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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Silêncio é bom fora do corpo e dentro da mente

buscado no olhando e capturando

Gustavo Prudente, freelance para Folha

Quando o ser humano lascou a primeira pedra, começou a história do ruído, que não parou de crescer mais até se tornar hoje uma das piores fontes de poluição. Os cidadãos das grandes cidades que o digam. Nos fins de semana e
feriados, eles fogem para a casa de campo ou de praia, para o spa, para o retiro ou se recolhem em casa mesmo. Tudo em busca de tranqüilidade e
silêncio. Mas nem sempre a medida surte efeito.
Existe um tipo de silêncio, além do externo, que é pouco explorado e até mais poderoso e eficiente. É o chamado silêncio interno. Religiosos, médicos e psicanalistas, entre outros profissionais, falam sobre essa experiência, cada um a sua maneira. Resumindo, trata-se de um estado de quietude da mente em que você "ouve" os seus pensamentos e sentimentos e também escuta os barulhos externos sem se sentir perturbado. Fugir do burburinho da cidade, literalmente ensurdecedor, só colabora para encontrar esse silêncio interno. "Ruído tem a ver com agitação e movimento que leva para fora. Já o silêncio externo favorece a contemplação, o que ajuda a pessoa a se voltar para si mesma, dando-lhe tranqüilidade e segurança", diz Gabriela Bal, terapeuta corporal que defendeu na PUC-SP uma tese de mestrado sobre o silêncio. "As pessoas têm necessidade de se aquietarem, o que implica pensarem sobre si mesmas, serem fiéis ao momento, mas elas não foram educadas para isso", diz o escritor e rabino da Congregação Judaica do Brasil Nilton Bonder. "Nós fomos adestrados para o barulho." Querendo ou não, o cidadão tem de encarar, sem escolha, o barulho nos lugares mais
inusitados: da TV dentro do ônibus interestadual ao rádio ou à fonte de água com motor barulhento na sala de espera do médico. Os ruídos distraem e
impedem o efeito do silêncio: descobrir e aceitar a própria singularidade.
"Vivendo numa sociedade consumista, essa experiência de ser único é esmagada. O que acaba acontecendo é que parecemos e cheiramos como todos os outros", escreve o monge beneditino inglês Laurence Freeman, em seu livro
"Os Olhos do Coração - a Meditação na Tradição Cristã". Na busca por tranqüilidade e descanso, muitos dos estressados urbanos pegam a estrada,
mas levam o barulho junto -aparelho de som, TV, uma turmona de amigos. Para o psicanalista Élcio Mascarenhas, autor de uma monografia sobre a
importância do silêncio no processo analítico, isso acontece porque, "quando ficamos quietos, o eco que se escuta pode ser menos agradável que o
do mundo externo, então escolhemos o barulho". Aliás, do ponto de vista psicanalítico, sujeitos tagarelas ou que adoram ambientes barulhentos podem estar evitando o contato consigo mesmos. O medo de se ouvir existe, "mas o silêncio não é nada estratosférico", diz Bal. Já indivíduos metódicos que precisam de silêncio absoluto podem justamente estar sufocando um intenso
turbilhão interior. "Nesses casos, o ruído externo faz lembrar o interno, detonando todas as emoções reprimidas", diz Mascarenhas.
Por essa perspectiva, passam a ser mais compreensíveis ações como a do aposentado carioca que atirou contra adolescentes que faziam algazarra no playground de seu prédio, alegando que não suportava o barulho.
Pela ótica médica, o homem está preparado para enfrentar a maior parte dos sons da natureza. O barulho, no caso, é definido pela presença dos ruídos artificialmente produzidos -o silêncio, por sua ausência.
"A poluição sonora começou com as ferramentas de pedra, passou pelo bronze e pela pólvora até chegar na Revolução Industrial", diz Yotaka Fukuda, professor de otorrinolaringologia da Unifesp. Porém, diz o médico, há pessoas que são capazes de se adaptarem à poluição sonora e até de alcançar momentos de silêncio, independentemente do barulho externo. O estado psicológico é que vai determinar o quanto isso é possível.
A fonoaudióloga Claudia Cotes conta que um dos seus momentos mais criativos ocorrem no congestionamento da cidade. "As pessoas me perguntam como consigo cumprir tantos trabalhos e ainda escrever livros. Minhas histórias surgem justamente quando estou no trânsito, quando fecho as janelas do carro e fico em silêncio." Cotes é autora do livro infantil "O Som do Silêncio", em que uma criança surda ensina para seus colegas a importância do silêncio. Uma das idéias do livro é mostrar que o silêncio não impede a comunicação. "É no silêncio que vêm os sentimentos que você pode então transformar em palavras", diz a fonoaudióloga.
Mas hoje ainda impera a idéia equivocada de que silenciar equivale a se submeter à opinião alheia. O mundo valoriza a palavra, o posicionamento e a
auto-afirmação por meio do verbo. O professor de teologia da PUC-SP Fernando Altemeyer destrói essa idéia. "O silêncio é revolucionário, e não
reacionário, tanto que Gandhi fez uma revolução e resistiu aos colonizadores sem atitudes barulhentas", diz ele.
Apatia, resignação ou escravidão são conceitos ligados à alienação, e não ao silêncio. "A pessoa silenciosa é aquela que está além das palavras", diz
o teólogo, citando um ditado: "Só se deve falar quando o que se tem a dizer é mais precioso que o silêncio".
Para quem ainda crê que para ficar na história é preciso fazer barulho, Altemeyer conta que foi a partir do silêncio que quatro personagens
notáveis fundaram as principais religiões do mundo: Moisés, Cristo, Muhammad e Buda. Para todos eles, os ensinamentos de suas doutrinas vieram à tona durante períodos de silêncio. Muhammad, por exemplo, só ouviu o
Alcorão porque ele ficou quieto enquanto o arcanjo Gabriel lhe ditava dos céus. "Jesus recolhia-se periodicamente para ouvir Deus e depois pregar", conta Altemeyer.
Silêncio tem a ver mesmo com proximidade e intimidade. "Você pode perceber que, quando queremos dizer algo muito íntimo, baixamos o tom de voz", diz a monja Cohen, zen-budista.
O silêncio, em seu sentido filosófico, também tem sido pensado desde a Antigüidade por teóricos como o grego Pitágoras, Dionísio Aeropagita,
teólogo cristão de origem incerta, e o chinês Confúcio, para quem "o silêncio é um amigo que nunca trai".
Já o barulho pode fazer "misérias" com você.

Formas simples de alcançar o silêncio interno 

Descanso: viaje para locais com pouco barulho ou freqüente lugares relaxantes, como templos religiosos, spas e retiros; o silêncio externo
convida à contemplação e ao silêncio interno.
Foco: concentre totalmente a atenção na atividade que está realizando ou em um pensamento, sem se deixar dispersar. Focando o essencial, sua mente fica mais tranqüila.
Meditação espontânea: desligue as fontes de barulho, como telefone, rádio e TV, que atraem a sua atenção pelo som. Depois, procure se aquietar,
deitando-se na cama para relaxar ou tomando um banho quente, por exemplo.
Meditação orientada: há vários tipos de meditação praticados por religiões
e filosofias orientais e ocidentais, que utilizam técnicas corporais e até sons para alcançar e manter o silêncio interno.
Música: ouça o tipo de som, não importa o gênero, que você sente que é capaz de aquietar sua mente; a música funcionará como instrumento para você
experimentar o silêncio.
Oração: a função das preces das diferentes religiões, em princípio, é fazer a pessoa se voltar para si e para a sua espiritualidade, o que a leva à
experiência do silêncio interno.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O PARTO DE UMA NOVA IDADE

Por Mauro Santayana

Quem se dedica ao estudo da História está dispensado das surpresas e do espanto. Os tempos também envelhecem, de suas entranhas surgem novas idades. E o parto dos tempos novos costuma ser terrível, com guerras, atos de loucura, fogo e sangue. A Idade Moderna, que se iniciou com o Renascimento e a descoberta da América, começou a envelhecer quando o Iluminismo não conseguiu consolidar as conquistas políticas da Revolução Francesa. Não souberam os líderes do grande movimento libertador conter a violência no momento certo, e o resultado, com a reação da direita, foi o surgimento de Napoleão, a restauração da monarquia e a substituição da nobreza pela burguesia.
A injustiça continuou, e as tentativas revolucionárias dos trabalhadores europeus, em 1848, e dos franceses em particular, com a Comuna de Paris, foram derrotadas pela força. O governo dos trabalhadores que assumiram o poder no município de Paris foi, na visão de Marx, “um frustrado assalto ao céu”. Os operários foram trucidados. Os soldados franceses, vergonhosamente recém-derrotados pelas forças alemãs, na guerra de 1870, descontaram sua frustração e se tornaram “valentes” contra trabalhadores mal armados, que se defendiam em barricadas improvisadas. Os que se rendiam eram logo executados.
Desde 1776, quando os norte-americanos declararam independência e iniciaram a guerra contra a Inglaterra, o mundo ocidental entrou no período de preparação para uma nova idade. Em 1789, com a reunião dos Estados Gerais, as ideias políticas do Iluminismo eclodiram em Paris. Elas já haviam influenciado os norte-americanos e chegado ao Brasil, a Ouro Preto. Em março daquele ano, os revolucionários mineiros foram denunciados; em abril de 1792, Tiradentes foi enforcado e esquartejado. Em janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado em Paris.
A onda revolucionária árabe é vista por observadores ocidentais, jornalistas e diplomatas como uma vitória do capitalismo. Isso é até possível, mas é só uma pequena parcela da realidade
O processo continuou no século 19, com o enfrentamento entre os ricos burgueses e os trabalhadores pobres e explorados. No século 20, os confrontos se multiplicaram. Durante os 100 anos, duas guerras mundiais e vários conflitos menores, o sangue jorrou como nunca, mais de 100 milhões de pessoas, entre combatentes e não combatentes, morreram. Agora há sinais de que a Humanidade já se encontra cansada de tudo isso.
A onda revolucionária que percorre os países árabes vem sendo identificada pelos observadores ocidentais como uma vitória do capitalismo. Na visão apressada dos jornalistas e diplomatas ocidentais, os jovens mobilizados­ pela internet querem derrubar seus déspotas a fim de viver os padrões europeus e norte-americanos de conforto­. É até possível que isso seja verdade em parte, como é evidente que os países capitalistas, sedentos do petróleo do Oriente Médio, incentivam rebeliões, como as do Líbano, com seus agentes provocadores. Mas estão vendo só uma pequena parcela­ da realidade­.
A rebelião, ainda que não exista uma consciência clara disso, se faz contra uma ordem mundial de domínio. Essa ordem, construída e administrada pelo capitalismo, sempre aceitou os tiranos do Oriente Médio, desde que eles lhe facilitassem o acesso ao petróleo. Não são os direitos humanos, como a sua hipocrisia­ proclama, que defendem, mas o direito que se arrogam de explorar­ os povos.
A Revolução Soviética foi uma grande tentativa de construir esse novo tempo, mas foi vencida pela traição interna de seus burocratas e pelos seus graves erros, entre eles a violência stalinista. A queda do Muro de Berlim, porém, não significa a derrota definitiva do humanismo, como eles pensam.
Está surgindo uma nova idade no mundo: o sistema de poder, dominado pelos banqueiros, que faz e desfaz governos, controla a ciência e a tecnologia, determina a vida e a morte de povos inteiros, começa a ser visto em seu horror pelas grandes massas. O que virá depois, não sabemos – mas as dores do parto desse novo tempo já se fazem sentir. 

Buscado no Mauro Santayana

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Imposições

Via Outros Cadernos de Saramago

José Saramago
Tenho uma visão bastante céptica do que chamamos de democracia. Na verdade, vivemos sob uma plutocracia, sob o governo dos ricos. Com o neoliberalismo económico, certas alavancas que o Estado detinha para agir em função da sociedade praticamente desapareceram. Não se discute hoje a democracia com seriedade. Foram impostos tantos limites à democracia que se impede o desenvolvimento de outras áreas da vida humana. Veja o exemplo do Fundo Monetário Internacional. Trata-se de um organismo que não foi eleito pela população, mas que controla boa parte da economia internacional.

Buscado no Gilson Sampaio

sexta-feira, 25 de março de 2011

CURIOSIDADES DE UM PAÍS DE LOUCOS

Fonte: pimentanegra+noreply@go

Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata !

Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.

Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.

Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o
salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário
federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.

Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.

O SUS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos.


