EUA - A nefasta ingerência americana na América Latina
buscado no Blog De Um Sem Mídia
Carlos Frederico Alverga
Escrevo esse comentário sob o impacto de ter visto o documentário do
cineasta australiano John Pilger, “A guerra na democracia”. O filme
denuncia a imensa e nefasta lista de intervenções dos Estados Unidos na
política da maior parte dos países latino americanos.
Os exemplos são incontáveis: Guatemala 54; Brasil 64; Chile 73;
Nicarágua 78/79; El Salvador no Governo Reagan (primeiro mandato), entre
80 e 84 etc. Mas o interessante é que Pilger baseia o filme nas
relativamente recentes reações políticas ocorridas em países latino-
americanos contra as políticas econômicas ditadas pelo FMI, pelo Banco
Mundial(este, repartição do Governo americano), pelo Consenso de
Washington e pelos Estados Unidos, todas orientadas pelo neoliberalismo e
pelo dogma de que o Estado não deve regular a economia capitalista e
que deve sempre prevalecer o livre mercado.
O diretor australiano destaca os exemplos da reação popular na
Venezuela, em 2002, quando houve o golpe contra Chávez, com participação
direta da CIA, e na Bolívia, quando, reagindo contra um massacre de
camponeses, o povo indígena depôs o presidente pró EUA e depois elegeu
Evo Morales. (Um outro excelente filme sobre o povo depondo Presidentes é
o “Memórias do Saqueio”, do diretor e deputado argentino Fernando
“Pino” Solanas).
O aspecto que achei interessante no documentário foi o enfoque dado pelo
diretor australiano no sentido de que esses movimentos não foram
eventos isolados, mas consistiram numa reação quase que deliberada
contra os efeitos deletérios do neoliberalismo na América Latina. Nesse
movimento, pode-se incluir as duas eleições de Lula no Brasil e as
eleições de Rafael Correa no Equador e de Olanta Humala no Peru.
AS MISSIONES DE CHÁVEZ
No caso da Venezuela, apesar do déficit democrático decorrente de um
predomínio do Poder Executivo sobre o Legislativo e, principalmente, o
Judiciário, houve fatos positivos e ganhos efetivos para a população de
baixa renda da Venezuela, o que foi causado pelo fato meritório e
louvável de Chávez ter usado o dinheiro arrecadado com a exportação do
petróleo pela empresa estatal PDVSA para financiar políticas sociais,
principalmente as denominadas Missiones, que reverteram em benefícios
inegáveis para a população pobre venezuelana.
O documentário representa o “basta” que os latinos-americanos deram ao
receituário econômico neoliberal de privatização indiscriminada,
desregulamentação financeira (que redundou na crise financeira depois
econômica global de 2008) e trabalhista, elegendo governos de esquerda
no Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Uruguai, no Equador, no Peru, na
Nicarágua, o que representa um movimento generalizado de reação contra
os malefícios econômicos provocados nesses países pelo neoliberalismo
econômico.
O filme também aborda com destaque a ditadura militar de Pinochet no
Chile, que a mídia amestrada considera o modelo econômico a ser seguido,
no qual a Previdência Social foi privatizada, salientando as enormes
desigualdades e iniquidades sociais que caracterizam o panorama social e
econômico chileno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário