terça-feira, 17 de julho de 2012

80 anos de Quino

Buscado na Aldeia Gaulesa


 
"Que importam os anos? O que importa mesmo é comprovar que afinal de contas a melhor idade da vida é estar vivo." 
Quino

Quino é um dos cartunistas sul-americanos de grande repercussão no cenário mundial, principalmente pelas tiras de jornal e histórias em quadrinhos da famosa personagem Mafalda, que foi publicada originalmente entre 1964 até 1973.
Quino, cujo nome verdadeiro é Joaquim Salvador Lavado, nasceu na Província de Mendoza, Argentina, no dia 17 de julho de 1932, mas só foi registrado no dia 17 de agosto e é descendente de imigrantes espanhóis.
Desde muito cedo recebeu o apelido carinhoso de Quino e logo começou a se destacar com seus rabiscos e rapidamente chamou a atenção de seu tio Joaquim Tejón que é um pintor e desenhista publicitário, que notou o talento de seu sobrinho para o desenho e passou a incentivá-lo desde pequenino.
Por volta dos seus sete anos de idade entrou na escola primária onde nunca se destacou como um grande aluno e ao terminar seus estudos, por volta de 1945, sua mãe morreu e então decidiu se matricular na Escola de Belas Artes de Mendonza.
Pouco tempo depois com a morte também de seu pai, deixou a escola com o sonho de se tornar um cartunista. Segundo alguns relatos, Quino conseguiu vender a sua primeira história, num anúncio colocado numa barraca que vendia sedas. Empolgado com isso, foi procurar trabalho nas editoras portenhas, mas acabou não encontrando nenhuma.
Pouco tempo depois em 1953, teve de prestar o serviço militar obrigatório, onde passou momentos de grande angústia sob a rigidez militar e conviver com pessoas vindas de todas as partes, fazendo-o encarar a vida de outra maneira. Depois disso foi morar na capital, Buenos Aires, com pouco dinheiro que tinha, conseguindo alugar um quarto de pensão que dividia com mais três ou quatro pessoas.
Começou a procurar trabalho e aos poucos foi conseguindo trabalho como desenhista aqui e acolá, quando a sorte começou a sorrir ao conseguir publicar sua página de humor no jornal “Esto Es”. Depois vieram outras poucas oportunidades para a publicação de suas tiras, mas para poder sobreviver ainda precisou trabalhar como desenhista para as agências de publicidade.
Foi somente por volta de 1957, que suas tiras e outras produções como "Rico Tipo" começaram a circular regularmente pelos jornais e revistas argentinas, bem como outras publicações como "Dr. Merengue" e "Tia Vicenta", fazendo com que, aos poucos, seu nome começasse a ser conhecido pelo país.
Em 1960 Quino se casou com Alicia Colombo, mas eles não tiveram nenhum filho. Sua lua-de-mel aconteceu no Rio de Janeiro, onde também passou a ter contato com os cartunistas brasileiros como Ziraldo, Millôr Fernandes e toda a turma do "Pasquim".
Somente três anos mais tarde conseguiu lançar o seu primeiro livro humorístico, chamado "Mundo Quino", uma reedição de desenhos animados gráficos. Um ano depois, em 1964, foi convidado para ser encarregado de uma campanha publicitária para uma linha de produtos eletrodomésticos chamados Mansfield, razão pela qual começa a pensar e criar uma personagem começada pela letra M e assim nasceu a Mafalda.
A agência acabou não fazendo a campanha, mas Quino aproveitou a personagem e começou a trabalhar nas primeiras histórias da Mafalda, que foram publicadas pela primeira vez em "Gregorio", um suplemento do humor da revista "Leoplán", que publicou três tiras da Mafalda.
A partir de 29 de setembro de 1964, as histórias em tiras da Mafalda passaram a ser publicadas regularmente no semanário "Primera Plan" de Buenos Aires, onde permaneceram até o início do ano seguinte. Em 9 de março de 1965, Quino passou a publicar as tiras da Malfalda no jornal "El Mundo". Um ano depois, o editor Jorge Álvarez reuniu as primeiras tiras em ordem de publicação e publicou-os no primeiro livro da Mafalda, numa tiragem de 5000 exemplares que se esgotaram rapidamente.
Em 1966, a Argentina passava por diversos problemas de ordem política. O presidente foi deposto pelos militares e passaram a proibir toda e qualquer manifestação política. O general Onganía assumiu o poder e começaram a ocorrer uma severa repressão dentro das universidades e nos meios culturais do país.
Um ano depois, em 22 de dezembro de 1967, o jornal "El Mundo" foi fechada e as tiras pararam de serem publicadas. O editor Jorge Álvarez resolveu então publicar o segundo livro da Mafalda com o título de "Asi es la cosa, Mafalda". Pouco tempo depois em 2 de junho de 1968, os quadrinhos de Mafalda voltaram a serem publicadas. Também seus desenhos começaram a serem conhecidos pela Europa e Quino viajou pela primeira vez e foi para Paris, Londres e Madri.
Em 1969, o editor Jorge Álvarez publicou o terceiro livro de Mafalda chamada "Mafalda 5". Nesse mesmo ano a primeira edição do livro de Mafalda foi publicada fora da Argentina. Na Itália foi publicado o primeiro livro chamado: "Mafalda la Constestaria" com a apresentação de Umberto Eco, diretor da coleção. Depois começaram a surgir publicações também na Espanha e Portugal.
Em 25 de junho de 1973, Quino decidiu parar de desenhar as tiras da Mafalda, mas os livros e histórias dela passaram a serem publicadas no México, Alemanha, França e finalmente em 1974 chegou ao mercado norte-americano. Somente em 1977 voltou a desenhar Mafalda a pedido da UNICEF, para uma campanha internacional da Declaração dos Direitos das Crianças.
Segundo o site “http://es.wikipedia.org/wiki/Quino”, as histórias da Mafalda apareceram em duas séries animadas na Argentina: uma produzida em 1965 e a outra em 1982. Também foram realizadas mais duas séries animadas em Cuba, através de Juan Padrón: a primeira entre 1986 a 1988, chamada "Quinoscopio", baseadas nas idéias de Quino e a outra "Mafalda" em 1994, uma série de 104 episódios com aproximadamente um minuto de duração.

