terça-feira, 6 de março de 2012

A explicação na Íntegra da garotinha que não deu a mão ao presidente.

Buscado no Blog daRachelmcs


A Garotinha que não deu a mão ao presidente - entrevisat do Estadão

O Jotabe Medeiros é um fofo! Escreveu mesmo com alguns errinhos uma matéria tão carinhosa.
Ele e a esposa dele Nana Tucci se tornaram muito queridos pela minha família e acredito que pela a do Guinaldo também. ele ainda mencionou a avozinha mais linda da praça de maio: Delia Morel.  Segue a matéria na íntegra:

O que a menina disse ao general

Depois de 32 anos, aparece a mulher que virou símbolo libertário por recusar mão a Figueiredo

Quinta, 15 de Junho de 2011, 00h00
Jotabê Medeiros
Em 1979, em plena ditadura militar, o general João Baptista de Oliveira Figueiredo tentou cumprimentar uma escolar durante as tradicionais paradas cívico-militares da época, no Palácio da Liberdade. A menina recusou-se a dar-lhe a mão, ato que raros cidadãos brasileiros ousariam fazer na época.

Figueiredo era um general linha-dura, do tipo que não tinha problema em dizer que preferia cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Aquele momento de aparente transgressão foi testemunhado, e registrado, pelo fotógrafo carioca Guinaldo Nicolaevsky, e a cena - embora recusada por jornais brasileiros - correu o mundo via agências internacionais. Para quem resistia à ditadura, tornou-se um símbolo da vontade, do livre-arbítrio - Nicolaevsky, sabiamente, assinalaria que aquele era apenas o ato de uma "criança inocente".


Nunca se soube quem era aquela menina. O fotógrafo, que correu para transmitir suas fotos, tentou localizá-la depois entre as turmas de escolares que tinham sido selecionadas para a visita ao palácio. Não conseguiu (hoje sabe-se por que: ela não era aluna de nenhuma daquelas turmas). Em 2008, o Estado publicou iniciativa de fotógrafos amigos de Nicolaevsky (que estava muito doente; morreria pouco depois), que deflagraram a campanha Quem é Essa Garota?, tentando localizá-la, sem sucesso.


Agora, passados 32 anos daquele momento, aquela menina resolveu aparecer. Trata-se da mineira Rachel Clemens, hoje com 36 anos, formada em Comércio Exterior e atualmente designer contratada pelo Studio Touch, de Belo Horizonte. Ela conta que nunca apareceu porque não sentia necessidade, e também porque sua família sempre foi muito discreta, nunca gostou de "aparecer". Mas, na semana passada, Rachel postou a foto famosa no Facebook, assumindo sua identidade. Foi parar em telejornais e a imprensa começou a ligar avidamente para a casa dela.


Rachel diz que foi se dando conta gradativamente da grande carga simbólica do seu ato inocente, e do que aquilo passou a representar para centenas de familiares de presos políticos e pessoas que lutaram contra o arbítrio. "Lógico que tenho orgulho. Tem que ter. Recebi mensagens de adultos que eram crianças na época, que tiveram pais presos que nunca mais veriam, gente que perdeu a infância. Escutar deles que queriam ter sido eu, como não ter orgulho de uma coisa dessas?", disse ela, falando ao Estado por telefone na noite de segunda-feira.


Rachel conta que, em 2008, tentou conseguir uma cópia da foto quando o Estado noticiou a campanha para localizá-la, mas achou o preço alto. Então, desistiu. A mineira contou tudo. Tinha ido a Brasília com os pais e um tio militar que integrava o Serviço Nacional de Informações (o temido SNI, a agência de investigações estatais do governo militar). Tinha entre 4 e 5 anos e o tio a chamava de "a criança mais sensata do Brasil", e ficou aturdido quando ela demonstrou que, mais que sensata, também tinha iniciativa e personalidade.


"Não sei se a gente teria sido tratada da mesma forma se ele não fosse do SNI, não tenho essa certeza", considera. Mas não houve a menor fantasia de ativismo político em sua atitude. Ela foi até Figueiredo para tentar provar aos amiguinhos de escola, que duvidavam dela, que o pai iria jantar com o presidente (conversa que ouviu na mesa entre pai e mãe na noite anterior).


