sábado, 31 de dezembro de 2011

Um mundo melhor - Mafalda

As Veias Abertas da América Latina – Download

Resenha PasseiWeb

Download catado no rodopiou.com
 
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As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano
Essa é uma das grandes obras clássicas da literatura latino-americana. Leitura imperdível para aqueles que gostam, querem ou precisam entender a História da América Latina.
As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, foi publicado pela primeira vez em 1970 e editado em praticamente todos os países do continente, vários países da Europa e nos EUA.
Na obra o autor propõe um inventário dos 500 anos da história do continente retratando as suas principais bases: a economia agrícola e mineradora dominada pelo mercado internacional, com o objetivo de gerar lucros para a potência dominadora; a pobreza social como resultado de um sistema econômico externo e excludente, que privilegia uma minoria financeiramente capaz de integrar-se aos padrões de consumo; a opressão de governos centralizadores contra as minorias, produzindo genocídios e o caos social; a exploração do trabalho e as péssimas condições de sobrevivência para a grande maioria de sua população.
Num relato informal, para entender a história e a atual situação da América Latina, Galeano narra os fatos fora de uma seqüência cronológica, fazendo com que passado e presente conversem entre si na mesma obra, determinando o ponto de vista do autor: o continente foi e é peça importante no enriquecimento de poucas nações, e o preço que paga por isso é o seu subdesenvolvimento crônico, suas eternas crises sociais e seu status de colônia. A riqueza das potências é a pobreza da América Latina, diz Galeano em certa passagem do livro.
O livro mostra como os espanhóis e portugueses chegaram àquelas terras virgens no século XV e se aproveitaram das riquezas que o continente possuía. Os espanhóis, fixados desde o planalto mexicano até os Andes, tiveram sorte e encontraram ouro e prata nas primeiras andanças. Os portugueses, ocupando a faixa litorânea do Oceano Atlântico, tiveram de construir um império colonial à base da cana-de-açúcar enquanto não encontravam os metais. Embora em áreas diferentes, a tônica da exploração foi a mesma: trabalho forçado, agressão física, enriquecimento, opressão colonial. Os espanhóis encontraram dois exércitos de mão-de-obra disponíveis: os índios astecas no México e os incas no Peru. Estas civilizações, para o autor, retratam o caráter do domínio colonial: socialmente e militarmente evoluídas, foram destruídas nas minas e com o trabalho forçado nas mitas e encomiendas. Já os portugueses, depois de tentar a exploração dos índios nos engenhos de açúcar e não obter sucesso, transformaram-se no maior traficante de negros mundial. Vindos da África, os negros deixavam à força seus reinos para, em terras brasileiras, ser escravos e motor da produção açucareira.
Após narrar a glória desses centros produtivos de riqueza colonial que, como faz questão de ressaltar, não ficava na Espanha e nem em Portugal: destinava-se a pagar as dívidas que estes países tinham com a potência que lhes roubaria o domínio econômico da América: a Inglaterra, Galeano traz a exploração para o presente e fala da decadência dessas regiões. Citando a teoria marxista da divisão do trabalho entre operário e patrão, Galeano afirma que enquanto a Europa era o cavaleiro que levava as glórias, a América era o cavalo que fazia todo o serviço.
Apesar de longo, encontramos na obra de uma linguagem simples, não-acadêmica, que atrai o leitor. O autor procura compreender o processo de formação da região, discutindo os vários interesses existentes, desde as contradições internas, até a postura do imperialismo britânico e norte americano, dedicando inclusive alguns capítulos ao Brasil.

Buscado no Gilson Sampaio

De volta aos nossos sentidos: como nos libertarmos da armadilha do medo?