Puxadinho
Recebi por E-mail.
Se for verdade é loucura.
Nós perdemos realmente a capacidade de nos indignar.


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domingo, 1 de agosto de 2010

SER FELIZ É GOZAR COM A DESGRAÇA ALHEIA

Há uma palavra em alemão denominada Schadenfreude. Talvez não exista uma expressão em português para traduzi-la fielmente. Numa tradução aproximada, significa sentir-se feliz com a infelicidade alheia (Schaden, dano,  Freude alegria).

Quem não sentiu uma pontadinha de alegria, na Copa do Mundo de Futebol de 2010, quando a seleção da Argentina tomou uma goleada de 4 a zero da Alemanha? O mesmo ocorreu do lado de lá quando a Holanda ganhou por uma virada de 2 a 1 do Brasil.
Os olhares cínicos e as risadinhas amarelas no canto da boca, com suspiros de satisfação quando o outro se ferra, podem demonstrar a ?Schadenfreude? com uma certa tipicidade. Quem sabe, tal sentimento reflita a verdadeira natureza humana, que se regojiza aos deleites diante da desgraça dos outros. Aliás, esse não é o segredo de sucesso das "pegadinhas" e outras "trapalhadas acidentais" veiculadas, principalmente, nos programas televisivos de domingo?
Sem as máscaras da moral cristã, se revelam os desejos destrutivos e o egoísmo extremado do ser humano. E também se dá vazão à hipocrisia. Quando se coloca uma pessoa no centro das atenções, todas suas ações e atitudes são analisadas como se vistas por um microscópio. Isto é, qualquer coisa ? por mais normal que faça e que também a maioria das pessoas faz ? é motivo de recriminação. Neste caso, a ?Schadenfreude? se dá pelo fato de o sujeito em questão ser descoberto e exposto ao público, enquanto os outros - que, provavelmente, fazem a mesma coisa - permanecem ocultos.
Anseia-se destruir o outro quem sabe pelo fato de o mesmo lhe ser semelhante, no intuito de se tentar apagar aquela faceta interior que ninguém quer ver. Afinal, ao se olhar no espelho nem sempre se gosta do reflexo, principalmente, quando mostra quem realmente se é. E ninguém aprecia ver sua imagem desnuda, com todas suas imperfeições. É melhor ver as imperfeições mesmo as suas nos outros.
Eis, pois, a ?Schadenfreude.  O gozo em flagrar a corrupção alheia, já que a sua própria escapa impune. Corruptos e calhordas são os outros. É mais fácil viver assim: olhar a hipocrisia no outro, em vez de si mesmo, e clamar para que o outro tenha vergonha na cara, em vez de ter vergonha na cara por si mesmo. Errados sempre são os outros.
Dessa maneira, é bem melhor que olhar a si mesmo diante do espelho e morrer de decepção.

Roger Moko Yabiku é jornalista, advogado e professor universitário. 
Seu email é ryabicu@terra.com.br
Fonte: Direto da Redação




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domingo, 16 de maio de 2010

Dignidade


Tenho visto coisa interessantes e repugnantes, neste momento o que mais se encaixa no que procuro dizer são as palavras de Michael Moore quando diz:

Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: deixem que as pessoas tenham bons cuidados de saúde, e eles causam muito menos problemas para vocês.
E aqui está uma lição para o resto de nós: a grande ironia de Lula Presidência - ele foi eleito para um segundo mandato em 2006 e servirá por meio deste ano - é que, mesmo enquanto ele tenta impulsionar o Brasil para a Primeiro Mundo, com os programas sociais do governo como o Fome Zero (Zero Fome), que visa acabar com a fome, e com planos para melhorar a educação oferecida aos membros da classe trabalhadora do Brasil, os E.U. parece mais com o antigo Terceiro Mundo a cada dia”.
Realmente ele tem razão.
Se não conseguirem resgatar a divida acumulada desde o descobrimento do Brasil com uma política pública que priorize o social, a educação entre outros e principalmente a reforma agrária, podem acreditar que dormimos sobre um estopim aceso.
Esta certo quando diz: Deixar que as pessoas tenham bons cuidados de saúde, e eles causam muito menos problemas”.
Já que temos uma monte de gananciosos que querem ser donos de tudo simplesmente por falta de humanidade e medo do socialismo, aconselho a pesquisarem e verão que existem países como a Suécia e Dinamarca entre outros, onde o movimento social e dos trabalhadores aperfeiçoaram o sistema, tornando assim, países com um padrão de vida de excelente qualidade para todos os seus habitantes e nunca deixaram de ser capitalista.
O que não podemos aceitar é;
Viver a míngua, onde existem escravos e analfabetos, etc...
Senhores donos do Brasil o que o povo quer é:
Terra para os sem terra.
Saúde para todos.
Educação
Trabalho, etc....
Sou pintor, só isso senhores, não preciso de muita coisa e nem precisaria estar fazendo o que estou fazendo, poderia usar meu tempo e energia somente com minha arte e o estado e todas as suas ramificações nos protegendo principalmente dos invasores de nossa soberania, traficantes de sangue, os mentirosos de nossa mídia, abuso de poder e o escambau.
O que precisamos é simplesmente DIGNIDADE.
Texto de Jader Resende

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sábado, 1 de maio de 2010

Gota D'Água

Um problema social que picareta não derruba

Para quem vem da esquerda, da generosidade, fica a merecer o anátema, a marca de Caim de “Gota D´Água”, inspirada na grega Medéia, quando a personagem Joana reclama da traição de Jasão o, seu ex-companheiro, que a trocou pela filha de Creonte, o poderoso dono do cortiço:
vai escutar as contas que eu vou lhe fazer: [...]


Te dei cada sinal do teu temperamento
Te dei matéria-prima para o teu tutano
E mesmo essa ambição que, neste momento,
se volta contra mim, eu te dei, por engano
Fui eu, Jasão, você não se encontrou na rua
Você andava tonto quando eu te encontrei
Fabriquei energia que não era tua
pra iluminar uma estrada que eu te apontei
E foi assim, enfim, que eu vi nascer do nada
uma alma ansiosa, faminta, buliçosa,
uma alma de homem.(…)
Certo, o que eu não tenho, Creonte tem de sobra
Prestígio, posição… Teu samba vai tocar
em tudo quanto é programa.
Responde ao que eu tou Em troca pela gentileza
vais engolir a filha, aquela mosca-morta,
como engoliu meus dez anos. Esse é o teu preço,
dez anos. Até que apareça uma outra porta
que te leve direto pro inferno. Conheço
a vida, rapaz. Só de ambição, sem amor,
tua alma vai ficar torta, desgrenhada,
aleijada, pestilenta…
Aproveitador! Aproveitador!…






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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Porque acredito cada vez mais nas mulheres.

Sempre entendi os homens como crianças se fingindo de adulto e as mulheres como adultas fingindo-se de criança.
Dentro da armadura de homem sério e seguro existe um guri assustado pedindo socorro. Dentro da aparência frágil da mulher existe uma guerreira com muita sabedoria, determinação, senso prático, diplomacia, manha, coragem, amor, responsabilidade, capricho e milhares de outras virtudes.

Acho que o mundo está precisando mais de mãezonas do que desses paisões atuais, cheios de soberba, brincando de poder infantilmente. Precisamos de quem sabe por natureza cuidar melhor de todos os filhos deste país e deste planeta.
Nós, homens, somos uns blefes. Mas não conte pra ninguém! Eh!Eh!E
Já contei, senhor ponto com e com muito prazer.

do blogue senhor ponto com
http://www.zenosr.com/





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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mentira e cia.

A mentira passou a ter pernas longas, oito fortes e autônomos braços, com sugosas ventosas que nos sufoca e imobiliza. Para sua defesa atira jatos de tinta escura, apimentada, que nos cega e debilita, somos enfim enganados, também são enganados os que tem o poder unilateral. Outra força poderosa sempre existiu paralelamente, mais que nunca, uma massa real e humana, que acorda antes do sol, e muitas vezes nem dorme, questiona e sempre tem disposição para dar a vida por um ideal, se mostra participativa, distantes dos que se escondem atrás da fumaça negra.
Massa anonima que os tentáculos gosmentos não consegue deter, que mostra sua força, seu poder de mudar uma situação de injustiças, perseguições e torturas praticadas contra os que não tem medo, não me refiro as habituais torturas que deixaram profundas marcas e sim a herança aperfeiçoada de um passado inglório em mãos de sanguinários e obscuros torturadores.
A tortura se faz presente sempre que querem eliminar aqueles que contestam, criticam ou protestam, falo da tortura psicológica que mata, com mais eficiência que as praticadas no passado, a nova tortura é invisível e quem vê finge que não vê, pode ser regulada para dar tempo ao torturador de planejar seus objetivos antes da morte da vitima, mata lentamente e brutalmente na vista de todos, um crime terrível que é capaz de destruir sem deixar vestígios, falo do assedio moral, da metalinguagem repetida durante anos para enfraquecer as resistências mentais e físicas de uma pessoa e do avanço da psicologia usada como tortura, falo do já conhecido crime invisível, com títulos bem sugestivo: Como infernizar a vida disso e aquilo outro. Como destruir sem dó ou piedade.
Se forem assassinadas, outras apareceram em seus lugares. Essa massa com cheiro natural da vida, se faz presente, resiste a toda essas artimanhas, é impossível negar sua força e tentar camuflar seus objetivos. 
Texto de Jader Resende 




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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Memória coletiva

Considero de extrema importância a Memória, apesar de seu excessivo uso, ela continua sem perder nenhum de seus significados, seu uso indiscriminado acaba reforçando a importância do passado e presente.
Sua forte presença na família, na comunidade e na história de um pais mostra essa importância, podemos citar a China e o Japão como exemplos, dois povos que não esqueceram o passado e com ele se destacam como potências diante das transformações do mundo, sem interrupções em suas mais antigas manifestações.
Não temos ainda uma longa história, justamente por isso, necessitamos preservar nossa memória sem a interrupção de um só dia, sem rupturas, só assim poderemos transmitir nossos momentos, nossos sonhos e nossa realidade ao futuro.
Desta forma conseguiremos abolir a submissão o capitalismo indiscriminado e arrogância dos que querem dominar o mundo e todos que nele vivem através das armas e guerras em detrimento a cultura e tradições.
Não me refiro a uma verdade e sim a memória coletiva do povo.
Assim transmitiremos nossa viva existência em busca da fraternidade, justiça social e paz no futuro.
Texto de Jader Resende




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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Crianças

Fala-se muito na criança, na sua defesa, seu estatuto, psicologia infantil e muito mais, sem contar a fabulosa identificação com a informática que os torna nativos e eu um eterno migrante.
As que parecem nascer nas ruas, estas, não são vistas como crianças nem mesmo são vistas.
    Comprar pão é uma tarefa diária,ou quase, lá estou na padaria que mais parece um botequim dentro de um super mercado, infalivelmente sou desfalcado nos pães por alguns conhecidos pivetes ou pedintes da redondeza, muitas vezes dou, outras não. A desigualdade social e a explicita proteção para uma pequena parcela da população, torna claro os limites da grande maioria do povo, forçando a todos a limitarem cada vez mais seu espaço físico e seu horário para circulação nos centros das grandes cidades, aos poucos vamos deixando de circular neste ou naquele lugar, nesta ou naquela hora. E durante a luz do dia convivemos com a banalização da vida. Estes miseráveis seres, na sua maioria afrodescendentes não mais me comove, a miséria, fome ou doença dessa gente acaba sendo ignoradas sem percebermos. Hoje, quando passei a caminho do mercado lá estavam três crianças fumando craque, acredito que entre sete e dez anos, notei que entre eles havia algumas latas, conhecidas como lata de leite em pó, é muito comum cheirarem cola nestas latas, como disse, isso não me toca mais e segui meu caminho. Na volta parei do outro lada da rua e fiquei a observa-los, brincavam caminhando apressados, um tentando derrubar o outro, se equilibravam encima das latas, seguros num fio elétrico que passava entre o dedão dos pés, subia até a cintura e prendia uma lata na outra. A disputa certamente era quem chegaria primeiro, estavam desinibidos e alegres. Diferentes do normal, caras de coitados pedindo moedas, pão ou cigarro ou então com caras ameaçadoras contra suas vitimas, só ai percebi porque fumavam com as latas no ombro, por instante me lembrei que também naquela idade brinquei encima daquelas latas, tal como eles faziam. Sabemos que dificilmente conseguiram chegar aos quinze anos, terão futuros trágicos, piores só mesmo aqueles que ouvem os pais falarem. -Sabem com quem esta falando? Certamente falaram. -Sabem de quem eu sou filho? Estes sim, são verdadeiros marginais. A meu ver, nada mudou diante da inocência de uma criança, seja ela drogada, pobre ou rica, em certos momentos são só crianças. O tempo não apaga certas particularidades, como o prazer de uma brincadeira. Naquele instante eram só crianças brincando num mundo magico, faziam o maior barulho com as latas e gritos (os gritos fazem parte da educação que não tiveram) entre o povo assustado na calçada. Chegaram quase juntos, romperam a fita de chegada e jogaram as latas de leite para os lados. Como premio do primeiro, segundo e terceiro lugar , estava dentro de um tonel de lixo de um restaurante, enchiam as mãos e comiam o que tinha pela frente. Por poucos segundos, os vi como crianças. Texto e desenho de Jader Resende Artigos relacionador. 
     

