sexta-feira, 6 de julho de 2012

Laerte Braga – Uma nova Operação Condor

buscado no Gilson Sampaio 



Laerte Braga(*), especial para o QTMD?

Ives Gandra Martins é um dos mais expressivos integrantes da OPUS DEI. A OPUS DEI é uma ordem terrorista que atualmente controla o Vaticano (indicou o papa anterior e o atual) Uma das razões da decadência da Igreja Católica Romana, o que não significa que não tenha força e poder, já que abriga banqueiros, grandes empresários e latifundiários.
O filme O CÓDIGO DA VINCI mostra o perfil da ordem.
Para Ives Gandra Martins não houve golpe de estado no Paraguai, mas um exemplo de “procedimentos democráticos”.
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, é outro dos integrantes da OPUS DEI no Brasil. Em séculos passados similares que acabaram por gerar a ordem queimavam em fogueiras seus desafetos ou adversários.
Em entrevista concedida à CARTA MAIOR o ativista paraguaio de direitos humanos Martin Almada declarou que “o recente golpe que destituiu Fernando Lugo da presidência de seus país revela a atualidade da Operação Condor, considerada a maior ação articulado de terrorismo de Estado já imposta ao povo latino-americano”.
Almada recebeu o Prêmio Nobel da Paz alternativo e foi o responsável pela descoberta, no Paraguai, do chamado “arquivo do terror”, que “contém os principais registros conhecidos da Operação Condor, a articulação dos aparelhos repressivos do Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai que, a partir da década de 1960, sob a coordenação dos Estados Unidos, garantiram o extermínio das forças resistentes à implantação de um modelo econômico favorável aos interesses das oligarquias locais e das multinacionais que elas representam”.
A professora Neuzah Cerveira, em sua tese de doutorado, denuncia com provas claras e precisas que a Operação Condor vive sua fase IV, a de controle dos governos hostis naquilo que Almada chama de “golpes mais suaves”. O que não significa que, à frente, eventuais golpes como o de 64 possam se repetir.
Esse risco no Brasil é menor que em outros países como Argentina, Equador, Bolívia, entre outros, pois o País perdeu sua dimensão de carro chefe da América Latina no cerco imposto pelos EUA através do chamado Plano Grande Colômbia (voltado para a Região Amazônica) e agora, no golpe no Paraguai, que permite o controle da Tríplice Fronteira.
As características do nosso País, que abriu mão de avanços tecnológicos capazes de catapultá-lo à condição de potência de fato, criou uma “potência” dependente de tecnologias básicas e a RIO + 20 mostrou que o grande impasse na farsa do desenvolvimento sustentável está na transferência de tecnologias das grandes potências para países emergentes.
Em 2001 o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães denunciava essa realidade em seu livro QUINHENTOS ANOS DE PERIFERIA (Editora Contraponto em convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
“Implantar por tratado e preservar uma organização política internacional de âmbito universal, de duração indefinida e garantir o direito de veto dos Estados Unidos nas decisões dessa organização e a preponderância das decisões do governo americano sobre qualquer decisão internacional”.
Hitler quando quis definir esse tipo de situação falou num REICH de dois mil anos.
Os dois pontos principais nessa questão são “é que primeiro foram criadas duas classes de Estado: os que detêm o poder de impedir a ação das Nações Unidas e os que não detêm esse poder e são obrigados a cumprir as decisões do Conselho de Segurança, órgão supremo com poder de exercer a força militar e de obrigar através de sanções, o comportamento dos Estados” – mesmo Samuel Pinheiro Guimarães, no mesmo trabalho.
E o detalhe fundamental revelado pelo embaixador que, em meio à crise que resultou no golpe contra Lugo, se demitiu do cargo de Alto Comissário do MERCOSUL, por não sentir firmeza dos países na repulsa ao golpe, na ação política contra as elites que controlam essa parte do mundo.
“Agir para a implantação e permanência de regimes políticos, se conveniente (grifo meu), democráticos e representativos, em terceiros países que melhor assegurem a influência e a defesa dos interesses políticos e econômicos americanos… Auxiliar os movimentos políticos de oposição a governos que contrariem os interesses americanos e contestem as suas iniciativas políticas”.
O trabalho do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, 3ª edição, 2001, ao considerar determinados aspectos da política dos EUA nessa direção, golpes, ditaduras, democracias quando “convenientes”, prevê o que aconteceu na Líbia, no Iraque e agora se tenta na Síria e contra o Irã.
“A técnica subversiva de favorecer e apoiar inclusive com armas e recursos províncias, minorias étnicas e tribais, seitas religiosas contra o governo central, democrático ou não, que se oponha a interesses americanos, é uma constante na política americana anterior a Reagan e a Carter os quais apenas escancararam e legitimaram”.
O Paraguai é algo como um país semi independente. Ou foi até a derrubada de Lugo. A tradicional influência brasileira começa a desabar com a proximidade dos EUA e a perspectiva de uma base militar ali. A Líbia foi destroçada quando a OTAN, braço desse terrorismo de Estado, financiou e armou tribos para lutar contra Kaddafy. É o que acontece na Síria.
O alvo na América Latina? Num primeiro momento o governo do venezuelano Hugo Chávez, imbatível nas urnas e num segundo momento, o cerco do Brasil. Há uma apenas uma diferença em relação a questão militar. Um simples operador de controles remotos, assentado numa sala com ar condicionado e todo o conforto, opera pelo menos quatro aviões drones, invisíveis, capazes de reduzir o custo de uma guerra, com poder de destruição maior.
A aparente fragmentação de todo esse conjunto de informações, dados e denúncias, é apenas aparente. São fatores que se somam em ações golpistas mundo afora e particularmente na América Latina, como aconteceu em Honduras e acontece no Paraguai.
O golpe no Paraguai foi dado por latifundiários brasileiros associados a brasileiros latifundiários naquele país e contou com apoio do conjunto de forças de direita, base parlamentar no Brasil, caso do senador Álvaro Dias, não por acaso irmão de Osmar Dias, governador do Paraná. As exportações paraguaias ocorrem através do porto de Paranaguá naquele estado brasileiro.
Um golpe que correu paralelo ao governo brasileiro que, num dado momento, se viu presa da própria diplomacia de um ministro das Relações Exteriores que pensa e age como pensam e agem os golpistas, como pensam e agem as empresas participantes da do podre esquema do agronegócio, CARGILL e MONSANTO por exemplo. Foi clara a cumplicidade do Conselho de Imigrantes Brasileiros naquele país em ação que entre outras coisas, preservava interesses comuns, preservou (não há volta mais pelo menos nesse momento) e fragiliza a olhos vistos a posição do Brasil potência.
É hora de rever conceitos e buscar caminhos próprios, que escapem do modelo concebido para durar indefinidamente como denuncia Samuel Pinheiro Guimarães, Martin Almada, Neuzah Cerveira, hoje, com forte presença de Israel, a corporação com o maior número de ações de outra corporação, os Estados Unidos.
O que está em curso é uma fase da OPERAÇÃO CONDOR, algo maior que se possa imaginar. Se não houver reação efetiva, a nossa democracia será sempre ou terá a durabilidade da conveniência dos interesses dessa gente. Dois segmentos, vamos chamar assim, se aliam a grupos de direita como a OPUS DEI e se manifestam claramente contra a democracia plena. O latifúndio e as igrejas neopentecostais, os evangélicos. São os que recebem auxílio direto e têm interesses comuns.
O Paraguai que encontrava um caminho de independência para si e seu povo massacrado desde a guerra contra o Brasil (financiada pelos britânicos e sem nenhum ato de bravura, só de covardia), a rigor colônia brasileira desde esse conflito, passa agora a ser colônia da corporação ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO S/A.
Um dos primeiros apoios que o presidente golpista recebeu foi do Núncio Apostólico, porta-voz do Vaticano e da OPUS DEI naquele país.
Já os trabalhadores paraguaios dançaram.

*Laerte Braga é jornalista e colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Empodera Povo“.
=> A charge é do cartunista Carlos Latuff.

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