Buscado no erva-daninha

Por Derrick Jensen
Estou segurando um recorte de jornal de 1996. As bordas estão gastas, e o papel amarelado. A manchete diz: “Mãe urso ataca trens.” Os trens mataram seus dois filhotes, então a mãe urso começou atacar trem após trem.
Comecei a carregar esse recorte em minha carteira, depois preguei em cima de minha mesa, pois me faz lembrar do que significa ser corajoso, o que significa estar vivo.
Costumava pensar que o mundo estava sendo destruído pela ganância, pelo ódio e pela insanidade dos que estão no poder. Claro que ainda penso isso – assim como qualquer pessoa que presta atenção nos fatos – mas eu vejo cada vez mais como nosso temor nos faz colidirmos com essa destruição.
Não, não estou usando a mesma ladainha de que, já que uso papel higiênico sou tão culpado pelo desmatamento de florestas como o presidente da Weyerhaeuser (empresa multinacional produtora de papel e celulose). Não estou dizendo que precisamos ter compaixão por aqueles que estão matando o planeta, que precisamos tirar o ódio dos nossos corações antes que possamos impedir aqueles que estão destruindo nossos lares. Não estou perpetuando o pensamento mágico que diz que todos nós somos igualmente responsáveis pela destruição do planeta, e se eu pessoalmente e um monte de outros “ambientalistas” formos coletivamente “puros” o suficiente, “bons” o suficiente, e “amáveis” o suficiente, que as coisas realmente vão dar certo no final.
De modo algum. Pois elas não vão.
Não acho que a mãe urso se preocupou com a “pureza” de seu coração. Ela simplesmente seguiu seu coração para agir contra aqueles que mataram os que ela amava.
A minha culpa pelo desmatamento é muito pior do que meu mero uso de papel higiênico. Minha culpa é que eu não impeço fisicamente os desmatamentos, a minha culpa é que eu não defendo meu lar e os lares daqueles (humanos e não-humanos) que eu amo com a ferocidade e o amor dessa mãe urso.
Nós sofremos de uma crença errônea de que o amor implica o pacifismo. Não sei se a mãe urso concordaria com isso, nem mesmo as outras mães que eu conheço. Sempre sou atacado por mães éguas, vacas, ratas, galinhas, gansos, águias, falcões, e beija-flores que achavam que eu estava ameaçando seus filhos. Já conheci várias mães humanas que matariam qualquer um que fosse machucar suas crianças. Se uma mãe-rato está disposta a arriscar a vida dela atacando alguém oitocentas vezes maior do que ela, o que isso diz sobre os nossos corações? (A propósito, a rata ganhou.)
Eu digo que amo o salmão que nada no córrego perto de minha casa, mas os salmões estão entrando em extinção, e o que eu faço para ajudá-los? Escrevo sobre eles, canto canções para eles, paro e os admiro com meus olhos cheios d’água, enquanto eles botam seus ovos em córregos lamacentos. Mas o que eu FAÇO?
O problema não é complexo. Se eu realmente me importo com os salmões, preciso remover as barragens, preciso impedir o florestamento industrial e a pesca comercial, e preciso impedir o aquecimento global. Essas são na verdade simples tarefas técnicas. Mas eu não as faço.
Por que não?
Pensei em todos os tipos de motivos pseudo-intelectuais, pseudo-espirituais ou pseudo-morais, mas quando sou honesto comigo mesmo, o verdadeiro motivo por trás de todos os outros é que eu tenho medo. Tenho medo de que se eu agir efetivamente a polícia irá me matar ou me colocarão na prisão para sempre. Tenho medo de que se eu agir efetivamente serei marginalizado nessa sociedade. Tenho medo de que se eu agir efetivamente, as pessoas não vão gostar de mim. Elas irão me julgar.
Aqui vão algumas perguntas que tenho pensado ultimamente. Se os nazistas ou outros fascistas tomassem conta de toda a América do Norte, o que todos nós faríamos? Considere a definição de Mussolini sobre fascismo: “O fascismo deveria ser chamado apropriadamente de Corporativismo pois ele é uma fusão do Estado com o poder corporativo.” E se esse país ocupado se chamasse de democracia, mas quase todos considerassem as eleições serem falsas, com cidadãos sendo permitidos a elegerem entre diferentes facções do mesmo partido Fascista (ou, segundo Mussolini, Corporativo)? E se o protesto e outras manifestações não violentas fossem enfrentadas pelas tropas de choque e a polícia secreta? Nós revidaríamos? Se um movimento de resistência já existisse, nós nos juntaríamos a ele?
E o que faríamos se os que estão no poder instituíssem leis que os permitisse colocar um terço de todos os homens judeus entre dezoito a trinta e cinco anos em campos de concentração? Substitua judeus por afro-americanos e faça a mesma pergunta.
Nós resistiríamos se os fascistas irradiassem o campo, envenenassem o fornecimento de alimento, desmatassem o continente, ou deixassem os rios sujos demais para beber ou nadar em suas águas? E se os fascistas não envenenassem só a terra, mas os corpos daqueles que amamos com dioxina – uma das substâncias mais tóxicas conhecidas – e outras substâncias cancerígenas? Em minhas palestras pergunto às pessoas quantas delas amaram pessoas que foram mortas por câncer. Cerca de oitenta por cento levantam as mãos. Agora, resistiríamos se os que estão no poder envenenassem não somente os corpos daqueles que amamos, mas nossos próprios corpos?
Se não vamos revidar quando aqueles que amamos estão morrendo e nossos próprios corpos estão sendo envenenados, quando vamos tomar alguma atitude? Cada um de nós deve encontrar o próprio limiar: o ponto do qual nos libertamos dos nossos medos e agimos em prol daqueles que amamos.
Por que estamos tão aterrorizados? Do que temos medo? Nenhuma dessas perguntas é retórica. Elas são, até então, algumas das perguntas mais importantes que devemos perguntar a nós mesmos.
No nível mais básico, o medo é a crença de que temos algo a perder. Até um ponto, claro, nós temos muito a perder. Todos sabemos o que os que estão no poder podem fazer àqueles que os ameaçam ou as suas posses. Jeffrey Leuers queimou três picapes em um ato de resistência simbólica, e foi sentenciado a mais de vinte e dois anos de prisão, uma pena muito maior do que a dada a estupradores, àqueles que espancaram suas esposas até a morte, aos presidentes das companhias químicas das quais suas decisões liberam no mundo toxinas que fazem tantos de nós adquirirmos câncer. Se nós fôssemos ameaçar o dito direito dos que estão em poder de converter o mundo em produtos consumíveis para serem vendidos, eles tentariam nos impedir a qualquer custo.
Mas há mais medos também. Sabemos que nós – aqueles de nós que são os beneficiários físicos primordiais da exploração – perderíamos acesso a alguns produtos. O que dizer sobre nós que estamos dispostos a aceitar a destruição do planeta em troca de produtos como o café, chocolate, carros?
Todos nós estamos diante de escolhas. Em larga escala, nós podemos ter automóveis ou podemos ter calotas polares e ursos polares. Nós podemos ter barragens e produtos de papel e madeira, ou podemos ter salmões. Podemos ter caixas de papelão ou podemos ter florestas. Podemos ter eletricidade e um mundo devastado, ou simplesmente não podemos ter nada disso: até mesmo a energia solar requer uma infra-estrutura industrial. Podemos ter frutas importadas, vegetais, e café, ou podemos ter ao menos comunidades intactas humanas e não-humanas na América Latina.
Isso significa que deveríamos nos desesperar? Talvez. O desespero certamente é uma resposta apropriada a uma situação desesperante. Mas mais do que isso, nós deveríamos simplesmente reconhecer que essas escolhas na verdade não são escolhas: por mais de noventa por cento de nossa existência, os humanos viveram alegremente sem destruir suas comunidades ou o planeta. Essas escolhas são o resultado de um modo de vida aberrante e, sinceramente, bizarro.
Em um nível mais pessoal, podemos deixar o barco correr em uma cultura que não nos é muito útil – não nos faz realmente felizes; não nos deixa realmente confortáveis; não nos deixa realmente seguros; mas apenas oferece ilusões de felicidade, conforto e segurança – ou podemos começar o difícil trabalho de procurar em nossos próprios corações, para perguntarmos quem e o que amamos, quem e o que nos faz sentirmos fortes o suficiente para mudarmos nossas vidas, para lutarmos, para vivermos. E nossa própria felicidade? Há muito tenho o hábito de perguntar as pessoas se elas gostam de seus empregos: cerca de 90 por cento dizem não. O que significa quando a vasta maioria das pessoas passa a maior parte de suas horas fazendo coisas que elas preferem não fazer? E a sua saúde? E a saúde de seus filhos? E a felicidade deles (e eu não estou falando sobre os diversos brinquedos que eles possuem, mas a real qualidade de suas vidas)? E a saúde e felicidade do lugar onde você vive? E um planeta que não está sendo destruído? O que é mais importante para você?
Não podemos ter tudo. A crença de que podemos é uma das coisas que tem nos levado a essa terrível condição. Se insanidade pudesse ser definida como a perda da conexão com a realidade física, para acreditarmos que podemos ter tudo – para acreditarmos que podemos simultaneamente desmantelar um mundo e viver no mesmo; para crermos que podemos perpetuar o uso de energia mais do que o sol fornece; parar crermos que podemos retirar do mundo mais do que ele nos dá; para crermos que um mundo finito suporta um crescimento infinito, um crescimento econômico muito menos infinito, que converte vários seres vivos em objetos mortos (a produção industrial, no centro, é a conversão da vida – árvores ou montanhas, por exemplo – em morte – papéis e latas de alumínio) – é insanidade.
No fundo, todos nós sabemos disso. E mesmo assim nos não podemos falar por nós mesmos, pois temos medo. Temos medo de perder o que temos. E assim, não fazemos nada.
Mas temos medo de algo mais. Temos medo de não pertencermos: mesmo com o fato de todo o sistema social ser insano, nós ainda temos medo de sermos excluídos dele. Ontem mesmo levei minha mãe ao Wal-Mart para ela trocar um novo telefone que não funcionava. Agora, antes que você me chame de hipócrita, saiba que na minha cidade o Wal-Mart já fez seu estrago, e a Radio Shack (NOTA DE TRADUÇÃO: loja de departamentos de eletrônicos) era sua única outra escolha. Havia uma grande fila na seção de trocas, e como estava um belo dia, esperei do lado de fora. Em um banco havia uma mulher sentada comendo um sanduíche, e em outro, um homem fumando cigarro. Eu sempre prefiro a companhia de arbustos aos humanos mesmo, então sentei na calçada perto de umas piracantas (arbusto conhecido como espinho de fogo) “aprisionadas”. Agora aí que está a questão: eu podia notar que as pessoas que estavam de passagem, especialmente os funcionários do Wal-Mart, estavam incomodados por eu estar sentado em um lugar não-autorizado. E sei que o problema era com o lugar que eu estava sentado: não tinha um cabelo comprido não-autorizado, nem um cheiro não-autorizado, nem roupas sujas não-autorizadas, nem mesmo estava percebendo aquilo de uma maneira não-autorizada. Mas eu sentia que as pessoas naquele lugar, naquele momento, queriam que eu saísse de lá, e consequentemente, eu podia sentir eu mesmo querendo sair daquele lugar, para entrar na linha. Aquele sentimento era quase insuportável.
As mesmas pressões psicológicas estariam presentes quando fui a uma banca de revistas, escolhendo entre Soldier of Fortune, Penthouse ou Car and Driver. A outro nível, essa mesma pressão poderia me fazer parar na frente de uma árvore centenária, com uma moto-serra na mão apontando para ela, ou, em outro caso, apontar uma pistola para um judeu russo, ajoelhado ao lado de uma cova cheia de corpos contorcidos. Nunca devemos subestimar o poder da pressão social interna para nos conformarmos.
Uma das coisas mais inteligentes que os nazistas fizeram foi agregar a razão, a esperança e o medo a curto-prazo. Em cada passo da história, os judeus não tinham interesse em resistir: muitos judeus tinham a esperança – e essa esperança era cultivada pelos nazistas – que se eles fossem obedientes, e seguissem as regras daqueles no poder, suas vidas não iriam piorar, e eles não seriam assassinados. Eles se deparavam com essas questões: ter uma carteira de identidade, fazer parte de um gueto, entrar no caminhão de transporte de judeus, ou resistirem e provavelmente serem assassinados. O que acontece quando nos fazemos a mesma pergunta? Iríamos entrar nos chuveiros, ou resistir e nos matarem?
Os judeus que participaram da insurreição do gueto de Varsóvia – incluindo aqueles que se arriscaram no que achavam ser missões suicidas – tiveram uma maior taxa de sobrevivência do que aqueles que obedeceram as regras dos nazistas. Nunca se esqueça disso.
Outra coisa importante: um chefe de segurança de alto cargo do regime do Apartheid na África do Sul, uma vez disse em uma entrevista o que ele mais temia do grupo rebelde Congresso Nacional Africano (ANC). Ele não tinha tanto medo das ações violentas do ANC; o que ele mais temia era que o ANC poderia convencer a maioria oprimida dos africanos a desobedecerem a “lei e ordem” imposta pelo regime, ou seja, pensar e sentir por si próprios. Até mesmo as mais altas e bem treinadas “forças de segurança” do mundo não seriam, segundo ele, capazes de deter aquela ameaça. Quando começamos a perceber que as leis e os decretos daqueles no poder não carregam nenhuma herança moral ou peso ético, nós nos tornamos os seres humanos livres que nascemos para ser, capazes de dizer sim e capazes de dizer não.
Lembre-se disso também.
No século XVI, Éttiene de la Boétie nos faz lembrar de quando os poderosos são insaciáveis, a submissão é fatal – que quanto mais nos submetemos à dita “lei e ordem” daqueles no poder, mais eles exigirão de nós. Ele escreveu que “quanto mais a tirania rouba, mais eles anseiam por mais, mais eles arruínam e destroem; quanto mais você se cede à eles e os obedece, mais eles se tornam fortes e poderosos, prontos para nos aniquilar e destruir. Mas se nada é cedido à eles, se, sem qualquer violência eles simplesmente são desobedecidos, tornam-se nus e assim como quando a raiz não recebe nutrientes, toda a árvore definha e morre.”
Claro, temos medo. Há muito a temer. Mas com um mundo sendo destruído diante dos meus olhos, essa crença de que temos algo a perder torna-se uma ilusão. E o melhor guia que conheço para me ajudar a distanciar dessas ilusões é o meu coração. Meu coração nunca me desapontou.
Penso frequentemente naquela mãe urso, assim como penso também nas mães éguas, vacas, ratas, galinhas, gansos, águias, falcões e beija-flores que defendem aqueles que amam. Penso na coragem das abelhas que vieram para cima de mim, que entravam no meio do meu cabelo para encontrar um meio de me picar, que fizeram com que eu me distanciasse de suas colméias, ao custo de suas vidas. Penso na coragem do salmão, que volta ano após ano, que continua apesar de tudo o que estamos fazendo com ele, ou melhor, tudo que permitimos que seja feito com eles.
E eu percebo que antes que eu possa salvá-los, tenho que confiar neles para que eles me salvem, para que me ensinem e me façam lembrar o que é amar, o que é enfrentar meus medos, o que é agir em defesa daquilo e daqueles que amo.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O IMPÉRIO DO CONSUMO


