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A SEMANA “NEGRA E HORROROSA”
Laerte Braga
Numa escola privada em Contagem, MG, uma avó “indignada” dirigiu-se à sala de aula de seu neto e de maneira ofensiva e aos gritos, acusou a professora de ter deixado o menino dançar na festa junina com uma aluna “negra e horrorosa”. A direção da escola tentou abafar o caso, a professora não. Fez a denúncia, boletim de ocorrência e acabou demitindo-se por não concordar com o procedimento da direção. Escola Infantil Emília.
Uma dessas arapucas de ensino que pululam por todos os cantos em busca do lucro fácil, na falência do ensino público por obra e graça do poder público. Costumam até ser subsidiadas. A presidente da República assinou decreto nesta semana que termina autorizando universidades e faculdades privadas a trocar débitos junto ao governo por bolsas beneficiando alunos do PROUNI. Na aparência tudo bem, na prática confissão de descaso com a educação pública e de boa qualidade, direito do cidadão e dever do Estado.
Imagine então a situação em redes públicas estaduais. O projeto de nada Antônio Anastásia, que governa Minas Gerais, gasta os tubos para dizer que Minas é um “estado feliz”, porque a educação pública está bem tratada. Esqueceu-se de conversar com os professores, os que dão duro no dia a dia de uma escola pública sem a menor estrutura.
As condições propostas pelo governo federal aos professores das universidades públicas são mais ou menos como a ofensa da avó a menina negra que teve a “ousadia” de dançar com seu neto branco.
O jornalista Michael Keep, há vinte e nove anos no Brasil, atribui a chacina que matou doze pessoas e feriu quase sessenta, num cinema numa cidade do estado do Colorado a alienação dos norte-americanos. Segundo ele esse tipo de crime é cometido por brancos da classe média os mais pressionados pelo caráter competitivo da sociedade naquele país (hoje uma grande corporação) e pela falta de senso comunitário. Numa pesquisa feita uns tempos atrás, perguntados sobre onde ficava a Nicarágua muitos responderam que na Ásia, na África, na Europa e uns poucos acertaram América Central.
Fora do hambúrguer, do catchup, da mostarda, de Hollywood e das preces dos pastores que ocupam boa parte dos programas de rádio e tevê no país e ainda aconselham presidentes, o que há é um imenso deserto nos EUA cercado de prédios monstruosos por todos os lados e zumbis andando, a maior parte do tempo com pastas, no pressuposto que são humanos e os maiores do mundo. Que é preciso exportar o modelo. Incapazes de perceber que sobrevivem da exploração secular sobre outros povos.
Numa situação dessas “negra horrorosa” passa a ser situação comum.
No Brasil temos situações que se assemelham a esse tipo de barbárie. No dia 19 de julho a sede do Grupo Tortura Nunca Mais foi invadida no Rio de Janeiro e de lá levadas fichas de atendimentos psicológicos a vítimas de tortura, revirados os arquivos e o computador estava ligado. O grupo foi fundado para promover a recuperação histórica, entre outras tarefas, do período estúpido da ditadura militar. Os assaltantes levaram 1,5 mil reais.
O grupo tem trabalhado nos últimos tempos pela efetivação da Comissão da Verdade, a abertura dos arquivos da ditadura e o cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso da Guerrilha do Araguaia.
Pior que isso só o comportamento da conselheira Marilene Squazi em carta dirigida aos brasileiros residentes no Paraguai. Integrante do Conselho de Imigrantes, ao contrário da orientação oficial do governo Dilma, manifesta apoio ao golpe. Fica no ar a pergunta. Quem manda? Dilma ou a conselheira e o senador que lhe passou a informação do apoio presidencial. O governo vai ganhando cada vez mais um rosto tucano.
A íntegra da carta pode ser lida em
http://www.juntosomos-fortes.blogspot.com.br/2012/07/carta-de-diplomata-brasileira-revela.html
E até prova em contrário a moça e o senador mandam mais que Dilma, ou é o caso de enrolação geral. Patriota nem cito aqui, o cara engasga na hora de falar o nome.
Os professores universitários continuam em greve. Justa e legítima. Não é só a questão salarial que está em jogo. É a universidade pública, dever do Estado. O governo não negocia, endurece com servidores públicos federais, mas apronta um pacote de benefícios para o setor privado com o objetivo de disfarçar a crise que pára a economia brasileira. Cada vez mais com cara de FHC.
Já os 10 bilhões para socorrer bancos europeus falidos... Isso é outra história, a velha mania de colonizados. Ou a arrogância de uma potência que se desmancha no vento.
O governo Lula não fez e o governo Dilma se mostra incapaz de promover as reformas estruturais necessárias a que o Brasil se torne de fato um país soberano e independente, cada vez mais disparamos numa vertiginosa corrida para o século XIX.
O modelo político e econômico traçado por FHC e como disse Brizola, “que veio de longe”, não mudou na essência nos quase dez anos de petismo. Continuam achando que a saída é diminuir IPI de montadoras estrangeiras instaladas no Brasil para entupir as cidades de automóveis. A desculpa é garantir empregos.
Breve, nos altares de todas as igrejas modelos dos últimos tipos de cada uma das montadoras. O número de fiéis vai ser maior tanto quanto for o número de prestações e menor as taxas de juros.
Os serviços públicos, esses, na economia de mercado, no Estado mínimo, que prossegue sendo implantado, vão para o brejo.
Se um senador desautoriza a presidente da República e uma conselheira acata a palavra do senador e tranqüiliza brasiguaio a despeito da fala “oficial” da presidente, é porque virou casa da mãe Joana.
A impressão que Dilma dá é que deve ter ouvido o conselho de Sarney e vai levar essa história até as eleições, depois deixa o trem descarrilar, arrebentar, aí, vem copa do mundo, etc, etc. Falo do velho Plano Cruzado que levou o esquema eleitoral até o dia da eleição. No dia seguinte saiu o Cruzado II e todo mundo se arrebentou. Todo mundo é modo de dizer. Bancos, grandes corporações, latifundiários, os principais acionistas do poder público, esse se regalaram com os lucros. Não mudou nada, nem com a entrevista de Roseane Collor, a pastora que só ganha 18 mil reais de pensão por mês.
Por fim, que nome dão ao atirador que matou 12 no Colorado? Feriu 60? Já imaginou se fosse um árabe, ou um negro? Iria ser chamado de terrorista. Já o americano é um “atirador”.
Os EUA são uma sociedade doente e demente. E espalham isso pelo mundo afora.
O capitalismo faliu se sustenta na mídia de mercado vendendo alienação e em caso de resistência, em milhares de ogivas nucleares. E o “capitalismo a brasileira” de Lula nem alçou vôo. Está fazendo a reversão no fim da pista.
Uma dessas arapucas de ensino que pululam por todos os cantos em busca do lucro fácil, na falência do ensino público por obra e graça do poder público. Costumam até ser subsidiadas. A presidente da República assinou decreto nesta semana que termina autorizando universidades e faculdades privadas a trocar débitos junto ao governo por bolsas beneficiando alunos do PROUNI. Na aparência tudo bem, na prática confissão de descaso com a educação pública e de boa qualidade, direito do cidadão e dever do Estado.
Imagine então a situação em redes públicas estaduais. O projeto de nada Antônio Anastásia, que governa Minas Gerais, gasta os tubos para dizer que Minas é um “estado feliz”, porque a educação pública está bem tratada. Esqueceu-se de conversar com os professores, os que dão duro no dia a dia de uma escola pública sem a menor estrutura.
As condições propostas pelo governo federal aos professores das universidades públicas são mais ou menos como a ofensa da avó a menina negra que teve a “ousadia” de dançar com seu neto branco.
O jornalista Michael Keep, há vinte e nove anos no Brasil, atribui a chacina que matou doze pessoas e feriu quase sessenta, num cinema numa cidade do estado do Colorado a alienação dos norte-americanos. Segundo ele esse tipo de crime é cometido por brancos da classe média os mais pressionados pelo caráter competitivo da sociedade naquele país (hoje uma grande corporação) e pela falta de senso comunitário. Numa pesquisa feita uns tempos atrás, perguntados sobre onde ficava a Nicarágua muitos responderam que na Ásia, na África, na Europa e uns poucos acertaram América Central.
Fora do hambúrguer, do catchup, da mostarda, de Hollywood e das preces dos pastores que ocupam boa parte dos programas de rádio e tevê no país e ainda aconselham presidentes, o que há é um imenso deserto nos EUA cercado de prédios monstruosos por todos os lados e zumbis andando, a maior parte do tempo com pastas, no pressuposto que são humanos e os maiores do mundo. Que é preciso exportar o modelo. Incapazes de perceber que sobrevivem da exploração secular sobre outros povos.
Numa situação dessas “negra horrorosa” passa a ser situação comum.
No Brasil temos situações que se assemelham a esse tipo de barbárie. No dia 19 de julho a sede do Grupo Tortura Nunca Mais foi invadida no Rio de Janeiro e de lá levadas fichas de atendimentos psicológicos a vítimas de tortura, revirados os arquivos e o computador estava ligado. O grupo foi fundado para promover a recuperação histórica, entre outras tarefas, do período estúpido da ditadura militar. Os assaltantes levaram 1,5 mil reais.
