quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Estrangeiros adquirem mais 80 empresas no 3º trimestre

Via Hora do Povo

 

Valdo Albuquerque
Até setembro, total de empresas desnacionalizadas supera número de empresas compradas em 2011

De janeiro a setembro deste ano, nada menos que 247 empresas nacionais foram adquiridas por multinacionais, um recorde, superando de longe o número de empresas desnacionalizadas (157) no mesmo período em 2011. O escândalo torna-se ainda maior quando comparado com todo o ano de 2011, que totalizou 208 empresas compradas por estrangeiros.
Os números foram extraídos da última “Pesquisa de Fusões e Aquisições” da consultoria KPMG. Eles correspondem às operações “cross border 1” (cb1), o que significa “empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil”.
Os números da consultoria, especialista em fusões e aquisições de empresas, apontam que a quantidade de empresas desnacionalizadas em nove meses de 2012 é superior a de um ano inteiro desde 2004, quando foi iniciada a pesquisa. Naquele ano 69 empresas nacionais foram compradas por multinacionais. Em 2005, mais 89; no ano seguinte, 115; em 2007, aumentou para 143; em 2008, mais 110; em 2009, mais 91; em 2010, pulou para 175; em 2011, saltou para 208. Ou seja, de 2004 até o terceiro trimestre de 2012 o número de empresas desnacionalizadas atingiu 1.247.
De acordo com a KPMG, “os estrangeiros foram maioria na ponta compradora, e compensaram com sobras a queda do número de transações domésticas neste ano”.
“Nossa interpretação é a de que continua com força o interesse de aquisições pelas empresas estrangeiras no mercado local, o que tem mantido aquecido o segmento de Fusões e Aquisições no Brasil, apesar da crise internacional”, afirmou Luis Motta, sócio-líder na área de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil.
Na comparação dos três primeiros trimestres (janeiro a setembro), a cada ano, a trajetória também é de crescimento galopante, com uma ligeira queda observada em 2008 e 2009, principalmente, já com os Estados Unidos em plena crise, voltando a disparar em 2010, quando uma montanha de dólares já percorria o mundo, após as superemissões (“quantitative easing”) de dólares pelo FED, isto é, com a guerra cambial deflagrada pelos EUA.
Conforme a pesquisa, alguns setores nos quais as multinacionais adquiriram o controle de empresas nacionais no terceiro trimestre deste ano (entre parênteses o número de empresas desnacionalizadas): tecnologia da informação (33), serviços para empresas (20), empresas de internet (19), publicidade e editoras (10), alimentos, bebidas e fumo (10), mineração (9), óleo e gás (8), educação (7), shopping centers (7) e imobiliário (7). E assim ocorreu em outros segmentos – como supermercado e açúcar e álcool -, em um total de 35.
Nessa marcha batida – que já inclui até cachaça e churrascaria -, não vai sobrar nem carrinho de pipoca em mãos nacionais. E o pior é que a equipe econômica não só cruza os braços e fica olhando a banda passar, como aposta todas as suas fichas no ingresso de investimentos diretos estrangeiros (IDE) – capital para compra de empresas nacionais – para cobrir o rombo nas contas externas. Ou seja, mais desnacionalização, que implica em mais remessas para o exterior.
Resumo da ópera: quanto maior a desnacionalização, mais se transfere para o exterior as decisões sobre os rumos da nossa economia. O que implica em abrir mão de qualquer projeto de desenvolvimento nacional. 

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