buscado no História da Guerra do Contestado
Academia Catarinense de Letras
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina
Evento: “O Contestado na Literatura e na Historiografia”
Florianópolis: 18/08, 25/08, 01/09, 08/09 de 2005
Mesa-redonda de 25 de agosto de 2005
Tema: Historiografia da Guerra do Contestado:
HISTORIOGRAFIA DA GUERRA DO CONTESTADO
Nilson Thomé,
da Universidade do Contestado – UnC, Campus de Caçador
Introdução
Convidados que fomos pelos organizadores deste evento para abordar a “Historiografia da Guerra do Contestado”, aqui, enfocaremos especificamente esta temática, não adentrando em questões de “constructos” de História, envolvendo conceitos, fontes, teorias, técnicas ou métodos. Também não nos referiremos ao contexto maior da mais ampla “História do Contestado” (regional), assim, limitando-se ao episódio do conflito social, localizado no espaço (Meio-Oeste catarinense) e no tempo (1913-1916), sem esquecer os principais fatos antecedentes e subseqüentes.
Neste sentido, de ante-mão, esclarecemos que esta temática já foi anteriormente por nós estudada, vindo a compor um capítulo de um livro que publicamos em 2004 e que, agora, complementamos com mais e novas informações, atualizando os segmentos.
Conceituação de Historiografia
A Historiografia é a História da História, ou seja, uma denominação própria que as demais ciências humanas não têm e que, por não ter, usam, por exemplo, História da Educação, História da Filosofia, História da Matemática, etc. Isso aplica-se também à Literatura, onde temos a História da Literatura e não uma “literaturagrafia”...
Precisamos ficar sempre atentos à polissemia dos termos: História, Conhecimento Histórico e Historiografia, que se confundem aos menos avisados. Não devemos confundir Estudos históricos e estudos historiográficos. Historiografia, propriamente dita, prende-se à arte de escrever História. É estudo histórico e crítico acerca da História ou dos Historiadores. As tendências da Historiografia refletem as limitações e inquietações da própria História contemporânea.
O conhecimento histórico não produz o objeto, mas dá-lhe uma certa representação dentro de regras, métodos e leis teóricas assumidas pelo historiador, que é o agente produtor do conhecimento, dentro da própria realidade. O conhecimento é o registro inteligente que o historiador procura fazer para compreender aquela realidade. A Historiografia é justamente o conhecimento crítico dessa representação e do processo que a determinou.
A Historiografia reflete a História. Segundo Lapa, “não pode haver uma Historiografia rica se o conhecimento histórico – do processo de memorização à elaboração científica – é pobre”. A Historiografia é a análise crítica do conhecimento histórico e historiográfico. Ao seu domínio pertence o processo de recriação, interpretação, representação e resultados do processo de produção do conhecimento histórico.
Para Lapa, a historiografia não deve ser mera enumeração de autores e obras, numa desambiciosa descrição do que se escreveu em História. Antes, ela “deve captar em profundidade o conteúdo das obras, da palavra, das idéias e da própria ação dos historiadores ao longo de sua vida, com todas as suas implicações, procurando interpretar o seu significado”. O Autor defende a idéia de que a historiografia precisa ser crítica, tendo assim, uma dimensão epistemológica. Historiografia pode ser a Filosofia do Conhecimento Histórico, a Crítica do Conhecimento Histórico ou a Epistemologia do Conhecimento Histórico. É estudo das obras em que se substancia esse conhecimento histórico.
Conceituação de Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado foi o evento bélico mais importante da História de Santa Catarina, envolvendo a população sertaneja de um lado e forças militares nacionais e estaduais do outro .
O evento, que aconteceu em terras administradas por Santa Catarina e leste do Rio do Peixe, é definido por estudiosos como “insurreição xucra” ou “guerra civil”; para religiosos, ocorreu uma “rebelião de fanáticos”; para sociólogos, houve um “conflito social”; para antropólogos, foi um “movimento messiânico”; para políticos, uma tentativa de desestabilização das oligarquias; para administradores públicos, aconteceu uma “questão de limites”; para militares, tratou-se de uma “campanha militar”; para socialistas, aconteceu uma “luta pela terra”. Entretanto, para historiadores regionais da atualidade, a Guerra do Contestado foi tudo isso simultaneamente.
A formatação histórica do Contestado é ímpar. Não há uma motivação única, com início, meio e fim, para caracterizar o fato. Nesta proposição, transcorridos 90 anos, o evento é entendido como a insurreição do sertanejo catarinense, provocada pelo avanço do capitalismo na região, influenciada pela construção da ferrovia, pela ação danosa da madeireira Lumber Company, pela questão de limites entre Paraná e Santa Catarina, pelo jogo de interesses entre fazendeiros e políticos, pelo misticismo que havia entre os caboclos, pela estratificação social e sistemas de vida da época, pela posse da terra, pelo messianismo e pela índole guerreira dos sertanejos. Como evento complexo, tem-se que este conflito eclodiu coincidentemente em tempo e espaço, na junção de motivações sociais, econômicas, políticas, religiosas e culturais, não podendo mais ser analisado e discutido sob um único prisma ou tomado isoladamente por apenas um destes fatores .
Historiografia da Guerra do Contestado
A maior parte da bibliografia básica existente e disponível no Brasil sobre o tema Contestado não é constituída por trabalhos científicos em História, ou seja, produzida por historiadores profissionais, aqui entendidos como os diplomados bacharéis e especialistas no ramo dentro das academias, mas, sim, por múltiplos escritos de teólogos, médicos, sociólogos, políticos, folcloristas, advogados, jornalistas, religiosos, filósofos, militares, poetas, psicólogos, engenheiros e romancistas, cada um na sua especialidade, que, com ou sem formação acadêmica ou experiência em métodos científicos, excursionaram pelos caminhos das histórias para elaborar narrativas históricas, a maioria até com relativo êxito. Graças a estes, muitas importantes informações foram salvas. Então, temos no Brasil, valiosos estudos sobre a temática do Contestado, com visões de cientistas-historiadores, de cientistas sociais especialistas nas suas respectivas áreas e, de leigos em História e em qualquer outra ciência .
Poucas pessoas da nossa região têm-se dedicado a “trabalhar” esta rica temática de forma permanente. Na área científica, as publicações ainda são escassas e, na maioria, são produções de pós-graduandos de universidades de outras partes do País. Assim, distantes da nossa realidade, pesquisam apenas uma vez e sob um só enfoque, dando conta das exigências acadêmicas para obterem seus títulos de mestres ou de doutores e, depois, esquecem o assunto. O pior disso é que suas obras, em uma ou duas vias, encadernadas, na maioria das vezes não editadas em livros, destinam-se às estantes das bibliotecas universitárias de origem e, ali permanecem, estáticas, apenas para consultas, unicamente servindo de fontes para outros pesquisadores.
Desde 1974 quando decidimos construir uma História para o Contestado e, dentro dela, uma História para a Guerra do Contestado, não estávamos sozinhos. Nossos estudos não eram e não são os únicos existentes. Há inúmeros trabalhos de outros autores, parte deles em disponibilidade, que usamos, tanto como fontes para nossas pesquisas, como material para manuseio pelos alunos na Universidade, ou para atender pessoas que demonstram querer conhecer o assunto. Assim, sempre que abordamos “Contestado”, indicamos a bibliografia complementar, referente a cada tema específico, aquela de mais fácil acesso, para que, livremente, cada um disponha das informações que deseja, se pretender aprofundar-se mais nos estudos históricos.
Preferimos mencionar “bibliografia” e não “historiografia”. Aqui, apresentamos um levantamento da biblio+grafia do Contestado, que é área mais ampla do que a história+grafia, por enfocar livros que contemplam o tema não apenas pelo lado da História.
Nas publicações de Maria Izaura Pereira de Queiroz (1957), de Maurício Vinhas de Queiroz (1966) e de Duglas Teixeira Monteiro (1974), estão as primeiras tentativas de apresentação das referências bibliográficas (impressas) disponíveis no mercado brasileiro sobre a Guerra do Contestado, até a época da realização destas pesquisas. A nossa primeira grande experiência em elaborar uma ampla listagem das obras publicadas no Brasil sobre a Guerra do Contestado constou na relação bibliográfica que preparamos em 1977, para o Projeto de Pesquisa “Contribuição do Estudo da Campanha do Contestado”, através da FEARPE e do Museu do Contestado.
A segunda relação de relativo porte, por nós apresentada, constou na “Bibliografia” do livro/álbum “Contestado”, publicado pela Editora Index e Fundação Roberto Marinho, do Rio de Janeiro, e pela Fundação Catarinense de Cultura, de Florianópolis, elaborado entre 1985 e 1986, mas impresso em 1987. Nossa terceira listagem surgiu em 1986, junto ao ensaio “A Insurreição Xucra do Contestado - com sugestões bibliográficas para o estudo da Campanha da Contestado”, separata da produção de sua autoria que foi inserido no livro/álbum Contestado, da Ed. Index, só que, com o texto significativamente ampliado.
Finalmente, em 1992, surgiram as “Indicações Bibliográficas”, sugeridas no livro “Sangue, Suor e Lágrimas no Chão Contestado”, de nossa autoria, do Instituto Histórico e Cultural da Região do Contestado – INCON. Esta listagem foi adotada, ainda em 1992, nos ementário da disciplina “História do Contestado”, incluída nas grades curriculares de todos os cursos de nível superior da UnC.
O escritor catarinense, Enéas Athanázio, publicou sua lista, em “O Contestado: um roteiro para leituras”, no site da Internet “Santa Catarina. História, Gente e Literatura”, da União Brasileira de Escritores, Regional de Santa Catarina, em 2002. A par das obras e autores, teceu comentários sobre cada uma delas.
Disponível: [www: //planeta.terra.com.br/arte/prosapoesiaecia/ubesc2002/schistoriagentelit.html].
Em 2002, tomamos a liberdade de inserir na “Revista Virtual Contestado e Educação”, edição nº 1, publicação na Internet do Programa de Mestrado em Educação da UnC, o artigo “Fontes para a Nova História do Contestado. Levantamento Preliminar da Bibliografia da Guerra do Contestado”.
Uma lista bibliográfica resumida também consta na página “História: Bibliografia sobre a Guerra do Contestado”, no site do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria da Educação do Estado do Paraná, disponível em [http://www.pr.gov.br/def/historia/bibliog.html].
Bibliografia da Guerra do Contestado
Nas nossas menções, citamos, por exemplo, as obras escritas e publicadas por militares-de-carreira que participaram da Guerra do Contestado, como: o documento A Pacificação do Contestado: Relatório ao Clube Militar (1916), do General Setembrino de Carvalho; as anotações de Antonio Alves Cerqueira em A Jornada de Taquarussú (1919); o escrito de Ezequiel Antunes, em O Contestado entre Paraná e Santa Catharina (1918); as narrativas Campanha do Contestado (1916), de Demerval Peixoto, e A Campanha do Contestado (1917), de Herculano Teixeira d’Assumpção; os livros Apontamentos para a História: O Contestado (1920) e Guerra em Sertões Brasileiros (1931) e, artigos na Revista de Engenharia Militar, de José Octaviano Pinto Soares; e Contestado (1987), de Alcebíades Miranda, todos oficiais do Exército Brasileiro, sem o mínimo conhecimento ou domínio sobre a ciência da História, mas, com trabalhos que servem como fontes importantes, principalmente para a compreensão do pensamento militar.
Fazendo justiça e reverenciando todos aqueles que produziram livros – de História ou não e cada um a seu modo – sobre a temática do “Contestado”, sendo assim considerados também "construtores" da História do Contestado, inclusive os cronistas militares, antes citados, destacamos também Aujor Ávila da Luz, que produziu Os Fanáticos - Crimes e Aberrações da Religiosidade dos Nossos Caboclos (1952), obra reeditada em 2001, e Oswaldo Rodrigues Cabral (João Maria - Interpretação da Campanha do Contestado (1960), obra reeditada sob o nome A Campanha do Contestado (1979), ambos que eram médicos. Já Beneval de Oliveira, que escreveu Planaltos de Frio e Lama - Os Fanáticos do Contestado - O Meio, o Homem, a Guerra (1985) e Marli Auras, em Guerra do Contestado: a Organização da Irmandade Cabocla (1984), têm formação em Filosofia. O sociólogo Octacílio Schüler Sobrinho publicou Taipas. Origem do Homem do Contestado. O Caboclo (2000). A antropóloga Neusa Maria Sens Bloemer publicou Brava Gente Brasileira - Migrantes italianos e caboclos nos campos de Lages (2000), fruto de tese de doutorado em Antropologia. Gualdino Busato editou em Curitibanos o livro Contestado, da Questão de Limites à Guerra Santa (2001) e Átila José Borges publicou Pelados x Peludos: a Guerra do Contestado, em Curitiba (2004).
Temos Maria Isaura Pereira de Queiroz, autora de vários títulos sobre messianismo e um sobre o Contestado, como La "Guerre Sainte” ao Brésil: Le Mouvement Messianique du "Contestado" (1957), mais Mauricio Vinhas de Queiroz, autor de Messianismo e Conflito Social - A Guerra Sertaneja do Contestado (1966) e Duglas Teixeira Monteiro, autor de Os Errantes do Novo Século (1974) e de Um Confronto entre Canudos, Juazeiro e Contestado (1978), como cientistas sociais, que produziram teses de doutoramento transformadas em obras sob o rigor científico, mas sob a ótica da Sociologia. São sacerdotes da Igreja Católica: Thomás Pieters, que produziu muitos textos avulsos em jornais e revistas sobre o Contestado, entre 1977 e 1990, mais Frei Pedro Sinzig, que foi biógrafo de Frei Rogério Neuhaus (1934), Geraldo José Pauwels, que escreveu Contribuição para o Estudo do Fanatismo no Sertão Sulbrasileiro (1933), Benno Brod S.J., autor de Os Messianismo no Brasil (1974) e Frei Aurélio Stulzer, de A Guerra dos Fanáticos 1912-1916 - A Contribuição dos Franciscanos (1982).
Na Literatura, com fundamentos na História, dispomos dos livros de não-historiadores, mas excelentes romancistas, como: Geração do Deserto (1964), de Guido Wilmar Sassi; Eles não Acreditavam na Morte (1978), de Fredericindo Marés de Souza; Império Caboclo (1994), de Donaldo Schüler; Casa Verde - Guerra do Contestado (1981), de Noel Nascimento; O Jagunço - Um episódio da Guerra do Contestado (1978), de Fernando Osvaldo de Oliveira; O Dragão Vermelho do Contestado (1998) e Chica Pelega. Tragédia Histórica (2000), ambos de A. Sanford de Vasconcellos; Glória até o fim - Espionagem Militar na Guerra do Contestado (1998), de Telmo Fortes; Os Rebeldes Brotam da Terra (1995), de Alcides Ribeiro J. da Silva; O Bruxo do Contestado (1996), de Godofredo de Oliveira Neto e Chica-Pelega do Taquaruçu (2000) de Cirila de Menezes Pradi. Obras interessantes, são: Pequena História dos Fanáticos do Contestado (1955), de Brasil Gerson; O Último Jagunço (1995), de Euclides J. Felipe; Lendas Caboclas do Contestado (1989); Demônios do Planalto (1995), de Aracyldo Marques; Odisséia no Contestado (1988), de Evaldo Trierweiler; e História do Monge João Maria (1985), com lendas atribuídas ao monge, de Augusto Waldrigues. Destacamos, ainda: O Canto do Inhambu, de Rudney Otto Pfützenreuter (1991) e Barabas, de Adolfo Boss Júnior (2005).
Na poesia, encontramos Stella Leonardos, em Romanceiro do Contestado (1996); Wellesley Nascimento, que produziu o poema Cântico dos Cânticos do Contestado (1994), o livro Contestado - A Saga dos Bravos (2001) e, ainda, Brasílica Dardânia. Tróia Brasileira (2005); Travessias pelo Sertão do Contestado, de Heloisa Pereira Hübbe de Miranda; Contestado. Pelados versus Peludos. Uma batalha ainda não vencida (2002), poema de Davi J. F. do Vale Amado; Caraguatá - Poemas (1996), de Raquel Naveira; e Romeu de Andrade Lourenção Júnior, com A Cruzada Sertaneja (2004).
