terça-feira, 18 de maio de 2010

Noam Chomsky

Chomsky barrado:”Governo não gostou de seus livros”
Publicado em por Paulo Ávila


Enquanto os EUA se empenham em destruir os esforços diplomáticos brasileiros por um acordo nuclear com o Irã, o governo de Israel continua agindo dentro e fora de suas fronteiras de maneira imperialista e policialesca. O Iraque era a ameaça do passado, o Irã é a atual, e Israel, com armas nucleares, é deixado de lado como se não representasse nenhum tipo de ameaça.

O episódio mais recente, que revela a estreiteza do governo de Israel – é bom lembrar que o chanceler daquele país se recusou a receber Lula em visita oficial – foi a negativa no domingo passado para que o lingüista Noam Chomsky cruzasse a fronteira para uma palestra na universidade palestina de Bir Zeit, na Cisjordânia.

É impressionante o significado de uma medida dessas. Chomsky é um pensador mundialmente famoso e respeitado, é judeu, fala hebraico fluentemente e viveu em Israel na década de 50, mas não concorda com o governo israelense e o critica abertamente. Isso foi o suficiente para que não pudesse atravessar a fronteira de Israel com a Cisjordânia.

Na época da ditadura, dizia-se que o pior que podia acontecer era o poder do policial da esquina. Num regime de força, ele se sente tão poderoso quanto o general de plantão. Chomsky, segundo seu próprio depoimento, foi interrogado por mais de três horas por um oficial de fronteira, que disse ter lido todos os seus livros e que o governo não gostava de suas críticas à ocupação de territórios palestinos. Pacientemente, Chomsky lhe respondeu que nenhum governo gosta de suas opiniões, deu meia volta e retornou a Amã, na Jordânia, de onde denunciou a abitrariedade.

O governo de Israel fez uma cena para inglês ver de que tudo não passou de um “mal entendido” e houve troca de acusações entre o ministério do Interior e o Exército. Segundo o El Pais, o governo israelense considerou ser “ridículo” pensar que proibia a entrada de pessoas que criticavam o país, mas não deu explicações convincentes.

Graças às novas tecnologias, Chomsky fez sua palestra por videoconferência, mas os palestinos ficaram privados de um contato direto com o lingüista americano. Israel trata os territórios palestinos ocupados como guetos, num comportamento que contradiz todo o sofrimento por que passou o povo judeu na história.

voltar ao topo

Nenhum comentário: