entitulado INFÂNCIA LIVRE DE CONSUMISMO, ( Blog INFÂNCIA LIVRE ) recheado de depoimentos, artigos técnicos, reportagens, charges e imagens relacionadas ao tema, atingiu, em apenas 3 dias, o mesmo número de simpatizantes e apoiadores que o site da ABAP levou 1 mês para conseguir.


E em 5 dias, o site Infância Livre, conseguiu ultrapassar o site da ABAP, que vale lembrar, é mantido por uma agência de publicidade contratada, o que não acontece com a ação dos pais da internet. Isso nos leva a pensar em outras coisas. Por que a ABAP faria uma ação tão desastrosa? Por que usaria profissionais tão amadores? Por que não teria o menor constrangimento em agir com tão pouca ética com os usuários do site? Será que isso se resume em apenas uma questão: eles subestimam as famílias? Os pais? E acham que somos realmente uma massa tola e manipulável sem força nenhuma para reagir?
Hoje, a publicidade é autorregulamentada pelo CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária e isso é péssimo para a nossa sociedade a começar pelo fato que o conselho de ética da entidade tem apenas 19 pessoas representam a sociedade civil, dentre eles, seis jornalistas, três advogados e apenas um médico, enquanto as outras 136 pessoas representam anunciantes ou veículos de comunicação. Isso prova, na base, o tamanho do problema que é o controle da

 

publicidade brasileira que está longe de defender os interesses da sociedade.
Por isso, esse grupo de mães e pais, que defende a infância, convida a todos a conhecer e CURTIR esta iniciativa no Facebook . Ela tem o intuito de informar e mostrar os argumentos que levam a ver essa necessidade tão grande de se proteger nossos filhos dos malefícios de uma propaganda que é estratégicamente pensada e elaborada para encantar, que não os respeita, que os engana, que os faz acreditar numa falsa sensação de alegria e determina o que se tem como fator primordial de status social desde a mais tenra idade. E que ao repensar a publicidade, estamos pensando na forma como estamos consumindo o planeta, já que o consumismo está na contramão da educação para o futuro e da sociedade mais sustentável que buscamos.