Eduardo Galeano

A explosão do consumo no mundo atual faz mais barulho do que todas as guerras e mais algazarra do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco, aquele que bebe a conta, fica bêbado em dobro. A gandaia aturde e anuvia o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço.
Mas a cultura de consumo faz muito barulho, assim como o tambor, porque está vazia; e na hora da verdade, quando o estrondo cessa e acaba a festa, o bêbado acorda, sozinho, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos quebrados que deve pagar. A expansão da demanda se choca com as fronteiras impostas pelo mesmo sistema que a gera.
O sistema precisa de mercados cada vez mais abertos e mais amplos tanto quanto os pulmões precisam de ar e, ao mesmo tempo, requer que estejam no chão, como estão, os preços das matérias primas e da força de trabalho humana.
O sistema fala em nome de todos, dirige a todos suas imperiosas ordens de consumo, entre todos espalha a febre compradora; mas não tem jeito: para quase todo o mundo esta aventura começa e termina na telinha da TV. A maioria, que contrai dívidas para ter coisas, termina tendo apenas dívidas para pagar suas dívidas que geram novas dívidas, e acaba consumindo fantasias que, às vezes, materializa cometendo delitos. O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos.
Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales.
Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem metade dos calmantes, ansiolíticos e demais drogas químicas que são vendidas legalmente no mundo; e mais da metade das drogas proibidas que são vendidas ilegalmente, o que não é uma coisinha à-toa quando se leva em conta que os EUA contam com apenas cinco por cento da população mundial.
«Gente infeliz, essa que vive se comparando», lamenta uma mulher no bairro de Buceo, em Montevidéu. A dor de já não ser, que outrora cantava o tango, deu lugar à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. «Quando não tens nada, pensas que não vales nada», diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, em Buenos Aires. E outro confirma, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: «Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas, e vivem suando feito loucos para pagar as prestações». Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade, e a uniformidade é que manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde quantidade com qualidade, confunde gordura com boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a «obesidade mórbida» aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou 40% nos últimos dezesseis anos, segundo pesquisa recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado. O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free, tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar desce do carro só para trabalhar e para assistir televisão. Sentado na frente da telinha, passa quatro horas por dia devorando comida plástica.
Vence o lixo fantasiado de comida: essa indústria está conquistando os paladares do mundo e está demolindo as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêm de longe, contam, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade e constituem um patrimônio coletivo que, de algum modo, está nos fogões de todos e não apenas na mesa dos ricos. Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão sendo esmagadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida em escala mundial, obra do McDonald´s, do Burger King e de outras fábricas, viola com sucesso o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.
A Copa do Mundo de futebol de 1998 confirmou para nós, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola proporciona eterna juventude e que o cardápio do McDonald´s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército do McDonald´s dispara hambúrgueres nas bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O duplo arco dessa M serviu como estandarte, durante a recente conquista dos países do Leste Europeu.
As filas na frente do McDonald´s de Moscou, inaugurado em 1990 com bandas e fanfarras, simbolizaram a vitória do Ocidente com tanta eloqüência quanto a queda do Muro de Berlim. Um sinal dos tempos: essa empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. O McDonald´s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama de Macfamília, tentaram sindicalizar- se em um restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas, em 98, outros empregados do McDonald´s, em uma pequena cidade próxima a Vancouver, conseguiram essa conquista, digna do Guinness.
As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde.
Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório. Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos.
Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.
Os buracos no peito são preenchidos enchendo-os de coisas, ou sonhando com fazer isso. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas escolhem você e salvam você do anonimato das multidões. A publicidade não informa sobre o produto que vende, ou faz isso muito raramente. Isso é o que menos importa. Sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias. Comprando este creme de barbear, você quer se transformar em quem?
O criminologista Anthony Platt observou que os delitos das ruas não são fruto somente da extrema pobreza. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social pelo sucesso, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Eu sempre ouvi dizer que o dinheiro não traz felicidade; mas qualquer pobre que assista televisão tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro traz algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX marcou o fim de sete mil anos de vida humana centrada na agricultura, desde que apareceram os primeiros cultivos, no final do paleolítico. A população mundial torna-se urbana, os camponeses tornam-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em todas as partes, mas por experiência própria sabem que atende nos grandes centros urbanos.
As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os esperadores olham a vida passar, e morrem bocejando; nas cidades, a vida acontece e chama. Amontoados em cortiços, a primeira coisa que os recém chegados descobrem é que o trabalho falta e os braços sobram, que nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio.
O mundo inteiro tende a transformar-se em uma grande tela de televisão, na qual as coisas se olham, mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos.
Os terminais de ônibus e as estações de trens, que até pouco tempo atrás eram espaços de encontro entre pessoas, estão se transformando, agora, em espaços de exibição comercial. O shopping center, o centro comercial, vitrine de todas as vitrines, impõe sua presença esmagadora. As multidões concorrem, em peregrinação, a esse templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora é submetida ao bombardeio da oferta incessante e extenuante. A multidão, que sobe e desce pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago; e para ver e ouvir não é preciso pagar passagem. Os turistas vindos das cidades do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas benesses da felicidade moderna, posam para a foto, aos pés das marcas internacionais mais famosas, tal e como antes posavam aos pés da estátua do prócer na praça.
Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro. O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.
A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada a serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje, quando o único que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera. O dinheiro voa na velocidade da luz: ontem estava lá, hoje está aqui, amanhã quem sabe onde, e todo trabalhador é um desempregado em potencial.
Paradoxalmente, os shoppings centers, reinos da fugacidade, oferecem a mais bem-sucedida ilusão de segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, além das turbulências da perigosa realidade do mundo.
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota assim como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem pausa, no mercado. Mas, para qual outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha para pegar bobos.
Aqueles que comandam o jogo fazem de conta que não sabem disso, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta.
A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.

Buscado no WalfridoNeto

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Simplesmente Banksy!

Buscado no Provos Brasil


Fonte: http://www.banksy.co.uk/

A arte em graffiti: Banksy

BUSCADO NO ESQUIZOFIA

A arte cavernosa de Banksy
A arte cavernosa de Banksy

“Se você quer que alguém seja ignorado, então construa uma estátua de tamanho real deles e enfie no meio da cidade/   / If you want someone to be ignored, then build a life-size bronze statue of them and stick it in the middle of town.”

A arte é um processo de distanciamento da realidade para que possa ser constituido uma analise em pormenor dos elementos do que é presente como real. Portanto quando se faz arte não se está preso aos signos do real, pois estes são ultrapassados.
O graffiti (da palavra italiana graffito que é rabisco) e pichação como expressão artistica N(d)as ruas, uma composição com os corpos passantes, uma modificação da paisagem urbana e criadora de outras percepções. Por isso mesmo o graffiti pode ser considerado uma das artes mais viscerais e envolventes, pois se faz com a “voz rouca das ruas”. A idéia de graffitar por aí é antiga mas os graffitis modernos foram engendrado pelas ruas, principalmente na Philadelphia e posteriormente em Nova Yorke nos anos 70 e 80 junto com o movimento hip-hop, sendo assim um de seus elementos. Artistas sempre engajados escreviam mensagens ou pichavam rabiscos e imagens nos muros. Artistas como os pioneiros Cornbread, Cool Earl, Topcat 126, Demetrius e outros como Lady Pink,    Samo – Same old shit (a mesma merda) encorporado por Jean-Michel Basquiat, Fab 5 Freddy, Keith Haring, etc.
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“Quando você vai a uma galeria de arte você simplesmente é um turista olhando para um armário de trofeus de alguns poucos milhonários/  /  When you go to an art gallery you are simply a tourist looking at the trophy cabinet of a few millionaires.”

A arte de Banksy já começou a rolar nos anos 90 e como quase todos os graffitis em stencil tem uma análise socio-politica da realidade. Banksy tem um trabalho que já envolve outra forma de militancia, uma militancia dos movimentos sociais contra a alienação capitalista e socialista (em grandes casos). A arte anonima de Banksy que começou em Londres começou a ser espalhada pelo mundo todo: África, Palestina, Estados Unidos, Europa, Japão, etc. Mas quem é ele? Por que ele está anonimo? Se enganas…. Um artista com esta produção nunca estará anonimo. Há sempre uma produção… Mas não importa a identidade se a propria identidade é uma forma constituida de referencial, de muleta, de certeza ? A arte é intempestiva, produzida pelo engajamento artistico no vazio, onde nada existe e tudo pode existir.
Mas o que Banksy picha? Ele expõe as mazelas produzidas pela ganância, o autoritarismo, a violência opressora, o emburguesamento insensivel, a guerra, e outros afetos tristes produzidos pelo homem. Só que todos estes são desconstruidos pela força criativa da alegria e do humor. Porém como toda arte, o capitalismo tenta captura-la e torna-la uma mercadoria, sendo que ela é bem cotada no mercado de consumo. Tanto que astros de filmes americanos já compraram obras de Banksy como Angelina Jolie por exemplo. Porém sua arte não é comercial. Ao contrario, é mal vista, já que vários dos seus trabalhos foram grande parte removidos a pedido das autoridades locais. Criar novas percepções em locais onde quer se impor uma voz unívoca… é um trabalho perigoso.
“As vezes eu me sinto tão enojado do estado do mundo que eu nem posso terminar minha segunda torta de maça/ / Sometimes I feel so sick at the state of the world I can’t even finish my second apple pie.”
















Referencias sobre Banksy e o grafite
- Video: “The Hollow Earth” – Radiohead por Banksy
- The punking of Paris Hilton- Dirigido e distribuido por Banksy via ubu
- New York Beat Movie/ Downtown 81 – Cinema sobre o engendramento das artes em NY (Com Basquiat/ Freddy 5/ Debbie Harry )

BUSCADO NO ESQUIZOFIA
http://esquizofia.wordpress.com/2009/10/08/a-arte-em-graffiti-banksy/

A pesquisa de Hanushek sobre educação

Via Valor Econômico, republico artigo sobre a pesquisa de Erik Hanushek sobre educação. Leitura interessante para quem discute a questão da educação.