O grupo tem trabalhado nos últimos tempos pela efetivação da Comissão da Verdade, a abertura dos arquivos da ditadura e o cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso da Guerrilha do Araguaia.
Pior que isso só o comportamento da conselheira Marilene Squazi em carta dirigida aos brasileiros residentes no Paraguai. Integrante do Conselho de Imigrantes, ao contrário da orientação oficial do governo Dilma, manifesta apoio ao golpe. Fica no ar a pergunta. Quem manda? Dilma ou a conselheira e o senador que lhe passou a informação do apoio presidencial. O governo vai ganhando cada vez mais um rosto tucano.
A íntegra da carta pode ser lida em
http://www.juntosomos-fortes.blogspot.com.br/2012/07/carta-de-diplomata-brasileira-revela.html
E até prova em contrário a moça e o senador mandam mais que Dilma, ou é o caso de enrolação geral. Patriota nem cito aqui, o cara engasga na hora de falar o nome.
Os professores universitários continuam em greve. Justa e legítima. Não é só a questão salarial que está em jogo. É a universidade pública, dever do Estado. O governo não negocia, endurece com servidores públicos federais, mas apronta um pacote de benefícios para o setor privado com o objetivo de disfarçar a crise que pára a economia brasileira. Cada vez mais com cara de FHC.
Já os 10 bilhões para socorrer bancos europeus falidos... Isso é outra história, a velha mania de colonizados. Ou a arrogância de uma potência que se desmancha no vento.
O governo Lula não fez e o governo Dilma se mostra incapaz de promover as reformas estruturais necessárias a que o Brasil se torne de fato um país soberano e independente, cada vez mais disparamos numa vertiginosa corrida para o século XIX.
O modelo político e econômico traçado por FHC e como disse Brizola, “que veio de longe”, não mudou na essência nos quase dez anos de petismo. Continuam achando que a saída é diminuir IPI de montadoras estrangeiras instaladas no Brasil para entupir as cidades de automóveis. A desculpa é garantir empregos.
Breve, nos altares de todas as igrejas modelos dos últimos tipos de cada uma das montadoras. O número de fiéis vai ser maior tanto quanto for o número de prestações e menor as taxas de juros.
Os serviços públicos, esses, na economia de mercado, no Estado mínimo, que prossegue sendo implantado, vão para o brejo.
Se um senador desautoriza a presidente da República e uma conselheira acata a palavra do senador e tranqüiliza brasiguaio a despeito da fala “oficial” da presidente, é porque virou casa da mãe Joana.
A impressão que Dilma dá é que deve ter ouvido o conselho de Sarney e vai levar essa história até as eleições, depois deixa o trem descarrilar, arrebentar, aí, vem copa do mundo, etc, etc. Falo do velho Plano Cruzado que levou o esquema eleitoral até o dia da eleição. No dia seguinte saiu o Cruzado II e todo mundo se arrebentou. Todo mundo é modo de dizer. Bancos, grandes corporações, latifundiários, os principais acionistas do poder público, esse se regalaram com os lucros. Não mudou nada, nem com a entrevista de Roseane Collor, a pastora que só ganha 18 mil reais de pensão por mês.
Por fim, que nome dão ao atirador que matou 12 no Colorado? Feriu 60? Já imaginou se fosse um árabe, ou um negro? Iria ser chamado de terrorista. Já o americano é um “atirador”.
Os EUA são uma sociedade doente e demente. E espalham isso pelo mundo afora.
O capitalismo faliu se sustenta na mídia de mercado vendendo alienação e em caso de resistência, em milhares de ogivas nucleares. E o “capitalismo a brasileira” de Lula nem alçou vôo. Está fazendo a reversão no fim da pista.
2 comentários:
Quando eu trabalhava em escola neste período de festa junina sempre tinha um problema em arranjar par para as meninas.
Elas sempre mais ativas e os meninos tímidos. Para evitar problemas eu pedia que cada um trouxesse o seu par de casa.
Assim cada um dançaria com quem queria. Nunca tivemos problemas com cores, o problema era um garoto para três ou quatro meninas e explicávamos que em quadrilha ninguém dança com ninguém, pois estão trocando de par o tempo todo.
Explicamos uma vez e eles mesmos repassavam nos anos seguintes.
Beijos!
Janice, abraços.
É bom saber que uma grande poeta trabalhou numa profissão brilhante e tão pouco recompensada.
Meus parabéns, professora e artista.
Beijos
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