sábado, 5 de novembro de 2011

Ari Riboldi - O sabor dos livros

O ato de ler constitui-se na apropriação de saberes, de novos conhecimentos. É também um exercício lúdico, na roda de tramas, na descoberta de personagens, no embalo da sonoridade de palavras, no encantamento de versos, no elo de ideias, na construção de enredos e histórias que imitam a vida na sua plenitude. Um ato solitário, silencioso, único, ao alcance de cada um na solidão de sua casa, crucial para manter viva a mente, como se fosse o predileto alimento.

Os livros trazem o saber, no sentido original, expresso no verbo latino “sapere”, ter sabor, agradar ao paladar. Mais tarde, passou a ter o sentido de saber, aprender, conhecer. Ao colher as letras com os olhos e formar as palavras, o leitor exercita a inteligência, ou seja, vai além do que as letras dizem.

Busca o subjacente, o que está nas entrelinhas, no “inter” (entre) “legere” (ler), o que o torna inteligente, perspicaz. Assim, alcança outros significados, outras possibilidades de interpretação. Colhe as letras na amplitude e diversidade de formação de palavras, de ideias, de ações, reações, vivências e revoluções.

Ler é pensar. Pensar é existir. Existir é ser, na essência. É ser capaz de situar-se, localizar-se no tempo e no espaço. Compreender o texto é colocar-se no contexto, no tecido social e tecer a própria realidade, tornando-se capaz de compreender a si mesmo e ao mundo. Propicia a ventura de ser autor e ator, leitor e protagonista, fazendo sua a obra escrita por outros, interagindo e participando dela.

A literatura imita a vida e recria a realidade como se verdadeira fosse. Abre horizontes, amplia a visão de mundo. Liberta da ignorância, o pior dos males, pois escraviza, limita, torna a pessoa refém de superstições, de crendices. Quem lê tem o prazer de saborear a vida, viajar no tempo e no espaço, no pensamento, nos sonhos, nas grandezas e misérias da condição humana. Os livros permitem a concretização de todas as utopias e ideais, dos sonhos impossíveis e das grandes revoluções. Embarque nessa aventura misteriosa, instigante, enriquecedora.

Descubra mais horizontes, alcance lugares infindos. Reconstrua vidas e histórias. Aproprie-se do sabor dos livros e do saber da vida. O leitor assíduo, com certeza, é sempre um cidadão na plenitude da palavra, autônomo, crítico, propositivo e, sobretudo, cônscio de seus direitos e deveres.

*Professor e escritor

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