Educação: as lições do professor Hanushek

Por João Batista Araujo e Oliveira
Os países em desenvolvimento mais que duplicaram seus recursos em educação, nos últimos 20 anos. No geral, o esforço financeiro esteve associado à expansão. Em poucos casos, o recurso adicional se converteu em resultados, o que ocorreu especialmente em países da Ásia. Apenas contar com mais dinheiro não resolve. Muito menos quando o dinheiro bom é jogado num sistema ineficiente.
Há várias formas de aprender sobre o que funciona em educação. Mas há só uma forma rigorosa: aprender com base em evidências científicas e com as melhores práticas dos países que estão à frente. O professor Erik Hanushek mais uma vez nos surpreende pelo rigor da análise e simplicidade de suas conclusões em estudo recém concluído. De 9 mil casos examinados, ele acabou ficando com apenas 79 deles para realizar a sua meta-análise. Suas conclusões restringiram-se, no entanto, aos 13 estudos mais rigorosos.
Foram examinadas inúmeras variáveis relacionadas com a infraestrutura da escola, provisão de materiais, condições do professor e organização escolar. Pouparemos o leitor das explicações metodológicas. Eis as conclusões, em ordem de seu impacto nos resultados.
Primeiro, a infraestrutura é fundamental. Funcionam bem as escolas arrumadas e com qualidade mínima adequada, carteiras, quadro-negro, giz e bibliotecas impecáveis. A presença de livros didáticos tem impacto positivo, mas seu efeito não é tão consistente.
Segundo, o professor, o profissional que conhece os conteúdos do que ensina faz grande diferença. Sua presença diária e constante também. Titulação e tempo de serviço não afetam os resultados. Capacitação em serviço costuma atrapalhar, sobretudo quando impede a presença do professor em classe. Professores contratados tendem a produzir melhores resultados do que professores efetivos.
Terceiro, a organização. Além da presença do professor, o tempo de aula influi nos resultados, na direção esperada. Tudo o que não está mencionado – inclusive os computadores em sala de aula, merenda escolar, salários e gastos em educação – não apresenta resultados consistentes. Políticas do tipo bolsa-escola podem afetar a frequência e permanência na escola, mas sozinhas não melhoram o desempenho dos alunos.
Como interpretar esses resultados? Entendendo o contexto em que foram realizados os estudos. Basicamente, o conjunto deles mostra que há duas condições necessárias para a escola funcionar: uma infraestrutura minimamente adequada e bem cuidada e professores que saibam o conteúdo do que vão ensinar.
O resto pode ou não impactar, dependendo da organização da escola. Ou seja, quem tem compromisso mantém a escola limpa, escolhe professores que dominam o conteúdo e, possivelmente, faz o resto que precisa para que a escola funcione. Sem isso, o resto é resto.
Outra forma de interpretar esses resultados é cotejá-los com a evidência concorrente provinda de outros estudos. O estudo de Hanushek e seus colegas traz, como conclusão, que é necessário examinar com mais atenção a importância dos fatores locais. As evidências dos estudos sobre escolas eficazes corroboram as linhas gerais dessa premissa, mas detalham alguns instrumentos (programas de ensino) e ações gerenciais (clima de estudo, avaliação) que fazem a escola funcionar.
No nível de sistemas escolares, estudo da McKinsey, realizado em 2009/2010 e amplamente divulgado no Brasil, também aponta para a importância de intervenções compatíveis com o nível de desempenho de um sistema escolar: diferentes intervenções fazem sentido de acordo com o nível em que o sistema se encontra. Quanto mais baixo o nível, maior a necessidade de intervenções mais estruturadas, quanto mais competentes os professores, maior a importância de diferentes graus de autonomia e participação dos diretores em decisões pedagógicas.
Livros e materiais didáticos, por exemplo, podem funcionar se são adequados à capacidade de uso pelo professor. Na mesma linha, e com base na análise de reformas educativas realizadas em países mais avançados, Michael Fullan, um dos maiores estudiosos desse tema, aponta para a importância de reformas que abranjam todas as escolas de um dado sistema escolar – e não se concentrem em escolas individualmente.
No Brasil a ansiedade da expansão desenfreada não nos permite assegurar as condições necessárias – muito menos as suficientes. Isso vale especialmente para o que se refere aos professores e a regras básicas de funcionamento das redes de ensino. Os sistemas de incentivo ou são perversos ou adotam modismos de curto fôlego.
O Ministério da Educação e Cultura (MEC) opera como se fosse responsável por escolas imaginárias, supostamente habitadas por professores livres-docentes, e as Secretarias de Educação, em sua grande maioria, operam como se fossem delegacias do MEC, cuidando mais de pedagogia e de uma miríade de projetos do que de planejar e gerir a educação.
Ninguém dá a menor atenção para as evidências científicas, a começar pelas faculdades de educação. Estamos aumentando vertiginosamente os custos da educação, enrijecendo os gastos a título de assegurar “as conquistas da classe” e sem melhoria nos resultados.
Os dados da SAEB/Prova Brasil mostram que ainda não conseguimos retomar os níveis de 1995, ano em que essa prova começou a ser aplicada. Que tal se avaliássemos, com maior cuidado, a lição do professor Hanushek? Certamente gastaríamos menos, de forma melhor e com mais resultados.
João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa e Beto
Buscado no Hupomnemata

Maria e os hebreus

Informação Incorrecta 


Diz Maria:
No caso dos judeus que vivem em Israel, me parece que seria oportuna uma pesquisa sobre os métodos pedagógicos empregados naquele território, desde os kibuts. Penso que lançaria luz sobre o tamanho sucesso dos mesmos que faz com que sua história recente seja totalmente obnubilada.
Ao ponto de desconhecerem e/ou rejeitarem fatos claros como céu de brigadeiro, tais como: as vítimas judias do holocausto foram, em sua maioria, judeus POBRES. Os dotados de riqueza econômica e cultural foram todos poupados e inclusive culpados pelo sofrimento dos "descartáveis" antes pela ausência de qualquer tipo de auxílio, durante pela entrega deliberada dos "irmãos" as iniciativas nazistas e depois pela tomada de posse das propriedades dos já extintos.
Ora, se os judeos e os não judeos também, têm dificuldade de entender até isso, como vão entender que novamente são massa de manobra dos milionários entre os seus que dominam pelo poder econômico financeiro tanto a população judia como a não judia no ocidente?
Acordar a população judia pobre do mundo seria talvez um dos melhores trabalhos de insurreição contra a ordem vigente no ocidente que poderia ser feito. Alguem aí gostaria de comentar ou discordar acerca disso?
Maria!
efectuar uma pesquisa  acerca do que realmente se passa em israel não é simples: a elite hebraica exerce um atento controle sobre o mundo da informação internacional, podemos imaginar qual o grau de cuidado perante "coisas de casa".

Quanto aos hebreus exterminados ao longo da Segunda Guerra Mundial, o discurso é ainda mais complicado.

A teoria é simples: os hebreus foram alvo de uma terrível injustiça, temos que chorar e dizer "coitadinhos, ficaram traumatizados", e com isso desculpar o facto de terem implementado um regime nazista nos territórios palestinianos.

Qualquer mínima dúvida acerca desta teoria leva imediatamente ao máximo insulto: anti-semita.

E não adianta tentar explicar que aqui ninguém é contra o povo de israel, mas simplesmente contra os métodos criminosos utilizados pela elite; a rotulagem é imediata, em qualquer caso: anti-semita.

Este não é um pormenor.
De facto, o antisemitismo é uma acusação infame, que obriga todos a falar de israel com cuidado. Mesmo os que não simpatizam com Tel Avive, têm que avaliar com cuidado as palavras, pois pode haver sempre alguém que, perante uma vírgula mal posta, lance o alerta geral: anti-semita.

Pessoalmente estou nas tintas acerca das rotulagens: querem chamar-me anti-semita? Façam o favor, o prazer é vosso, minha é a indiferença. Eu continuarei a repetir: nada contra o povo, tudo contra o regime nazista israelita. Mas eu não sou um media mainstream e posso borrifar-me, enquanto um diário, por exemplo, vive das vendas: e quem compraria um diário anti-semita (e, de consequência, racista)?

Maria deseja conhecer algo acerca dos métodos pedagógicos empregados naquele território?
Antes de tratar dos problemas dos outros, que tal tratar dos nossos?
Qual foi o método pedagógico utilizado na nossa sociedade? Porque uma vez percebidas as mentiras empregues "deste lado" não será tão difícil imaginar quais as ensinadas "do outro lado".

A ideia de voltar na terra que foi dos progenitores é bastante antiga. Imaginem um italiano que queria ocupar a França porque "assim fizeram os meus progenitores Romanos". A ideia é a mesma.
Mas no século XIX um grupo de intelectuais judeus teorizou a necessidade do nascimento duma nação onde o povo judeu poderia finalmente encontrar maior paz e segurança.

O sionismo

Este é chamado de sionismo, o qual pode ser dividido em três categorias:
  • o "sionismo" organizado pelo Dr. Theodor Herzl, a fim de reconstruir o Estado judeu na Palestina, em Jerusalém.
  • o "sionismo territorialista", organizado por Israel Zangwill, que tinha como objectivo estabelecer uma "terra dos judeus" em qualquer parte do mundo, preferindo, no entanto, a Palestina.
  • o "sionismo socialista", organizado por Moses Hess, que quer preservar a identidade nacional judaica no mundo, mas lutando por um retorno à "Eretz Israel".

    Um dos mais fervorosos sionistas na altura foi Israel Zangwill (1864-1926), membro da prestigiada sociedade sionista "Antiga Ordem dos Macabeus": afirmou que os judeus têm o direito inalienável de colonizar a Terra de Israel.

    E os que aí já moravam, os Palestianianos? Enfim, azar.

    O "sionismo" oficial nasceu em 1897, durante o primeiro "Congresso Sionista" em Basel, na Suíça.

    Mas um ano antes, em 1896, tinha aparecido"Staat der Juden" ("O Estado dos judeus"), o manifesto escrito por Theodor Herzl em pessoa. Definido como "escrito em algumas semanas, numa espécie de mistura delirante de fervor místico e considerações práticas", exibe um plano claro para uma organização judaica no mundo; plano que prevê a completa remoção de toda a população árabe que ocupa o futuro estado de israel

    Como implementar este projecto?
    Simplesmente através da expropriação das terras e das propriedades. Tão simples.

    Também nasceu na capital francesa uma grande organização internacional para promover a educação e a cultura judaica: Alliance Israélite Universelle
    , Aliança Universal Israelita, fundada por 17 jovens no dia 17 de Maio, financiada por Sir Moses Montefiore Haïm (empreendedor, banqueiro e, obviamente, filantropo; casado com Nathan Mayer Rothschild) e Rothschild Senior, e que promoveu a primeira colónia em israel, na cidade de Jaffa.

    Já em 1854 tinha surgido o primeiro hospital na Palestina, o Hospital Rothschild (mais tarde Hospital Ladach Misgav).

    Todavia as coisas procediam de forma lenta, terrivelmente lenta e ainda no final de 1800, a Palestina estava nas mãos do Império Otomano-Turco.
As promessas inglesas

Em 1915 o governo britânico pediu a ajuda militar do xerife de Meca, Hussein (a este respeito existem cartas assinadas por Thomas Edward da Arábia, o famoso Lawrence da Arábia) para correr os turcos da região.

Só que os Árabes perguntam: e nós que ganhamos com isso?
E a resposta inglesa é clara: um Estado árabe independente.

Este é um ponto chave: a promessa do Governo de Sua Majestade para a criação dum Estado árabe independente na Palestina, em troca de ajuda.

Os Árabes, dada a promessa, participaram em massa e muitos perderam a vida em combate por esta razão: a libertação da Palestina e o surgimento dum novo Estado árabe. O Reino Unido, apesar da Guerra Mundial em curso, desvia um milhão de soldados para a Terra Santa. E a operação tem sucesso: a Terra Santa é livre.

No ano seguinte, Rússia, França e Inglaterra assinam o acordo de Sikes-Picot, com o qual o antigo Império Turco-Otomano é dividido. E a Palestina? A Palestina fica sob a administração dos três Países.

E o Estado árabe independente?
Qual Estado árabe independente? Quem falou num Estado árabe independente? 

E para que as coisas fiquem bem claras, no dia 02 de Novembro de 1917 chega a "Declaração Balfour": uma carta que Arthur Balfour, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, envia ao chefe da Federação Sionista, tal Lord...como se chama? Ah, pois: Rothschild. Carta com a qual Sua Majestade reconhece oficialmente aos sionistas o direito de formar um Estado independente na Palestina.

Por isso: promessa cumprida, vai haver um Estado independente na Palestina. Afinal, árabe ou sionista, é só uma questão de pormenores.

Naturalmente na carta abundavam as boas intenções: "nada deve ser feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas na Palestina ....", rezava o documento.
Mas, como vimos, o sionismo desde o princípio previa a expropriação das terras e dos patrimónios dos Árabes da região.
A imigração

Em 1919 os Ingleses tomam posse da Terra Santa e desde 1920, com o acordo de Sèvres, começa oficialmente a imigração judaica.

Em 1922 a Grã-Bretanha recebeu o mandato da Liga das Nações (a futura ONU, sempre ao serviço dos mais poderosos) para administrar a Palestina, pelo que nasceu a Jewish Agency (Agência Judaica) para promover a economia hebraica.
É nessa altura que o simpático, Theodor Herzl disse que queria "empurrar a população [os Palestinianos] na miséria além das fronteiras".

Os anos 1936-1947 viram a criação das razões que levaram à Guerra Árabe-israelita de 1948: é avançada a proposta de formar dois Estados separados.

Os britânicos divulgam o Relatório Peel (1936), que prevê a separação entre judeus e Árabes de acordo com a divisão da população existente. A proposta não satisfaz as ambições territoriais dos sionistas e nem os árabes, que pedem que acabe a imigração e a contínua aquisição de terrenos por parte dos hebreus.

Nasce assim o White Book (1939) com o qual os Ingleses aceitam limitar a imigração judaica e prometem a transição para um futuro governo palestiniano.
Afinal, prometer não custa nada.
A versão Wikipedia

Agora paramos e vamos ver outra versão, a oferecida nas páginas de Wikipedia, que tudo sabe e tudo explica.

Em primeiro lugar: não há vestígios dos Rothschild, nem na versão portuguesa, nem na espanhola, nem na italiana, nem na francesa, nem na alemã. Aparecem apenas na versão inglesa, uma vez, e totalmente descontextualizados.

Mas vamos em frente.

A descrição do sionismo começa com o lembrar todas as perseguições sofridas pelos judaicos desde 1200 (!), pois não é possível falar do povo hebraico sem lembrar das terríveis perseguições que eles (e só eles) sofreram ao longo da história, e lembra que
os judeus já eram a maioria da população de Jerusalém no ano de 1844, convivendo com muçulmanos, cristãos, armênios, gregos e outras minorias, sob o domínio turco-otomano. A estes migrantes religiosos vieram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do século. Eram em geral judeus da Europa Central e adeptos de ideologias socialistas.