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Voto Bota fora

Como muita gente por desse mundo afora, votei sim. Mesmo sem poder votar, votei de mentirinha, mas dei meu voto.
O povo da sua terra esperou horas na fila com o orgulho estampado na cara, votou de verdade e com liberdade. Votou contra o passado, contra as guerras, condução desenfreada da economia e um montão de outras coisas. Podia ficar em casa, não tinha obrigação de votar, nem lei que obrigasse.

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    Muita gente espalhada pelo mundo dançou e cantou a vitoria do presidente de outro país como se fosse do seu. De verdade ou não, usamos o sagrado direito e liberdade de votar. Sou livre pra votar, era necessário mesmo sendo de mentirinha. Sempre que vou votar me sinto como se estivesse no “Ensaio sobre a cegueira". Cego, desnorteado, desamparado, impedido de ver a verdade, a cidade se transforma num caos, nada funciona, a vida perde a direção, quando voltamos a enxergar é tarde não tem outro jeito, a não ser carregar o sentimento de culpa e esperar a próxima eleição. José Saramago foi brilhante ao mostrar a nossa cegueira política, é assim que me sinto, cego e desprotegido. Sabemos que o novo Presidente Negro não fará milagres nem deixara de ser o presidente da (até então)maior potencia do mundo. Continuara brigando pelo petróleo, pelos embargos e tudo mais, para que seu país possa continuar dono do mundo. Não importa se foi só uma troca de cor da pele do presidente com o ex-presidente e da primeira ministra com a ex-primeira ministra. O que importa é que votamos. A globalização aumentou a dimensão da crise financeira, poupanças foram confiscadas, fundo de pensão mobilizado para financiar gastos públicos, a pobreza aumenta e é cada vez mais consciente de que é mal representada. A desumanidade nivela a todos por baixo e isto significa poder para os pobres, não mais será possível esconder a multidão de pobres. Será impossível conduzir a massa, ela se tornara viva, representativa, autônoma e não tem rabo preso e nada a perder. A realidade pede mudanças independentes de partidos ou conceitos de políticas passadas, precisamos legitimar a consciência de cada um de nós. Precisamos urgente do voto facultativo. Um direito vergonhosamente negado ao povo. Até quando seremos manipulados como fantoches numa peça sem direção. Entra governo e sai governo e somos obrigados a dar o voto na marra. Mesmo na nossa cegueira mental ainda somos empurrados um atrás do outro até a mesa examinadora, passar por uma caixa de papelão e receber um papelzinho que em pouco tempo se perde como uma dessas propagandas de videntes distribuídas pela cidade. Continuamos sem alternativas, estamos cansados do voto nulo, de votar no Cristo Redentor, na vaca lelé, no jegue do Zé ou figuras alegóricas que diz na propaganda de uma candidata. Me ajeita que eu te ajeito e acabam se ajeitando como podem, entre os que querem passar o cargo de pai pra filho e fazem dali a casa de ninguem. Se não bastasse, o povo vota também naquele que é contra aquele outro, só pra ver aquele outro despencar e perder a pose e da tudo no mesmo, para isso existem alianças e anéis e algemas, esta, é proibida, pra eles. Voto agora não elege. É “Bota fora” e quando votamos ganhamos é comemorado com alegria. Atravessamos uma hora critica, que exige mudanças e podemos começar com voto facultativo, solidariedade política, não aquela de dar esmolas, mas de valorizar a vida sobre a terra. Com voto facultativo, votaremos quando quiser e quando encontrar um verdadeiro líder que nos conduza a uma sociedade mais humana, uma distribuição de renda baseada no prazer de viver, uma distribuição de terra digna para quem dela precise, cultura livre e dignidade para todos que votam ou que não votam. Não podemos esquecer que mais de 100 milhões de pessoas passam fome no mundo, precisamos fazer alguma coisa urgente. Nessa lenga, lenga, muitos morreram até que se mude alguma coisa, é preciso acabar com o egoísmo político e partir para a solidariedade. O comunismo sempre se mostrou mais eficiente que o capitalismo, o seu modelo e irresponsabilidade políticas é que foram derrotados, mesmo assim sabemos que nada conseguiremos procurando soluções no passado, temos a nossa frente à solidariedade global e podemos começar fazendo o dever de casa. A primeira lição é VOTO FACULTATIVO.
    Texto e foto de Jader Resende

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Loucura, ontem e hoje

Chama à atenção no filme "A troca" o fato de ter comentado sobre Cosme de Farias, nome também do Bairro onde morei durante quase a vida toda.
Comentei que o considerava, o primeiro a se preocupar e fazer um trabalho corpo a corpo contra o analfabetismo na Bahia.
    Não era meu objetivo falar sobre o que ele representava, para isso se encontra um longo e excelente texto da jornalista. Mônica Celestino. Encontrei também outro pequeno texto que mostra sua atuação na Psiquiatria Forense, onde destaca seu papel na internação de muitas pessoas no maniconio. É um texto de pesquisa portanto baseado em documentos, o considero importante. “A troca”. É um filme com direção de Clint Eastwood, uma história real onde uma mulher em 1928 ousou enfrentar o poder, por isso foi internada como louca. Não vou me aprofundar como critico de cinema, simplesmente por existir bons críticos para isso. Vejo neste filme a ilegalidade usada na época pelo poder para eliminar seus inimigos usando o manicomio, destaco a pratica em si, exercida numa época que deveria haver manipulações do poder nos internamentos psiquiátricos, uma coisa é uma coisa, outra é um internamento criminoso como é o caso do filme, este sim, um fato extremamente escabroso. De lá pra cá, muita coisa mudou, evoluiu, mas também evoluiu o crime e diversas e invisíveis formas de sacrificar uma pessoa, as mais populares são sem duvida o assedio moral e a metalinguagem. É bastante saudável questionar neste filme a forma de excluir uma pessoa dos seus direitos, hoje, acredito ser impossível um internamento vergonhoso como foi no filme. Paralelamente as técnicas de torturas se tornaram transparente, invisíveis e através da metalinguagem e do assedio moral não se interna ninguém, mas podem levar a vitima a cometer suicídio, assassinato ou realmente ficar doida de pedra, não escolhem idade para atacar, estão seguros da impunidade e arrasam com a vida de qualquer um que atravesse a vida de um pseudo poderoso.. Se não bastasse a natureza com sua ambígua significação, lutamos pelo saber, sem poder definir nenhum limite ou parâmetro que possa estabelecer regras da louca vida que normalmente vivemos. A loucura acaba sendo desculpas para confinamentos atrás de grandes muros contra os loucos normais que se transformam em verdadeiras bestas ao perder o luxo ou não consegui-lo. O obstinado desejo de poder e luxo transforma alguns homem em feras enlouquecidas, se privados, tornam-se, bestas sanguinárias sentem prazer vendo a sua vitima morrer lentamente aos olhos de todos. O luxo e poder geralmente predomina de forma vergonhosa, ignorando a grandeza do saber. Não podemos esquecer que além da estabelecida loucura pelos poderosos loucos normais, existe a necessidade do amor, da compaixão e da solidariedade. Uma coisa é certa, Come de Farias morreu pobre, o conheci já marcado pelas tatuagens da vida, surgia com um acompanhante no fim de linha do bairro, pegava um taxi e sempre convidava pessoas na fila para dar carona. Todas as manhas o encontrava na hora em que estava indo para a escola, são boas lembranças que tenho da sua imagem. Texto e foto de Jader Resende.