quarta-feira, 21 de março de 2012

Ensino:o público e o privado no Brasil

buscado no Fatos novos,novas ideias



Por ÁlvaroBastos

 Na questão da educação acompanhei e até participei de  todas as greves das últimas  duas décadas no Rio de Janeiro. Hoje, mais maduro reflito e vejo que apesar das grandes mobilizações  por melhores salários e em defesa da escola pública, elas, em muitos aspectos, acabaram servindo como instrumento da Direita  para a privatização da educação brasileira. Posso afirmar que apesar da existência da escola pública assitindo as populações da periferia, a classe média foi empurrada para as escolas privadas  por causa das greves longas da década de 80 e 90.
Este processo de privatização iniciou-se na Ditadura com os cursinhos que foram transformados criminosamente em escolões que levavam à aprovação no vestibular . Com a luta foram criados  vários sindicatos de educação  corporativos destruindo o sindicato único de professores por estado . Até 88, os professores não podiam se sindicalizar. Por isto  surgiram associações para encaminharem suas lutas corporativas e políticas .O resultado desta política plurarista foi o nascimento de  sindicatos de professores públicos e sindicatos de professores particulares em plena abertura.Eles se mantiveram contrariando a exigência constitucional de 1988 que estabelecia a unicidade sindical para sobrevivência de suas lideranças de várias correntes partidárias. Era tudo que os privatistas queriam. Greves na escola pública e nenhuma greve na escola particular. Participei do Comando de Greve contra as escolas particulares nos anos 90 no RJ. Me lembro que o dono do Anglo americano (Ney Suassuna) chamou a PM que colocou cachorros sobre nós. Todos os grevistas daquela escola foram demitidos junto conosco. Naquela época, reinvindicávamos 100% e ajustiça do trabalho deu 0% determinando o fim da greve. Sofremos marcatismo e ficamos desempregados. Mais de 5000 professores demitidos no final do ano com aviso prévio e os pelegos da diretoria  sindical tinham imunidade eterna de mandato sindical.
 Concomitantemente, o patronato cria o seu cartel chamado de sindicato  único de estabelecimentos de ensino particular . A partir desse  momento eles traçam uma política para influenciar e constituir maioria em todos os Conselhos de Educaão do Brasil.Muitas vezes de forma disfarçada,  ou apoiando representantes de escolas públicas nas secretarias de educação, mas que acabavam, lá na frente, após sairem do governo, ganhando um  grande emprego na iniciativa privada.Lembrem-se que não existe Lei da Quarentena  na educação. Assim eles premiavam aqueles que apoiavam  suas políticas públicas nas secretarias de educação com seus projetos neoliberais de terceirizações e mantinham seus pelegos nos sindicatos particulares acirrando o confronto ideológico e divisionismo no magistério . Começei a desconfiar disso quando fui escolhido por Brizola para acompanhar o  problema no Conselho estadual de Educação./RJ .
Conversei muito este assunto com o governador Brizola,depois com  Darcy e Bayard Boiteux (presidente do Conselho de Educação) e com o saudoso Diretor do PedroII/professor Shideak. Todos apoiavam minha  tese  e me apoiavam  na luta contra o que chamamos na época de Máfia da Educação.
Quando saímos do governo por causa da eleição de Marcelo Alencar do , um  novo Conselho de Educação foi nomeado onde  a hegemonia era claramente de políticas privatistas e neoliberais. A partir desta data  nunca mais o Conselho Estadual de Educação RJ teria a hegemonia de representantes da escola pública. Foi a festa. As raposas nomeadas para o galinheiro. Eles legitimaram a destruição dos Cieps; a transformação das escolas técnicas públicas em escolas de qualificações; diminuíram a grade curricular, isto é , o número de aulas das matérias exigidas por Lei e traçaram uma política de deixar a greve ser longa, para que os pais transferissem seus filhos das escolas públicas para as particulares. Posteriormente, veio a proposta de aprovar automaticamente no 1º grau (diferente da avaliação continudada de  Darcy RIbeiro)  e analfabetos chegaram as escolas secundárias determinando a  reprovação em massa.Isto estimulou   a violência a chegar mais rapidamente nas  escolas. Para isto  as políticas públicas  retiraram a autoridade  e desmoralizaram a figura do professor. Até em programas televisivos onde o professor era motivo de chacota construiram um senso comum contra a figura do professor .
Parte da lasse média  ficou assustada  com o caos e  não querendo ver seus filhos mistrados com alunos vindos  dos bairros pobres da periferia,   com costumes e cultura que não eram os desejados por eles . Isto determinou uma grande fuga e separação. Surge assim a escola  pública de pobres e escolas  privadas de ricos ou privilegiados. Criminalizaram a escola pública e ,nas comunidades, carentes  elapassou a ser escudo da troca de tiros entre policiais e bandidos.
 Não obstante , o projeto fixista e anticientífico entrou nas escolas públicas. A evolução genética foi praticamente abolida . E chegavam, agora, os alunos filhos de pentescostais que impediam e chacoteavam os professores que falavam da evolução  e da origem da vida . Tudo era  contra a bíblia  e era de satã . Satanizaram a escola pública como a igreja satanizou a sociedade na peste bulbônica na Idade média . A teocracia agiu com muito lobby e com o discurso de que assim vai diminuir a violência e o consumo de drogas entre os jovens. Resultado: o próprio professor de religião trabalhava a cabeça dos alunos contra o darwinismo e as leis da Ciência.
 A música foi retirada do currículo  esurgiram propostas de educar de acordo com arealidade e aulas de música desapareceram para dar lugar ao Funk da bárbárie e o Hip hop,substituindo a cultura nacional. Ao mesmo tempo a televisão , em especial a Globo, com suas novelas ”Big_bostas da vida ” foram construindo a ética e valores de nossos alunos estimulando a barbárie, violência sexual e a vantagem a qualquer preço, a “Lei do Gérson “. Todos os seus filmes na maioria o tema  era sexo com estupro e morte.
 Era a cultura da Barbárie ou a satanização da sociedade nos canais.
Diante do exposto, temos a seguinte realidade : a educação pública para os miseráveis e a educação particular para os privilegiados. Não satisfeitos , querem agora a entrega de todos os recursos educacionais as Organizações Sociais e fundações . Para isto podem até substituir falta de professores por aulas televisivas ou de educação à distância .Por que? Ora nenhum jovem vai usar seus recursos para se formar no magistério para pegar um ônibus cheio para periferia e ganhar um salário de R$540,00 sem vale-transporte e refeição. No caso das jovens é ainda pior . Elas deixam de serem professoras educadoras para seguir a profissão da carreira de policial militar por causa do piso salarial e ascenção na carreira.
Por fim, posso afirmar que apesar da existência de milhares de escolas públicas e professores mal pagos, a Educação Brasileira de 1 e 2 Grau, quando não está  privatizada, está precarizada. Qual a saída :
1)Os filhos de :
Professores; juízes; desembargadores; políticos ; delegados;polícia federal;ministério público; tribunal de contas ;comandanttes da PM ; governadores ; prefeitos devem ser obrigados a estudar na escola pública.
2)Toda a educação brasileira  e escolas tem que ser federalizada (como na França) , isto é , de respponsabilidade da Presidência da Répública.Só assim nos livramos desses prefeitos e governadores que só pensam nos salários da Polícia e da Justiça.

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