terça-feira, 10 de agosto de 2010

Analfabetismo atinge 3 milhões de jovens trabalhadores rurais no Brasil

DA AGÊNCIA BRASIL

Cerca de 40% das pessoas entre 16 e 32 anos que moram e trabalham no campo
são analfabetas. O analfabetismo atinge 3 milhões dos quase 8 milhões de
trabalhadores rurais do país nesta faixa etária, de acordo com a secretária
de Jovens Trabalhadores Rurais da Contag (Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura), Maria Elenice Anastácio.

Se forem considerados os habitantes de pequenas cidades que sobrevivem da
economia rural, os números podem ser ainda mais preocupantes.

Para Maria Elenice, as condições atuais do ensino obrigam o jovem a escolher
entre o estudo e o trabalho. "O trabalhador rural tem que buscar a cidade
para ter acesso à saúde, à informação e à escola. Mas como vão pegar um
transporte precário para estudar na cidade se estão cansados do trabalho
exaustivo?", questionou.

A coordenadora do curso de licenciatura em Educação no Campo da Universidade
de Brasília, Mônica Molina, também apontou a pouca oferta de escolas no
campo como responsável pelas altas taxas de analfabetismo. "O interesse em
estudar existe. Hoje, o trabalhador dá mais importância ao estudo do que em
gerações anteriores, mas quando o aluno chega à 5ª série, dificilmente
encontra turmas no meio rural. Então ele precisa ir estudar na cidade mais
próxima e acaba desistindo".

Em pesquisa feita em assentamentos de reforma agrária, Molina constatou que,
aproximadamente 70% das escolas rurais, são de 1ª a 4 série, enquanto 25%
atendem os alunos de 5ª a 8ª e apenas 4% têm turma de ensino médio.

A consequência é que poucos alunos vão além dos primeiros anos de
escolaridade. Este fator, somado às faltas, repetição de séries, professores
despreparados e recursos didáticos escassos, leva ao analfabetismo
funcional. "Sem acesso á escolarização correta na idade apropriada, o jovem
acaba perdendo a condição de ler e interpretar após alguns anos", afirmou
Mônica.

Como solução, Mônica e Maria Elenice defendem a ampliação do número de
escolas no campo. "De 2005 a 2007 foram fechadas 8 mil escolas rurais e
agora temos que garantir as que já existem", disse Molina.

"Não adianta investir em transporte das pessoas para cidades próximas.
Poucos vão arriscar a vida em pau de arara para terminar o ensino médio",
completou Maria Elenice.
Fonte: Folha


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