Eron Bezerra *
Com a definição da pré-candidatura de Dilma Roussef e José Serra, ambos a presidência da república, o cenário principal está definido. Conforme previsto, a sucessão do presidente Lula assume cada vez mais um caráter plebiscitário.
E o que é mais importante, com razoável definição ideológica. São dois projetos antagônicos, embora por ignorância e/ou má, inclusive de militantes do PT, haja quem não veja “diferenças essenciais” entre ambos.
Dilma capitaneia um projeto de centro esquerda, que tem no PT, PCdoB, PSB, PDT, PMN e PMDB sua principal base de sustentação. A essência desse projeto é a defesa de nossa soberania, a recuperação do estado nacional brasileiro, além da manutenção e expansão das conquistas sociais e trabalhistas.
Serra é a expressão das forças de centro direita amontoadas no PSDB, PFL (DEM) e PPS. Defendem o velho projeto neoliberal, que acaba de levar o mundo a uma das maiores crises econômicas da história do capitalismo. Advogam o Brasil como uma nova colônia do imperialismo americano; querem concluir o desmonte do estado nacional privatizando o que FHC não conseguiu privatizar como PETROBRAS e Banco do Brasil, por exemplo, ou eliminando projetos exitosos como a Zona Franca de Manaus na medida em que contraria o receituário neoliberal, embora seja um dos mais belos exemplos de superação das desigualdades regionais. Querem, ademais, eliminar conquistas sociais e trabalhistas que aos poucos foram se firmando no governo Lula, como reposição salarial para servidores públicos e salário mínimo (que eles chamam de gastança), luz pra todos, bolsa família e novas universidades.
Não creio que alguém em juízo perfeito veja semelhança entre estes dois projetos, salvo por claro diversionismo cujo objetivo é reduzir a campanha ao debate de quem tem mais tempo de gestão pública, como se isso fosse necessariamente um mérito. Essa é uma manobra clássica precisamente para não debater idéias e projetos para o Brasil e o mundo.
Em 08 anos de governo neoliberal, embora o senador amazonense Artur Virgilio Neto tenha sido Ministro da Casa Civil e líder do governo FHC, a Zona Franca de Manaus praticamente foi extinta. Ficou reduzida a 20 mil postos de trabalhos. O parque industrial, que hoje ostenta mais de 500 indústrias, mais parecia um “cemitério” de fábricas fechadas.
A tática adotada pelos tucanos foi desonesta. Não poderiam fazer uma lei extinguindo algo consagrado na constituição porque isso causaria uma comoção popular no estado. Adotaram, então, como tática, impedir que as reuniões do CAS (Conselho de Administração da Suframa) se realizassem e, conseqüentemente, não aprovar qualquer outro projeto. A morte foi ocorrendo por inanição e estaria hoje consolidada se Lula não tivesse sido eleito e retomado o projeto nos moldes preconizado na constituição.
Os 20 mil operários da era FHC se converteram em mais de 110 mil na era Lula. O CAS reúne regularmente e aprova dezenas de projetos novos a cada reunião. O parque se agiganta com indústrias limpas e a floresta agradece.
Eis, algumas da razoes pelas quais o amazonas prefere Dilma. Não pela pessoa em si, mas pelo que ela representa de alternativa para o Amazonas e o Brasil.
O resto é passado e pesadelo.
* Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
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