segunda-feira, 3 de maio de 2010

As mulheres na Coreia Popular

Demonstrando forte machismo em matéria sobre a Coreia Democrática publicada recentemente num jornal paulista o autor chama, pejorativamente, uma funcionária do Estado - responsável pela condução do transito em Pyongyang - de “mulher semáforo”, tentando ridiculariza-la e à sua profissão, apesar delas “chamarem a atenão pela beleza e pela roupa bem cortada”.
Conduzir o transito para os coreanos é um trabalho digno, útil aos cidadãos, à cidade. É valorizado como todo e qualquer trabalho de que a coletividade necessita. Para os coreanos o trabalho digno dignifica o trabalhador. É o trabalho que um irmão, ou irmã, faz para atender às necessidades de um ou mais irmãos, de uma ou mais irmãs.
Entre outros absurdos o jornalista fala de machismo na Coreia e até de uma suposta proibição das mulheres andarem de bicicleta, coisa de quem pouco ou nada sabe sobre o país, de quem não entende a lógica de uma sociedade que valoriza acima de tudo o ser humano, o trabalho e os trabalhadores são homens e mulheres.
Anda de bicicleta na Coreia quem quiser. Anda-se muito à pé na Coreia porque o trabalho fica perto de casa, a escola perto de casa, os teatros, estúdios e clubes desportivos são perto de casa ou nos locais de trabalho.
A primeira lei proclamada na nascente República Popular Democrática da Coreia pelo Presidente Kim Il Sung após a derrota dos japoneses foi a lei da Igualdade de Direitos entre Homens e Mulheres. Em pouco tempo a etiqueta feudal opressora foi superada pela intensa presença feminina em todos os aspectos da vida do país.
Um povo que sofreu a humilhação de ter milhares de mulheres, filhas e irmãs estupradas e prostituídas pelos invasores como escravas sexuais sabe cuidar de suas mulheres.
Após a devastação promovida pelos bombardeios norte-americanos as mulheres, heroínas na guerra, cumpriram papel destacado em todo o processo de reconstrução nacional. Problemas existem e em todos os lugares há o que avançar, mas lá elas conquistaram mais direitos e avançaram mais que as mulheres em muitos países ditos desenvolvidos.
Na Coreia as mulheres são livres. Elas atuam na política, comandam indústrias, fazendas agrícolas, integram o parlamento, o Exército, as milícias e as universidades. São operárias e camponesas, pesquisadoras, educadoras e cientistas; são professoras, arquitetas, são artistas e estão entre os melhores profissionais da saúde, vanguardas no processo de intelectualização de toda a sociedade.
Elas não apenas conduzem carros, bicicletas e o transito. Elas conduzem tratores, aviões e trens. Elas são valentes defensoras da soberania da Coreia, da política de Songun, do socialismo ao estilo coreano que escolheram como o melhor para si e o país.
Kim Jong Suk, mãe do Presidente Kim Jong Il, heroína da guerra de libertação contra o colonialismo japones foi chefe de segurança do comando da guerrilha, foi a primeira mulher general do Exército de Libertação, foi paraquedista na década de 40 e gostava de pilotar avião de vez em quando. As mulheres coreanas a seguem como exemplo.
“Ativistas”, citados pela matéria com má fé, mentem quando afirmam que “mulher é proibida de usar calça comprida”. Elas as usam bastante, mas preferem o traje coreano tradicional que é belíssimo, muito elegante e confeccionado com lindos bordados e com tecidos fabricados no próprio país em fábricas das quais também são condutoras. Diga-se de passagem, durante a luta para expulsar o Japão era um tanto difícil no inverno nevado do Monte Bektu as mulheres guerrilheiras não usarem calças compridas para se protegerem do intenso frio, isso na década de 1920, 1930, 1940! E entre 1950 e 1953, período da inacabada Guerra da Coreia que mantém a península coreana em trégua sob grande tensão. Os EUA até hoje se recusam a assinar a paz definitiva para acabar de vez com a guerra como propõe a Coreia Democrática.
Há poucos dias noticiamos aqui no HP as comemorações nesse ano na Coreia dos 30 anos da lei de saúde pública e gratuita para todos os cidadãos. Lá quem cuida da saúde do povo é o Estado e ninguém paga nada por isso. O Estado não interfere no planejamento das famílias e todo casal é livre para decidir quantos filhos quer ter. A maternidade é considerada função social e as crianças são o centro da vida do país.
Não há falta de creches e escolas de excelente qualidade. As mulheres dispõem de todos os equipamentos sociais para se libertarem das tarefas domésticas.
Quanto ao fumo, na Coreia não existe a histeria antitabagista como a promovida pelo governador de São Paulo que proíbe mulheres, e também homens, de fumarem em ambiente privado. Lá estão em curso há muitos anos um processo educativo e de persuasão bem mais eficiente. Ninguém é estimulado a fumar e ninguém precisa ser proibido de fumar a menos que esteja em locais públicos fechados. E isso vale para todos, não apenas para as mulheres.
Com uma frota de carros particulares relativamente pequena, se comparada com a dos grandes países capitalistas, a Coreia prioriza o transporte público para atender a toda a população. ônibus trens e metrô cortam Pyongyang de norte a sul, de leste a oeste. Servem igualmente a todos a um preço simbólico, quase gratuitamente.
Estações de trens e de metrô são finamente decoradas com obras de arte de artistas locais, tudo feito no capricho, com muito carinho, com muita beleza, pois é para a utilização e usufruto do povo.
A arte aí cumprindo a sua função mais nobre.
Arte livre. Feita para o povo. Alegrando o povo. Refletindo, expressando o povo, sua vida, seus sentimentos, sua história, sua cultura 5 vezes milenar.
O protagonismo do povo, na exata acepção da palavra, com a participação efetiva das mulheres. Eis o que é real na Coreia Democrática, eis o que os monopólios de mídia e seus vassalos não conseguem aceitar. Inutilmente.

ROSANITA CAMPOS

ANO XXI Nº 2858 – 28/04/2010
PUBLICADO NA PAGINA 7




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