sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleição deve se definir no primeiro turno



Por Mair Pena Neto

As pesquisas eleitorais recentes mostram que Dilma Rousseff caiu um pouco, Marina Silva subiu um pouco e José Serra ficou estável. Se as eleições fossem hoje, Dilma venceria no primeiro turno, cenário que se desenhou após o início da propaganda eleitoral, quando ficou claro para quem ainda tinha dúvidas que ela é a candidata apoiada pelo presidente Lula e comprometida em levar seu projeto adiante.
Serra ainda tentou tirar uma casquinha da popularidade de Lula, chegando a colocar uma imagem do presidente em seu programa, enquanto renegava Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro, mas a estratégia falhou. Assim como falharam todas as estratégias da campanha tucana, que jamais revelou sua proposta, e ficou centrada na suposta capacidade de realização de seu candidato, o que nunca se confirmou em suas passagens pelo executivo paulista, como gosta de proclamar.
A pesquisa CNI/Ibope acaba de apontar que 93% afirmaram que Dilma é a candidata de Lula, e 1% disseram que o escolhido do presidente é Serra. Nenhum entrevistado considerou Marina a candidata de Lula. O resultado confirma que Serra tentou se passar como o sucessor escolhido por Lula, uma atitude de desonestidade política à toda prova.
Mas voltando às pesquisas, tudo se encaminha para uma vitória de Dilma no primeiro turno. Desde que se estabeleceu na liderança da disputa, Dilma se estabilizou na faixa dos 50%, Serra na faixa dos 20%, e Marina entre os 10%. As oscilações sempre ficaram na margem de erro das pesquisas, e Marina parece ter conseguido uma melhora nessa reta final, não se sabe se por seus próprios méritos, por uma transferência de votos dos desiludidos com Serra ou por um movimento artificial insuflado pelos interessados em levar a eleição ao segundo turno.
A maioria dos institutos mostra Dilma com boa vantagem sobre os demais candidatos e vencendo a eleição no dia 3 de outubro. A exceção é o Datafolha, mas este instituto está com sua credibilidade seriamente afetada nesta eleição. Primeiro, tentou sustentar uma liderança de Serra, quando os demais institutos já mostravam Dilma abrindo vantagem, e depois precisou fazer manobras para explicar como a candidata do governo tinha conseguido ficar tão à frente. Enquanto os gráficos de alguns institutos mostravam um desenho em "x", com Serra caindo e Dilma subindo, o gráfico do Datafolha se manteve por um bom tempo num emaranhado de altos e baixos que só ele viu.
O Datafolha jogou Dilma para baixo essa semana, em pesquisa feita em um único dia e com um campo bem menor que o habitual, mas seus números não foram acompanhados pelo Ibope e pelo Vox Populi, que mantiveram Dilma exatamente onde estava. O Ibope lhe atribuiu 50% das intenções de voto, e o Vox Populi, 49%. Para forçar a idéia de um segundo turno, o Datafolha manipulou até os percentuais de votos válidos, reduzindo as frações de Dilma e elevando as de Serra ao contrário do que estabelecem as regras de arredondamento.
O acompanhamento das pesquisas na eleição desse ano ganhou uma importante ferramenta que foi o tracking diário feito pelo Vox Populi, em parceria com a Bandeirantes e o IG. Desde o dia primeiro de setembro, o Vox vem atualizando uma amostra de 2.000 entrevistas, com um quarto dela se renovando diariamente. Ao fim de quatro dias, a base é totalmente renovada. Esse tipo de pesquisa procura antecipar possíveis tendências, e o que ela revelou em 28 dias foi que não houve nenhuma mudança significativa no cenário. No dia 1º de setembro, Dilma tinha 51% das intenções de voto, e no dia 28 estava com 49%. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, ela passou o mês que antecede as eleições absolutamente estável, apesar de todo o bombardeiro que a imprensa lhe destinou. Serra tinha 25% no primeiro dia de setembro e chegou ao dia 28 exatamente com o mesmo percentual. Só Marina registrou um crescimento acima da margem de erro, saindo de 9% para 12% no período.
O tracking do Vox Populi funciona como um antídoto a pirotecnias de institutos que tentam adulterar o resultado das eleições. E revela que apesar do esforço midiático de tentar minar a candidatura de Dilma e de manifestos sem sentido contra um cerceamento à imprensa, que age com total liberdade, inclusive a de caluniar, a campanha parece seguir seu curso natural e respeitar a vontade da população. Até o dia 3 de outubro a distância é muito pequena para Dilma perder oito milhões de votos, como estimou o presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, serem necessários para levar a eleição ao segundo turno.
É claro que ainda resta a sempre perigosa última edição do Jornal Nacional e outras possibilidades de manipulações midiáticas de última hora, mas assim como aconteceu no segundo turno de 2006, a população parece vacinada contra esse tipo de escândalo e não se deixa mais enganar facilmente




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