Socialistas? Ahhhhh, assim afinal é da Esquerda a responsabilidade...
O sionismo moderno aos poucos arrebatou e convenceu a maioria dos judeus de todo o mundo. Começaram as imigrações judaicas para a província palestina, onde estes pioneiros adquiriam terras dos árabes e estabeleciam colônias e fazendas coletivas.

Tudo com a máxima calma e tranquilidade.

Das promessas inglesas nem uma palavra.
Da guerra dos Árabes contra o Império turco nada de nada; ao ponto que Wikipedia nem explica como é que um dia Jerusalem está sob o controle dos Turcos e no dia a seguir já não está. Dá a entender que as forças do Império simplesmente cumprimentaram e abandonaram o local: "Bom, então nós vamos, portem-se bem."

Continua Wikipedia:
Atendendo às solicitações do sionistas, os ingleses promulgaram em 1917 a Declaração Balfour, onde a Grã-Bretanha se comprometia a ajudar a construir um "lar judaico" na Palestina, com a garantia de que este não colocasse em causa os direitos políticos e religiosos das populações não-judaicas.
Com a reação violenta dos árabes a partir da década de 1920, os ingleses tentaram regredir na sua promessa, implementando políticas de restrição à imigração de judeus.
Assim, fica bastante claro: tudo procedia em paz e harmonia, até estava prevista a garantia para as populações não judaicas...mas os Árabes são sempre os mesmos: brutos, geneticamente maus, irracionais. E com reacções violentas.

Eis como em poucas linhas a História é violada e adaptada às exigências dos vencedores.
Terrorismo na Terra Santa 

Antes da vaga colonizadora, Árabes e judeus viviam juntos em paz, com altos e baixos, mas ainda paz.
Quando começou a imigração judaica, ou seja, quando os sionistas começaram a comprar terras e, especialmente, após a traição da Declaração de Balfour, começou a luta.
Na prática, desde 1920.

Mas é em 1940 que na cena aparece um novo protagonista: o terrorismo judaico.

Os sionistas organizaram-se em grupos de guerrilha, começaram os ataques terroristas contra os civis britânicos e contra os palestinos. Os grupos mais conhecidos eram o Irgun, o Haganah e o Stern.

Este último, chamado também de "Gang Stern", nasceu em 1942 com o judeu polaco Abraham Stern e era uma banda que encarnou a variante do movimento sionista mais violenta e terrorista.
A maior acção foi o ataque contra a sede da administração britânica, no King David Hotel em Jerusalém, em Julho de 1946, onde foi feita explodir uma inteira ala do prédio, com cerca de 200 vítimas.

Entre os líderes do commando havia tal Menachem Begin, sucessivamente primeiro-ministro israelita e, claro está, Prémio Nobel da Paz.

Os ataques contra os Britânicos tinham duas motivações: em primeiro lugar visavam o abandono do território Palestiniano por parte dos Ingleses; mas também eram uma forma para lembrar os empenhos assumidos.

É interessante notar como além deste três grupos, houvesse outro, o Lehi, sempre fundado pelo polaco Abraham Stern, que sempre recusou qualquer diálogo com os Ingleses.
Para além disso, o Lehi realizou contactos secretos com a Alemanha nazi através dos quais oferecia-se na luta contra os Britânicos no Médio Oriente, em troca da "evacuação" (ou seja expulsão) dos judeus da Alemanha (!!!).

O nascimento de israel

O terrorismo vingou e em 1947 os Ingleses desistiram da administração dos territórios, delegando o dossier para a ONU. Esta avançou com a Resolução 181, com a qual 30% da população da Palestina (os hebreus) ficavam com 54% do território.

Perante tal justa distribuição, os Árabes, sempre violentos e irracionais, começaram a ficar um bocado enervados. Na Primavera de 1947 começaram os confrontos militares, com os grupos terroristas sionistas que conseguiram distinguir-se por uma longa série de crimes: basicamente homicídios, massacres e limpeza étnica, todos documentados.

É deste período o massacre de 200 Palestinianos em Deir Yassin, perpetrado sob a directa responsabilidade do Prémio Nobel da Paz Menachem Begin.

E finalmente, em 14 de Maio de 1948 nasce oficialmente o estado de israel com a "Declaração de Independência", assinada pelo primeiro-ministro David Ben-Gurion.

Dois anos depois, em 1950, israel vota a Lei da Propriedades de Ausentes, uma lei vergonhosa que expropriou a terra de todos os refugiados que tinham fugido ao longo da guerra.
A ideia é simples: fugiram por causa da guerra? Então agora estão ausentes. E quem estiver ausente perde a propriedade. De quê? De tudo: casas, terras, empresas. Por uma fortuita coincidência, todos os "ausentes" eram árabes que ficaram assim sem nada.

O resto é história contemporânea. 
... Oiçam governantes da casa de Israel, que constroem Sião com o sangue e Jerusalém com a iniquidade! Por vossa causa, Sião será lavrada como um campo e Jerusalém se tornará um montão de ruínas ....
(Miquéias, um nativo da Judéia, contemporâneo de Isaías, VIII aC).
A censura

Quantas destas noções são transmitidas na sociedade ocidental?

A palavra "hebreu" é hoje associada ao conceito de "Holocausto", pois este foi o objectivo perseguido ao longo das décadas do pós-guerra. Mas acerca da formação do sionismo ou do mesmo estado de israel existe apenas o silêncio.

E quem tente obter informações nos canais privilegiados na internet (o caso de Wikipedia), depara-se com uma realidade censurada.

A organização terrorista Lehi, por exemplo, na Wikipedia portuguesa aparece como "um grupo armado sionista que operava clandestinamente no Mandato Britânico da Palestina entre 1940 e 1948. Seu principal objetivo era expulsar os britânicos da Palestina para permitir a livre imigração de judeus para a região e criar um Estado judaico."

Reparamos: o objectivo era de "permitir a livre imigração de judeus", nenhuma alusão à colaboração com os Nazistas para que os judeus fossem expulsos da Alemanha e dos territórios ocupados pelas forças de Hitler.

Esta é a pedagogia à qual os cidadãos ocidentais são submetidos.

Quanto à educação hebraica, aqui vai o testemunho de Rivka Barissever, hebrea que fez da educação israelita o objectivo da própria tese universitária.
Um pai judeu é obrigado pela lei rabínica a preparar o seu filho para conduzir uma vida moral que siga o caminho traçado pelo Antigo Testamento. [...]

Estudo da Bíblia é tão importante que o seu valor é igual ao de todos os outros mitzvot (mandamentos) juntos.
[...]
O pai é obrigado a ensinar a Bíblia ao seu filho, como está escrito nela "e ensinarei aos teus filhos em casa, andando pela rua, para a cama e ao levantar-se".
Na prática, estamos perante uma lavagem cerebral que começa desde a tenra idade e que acompanha a criança ao longo de todo o processo formativo. [...]O estudo da Bíblia é superior até mesmo à oração, porque, de acordo com a concepção judaica, pode permitir um "diálogo" com o Senhor, enquanto a oração é metaforicamente descrita como um "monólogo".

A Torá, o livro do amor...

E a propósito dos mitzvot,, que são 613 e constam da Torá, eis alguns deles:

Amar outros judeus
Não odiar um judeu

Aprender a Torá
Honrar aqueles que ensinam e conhecem a Torá
Incendiar uma cidade que passou a praticar idolatria
Não reconstruí-la como cidade
Não tirar proveito dela
Não deixar de odiar o idólatra
Não salvar o idólatra
Não dizer nada em sua defesa
Não evitar que ele seja incriminado
Aceitar opiniões contrárias daqueles que ensinam a Torah
Mostrar misericórdia aos idólatras
Suportar os idólatras habitando em nossa terra
Casar-se com os heréticos

Raptar um israelita
Roubar dinheiro
Negligenciar salvar um israelita em perigo de vida
Permitir obstáculos em seu domínio público ou provado
Diferir de autoridades tradicionais

Estamos bem longe dos ideais do Novo Testamento: aqui o centro do mundo é o judeu, enquanto os outros são simplesmente "os outros", que nem merecem ser defendidos e nem merecem misericórdia.

Não é "Ama o próximo", é "Ama outros judeus".
Não é "Não odiar", é "Não odiar um judeu".
Não é "Não raptar", é "Não raptar um judeu". 

Agora, cara Maria, tentamos imaginar uma sociedade criada neste clima de ódio (a Torá), de vitimização (o Holocausto, "ninguém sofreu como nós") e de guerra perene contra os "outros" (os Árabes são maus e querem matar-nos, os Europeus são todos anti-semitas...): não é difícil perceber como uma elite com traços nazistas possa hoje governar o estado de israel.

Libertar-se? Muito complicado: estas crenças têm raízes profundas, milenárias. E todo o estado hebraico parece construído para suportar um indefinido período de guerra, contra todos e contra tudo.

Não ponho em causa que haja israelitas desejosos duma vida serena, em paz: mas como lutar contra as bases da existência deles e de todo o estado no qual vivem?
Como perceber que a religião deles, que marca a vida desde a idade mais tenra, é utilizada para justificar guerra e ódio?
Como perceber que podem existir outros pontos de vista? E pontos de vista de quem? Lembra de que "os outros", na visão deles, estão todos cheios de ódio, ou antisemitas, ou idolatras.

Isso, obviamente, sem considerar a cortina de feroz censura actuada, da qual qualquer Leitor pode ter uma ideia.
Wikipedia hebraica: além da fantasia

Abram Wikipedia, escolham a versão hebraica (no fundo da página), escrevam israel e depois copiem o endereço da página aberta no Google Translate. sigam os links até chegar à página do estado de israel.
Agora é só ler para perceber de que estamos a falar.

Eis a tradução da página História de israel; obviamente tentei "limar" os erros apenas ortográficos presentes na tradução automática:
Após a I Guerra Mundial parecia propícias as condições para o estabelecimento de tal estado: o Reino Unido conquistou a Terra de Israel ao Império Otomano e aos judeus foi prometido um lar nacional com a Declaração Balfour [...]
Assim, na versão hebraica os Ingleses nunca prometeram uma Palestina independente aos Árabes; e estes nem pensaram em participar na guerra contra os Otomanos, pois são demasiado preguiçosos. Uma vez derrotados os Turcos, os Inglese prometeram um lar aos hebreus, com boa paz do malvados Árabes.
Por volta de 1920 o Reino Unido recebeu um mandato sobre Eretz Israel com o compromisso de estabelecer um lar nacional judeu em Israel. Iniciou-se assim com a nomeação de Herbert Samuel, o primeiro comissário, o estabelecimento da Universidade Hebraica em Jerusalém e uma série de empreendimentos, de forma que tudo parecia promissor. 
Mas os habitantes árabes não gostaram da imigração judaica em Israel e do crescimento da comunidade judaica, começaram a opor-se às políticas e aos programas, usando a violência e o terror.
Na prática, a versão hebraica descreve um País governado pela justiça e pela harmonia, no qual, de repente estes doidos dos Árabes começam a estragar tudo. Porquê? Mistério, provavelmente mesmo por serem doidos e maus.
Havia gangues de assassinos, actos de terrorismo e assassinato de residentes judeus. [...] A violência dos Árabes rendeu, gradualmente, o Reino Unido que retirou a idéia dum Estado judeu para refletir acerca duma solução de dois Estados, um hebráico e outro árabe com minoria judaica.
Esta é a provavelmente a passagem melhor. Havia terrorismo, claro, mas era apenas árabe. Ao ponto que os Ingleses, coitados, foram obrigados a considerar a hipótese de dois estados. 
Enquanto isso, os judeus americanos e o europeu floresciam na Ciência, na cultura e na economia. Os principais físicos da Europa naquela época eram judeus, chefiados pelo eminente cientista Albert Einstein. 
Na União Soviética muitos judeus estavam envolvidos na revolução comunista e estavam entre os líderes partidários.
Desculpem, mas a Coreia do Norte tem ainda muito que aprender. Pois enquanto um bando de sacanas árabes impedia aos sofredores hebreus a construção dum legítimo lar, o resto do mundo rendia-se perante os cérebros judaicos e cantava a gloria deles.

Os terroristas da Irgun são descritos como uma
organização clandestina judaica militar fundada em Jerusalém em 1931. A organização foi fundada por oficiais reformados como protecção em resposta às diárias agressões árabes.
Enfim, eram um bocado malandros mas só porque os outros eram bem piores.

Da mesma forma, eis uma simpática descrição da Palestina:
Se a Palestina fosse um Estado independente, então poderia ser definido como um País do Terceiro Mundo do ponto de vista económico e como índice de qualidade de vida. O PIB per capita dos residentes é muito baixo e estimado, o salário médio em 2006 foi estimado entre 1570-1800 Dólares por mês.
A maioria das pessoas são agricultores ou trabalhadores em geral, sem ensino superior. Serviços para a saúde, educação e bem-estar é possível graças às contribuições dos Estados Árabes, Estados Unidos e Europa. 
Ignorantes, incapazes e parasitas, esta a melhor descrição que os hebreus  podem conseguir com Wikipedia.

Não acaso citei a Coreia do Norte, pois o estilo é o mesmo: pega-se na História, cortam-se as partes mais indesejadas, "ajustam-se" as que poderiam ficar mal, e pronto, eis uma nova História Oficial adapta a qualquer cidadão curioso.

Naturalmente no caso de israel não é preciso recorrer aos métodos até um bocado "rústicos" de Kim II Sung, pois Tel Avive tem de transmitir a ideia dum estado moderno, democrático e "aberto".
Mas além da fachada, o estilo é o mesmo.

Existe a possibilidade de "ajudar " israel?
Acho que não, por causa de quanto afirmado antes e pelo simples factos de que nem nós fomos até agora capazes de tratar os nosso males.

Que, em parte, são os mesmos.

Ipse dixit.

Fontes: Jafi, Us-Israel, Wikipedia, Morasha, Menorah, israele, Alliance Israelite Universelle em aiu.org   ,The Department for Jewish Zionist Education em jajz-ed.org, Jerusalem Archives.org, Lubavitch, The Nord American Review, vol.169, pág 513, Agosto 1899. University of Northern Iowa, Norman Bentwich, For Sion sake, Philadelphia, Jewish Publication Society of America, 1954, p. 352, Breve storia degli ebrei e dell’antisemitismo di Eugenio Saracini, ed. Mondadori 1977