sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A hora da verdade para Lula e o PT

buscado no Gilson Sampaio 

 

 

Imagem original do Ricardo Kotscho foi substituída por essa do bloguezinho mequetrefe.
Gilson Sampaio

 


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Caros leitores,
pelos comentários enviados até agora, dá para perceber como o tema do texto abaixo provocou opiniões polêmicas, com muitos discordando de mim, o que só mostra duas coisas: a riqueza da democracia e do debate na internet, em que não há espaço para a unanimidade, ao contrário do que ocore com o pensamento único da grande imprensa.
Só esqueci de responder uma coisa ao leitor Fernando Aleador, que me levou a escrever este post: imparcialidade não existe no jornalismo.
Todos os jornalistas e donos de meios de comunicação têm lado. Só escrevo o que penso e sinto, sem pedir licença nem querer agradar ou desagradar a ninguém.
Nem precisava dizer isso para quem acompanha meu trabalho há quase 50 anos, mas para os que estão chegando agora é bom repetir: meu lado é o do Lula, do PT e o da maioria do povo brasileiro, que venceu 500 anos de opressão e hoje vive num país melhor e mais justo.
Ricardo Kotscho
***
"Por que o bloguista inexplicavelmente não conta nada sobre Rosemary e o possível envolvimento do ex-presidente Lula em algumas operações ilícitas? Aonde está a sua imparcialidade de jornalista?", pergunta o leitor Fernando Aleador, em comentário enviado às 04h57 desta sexta-feira.
Tem toda razão o leitor.
Demorei para escrever e dar esta resposta porque, para mim, estes últimos foram os dias mais difíceis da minha já longa carreira, posto que os fatos envolvem não só velhos amigos meus, como é do conhecimento público, mas um projeto político ao qual dediquei boa parte da minha vida.
Simplesmente, não sabia mais o que dizer. Ao mesmo tempo, não podia brigar com os fatos nem aderir à guerra de extermínio de reputações e de desmonte da imagem do ex-presidente Lula e do PT que está em curso nos últimos meses.
A propósito, escrevi no começo de novembro um texto que se mostrou premonitório sob o título "O alvo agora é Lula na guerra sem fim", quando o STF consumou a condenação dos ex-dirigentes do PT José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
De uma hora para outra, a começar pelo julgamento do mensalão, até chegar às revelações da Operação Porto Seguro, o que era um projeto vitorioso de resgate da cidadania reconhecido em todo o mundo levou um tiro na testa e foi jogado na sarjeta das iniquidades.
"O que me intriga é saber por que agora, por que assim e por que tamanha insistência. É claro que o esforço para acabar com a corrupção é legítimo e louvável, mas não terminaram recentemente de sangrar o PT até a entrada do necrotério? Quem estaria sedento por mais?", pergunta-se a colunista Barbara Gancia, na edição de hoje da Folha, e são exatamente estas as respostas que venho procurando para entender o que está acontecendo.
Talvez elas estejam na página A13 do mesmo jornal, em que se lê: "FHC acusa Lula de confundir interesses públicos e privados". Em discurso num evento promovido pelo PSDB no Jóquei Clube de São Paulo, na quinta-feira, o ex-presidente pontificou, mesmo correndo o risco de falar de corda em casa de enforcado:
"Uma coisa é o governo, a coisa pública, outra coisa é a família. A confusão entre seu interesse de família ou seu interesse pessoal com o interesse público leva à corrupção e é o cupim da democracia".
Sem ter o que propor ao eleitorado, após sofrer três derrotas consecutivas nas eleições presidenciais, e perder até mesmo em São Paulo na última disputa municipal, o PSDB e seus alíados na mídia e em outras instituições nacionais agora partem para o vale-tudo na tentativa desesperada de eliminar por outros meios o adversário que não conseguem vencer nas urnas.
Nada disso, porém, exime o ex-presidente Lula e o PT de virem a público para dar explicações à sociedade porque não dá mais para fazer de conta que nada está acontecendo e tudo se resume a uma luta política, que é só dar tempo ao tempo.
A bonita história do partido, que foi fundamental na redemocratização do país, e a dos milhões de militantes que ajudaram a levar o PT ao poder merecem que seus líderes venham a público, não só para responder a FHC e às denúncias sobre a Operação Porto Seguro publicadas diariamente na imprensa, mas para reconhecer os erros cometidos e devolver a esperança a quem acreditou em seu projeto político original, baseado na ética e na igualdade de oportunidades para todos.
Chegou a hora da verdade para Lula e o PT.
É preciso ter a grandeza de vir a público para tratar francamente tanto do caso do mensalão como do esquema de corrupção denunciado pela Operação Porto Seguro, a partir do escritório da Presidência da República em São Paulo, pois não podemos eternamente apenas culpar os adversários pelos males que nos afligem. Isso não resolve.
Mais do que tudo, é urgente apontar novos caminhos para o futuro, algo que a oposição não consegue, até porque não há alternativas ao PT no horizonte partidário, para uma juventude que começa a desacreditar da política e precisa de referências, como eu e minha geração tivemos, na época da luta contra a ditadura.
Conquistamos a democracia e agora precisamos todos zelar por ela.



POLÍTICA - Não deixe que a história se repita.



buscado no Blog De Um Sem Mídia



De: Carlos Augusto de Araujo Doria(caad81@hotmail.com)

O golpe está no ar, só não percebe quem não quer. Os exemplos de Honduras e Paraguai estão aí mesmo.
Só que desta vez ao invés das armas será utilizado o judiciário com o apoio imprescindível da mídia amiga.




Chegaram a Gregório, falta intimar Getúlio


O procedimento de golpe de Estado que vemos em curso hoje no Brasil lembra o que levou Getúlio Vargas ao suicídio em 1954*. Os golpistas de então conseguiram pegar envolvido em crime Gregório Fortunato, o chefe da segurança pessoal do presidente.

Manipularam o inquérito de tal forma que Vargas ficou acuado no Palácio do Catete, sob ameaça de ser levado ao Galeão para depor “debaixo de vara” e em seguida, inevitavelmente, deposto da Presidência. Daí a frase que ficou célebre: “Daqui só saio morto”.

Da mesma forma como os donos de jornais reacionários de 60 anos atrás não toleravam o espírito anti-imperialista e a preocupação social de Getúlio, a que chamavam de “populista”, hoje os donos da mídia de negócios repudiam Lula, Dilma e o PT, não obstante todas as concessões que estes fizeram à direita para conseguir governar. Abominam um governo que tem origem no movimento sindical de trabalhadores, pretende exercer uma política externa não submissa a Washington, cuida de dar benefícios e não só castigos aos pobres e, pior de tudo, tal como acontecia com Getúlio, conquistou a estima do povo e parece imbatível em eleições.

O jeito é derrubar. Contra Vargas, a imprensa golpista tinha apoio nos comandos das Forças Armadas. Hoje, com os militares relativamente afastados do cenário político imediato, “as quatro famílias” donas da mídia procuraram e conseguiram apoio no STF. Ao preço de subverter a norma jurídica consagrada da necessidade de prova para condenação de réu, o Tribunal se entregou ao trabalho de criminalizar e expor à execração pública dirigentes do PT. José Dirceu, que mais de perto representou em dado momento o governo Lula, foi condenado de modo exemplar, inclusive com requintes de barbárie, tendo de cumprir pena na condição de preso comum – o que é retrocesso até mesmo em relação às condições da ditadura militar.

Até então, o objetivo era atingir Lula através de dirigentes do PT que dele foram auxiliares no Planalto. Agora, há novidade: o alvo intermediário é a presidente Dilma, forte candidata à reeleição. Um inquérito da Polícia Federal chegou a auxiliares atuais dela na representação da Presidência em São Paulo. Enquanto a mídia das quatro famílias açula, os instrumentos judiciários são acionados para envolver a presidente, o que agora seria mais fácil, com a teoria do domínio do fato a tiracolo.

Uma pergunta maior que está no ar é se Dilma seguirá o exemplo de Vargas e se deixará ficar acuada no palácio. Outra, é se Lula continuará na atitude de fingir que nada é com ele, enquanto o fogo se alastra. Sim, porque esse fogo não vai abrandar. Há uma crise institucional em crescendo. Jânio de Freitas, em sua coluna na Folha de S.Paulo, acusou a ameaça que paira de ela se transformar até em conflito entre os poderes constitucionais.

Lula e Dilma creem por acaso que seu prestígio e sua habilidade pessoais serão suficientes para conter os golpistas? Ou terão, como teve Cristina em Buenos Aires e, antes dela, Chávez em Caracas, coragem para enfrentar a mídia monopolista, com apoio nos movimentos populares, e pôr em pratica o projeto já existente de democratização dos meios de comunicação? É um risco, sim, mas, conforme o dito antigo, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Os movimentos sociais e patrióticos também são questionados pela crise. De modo geral, predomina entre eles a atitude de esperar que o governo se defenda por si mesmo. Mas o golpe de Estado em curso, se vingar, não importa a forma que tome, será sempre uma contraofensiva brutal contra os direitos e conquistas do povo e da nação. É indispensável que haja uma articulação ampla dos movimentos populares para resistir a esse avanço da direita antidemocrática e antinacional e, mesmo tempo, pressionar o governo no sentido da expansão democrática e da maior afirmação dos interesses do país.

*) “C’est pire qu’un crime, c’est une faute” (É pior do que um crime, é um erro”), a frase célebre de Fouché, se aplica bem ao caso. Por “excesso de zelo”, Gregório cometeu grave erro em desfavor de seu chefe ao envolver-se num atentado, em 4 de agosto de 1954, de que resultou a morte de um oficial da Aeronáutica, major Rubens Vaz, que servia de guarda privada para Carlos Lacerda. O inquérito, conduzido no quartel da Aeronáutica no Galeão, com apoio alucinado da imprensa reacionária, teve por clara finalidade responsabilizar Getúlio pelo fato (uma preliminar do “domínio do fato” de hoje), embora fosse óbvio que o presidente ignorava a participação de sua guarda no episódio. Apenas 20 dias foram suficientes para levar ao desfecho trágico, com o suicídio de Vargas

Não iremos embora...



buscado no Língua Ferina  

 

 





Não iremos embora...
 
Tawfic Zayyad*

Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro  

*Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Imposto de Renda na Alemanha

 

 

buscado no Tudo de Bonn

 

 

 

Eu não tenho noção de ou paixão por economia ou finanças, só procuro entender quando o meu próprio calo aperta, o que não quer dizer que entenda. Pra mim, declarar imposto de renda no Brasil é um mistério e aqui na Alemanha ainda mais porque o legalês é em alemão. Mas não fico triste, pois vi na livraria um stand inteirinho de livros da grossura de uma Bíblia pra explicar como o imposto de 2010 funciona e como a declaração deve ser feita. Quando viemos para cá como expatriados, uma das cláusulas do contrato era ter suporte de uma empresa de consultoria  para efetuar a declaração de imposto de renda tanto no Brasil quanto aqui. O que fazemos é só fornecer o que nos pedem e eles se encarregam do resto, então não vale a pena tentar quebrar a cabeça. Mesmo assim, coloco abaixo algumas considerações não tão rápidas a respeito.
Assim como no Brasil, o imposto de renda do assalariado é retido na fonte e de empresas e do empregado autônomo é pago trimestralmente de forma antecipada, baseado em valores de anos anteriores, não sobrecarregando o bolso numa tacada só.
Agora, diferente do Brasil são as alíquotas. Reclamamos de pagar imposto segundo a tabela abaixo:

Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto de Renda de Pessoa Física para o exercício de 2010, ano-calendário de 2009.

Base de cálculo mensal em R$

Alíquota %

Parcela a deduzir do imposto em R$
Até 1.434,59
-

-
De 1.434,60 até 2.150,00
7,5

107,59
De 2.150,01 até 2.866,70
15,0

268,84
De 2.866,71 até 3.582,00
22,5

483,84
Acima de 3.582,00
27,5

662,94


Já na Alemanha a tabela é anual  e  é essa aqui.  

Income Tax


Progressive Taxation:


Single person/married person:


up to 8.044/16.008 euros :       tax-free

from 8.005/16.009 euros:        14% a 24%
from 52..882/105.764 euros:   24 a 42%
from 250.731/501.462 euros:  42 a 45%
E, pra visualizar melhor, vamos por no gráfico.


Dentro da minha capacidade contabilistica de compreensão de tabelas, alíquotas e gráficos, eu entendo que começa-se a pagar imposto na Alemanha a partir de 667 euros mensais. No entanto, ao jogar este valor como salário bruto mensal (8005 euros divididos por 12) neste site de cálculos de salários, ele diz que não há impostos a pagar. São os mistérios da contabilidade que uma pobre mortal não consegue entender. Outra informação que "captei" é que a alíquota máxima de desconto pode chegar a 45% e sendo o contribuinte  casado e com filhos, os descontos diminuem. Já no Brasil, paga-se  IRRF a partir de 1434,59 reais e a alíquota máxima é 27,5%, não importando se se tem burro amarrado ou  se o burro tem cria. Na minha análise, os ricos no Brasil reclamam de barriga cheia ( já viu rico de barriga vazia? Só quando está fazendo  dieta), pois nunca vão pagar mais do que 27,5%.
Outra diferença gritante é o que é descontado em folha de pagamento. No Brasil, temos INSS, IRRF e Assistência Médica Privada, quando a empresa tem uma. Só isso. E tem gente que já acha muito. Agora, abaixo vai a lista de descontos básicos em folha aqui na Alemanha:

Desconto correspondente ao IRRF :
  • Lohnsteuer - conforme tabela acima
Descontos correspondentes ao nosso INSS:
  • Rentenversicherung - é a nossa previdência social , de onde sai a aposentadoria.
  • Arbeitslosenversicherung - é parecido com o  nosso seguro desemprego, só que, no Brasil, os empregados não pagam por isso.
  • Pflegeversicherung - é parecido com o nosso auxílio doença, que pra nós já está incluído no valor descontado do INSS
Desconto correspondente à Assistência Médica:
  • Krankenversicherung - na Alemanha é obrigatório ter um plano de saúde seja ele público ou privado. É isso aí, não existe "SUS". Os serviços de saúde são mantidos por um sistema que é pago pelo usuário. Além de pagar impostos, temos que pagar separadamente por um plano de saúde.
 Desconto que nunca vimos no Brasil:
  • Solidaritätzuschlag - desde a reunificação da Alemanha, criou-se este imposto com intuito de ajudar a levantar a Alemanha Oriental.
  • Kirschensteuer - é o dízimo obrigatório. Se você declara que é católico ou evangélico ou judeu, uma porcentagem do seu salário (que não é 10%) é descontada e encaminhada para a sua igreja. Vale lembrar que as igrejas aqui tem que mostrar serviço e tem certas obrigações sociais (escolas, orfanatos, asilos etc)
Esses são impostos e descontos de renda que constam na folha do marido. Se alguém tem mais algum outro ou menos, me diga. Outro imposto que pesa no bolso é o "Mehrwertsteuer"(MwSt), imposto sobre mercadorias e serviços, que é ou 7% ou 19%. No Brasil, esses impostos são o ISS e o ICMS.

Realidades diferentes, culturas diferentes, povos diferentes, histórias diferentes. 

 
Depois de toda essa comparação, alguém pode  dizer que não dá pra comparar países tão diferentes.  Podem dizer que a Alemanha tem milhares de anos e o Brasil só 500 e poucos; que o Brasil é muito maior territorial e demograficamente; que a mentalidade dos políticos é diferente; que há menos corrupção; que o povo é mais evoluído; e que, por tudo isso, as coisas funcionam.  Aqui também tem gente corrupta, a diferença é que todos os poderes - legislativo, executivo e judiciário -  funcionam. Os eventos com maior peso social, econômico e político na vida dos cidadãos alemães de hoje aconteceram de 200 anos para cá. Como fazer para que um país, um povo, sejam mais evoluídos e percebam a necessidade de se doar pra receber? Passando por governos desastrosos, catástrofes e momentos de dor e tendo que dar sua contribuição para o país se levantar? Jogar uma bomba, destruir tudo e ter que começar do zero? Talvez não seja a solução, vide Haiti.
Tudo depende de uma engrenagem e aqui ela é bem besuntada. Não é função unicamente do governo fazer com que um país progrida.  O progresso começa com cada um cumprindo seu dever direito. E de um lado, é pagando os impostos e fiscalizando e, de outro, é revertendo essa verba em beneficio da populacao em geral.  Na Alemanha, "em geral"  significa inclusive os milhões de estrangeiros, como eu, que estão morando aqui e que pagam impostos ou não. Alguém reclama? Sim, é claro que reclama, e também sonega. Só que dá um grande peso na consciência não pensar no bem estar social e  não reconhecer que cabe a cada um uma parcela, principalmente porque se vê o resultado do uso do dinheiro  - e também, é lógico, porque mais cedo ou mais tarde vai ter que pagar por isso de uma forma ou de outra. 
 Muitos podem achar incompetente a forma como somos governados no Brasil, ou quem nos governa,  e  como são injustas algumas leis que foram criadas em tempos que não correspondem mais à nossa realidade. Mas como diz o ditado, cada povo tem o governo  e as leis que merece. E o que temos que fazer pra mudar o que merecemos? Fico pensando o que aconteceria se o governo brasileiro hoje, nas mãos do atual presidente,  resolvesse seguir o exemplo da Alemanha e cobrar impostos da forma como ela faz e  fazer pelo social o que a Alemanha faz e que não é pouco - a saber: moradia,  escola, transporte, saúde e ajuda de custo mensal*. Ou teriamos uma revolução social ou o início de uma guerra interna entre classes, pois os ricos iriam dizer que estão pagando pelos vagabundos que recebem bolsa família, vale gás, moradia gratuita, auxílio-escola, auxílio-criança, auxílio-paternidade... Com tudo isso, ninguém mais vai querer saber de trabalhar! E o trabalho nos torna livres ("Arbeit macht frei", era o tema dos campos de concentração nazistas). 
Nosso povo, principalmente a elite,é um bebê engatinhando que só olha pro próprio umbigo e não sabe o que é bem estar comum. Já estamos no século XXI e essa elite ainda acha que só quem manda, quem impera, quem governa, quem tem dinheiro tem direito  a parte maior que lhe cabe desse latifúndio. E ela também pensa que quem lutou contra a ditadura é terrorista. Pronto, falei.

*Eu acho que não ficou claro quando eu disse o que a Alemanha faz pelo social. As pessoas desempregadas ou que não trabalham (existe uma diferença) e que, portanto, não pagam impostos, tem ajuda completa do governo pra viver.   É o chamado "viver do social". No Brasil, o bolsa-família tá dando pano pra manga, imagine se fosse adotado o sistema daqui?

Betreuungsgeld/Kindergeld. Quem paga por isso?




buscado no Tudo de Bonn



 
O governo alemão paga mensalmente para cada "criança" o Kindergeld  e, a partir de agosto de 2013, passará a pagar também o Betreuungsgeld. 

O que é Betreuungsgeld?

É uma ajuda de custo de, no máximo, 150 euros mensais pagos à família que optar por manter a criança de até 3 anos em casa. A ideia é tentar igualar a oferta e demanda de vagas em bercários e pré-escolas. Ou seja, um dos pais fica em casa pra cuidar da criança e a familia passa a receber este valor para não concorrer a uma vaga no sistema.
A Alemanha é um Estado social e democrático e, portanto, os investimentos na área social são pesados. A partir de 2013, por exemplo, toda criança até três anos (os chamados U3 - Unterdrei) terão direito à  uma vaga no sistema educacional. Até este ano, esse direito da criança  e obrigação do Estado é a partir dos três anos de idade. Como não há  possiblilidade imediata de se criar 180 mil vagas (segundo os dados do próprio governo) para absorver a demanda, criou-se a alternativa de adoçar a boca dos pais que não precisam ou não querem colocar seus filhos no sistema, deixando as vagas disponiveis para quem precisa ou quer.continuar trabalhando.
A engrenagem politico-econômico-social alemã é bem lubrificada, mas, muitas vezes, existem falhas e criam-se saídas que nem sempre são, à primeira análise, satisfatórias e eficientes. O Betreuungsgeld, bem como todas as medidas voltadas para a manutenção da família na Alemanha,  é um desses temas polêmicos, divisor de opiniões. Existem os que são a favor (caso contrário, não teria sido aprovado) e os que são contra. E os argumentos devem ser analisados.

Mas de qualquer forma, uma vez instituido, quem paga por isso?

Assim como para todo e qualquer beneficio/benfeitoria/gasto/investimento do governo, o recurso tem que sair de algum lugar e este lugar é o imposto. A geração de impostos não provem única e exclusivamente do montante pago em IRRF de pessoa física e sim de todos os tipos de  impostos recolhidos em níveis federal, estadual e municipal. Portanto, me dói no ouvido, me queima os neurônios e me opila o fígado ouvir de Zezinho que  não tem filhos alguns bordões conservadores que não se baseiam em fatos e números, mas em mero mito pessoal .

O que seria um mito pessoal?

É aquela pseudo verdade conveniente baseada em ideias pessoais que são arrotadas como fatos, mas que não passam de jargões vomitados a gerações por aqueles que detém o poder e a riqueza e não querem de forma alguma largar o osso. O pior é que alguns brasileiros provenientes de classe média e que vieram pra cá a trabalho se consideram  elite por ter emprego de nível superior e continuam a ruminar aqui o que sempre ouviram da classe dominante brasileira sem se coçarem pra apurar os fatos. Se limitam às frases prontas e que convenientemente reforçam o  seu mito pessoal (pra reforçar esta posição, vale a pena ler esta pesquisa aqui)

Vejamos alguns desses mitos pessoais:
  • Pobre tem que pensar antes de por filho no mundo.  Já que não pensa, deveria haver um controle de natalidade "ferrado" pra que essa "aberração" não acontecesse.                       

Num país onde a taxa de natalidade é a mais baixa da Europa, isso vai contra a política do governo de criar mão de obra e consumidores para  mover o país- mais população, maior consumo, maior produção, mais emprego, mais dinheiro no bolso, mais consumo.... Existem estudos que dizem que quanto mais estudado e rico, menos filhos se tem . Talvez por isso é que a Alemanha tem que contar com estrangeiros e pobres pra gerarem filhos e aumentar a força de trabalho, consumir mais e girar a manivela do sistema. Se houvesse a necessidade de comprovação de renda ou formação acadêmica pra ter filhos, só os ricos teriam a possibilidade, e aí cria-se um paradoxo. E já vi, aqui mesmo na  Alemanha, essa história de controle de natalidade pra evitar que pobres (e também ciganos, negros, judeus) tivessem filhos. Na China, por conta de controle de natalidade ferrado, tem criança sendo morta ou deixada pra morrer, principalmente meninas. A palavra chave não é controle de natalidade (num país que não precisa controle demográfico), mas planejamento familiar, que orienta-se por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade (lei braslieira9263). E isso é normaleweise, função de órgãos do governo, o que supostamente também onera o bolsinho dos reclamões.


  • Vagabundo põe filho no mundo pra ganhar beneficio do governo e não precisar trabalhar. 
Mesmo com todas as políticas de benefícios sociais que a Alemanha criou nos últimos tempos, a taxa de natalidade continua diminuindo. De 2010 para 2011, houve uma redução de 15.000 nascimentos no país. Se Zezinho realmente pensasse em por filho no mundo porque o governo paga por cabeça de criança 184 euros (que na caixola de quem não tem filho é suficiente pra educar, vestir, alimentar uma família inteira) , haveria um crescimento demográfico em progressão geométrica, já que  estilo de vida e pensamento de boa vida de pobre é uma doença transmissivel geneticamente. Por isso, os filhos de pobres passariam a ter filhos mais cedo e em grande quantidade pra não ter que trabalhar e poder viver do Kindergeld/ Elterngeld/ Betreuungsgeld. Parece até que o mercado de trabalho está explodindo em oferta e não existe demanda porque ninguem tá a fim de trabalhar porque não precisa, basta viver do social. Obs: existe sim quem vive do social e só trabalha quando quer e quando arranja um bico, mas do jeito que falam parece que  é a maioria dos que tem filhos.   

E a cereja no topo do bolo de asneiras:
  • Não é justo que eu, que sou solteiro e não tenho filhos, pague mais imposto pra "neguinho" ficar pondo filho no mundo. 
. Todo mundo que tem algum tipo de rendimento tem que pagar imposto de renda. E o imposto de renda na Alemanha respeita uma tabela progressiva, a saber: 

Para casados, o valor de isenção se duplica.

Além dessa tabela progressiva, o imposto de renda possui 6 classes diferentes  de contribuintes. É com base nessas classes que se flutua na faixa da alíquota correspondente a cada renda, obtendo descontos maiores ou menores, dependendo se é casado, tem filhos, companheiro trabalha ou não.
Portanto:
  •  você paga mais imposto porque ganha mais
  •  você não paga mais imposto pra sustentar quem tem filhos. Você paga  o que está na sua alíquota porque não tem filhos pra sustentar.
  •  Não é quem não tem filhos que paga mais impostos, mas quem tem filhos é que paga menos
  • E quem tem filhos só paga menos Solidaritätzuschlag e  Kirchensteuer.
Agora, se mesmo assim, os "sem filhos" continuam achando que pagam impostos altos pra vagabundo por filho no mundo, vamos ver quanto do imposto de renda pago realmente vai para Kindergeld (já que o Betreuungsgeld ainda não está em vigor e, não tenho dados pra usar), por exemplo:

População total da Alemanha                           82.000.000
Trabalhadores                                                 42.000.000 (+50% da pop.)
Família com crianças abaixo de 20 anos             8.100.000 
Total de crianças (0 a 20 anos)                        15.000.000 (19% da pop.)    


Einkommensteuer (IRRF) 2007                              193.000.000.000
Valor total destinado ao social                                       800.000.000
Valor destinado ao Kindergeld                                        42.000.000 
Todos os dados foram retirados do site oficial de estatistica do governo da Alemanha

Considerando que o valor destinado ao Kindergeld é de 42 milhões/ano,

  • que isso representa somente 5% do valor destinado a todos os beneficios sociais pagos pelo governo.
  • que isso representa somente 0,022% do valor pago como Einkommensteuer.
  • que o dinheiro que se destina ao Kindergeld não provem (somente- se é que provem) do IRRF.
  • que existem na Alemanha 42 milhões de trabalhadores.
  • que muitos são isentos de impostos.
  • Mas que muitos pagam 45%

 Em média, cada trabalhador paga 1 euro por ano para "bancar o Kindergeld". Ou seja,  8 centavos por mês. NA MÉDIA!!!!

Portanto, Zezinho e Zezinha solteiros de classe média que saem por aí usando como argumento um mito pessoal de que paga mais imposto pra vagabundo por filho no mundo pra viver do governo, você não contribui sequer (se é que contribui) com 8 centavos por mês do seu salário pra isso.

Se você não quer por filho no mundo por opção - odeia criança, acha muita responsa, não achou alguém com quem fazer um filho, não gosta da ideia de ter um compromisso pra vida inteira etc - você está no seu direito. Mas o governo tem a opção de te pedir algo por isso. Quem tem filhos consome mais e estes filhos também serão consumidores e parte da engrenagem do país. Se voce não quer colaborar dando "filho" para isso, tem que colaborar de outra forma. E tá na promoção: SÓ 8 CENTAVOS!




"Não há mais espaço para ilusões reformistas"

 

 

buscado no Resistir.Inf.

 

 

 por Ivan Pinheiro [*]

Ivan Pinheiro, em Beirute. O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) saúda os partidos comunistas presentes, homenageando o anfitrião, o Partido Comunista Libanês, referência para todos os revolucionários e trabalhadores do mundo, com seu exemplo de luta sem tréguas contra o capital.

O aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo coloca para o movimento comunista internacional um conjunto de complexos desafios.


Estamos diante de um estado de guerra permanente contra os trabalhadores, uma espécie de “guerra mundial”, na qual o grande capital busca sair da crise colocando o ônus na conta dos trabalhadores. Esta é uma guerra diferente das anteriores, que tinham como centro disputas interimperialistas.


Apesar de persistirem contradições interburguesas e interimperialistas na atual conjuntura, as grandes potências (sobretudo os Estados Unidos e os países hegemônicos da União Européia) promovem hoje uma guerra de rapina contra todos os países periféricos, sobretudo aqueles que dispõem de riquezas naturais não renováveis e contra todos os trabalhadores do mundo.


A guerra é o principal recurso do capitalismo para tentar sair da crise: ativa a indústria bélica e ramos conexos, permite o saque das riquezas nacionais e a queima de capitais; os capitalistas ganham também com a reconstrução dos países destruídos.


Os métodos são sempre os mesmos: satanização, manipulação, estímulo ao sectarismo e a divisões entre nacionalidades e religiões, cooptações, criação ou supervalorização midiática de manifestações e rebeldias, atentados de falsa bandeira.


Nesta guerra permanente, pelo menos nesta fase, têm sido poupados os chamados países emergentes, sócios minoritários do imperialismo, que legitimam a política das grandes potências, compondo, como atores coadjuvantes, o chamado Grupo dos 20.


Estes países (os chamados BRICS) se têm beneficiado da crise, na medida em que ajudam a superá-la; em seguida, poderão ser as próximas vítimas tanto da crise como de agressões militares.


Em nosso país, nunca os banqueiros, as empreiteiras, o agronegócio e os monopólios tiveram tanto lucro. A política econômica e a política externa do estado burguês brasileiro estão a serviço do projeto de fazer do Brasil uma grande potência capitalista internacional, nos marcos do imperialismo. As empresas multinacionais de origem brasileira, alavancadas por financiamentos públicos, já dominam alguns mercados em outros países, notadamente na América Latina.


Hoje, o governo brasileiro é o organizador da transferência da maior parte da renda e da riqueza produzida pelo país para as classes dominantes (através do superávit primário, da política de juros altos e do sistema tributário altamente regressivo). Cerca de 50% do orçamento se destina a pagar os juros e a amortização da dívida (externa e interna), para satisfação dos banqueiros internacionais e nacionais, assim como dos nossos rentistas (que não chegam a 1% da população).


Para atender aos interesses dos grandes empresários, das empreiteiras e do agronegócio, o governo promove a destruição do meio ambiente, desde o desmatamento da floresta amazônica à demolição da legislação ambiental. O novo Código Florestal brasileiro, um total desrespeito ao meio-ambiente, contou com o apoio de partidos que se dizem de esquerda, mas se caracterizam por um esvaziamento ideológico, pela adesão às medidas neoliberais e por se curvarem aos ditames do imperialismo. Em períodos eleitorais, rebaixam ainda mais o discurso e abandonam os símbolos que vagamente os ligam ao ideário socialista.


Em meio a esta grave crise, e sem a consolidação ainda de um importante pólo de resistência proletária, o capital realiza uma violenta ofensiva para retirar dos trabalhadores os poucos direitos que lhes restam. Para fazê-lo, tentam cada vez mais fascistizar as sociedades e criminalizar os movimentos políticos e sociais antagônicos à ordem. A correlação de forças ainda nos é desfavorável. Ainda sofremos o impacto da contra-revolução na União Soviética e da degeneração de muitos partidos ditos de esquerda e de setores do movimento sindical.


Por outro lado, estamos muito preocupados com o verdadeiro cerco militar que o imperialismo promove na América Latina. Realmente, a reativação da IV Frota norte-americana, com um poderio bélico maior do que a soma de todas as forças armadas dos países latino-americanos, traz ameaças à soberania e à paz na região. O estabelecimento de dezenas de bases militares dos EUA na América Latina inquieta os latinoamericanos. A considerar ainda a construção de um aeroporto militar ianque na cidade de Mariscal Estigarribia, no Paraguai, que possibilita o controle da região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Bolívia) e onde se assenta a maior reserva mundial de água doce, o Aquífero Guarani.


Mas não é só o imperialismo estadunidense que cerca a Nossa América. A OTAN construiu, em 1986, na Ilha Soledad do Arquipélago das Malvinas, a grande base militar de Mount Pleasant, que dispõe de aeroporto e porto naval, de águas profundas, onde atracam submarinos atômicos e foram construídos silos para armazenar armas nucleares e instalações para aquartelar milhares de efetivos militares. Essa fortaleza das Malvinas contraria, expressamente, o contido na Resolução 41 da ONU, que considera o Atlântico Sul zona de paz e cooperação, isenta de armamentos e engenhos nucleares.


A considerar, ainda, a ilha de Ascensão, outra base militar da OTAN que fica a meio caminho da costa brasileira e da costa africana.


A OTAN criou uma zona de exclusão pesqueira de mais de um milhão de quilômetros quadrados em torno das ilhas Georgia e Sandwich do Sul, destinando essa zona exclusivamente às suas forças bélicas.


A ocupação militar imperialista no Atlântico Sul permite o controle das rotas marítimas que unem a América do Sul à África e sua conexão com o continente da Antártica e com os países do Pacífico, através do Estreito de Magalhães. Ademais, permite o controle dos inúmeros recursos naturais da plataforma continental da América do Sul. É assim que a América Latina está cercada por terra e por mar pelas forças militares imperialistas, com a omissão da grande maioria dos governos locais.


Analisando este quadro, o PCB tem feito algumas reflexões.


Nos marcos da ordem burguesa, o futuro é sombrio. Mais do que nunca o regime do capital virá acompanhado de crescente instabilidade econômica, absoluta irracionalidade no uso e na distribuição da riqueza, escandalosa desigualdade social, escalada da prepotência imperialista e inexorável perigo para as conquistas populares e dos trabalhadores.


A nosso juízo, não há mais espaço para ilusões reformistas. Aliás, os reformistas, mais do que nunca, são grandes inimigos da revolução socialista, pois iludem os trabalhadores e os desmobilizam, facilitando o trabalho do capital. Em cada país, as classes dominantes forjam um bipartidarismo – em verdade um monopartidarismo bicéfalo – em que as divergências, cada vez menores, se dão no campo da administração do capital.


Cada vez mais também faz menos sentido a “escolha” de aliados no campo imperialista e mesmo entre seus coadjuvantes emergentes, como se houvesse imperialismo do “bem” e do “mal”. A diferença é apenas na forma, não no conteúdo. Isto não significa subestimar as contradições que vicejam entre eles.


Não podemos conciliar com ilusões de transição ao socialismo por vias fundamentalmente institucionais, através de maiorias parlamentares e de ocupação de espaços governamentais e estatais. A luta de massas, em todas as suas formas, adaptada às diferentes realidades locais, é e continuará sendo a única arma de que dispõe o proletariado.


Temos avaliado também que o atual modelo de encontros de partidos comunistas e operários, que vêm cumprindo importante papel de resistência, precisa se adaptar às complexas necessidades da conjuntura mundial, com suas perspectivas sombrias no curto prazo e suas possibilidades de acirramento da luta de classes, com a emergência das lutas operárias.


Pensamos que é preciso romper com o “encontrismo” em que, ao final dos eventos, nossos partidos formulam um documento genérico e decidem a sede do próximo encontro e se despedem até o ano seguinte, inclusive aqueles dos países da mesma região.


Para potencializar o protagonismo dos partidos comunistas e do proletariado no âmbito mundial, é necessária e urgente a constituição de uma coordenação política que, sem funcionar como uma nova internacional, tenha a tarefa de organizar campanhas mundiais e regionais de solidariedade, contribuir para o debate de ideias, socializar informações sobre as lutas dos povos.


Mas, para além da indispensável articulação dos comunistas, parece-nos importante a formação de uma frente mundial mais ampla, de caráter antiimperialista, onde cabem forças políticas e individualidades progressistas, que se identifiquem com as lutas em defesa da autodeterminação dos povos, da paz entre eles, da preservação do meio ambiente, das riquezas nacionais, dos direitos trabalhistas, sociais e políticos; contra as guerras imperialistas e a fascistização das sociedades. Em resumo, as lutas em defesa da humanidade.


Deixamos claro que o nosso Partido valoriza qualquer forma de luta. Não podemos cair no oportunismo de fazer vistas grossas ao direito dos povos à rebelião e à resistência armada. Em muitos casos, esta é a única forma de fazer frente à violência do capital e de superá-lo. Os povos só podem contar com sua própria força.


Saudamos os povos que hoje enfrentam as mais duras batalhas. Saudamos os trabalhadores gregos, portugueses, espanhóis, que já se levantam em greves nacionais e grandes jornadas e os demais trabalhadores da Europa, que enfrentam terríveis planos do capital para tentar superar a crise, hoje mais acentuada no continente europeu mas que poderá agravar-se e espalhar-se para outros países e regiões.


Saudamos o povo palestino, em sua saga duradoura e dolorosa no enfrentamento ao sionismo que o sufoca e reprime, ocupa seu território, derruba suas casas, prende seus melhores filhos e impede seu direito a um Estado soberano.


Valorizamos o cessar-fogo celebrado recentemente no Egito, como uma vitória importante mas parcial da resistência palestina em Gaza. O sionismo - cuja intenção era claramente mais uma vez invadir Gaza com tropas e tanques - surpreendeu-se com a atual capacidade de reação militar palestina neste pequeno, isolado e sofrido territorio, de fato sob ocupação israelense: uma reação à altura das necesidades de autodefesa e da ampliação dos direitos do povo palestino.


Mas não podemos, de maneira alguma, subestimar a agressividade do imperialismo e do sionismo, que não desistirão de seu intento de dobrar a combatividade e destruir a identidade do povo palestino, ocupando todo seu territorio, como parte do plano expansionista que chamam de “Novo Oriente Médio”.


No entanto, a considerar a justa e proporcional reação do povo de Gaza e a extraordinária solidariedade internacional à luta dos palestinos, melhoram as condições de resistência aos planos sionistas.


E aqui pedimos a manifestação deste encontro em solidariedade à realização na próxima semana, no Brasil, do Forum Social Mundial Palestina Livre, que vem sofrendo ameaças da comunidade sionista em nosso país, inclusive, em desrespeito à soberanía brasileira, por parte da representação diplomática israelense.


Da mesma forma, saudamos os também sofridos povos do Iraque, do Afeganistão, da Líbia. Saudamos os povos do Egito, do Iêmen e de vários países árabes, em sua luta contra a tirania e a opressão.


Saudamos sírios e iranianos, contra os quais batem os tambores de guerra do imperialismo. Nosso Partido está incondicionalmente solidário à grande maioria do povo sírio e a seu direito à autodeterminação. Como na Líbia, trata-se na Síria do plano imperialista de fomentar guerras civis sectárias, valendo-se de mercenários e equipamentos militares estrangeiros, para dividir e ocupar o país. No caso da Síria, procura o imperialismo criar condições para uma posterior agressão militar ao Irã.


Solidarizamo-nos com os comunistas, os trabalhadores e as forças antiimperialistas libanesas diante da movimentação de setores da burguesía nacional aliados ao imperialismo, que procuram fomentar uma nova guerra civil, no contexto da divisão dos países do Oriente Médio por criterios sectários e religiosos, para facilitar a recolonização da região.


Chegando até nossa América Latina, saudamos nossa querida Cuba Socialista em sua luta contra o cruel bloqueio ianque. Saudamos nossos Cinco Heróis. Saudamos os processos de mudanças na América do Sul (Venezuela, Bolívia e Equador), neste momento decisivo, uma encruzilhada entre o avanço dos processos ou sua derrota.


Saudamos nossos irmãos colombianos que, nas cidades e nas montanhas, resistem, através de variadas formas de luta, contra o estado terrorista de seu país, a grande base militar norte-americana na América Latina. Saudamos os revolucionários colombianos, na expressão de seu partido comunista e guerrilhas.


Não há solução militar para o conflito colombiano. Por isso, saudamos os diálogos que têm como objetivo buscar uma solução política. Este diálogo só foi possível pelo surgimento e desenvolvimento da Marcha Patriótica, um combativo e amplo movimento de massas, e pela constatação da impossibilidade de vitória militar do estado contra a guerrilha.


Sabemos que não será simples este diálogo, pois as classes dominantes colombianas e o imperialismo querem a paz dos cemitérios. Assim sendo, propomos que este Encontro assuma a organização de uma campanha mundial de solidariedade ao povo colombiano por uma verdadeira paz democrática com justiça social e econômica


Finalmente, reiteramos nossa proposta de criação de coordenações políticas internacionais e regionais dos Partidos Comunistas, tendo como princípio fundamental o internacionalismo proletário.


Beirute (Líbano), 22 de novembro de 2012


PCB – Partido Comunista Brasileiro 

 


 
Ivan Pinheiro [*]
[*] Secretário-geral do PCB. Intervenção no XIV Encontro Mundial dos Partidos Comunistas e Operários, em Beirute, 22-24/Novembro/2012

O original encontra-se em pcb.org.br/...


