Prefácio
Este livro escrito por Jader Resende, o menino mineiro, da cidade de Caratinga que cedo abaianou-se, pintor nato que vi crescer nas suas tendências plásticas, o viandante brasileiro e do exterior, surpreende agradavelmente pela maturidade que apresenta em todos os contos que o compõe.
O livro espanta porque todos os temas de pensamento de Jader Resende já estão presentes nele, desde a oposição as coisas supérfluas ao sistema de governo, chegando até os sentimentos e piedade infinita pelos desprotegidos e oprimidos
Há uma segurança que o livra do sentimentalismo dramático e doentio, bem como de suas digressões apaixonadas sobre o destino do homem. Homem este, comum, do povo.
Esta é a ideia central destes contos de linguajar fácil e sem grandes pretensões literárias.
Jader Resende expõe com muita confiança o misticismo do brasileiro, classe baixa em “Nego Sum”, trazendo o vigor e a força do homem que ama sua terra, mesmo quando ela é o Sertão Nordestino, em “Cruzada”.
No conto “Fordibigode”, por certo, o leitor terá a surpresa de descobrir um manifesto de apoio à luta em prol da defesa de vida de Chessman, que abalou o mundo inteiro e também os personagens de Jader.
Os contos deste volume “Contos sem flores” são agradáveis, até certo ponto humorísticos e reais, havendo, entretanto, passagem de rara beleza e sensibilidade que certamente tocaram o espírito e o coração dos leitores.
Enfim, Jader Resende é um pintor de garras, iniciante da arte de escrever, mas que, como poderemos perceber, soube também pintar as palavras, o que lhe confere grandes possibilidades de se tornar um grande contista do Brasil.
Nivaldo Di Marque – 1984
Professor universitário