sábado, 5 de novembro de 2011

Carlos Drummond de Andrade diante das fotos de Evandro Teixeira

Por Carlos Drummond de Andrade


A pessoa, o lugar, o objeto
estão espostos e escondidos
ao mesmo tempo so a luz,
e dois olhos não ão bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das figuras.
Fotografia – é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando
e da evanescência de tudo,
edifica uma penanência,
cristal do tempo no papel.
Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como a exorcizar?
Marcas de enchente e do despejo,
o cadáver inseputável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo
a viajar, a surpreender
a tormentosa vida do homem
e a esperança a brotar das cinzas.

.

Estudante de Medicina que foi assassinado, 
segundo Evandro Teixeira no Documentário.


Evandro Teixeira
Nascido em 1935 no interior de Irajuba, Bahia, Filho de Seu Waldomiro Teixeira Almeida e de dona Almerinda Teixeira Almeida, Evandro viveu toda a sua infância como outros garotos de interior, andando a cavalo, pegando picula na rua e levando uma vida tranqüila. Estudou em um colégio de padres, no primário e fez o segundo grau em Salvador.
Foi ainda garoto que ele teve o primeiro contato com a fotografia, na escola que estudava fazia jornalzinhos interno tendo assim o contato com a foto. Fazia também jornal que circulava na cidade de Jequié e Ipiaú. Evandro conta que sempre teve veia artística, desde pequeno queria trabalhar com algo relacionado à arte, diz ainda que quando pequeno criava caixas cinematográficas com lâmpadas para brincar de produtor de cinema.
Ele revela que já quis ser de tudo nessa vida, aviador, escultor, produtor de vídeos, e o que hoje ele é, fotografo. Evandro teve boas influências, Zé Medreiros, grande fotografo que trabalhou no Cruzeiro, foi uma das pessoas que sempre apoiou em seus trabalhos. Ele também diz que aprendeu com grandes nomes da fotografia, quando ia visitar ateliês de fotografia, para se aprofundar no assunto.
Com 23 anos de idade se formou no Rio de Janeiro, na Escola de Belas Artes. Ele começou sua carreira de fotografo, quando conseguiu seu primeiro estágio no Diário de Noticias em Salvador. Com um tempo de trabalho no Diário de Noticias, voltou para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar no Diário da Noite, jornal que pertencia ao mesmo grupo do Diário de noticias, o grupo de Assis Chateaubriand. Mas no ano de 1963, ele começou a trabalhar no Jornal do Brasil, onde está ate hoje.
Suas fotografias lhe renderam muitos prêmios, inclusive já teve livros publicados, documentários exibidos em longa e agora esta escrevendo um novo livro, entitulado de 68 destinos.
Casou com Marly Teixeira e teve duas filhas, Carina Caldas, hoje jornalista, e Adryana Almeida, fotografa. A alegria de Evandro ainda é completada por duas lindas netinhas, que enche de alegria, seu coração. Evandro sempre registrou momentos extraordinários da vida das filhas através de suas lentes, sempre em momentos diferentes as meninas eram fotografadas e hoje continua registrando momentos familiares, agora o alvo das suas lente são as sua duas netas.
São 49 anos de carreira profissional, com clicks de diversos tipos, e foi com muita batalha que Evandro construiu uma das mais sólidas e importantes carreiras do fotojornalismo brasileiro.

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