sábado, 1 de maio de 2010

Gota D'Água

Um problema social que picareta não derruba

Para quem vem da esquerda, da generosidade, fica a merecer o anátema, a marca de Caim de “Gota D´Água”, inspirada na grega Medéia, quando a personagem Joana reclama da traição de Jasão o, seu ex-companheiro, que a trocou pela filha de Creonte, o poderoso dono do cortiço:
vai escutar as contas que eu vou lhe fazer: [...]


Te dei cada sinal do teu temperamento
Te dei matéria-prima para o teu tutano
E mesmo essa ambição que, neste momento,
se volta contra mim, eu te dei, por engano
Fui eu, Jasão, você não se encontrou na rua
Você andava tonto quando eu te encontrei
Fabriquei energia que não era tua
pra iluminar uma estrada que eu te apontei
E foi assim, enfim, que eu vi nascer do nada
uma alma ansiosa, faminta, buliçosa,
uma alma de homem.(…)
Certo, o que eu não tenho, Creonte tem de sobra
Prestígio, posição… Teu samba vai tocar
em tudo quanto é programa.
Responde ao que eu tou Em troca pela gentileza
vais engolir a filha, aquela mosca-morta,
como engoliu meus dez anos. Esse é o teu preço,
dez anos. Até que apareça uma outra porta
que te leve direto pro inferno. Conheço
a vida, rapaz. Só de ambição, sem amor,
tua alma vai ficar torta, desgrenhada,
aleijada, pestilenta…
Aproveitador! Aproveitador!…






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