Os personagens de Quino são geralmente pessoas normais que fazem parte de sua vida, que ele as desenham sem renunciar as alegorias surrealistas e nem as reações caricaturescas. Assim também se apresenta Mafalda, que aparentemente era uma tira destinada ao público infantil, mas seu conteúdo acabou também por trazê-la para o mundo adulto.
As histórias de Mafalda são recheadas com suas preocupações com a política internacional e os progressos científicos que passam a afligir o coração infantil da pequena personagem, refletindo conflitos que as pessoas enfrentam principalmente com a progressiva mudança de costumes e a chegada de novas tecnologias no dia-a-dia das pessoas.
Quino possui um humor tipicamente ácido e muito cínico, aborda com freqüência a miséria e o absurdo da condição humana, sem limites de classe. Desta forma, faz com que o leitor enfrente as burocracias, os erros das autoridades, as instituições inúteis, entre outras coisas. Sem dúvida, Quino utiliza seus personagens para enviar suas mensagem de conteúdo social aos seus leitores.
Este enfoque pessimista da realidade não impede que as suas histórias não tenham ternura e mostrem o mundo inocente infantil. Devido ao tema de suas criações, Quino tem enfrentado diversos problemas em vários lugares, que não aceitam o seu pensar. Em alguns países como a Espanha, por exemplo, todos as suas publicações apareciam com uma tarja avisando os leitores tratar-se de uma obra para adultos.
Depois de 1973, Quino se mudou para Milão de onde continua até hoje criando suas tiras de humor. Apesar disso, Mafalda ainda possui uma grande legião de fãs pelo mundo afora. Quino criou também outros personagens, mas nenhuma que se compare a Mafalda, uma menina de seus 8 anos, que odeia sopa, macarrão e adora fazer diversos tipos de questionamentos sobre a vida e o mundo.

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