Marrentinha, durante a parada ela desgrudou dos pais e foi até onde estava o general. Na cabeça de Rachel, era o presidente que teria a honra de almoçar com seu velho, engenheiro do antigo Departamento de Estadas de Rodagem, que morreu em 1980 e nunca teve qualquer militância. Depois de passar "por muitas pernas", chegou perto do "gigante" e puxou as calças dele, mas Figueiredo não lhe deu ouvidos. Quando a viu, seus assessores queriam fazer com que apertasse a mão dele na marra, e o que ela queria era apenas dar um recado. Recusou-se então a dar a mão, não era essa a sua "missão". No fim de semana, Rachel reproduziu o seguinte diálogo dela com Figueiredo, em seu blog:


- Você sabia que meu pai vai almoçar com você hoje?


- E ele come muito?


- Come.


- Então não vai sobrar nada para mim.


- Não vai mesmo. Agora tenho que ir pro Cirandinha (nome do jardim de infância em que ela estudava).


Foi e nunca mais se ouviu falar dela. Daquele momento até hoje, Rachel foi longe. Estudou nos Estados Unidos (no Oregon e na Flórida) e na Espanha, trabalhou na Embraer, estudou no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e teve uma filha, Clara, hoje com 13 anos. Demorou a assumir o seu pequeno papel na História, mas o balanço final é bom. É reconhecida nas ruas, as amigas da filha a cumprimentam, recebe cartas e novos amigos no Facebook. "Teve até um moço que escreveu dizendo que isso deveria virar roteiro de um filme."


Mas também tem os malucos. "Tem gente me apontando na rua. Teve até quem me perguntou se vou querer participar do BBB. Outro, se quero uma vaga na novela. Eu nem respondo. É meio estranho, porque a minha vida sempre foi tranquila, mas eu entendo. Não sou mais uma pessoa particular, tornei-me algum tipo de personalidade pública", ela diz.


"Foi por respeito ao Guinaldo, à família dele, aos amigos dele que fizeram a campanha, aos militantes da época e hoje os adultos que eram crianças na época e me enviaram mensagens carinhosas que decidi falar", contou.


QUEM FOI


GUINALDO NICOLAEVSKY

FOTÓGRAFO

O autor da foto mais emblemática da ditadura era carioca de Vila Isabel, filho de imigrantes russos. Começou a carreira aos 15 anos no jornal Imprensa Popular, do PCB. Trabalhou para o "Estado", Manchete e O Globo, entre outros. Morreu em 2008, de câncer, aos 69 anos.