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/


 

Aos que postavam Lula na lista da Forbes




buscado no Senta Pua



Conheça os 74 bilionários brasileiros
Primeira lista FORBES Brasil mostra que, no país do futuro,
maior fonte de riqueza ainda está
 em heranças de antepassados ou em negócios tradicionais

Reprodução
Reprodução






















































































terça-feira, 27 de novembro de 2012

Milho transgênico causa câncer em ratos e reacende debate – Nutricídio





Buscado no O LIBERTÁRIO .org






Imagens de ratinhos com tumores imensos inundaram a Europa no fim de setembro. Os animais comeram por dois anos uma espécie de milho transgênico por pesquisadores da Universidade de Caen, na França. Primeiro estudo de longo prazo feito com a semente NK603 — uma das mais vendidas do mundo —, ele retomou com toda a força o debate sobre os riscos desse tipo de alimento.
Na pesquisa, os ratinhos foram separados em grupos que comiam só milho transgênico, milho normal com herbicida ou transgênico com herbicida. A mortalidade entre essas cobaias foi até 3 vezes maior, no caso das fêmeas, em comparação com os animais do grupo de controle — que comiam milho normal e nada de herbicida.
O estudo foi publicado no Food and Chemical Toxicology Review, importante publicação científica, e acompanhou os animais por 24 meses, enquanto os testes para aprovar transgênicos costumam exigir apenas 3 meses. “Os primeiros grandes tumores apareceram entre o quarto e o sétimo mês, ressaltando que o padrão atual de triagem não é adequado”, dizem os autores da pesquisa, no artigo.
Parte da comunidade científica e os fabricantes de transgênicos, é claro, questionaram as conclusões da pesquisa. Alegam, por exemplo, que ela não descreve detalhadamente a dieta normal dos ratos de controle e inclui poucos animais nesse grupo. Por isso, a Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos pediu mais dados aos pesquisadores para emitir uma posição definitiva.
“O relatório deixa várias questões em aberto”, diz Helaine Carrer, professora da Escola Superior de Agricultura da USP, lembrando que os transgênicos estão há quase duas décadas no mercado. “Mas as consequências que o estudo levanta são suficientemente graves e não podem ser ignoradas.”

Bê-á-bá dos transgênicos

O que é?

Organismo com trechos de DNA de outra espécie inseridos no seu genoma via engenharia genética.

Como é aqui?

O Brasil é o segundo maior produtor mundial, entre 32 países. Cultivamos soja, milho e algodão modificados. Cerca de 80% da soja já possui algum gene mutante. Produtos com transgênicos devem ter selo de identificação.

A favor:

• Cria espécies mais resistentes, o que reduz o uso de pesticidas e aumenta a produtividade.
• Cria variedades “aditivadas”, com nutrientes adicionais.

Contra:

• Estimula uso excessivo de herbicidas, já que foram criadas plantas resistentes a eles.
• Pouco se sabe sobre seu efeito a longo prazo, para a saúde e o ambiente.

Sementes da Liberdade (Seeds Of Freedom)




buscado no DocVerdade






Sementes da Liberdade (Seeds of Freedom - Portuguese) from The ABN and The Gaia Foundation on Vimeo.
(EUA, Grã-Bretanhã, Argentina, Índia, Etiópia, Brasil, Espanha, 30min. - Produção: Gaia Foundation)

Entenda porque as sementes transgênicas são uma ameaça à saúde, à sociedade, à diversidade nutricional, ao meio-ambiente e à soberania de um país. Entenda por que elas, a longo prazo, levam os pequenos agricultores a perderem suas terras. Veja também que modelo de dominação, as grandes corporações das sementes tem na sua agenda. (docverdade). 


Ribamar Bessa – Kátia, a antropóloga, criadora da AbreuGrafia



Buscado no QTMD



Por José Ribamar Bessa Freire(*) 
 
Nelson Rodrigues só se deslumbrou com “a psicóloga da PUC” porque não conheceu ”a antropóloga da Folha“. Mas ela existe. É a Kátia Abreu. É ela quem diz aos leitores daFolha de São Paulo, com muita autoridade, quem é índio no Brasil. É ela quem religiosamente, todos os sábados, em sua coluna, nos explica como vivem os “nossos aborígenes“. É ela quem nos ensina sobre a organização social, a distribuição espacial e o modo de viver deles.
Podeis obtemperar que o caderno Mercado, onde a coluna é publicada, não é lugar adequado para esse tipo de reflexão e eu vos respondo que não é pecado se aproveitar das brechas da mídia. Mesmo dentro do mercado, a autora conseguiu discorrer sobre a temática indígena, não se intimidou nem sequer diante de algo tão complexo como a estrutura de parentesco e teorizou sobre “aborigenidade”, ou seja, a identidade dos “silvícolas” que constitui o foco central de sua  - digamos assim - linha de pesquisa.
A maior contribuição da antropóloga da Folha talvez tenha sido justamente a recuperação que fez de categorias como “sílvicola” e “aborígene”, muito usadas no período colonial, mas lamentavelmente já esquecidas por seus colegas de ofício. Desencavá-las foi um trabalho de arqueologia num sambaqui conceitual, que demonstrou, afinal, que um conceito nunca morre, permanece como a bela adormecida à espera de alguém que o desperte com um beijo. Não precisa nem reciclá-lo. Foi o que Kátia Abreu fez.
Com tal ferramenta inovadora, ela estabeleceu as linhas de uma nova política indigenista, depois de fulminar e demolir aquilo que chama de “antropologia imóvel” que seria praticada pela Funai. Sua abordagem vai além do estudo sobre a relação observador-observado na pesquisa antropológica, não se limitando a ver como índios observam antropólogos, mas como quem está de fora observa os antropólogos sendo observados pelos índios. Não sei se me faço entender. Mas em inglês seria algo assim como Observing Observers Observed.  

Os argonautas do Gurupi
Todo esse esforço de abstração desaguou na criação de um modelo teórico, a partir do qual Kátia Abreu sistematizou um ousado método etnográfico conhecido como abreugrafia que, nos anos 1940, não passava de um prosaico exame de raios X do tórax, uma técnica de tirar chapa radiográfica do pulmão para diagnosticar a tuberculose, mas que foi ressignificado. Hoje, abreugrafia é a descrição etnográfica feita com o método inventado por Kátia Abreu, no caso uma espécie de raio X das sociedades indígenas.
Esse método de coleta e registro de dados foi empregado na elaboração dos três últimos artigos assinados pela antropóloga da Folha: Uma antropologia imóvel (17/11), A Tragédia da Funai(03/11/) e Até abuso tem limite (27/10) que bem mereciam ser editados, com outros, num livro intitulado “Os argonautas do Gurupi”. São textos imperdíveis, que deviam ser leitura obrigatória de todo estudante que se inicia nos mistérios da antropologia. A etnografia refinada e apurada que daí resulta quebrou paradigmas e provocou uma ruptura epistemológica ao ponto de não-retorno.
A antropóloga da Folha aplicou aqui seu método revolucionário – a abreugrafia – que substituiu o tradicional trabalho de campo, tornando caducas as contribuições de Boas e Malinowski. Até então, para estudar as microssociedades não ocidentais, o antropólogo ia conviver lá, com os nativos, tinha de “viver na lama também, comendo a mesma comida, bebendo a mesma bebida, respirando o mesmo ar” da sociedade estudada, numa convivência prolongada e profunda com ela, como em  ’Lama’, interpretada por Núbia Lafayette ou Maria Bethania.
A abreugrafia acabou com essas presepadas. Nada de cantoria. Nada de anthropological blues.Agora, o antropólogo já não precisa se deslocar para sítios longínquos, nem viver um ano a quatro mil metros de altura, numa pequena comunidade nos Andes, comendo carne de lhama, ou se internar nas selvas amazônicas entre os huitoto, como fez um casal de amigos meus. E tem ainda uma vantagem adicional: com a abreugrafia, os antropólogos nunca mais serão observados pelos índios.
Em que consiste, afinal, esse método que dispensa o trabalho de campo? É simples. Para conhecer os índios, basta tão somente pagar entrevistadores terceirizados. Foi o que fez a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que, por acaso, é presidida por Kátia Abreu. A CNA encomendou pesquisa ao Datafolha que, por acaso, pertence à empresa dona do jornal onde, por acaso, escreve Kátia. Está tudo em casa. Por acaso.

Terra à vista
Os pesquisadores contratados, sempre viajando em duplas – um homem e uma mulher – realizaram 1.222 entrevistas em 32 aldeias com cem habitantes ou mais, em todas as regiões do país. Os resultados mostram que 63% dos índios têm televisão, 37% tem aparelho de DVD, 51% geladeira, 66% fogão a gás e 36% telefone celular. “A margem de erro” – rejubila-se o Datafolha – “é de três pontos percentuais para mais ou para menos”.
“Eu não disse! Bem que eu dizia” – repetiu Kátia Abreu no seu último artigo, no qual gritou “terra à vista”, com o tom de quem acaba de descobrir o Brasil. O acesso dos índios aos eletrodomésticos foi exibido por ela como a prova de que os “silvícolas” já estão integrados ao modo de vida urbano, ao contrário do que pretende a Funai, com sua “antropologia imóvel” que “busca eternizar os povos indígenas como primitivos e personagens simbólicos da vida simples”. A antropóloga da Folha, filiada à corrente da “antropologia móvel”, seja lá o que isso signifique, concluiu:
“Nossos tupis-guaranis, por exemplo, são estudados há tanto tempo quanto os astecas e os incas, mas a ilusão de que eles, em seus sonhos e seus desejos, estão parados, não resiste a meia hora de conversa com qualquer um dos seus descendentes atuais”.
Antropólogos da velha guarda que persistem em fazer trabalho de campo alegam que Kátia Abreu, além de nunca ter conversado sequer um minuto com um índio, arrombou portas que já estavam abertas. Qualquer aluno de antropologia sabe que as culturas indígenas não estão congeladas, pois vivem em diálogo com as culturas do entorno. Para a velha guarda, Kátia Abreu cometeu o erro dos geocêntricos, pensando que os outros estão imóveis e ela em movimento, quando quem está parada no tempo é ela, incapaz de perceber que não é o sol que dá voltas diárias em torno da terra.
No seu artigo, a antropóloga da Folha lamenta que os índios “continuem morrendo de diarreia”. Segundo ela, isso acontece, não porque os rios estejam poluídos pelo agronegócio, mas “porque seus tutores não lhes ensinaram que a água de beber deve ser fervida”. Esses tutores representados pela FUNAI – escreve ela – são responsáveis por manter os índios “numa situação de extrema pobreza, como brasileiros pobres”. Numa afirmação cuja margem de erro é de 3% para mais ou para menos, ela conclui que os índios não precisam de tutela.
- Quem precisa de tutela intelectual é Kátia Abreu – retrucam os antropólogos invejosos da velha guarda, que desconhecem a abreugrafia. Eles contestam a pobreza dos índios, citando Marshall Sahlins através de postagem feita no facebook por Eduardo Viveiros de Castro:
‎”Os povos mais ‘primitivos’ do mundo tem poucas posses, mas eles não são pobres. Pobreza não é uma questão de se ter uma pequena quantidade de bens, nem é simplesmente uma relação entre meios e fins. A pobreza é, acima de tudo, uma relação entre pessoas. Ela é um estatuto social. Enquanto tal, a pobreza é uma invenção da civilização. Ela emergiu com a civilização…”

Miss Desmatamento
A conclusão mais importante que a antropóloga da Folha retira das pesquisas realizadas com a abreugrafia é de que os “aborígenes”, já modernizados, não precisam de terras que, aliás, segundo a pesquisa, é uma preocupação secundária dos índios, evidentemente com uma margem de erro de três pontos para mais ou para menos.
- “Reduzir o índio à terra é o mesmo que continuar a querer e imaginá-lo nu” - escreve a antropóloga da Folha, que não quer ver o índio nu em seu território. “Falar em terra é tirar o foco da realidade e justificar a inoperância do poder público. O índio hoje reclama da falta de assistência médica, de remédio, de escola, de meios e instrumentos para tirar o sustento de suas terras. Mais chão não dá a ele a dignidade que lhe é subtraída pela falta de estrutura sanitária, de capacitação técnica e até mesmo de investimentos para o cultivo”.
A autora sustenta que não é de terra, mas de fossas sépticas e de privadas que o índio precisa. Demarcar terras indígenas, para ela, significa aumentar os conflitos na área, porque “ocorre aí uma expropriação criminosa de terras produtivas, e o fazendeiro, desesperado, tem que abandonar a propriedade com uma mão na frente e outra atrás”.
Ficamos, então, assim combinados: os índios não precisam de terra, quem precisa são os fazendeiros, os pecuaristas e o agronegócio. Dados apresentados pela jornalista Verenilde Pereira mostram que na área Guarani Kaiowá existem 20 milhões de cabeças de gado que dispõem de 3 a 5 hectares por cabeça, enquanto cada índio não chega a ocupar um hectare.
Um discípulo menor de Kátia Abreu, Luiz Felipe Pondé, também articulista da Folha, tem feito enorme esforço para acompanhar a produção intelectual de sua mestra, usando as técnicas da abreugrafia, sem sucesso, como mostra artigo por ele publicado com o título Guarani Kaiowá de boutique (9/11), onde tenta debochar da solidariedade recente aos Kaiowá que explodiu nas redes sociais.

Kátia Regina de Abreu, 50 anos, empresária, pecuarista e senadora pelo Tocantins (ex-DEM,atual PSD), não é apenas antropóloga da Folha. É também psicóloga formada pela PUC de Goiás, reunindo dois perfis que deslumbrariam Nelson Rodrigues.
Bartolomé De las Casas, reconhecido defensor dos índios no século XVI, contesta o discurso do cronista do rei, Gonzalo Fernandez de Oviedo, questionando sua objetividade pelo lugar que ele ocupa no sistema econômico colonial:
- “Se na capa do livro de Oviedo estivesse escrito que seu autor era conquistador, explorador e matador de índios e ainda inimigo cruel deles, pouco crédito e autoridade sua história teria entre os cristãos inteligentes e sensíveis”.
O que é que nós podemos escrever na capa do livro “Os Argonautas do Gurupi” de Kátia Abreu, eleita pelo movimento ambientalista como Miss Desmatamento? Que crédito e autoridade tem ela para emitir juízos sobre os índios? O que diriam os cristão inteligentes e sensíveis contemporâneos? Respostas em cartas à redação, com a margem de erro de 3% para mais ou para menos.