Como ela é hoje

Rachel Clemens vive em Belo Horizonte e tem 36 anos. Adora exposições, cinemas e cafés e conta que chorou quando uma das avós da Praça de Maio a escolheu para marchar de braços dados
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 O que a menina disse ao general Depois de 32 anos, aparece a mulher que virou símbolo libertário por recusar mão a Figueiredo Quinta, 15 de Junho de 2011, 00h00 Jotabê Medeiros Em 1979, em plena ditadura militar, o general João Baptista de Oliveira Figueiredo tentou cumprimentar uma escolar durante as tradicionais paradas cívico-militares da época, no Palácio da Liberdade. A menina recusou-se a dar-lhe a mão, ato que raros cidadãos brasileiros ousariam fazer na época. Figueiredo era um general linha-dura, do tipo que não tinha problema em dizer que preferia cheiro de cavalo ao cheiro do povo. Aquele momento de aparente transgressão foi testemunhado, e registrado, pelo fotógrafo carioca Guinaldo Nicolaevsky, e a cena - embora recusada por jornais brasileiros - correu o mundo via agências internacionais. Para quem resistia à ditadura, tornou-se um símbolo da vontade, do livre-arbítrio - Nicolaevsky, sabiamente, assinalaria que aquele era apenas o ato de uma "criança inocente". Nunca se soube quem era aquela menina. O fotógrafo, que correu para transmitir suas fotos, tentou localizá-la depois entre as turmas de escolares que tinham sido selecionadas para a visita ao palácio. Não conseguiu (hoje sabe-se por que: ela não era aluna de nenhuma daquelas turmas). Em 2008, o Estado publicou iniciativa de fotógrafos amigos de Nicolaevsky (que estava muito doente; morreria pouco depois), que deflagraram a campanha Quem é Essa Garota?, tentando localizá-la, sem sucesso. Agora, passados 32 anos daquele momento, aquela menina resolveu aparecer. Trata-se da mineira Rachel Clemens, hoje com 36 anos, formada em Comércio Exterior e atualmente designer contratada pelo Studio Touch, de Belo Horizonte. Ela conta que nunca apareceu porque não sentia necessidade, e também porque sua família sempre foi muito discreta, nunca gostou de "aparecer". Mas, na semana passada, Rachel postou a foto famosa no Facebook, assumindo sua identidade. Foi parar em telejornais e a imprensa começou a ligar avidamente para a casa dela. Rachel diz que foi se dando conta gradativamente da grande carga simbólica do seu ato inocente, e do que aquilo passou a representar para centenas de familiares de presos políticos e pessoas que lutaram contra o arbítrio. "Lógico que tenho orgulho. Tem que ter. Recebi mensagens de adultos que eram crianças na época, que tiveram pais presos que nunca mais veriam, gente que perdeu a infância. Escutar deles que queriam ter sido eu, como não ter orgulho de uma coisa dessas?", disse ela, falando ao Estado por telefone na noite de segunda-feira. Rachel conta que, em 2008, tentou conseguir uma cópia da foto quando o Estado noticiou a campanha para localizá-la, mas achou o preço alto. Então, desistiu. A mineira contou tudo. Tinha ido a Brasília com os pais e um tio militar que integrava o Serviço Nacional de Informações (o temido SNI, a agência de investigações estatais do governo militar). Tinha entre 4 e 5 anos e o tio a chamava de "a criança mais sensata do Brasil", e ficou aturdido quando ela demonstrou que, mais que sensata, também tinha iniciativa e personalidade. "Não sei se a gente teria sido tratada da mesma forma se ele não fosse do SNI, não tenho essa certeza", considera. Mas não houve a menor fantasia de ativismo político em sua atitude. Ela foi até Figueiredo para tentar provar aos amiguinhos de escola, que duvidavam dela, que o pai iria jantar com o presidente (conversa que ouviu na mesa entre pai e mãe na noite anterior). Marrentinha, durante a parada ela desgrudou dos pais e foi até onde estava o general. Na cabeça de Rachel, era o presidente que teria a honra de almoçar com seu velho, engenheiro do antigo Departamento de Estadas de Rodagem, que morreu em 1980 e nunca teve qualquer militância. Depois de passar "por muitas pernas", chegou perto do "gigante" e puxou as calças dele, mas Figueiredo não lhe deu ouvidos. Quando a viu, seus assessores queriam fazer com que apertasse a mão dele na marra, e o que ela queria era apenas dar um recado. Recusou-se então a dar a mão, não era essa a sua "missão". No fim de semana, Rachel reproduziu o seguinte diálogo dela com Figueiredo, em seu blog: - Você sabia que meu pai vai almoçar com você hoje? - E ele come muito? - Come. - Então não vai sobrar nada para mim. - Não vai mesmo. Agora tenho que ir pro Cirandinha (nome do jardim de infância em que ela estudava). Foi e nunca mais se ouviu falar dela. Daquele momento até hoje, Rachel foi longe. Estudou nos Estados Unidos (no Oregon e na Flórida) e na Espanha, trabalhou na Embraer, estudou no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e teve uma filha, Clara, hoje com 13 anos. Demorou a assumir o seu pequeno papel na História, mas o balanço final é bom. É reconhecida nas ruas, as amigas da filha a cumprimentam, recebe cartas e novos amigos no Facebook. "Teve até um moço que escreveu dizendo que isso deveria virar roteiro de um filme." Mas também tem os malucos. "Tem gente me apontando na rua. Teve até quem me perguntou se vou querer participar do BBB. Outro, se quero uma vaga na novela. Eu nem respondo. É meio estranho, porque a minha vida sempre foi tranquila, mas eu entendo. Não sou mais uma pessoa particular, tornei-me algum tipo de personalidade pública", ela diz. "Foi por respeito ao Guinaldo, à família dele, aos amigos dele que fizeram a campanha, aos militantes da época e hoje os adultos que eram crianças na época e me enviaram mensagens carinhosas que decidi falar", contou. QUEM FOI GUINALDO NICOLAEVSKY FOTÓGRAFO O autor da foto mais emblemática da ditadura era carioca de Vila Isabel, filho de imigrantes russos. Começou a carreira aos 15 anos no jornal Imprensa Popular, do PCB. Trabalhou para o "Estado", Manchete e O Globo, entre outros. Morreu em 2008, de câncer, aos 69 anos. Como ela é hoje Rachel Clemens vive em Belo Horizonte e tem 36 anos. Adora exposições, cinemas e cafés e conta que chorou quando uma das avós da Praça de Maio a escolheu para marchar de braços dados.






 
A entrevista da Globo feita pelo Vlad 
 

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A explicação na Íntegra da garotinha que não deu a mão ao presidente.

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