Como depoimento pessoal, há A História dos Fanáticos em Santa Catarina (1986), fonte primária, de Alfredo de Oliveira Lemos, e Dídio Augusto (1994), memórias do autor. Há a Voz de Caboclo (2002), com vários depoimentos de remanescentes, sobreviventes da Guerra do Contestado e de descendentes de Taquaruçu, de Pedro Aleixo Felisbino e Eliano Filisbino. Vida heróica. Frederico Grobe. O Homem que viveu o Contestado (2002), de Ermelina Castro, editado por José Romário Grobe. De Curitibanos, temos a interpretação radical sobre o conflito, em Guerra do Contestado: Verdade Histórica (1995), de Walter Tenório Cavalcanti.
Como trabalhos jornalísticos em livros, encontramos os livros: Guerra Camponesa no Contestado (1979), da coleção Passado & Presente, da Global Editora, de Jean Claude Bernardet; Os Rebeldes do Contestado (1987), Desmoronamento do Mundo Jagunço (1986) e Guerra no Contestado (2000), todos de Paulo Ramos Derengoski; e O Contestado - Sangue no Verde do Sertão (1997), de Ângela Bastos. Há, ainda, O Espírito Catarinense do Homem do Contestado (2001), folhetim de Rosa Maria Tesser. Muito importantes e valiosas são as obras Cronografia do Contestado. Apontamentos históricos da Região do Contestado e do Sul do Paraná (2002) e Dicionário de Regionalismos do Sertão do Contestado (2004), ambos do jornalista e professor Fernando Tokarski, de Canoinhas. Recomendamos a leitura da história-em-quadrinhos A Saga do Contestado – Livro I, de Eleutério Nicolau da Conceição (2003).
O tema "Questão de Limites entre Paraná e Santa Catarina", envolvendo a Guerra do Contestado, tem inúmeros escritos de políticos, advogados, jornalistas e historiadores, na grande maioria publicados em livros, no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Florianópolis. Além de em livros, o tema "Contestado" consta em muitas reportagens, inseridas em jornais e revistas, principalmente de 1970 para cá. Referindo-se a esta questão, mas, vistas no conjunto do conflito do Contestado, destacamos as obras do jornalista Crispim Mira, como: Confraternização Republicana (1918), A Mediação do Presidente da República – Santa Catarina-Paraná (1915) e Terra Catharinense (1920). Sobre a questão, temos, também: Questão de Limites Paraná-Santa Catharina. Actos e Factos (1916), de Alencar Guimarães; Paraná e Santa Catharina. O voto do Ministro Pedro Lessa (1910), de Ermelino de Leão; Exposição Historico-Juridica por parte do Estado de Santa Catharina sobre a questão de limites com o Estado do Paraná (1899) e Acção Ordinaria Originaria nº 6. Autor: o Estado de Santa Catharina. Réo: o Estado do Paraná. Questão de Limites (1900), ambos de Manoel da Silva Mafra;. Argumentos e Subsidios sobre a Questão de Limites entre o Paraná e Santa Catharina (1902) e O Litigio em face do accordam de 6 de julho de 1904 (1904), ambos de Romário Martins; Questão de Limites entre o Paraná e Santa Catharina (1887), de Jacques Ourique; Questão de Limites entre os Estados do Paraná e Santa Catharina. Memoria por parte do Estado do Paraná. Expositiva dos Documentos e Mappas colligidos e classificados em 1905 pelo Conselheiro Carlos Augusto de Carvalho (1906) de Manoel Coelho Rodrigues; A União do Paraná e Santa Catarina. O Estado do Iguassú (1917), de Sylvio Roméro; Algumas considerações político-jurídicas sobre o Contestado (1988), de Aluízio Blasi, foi publicado como separata da Revista Jurisprudência Catarinense, n. 58; Um Cambalacho Político. A verdade sobre o “acordo” de Limites Paraná-Santa Catarina (1987), de Licurgo Costa. Encontramos, ainda, diversos autores de Caçador, e muitos artigos publicados mais recentemente na imprensa estadual por Dante Martorano, Fernando Luiz Tokarski e Eneas Athanazio.
A Guerra do Contestado está inserida, como capítulos, em muitos livros que tratam da história estadual, como em: História de Santa Catarina (1968 e 1970), de Oswaldo Rodrigues Cabral; Santa Catarina: Sua História (1983), de Walter F. Piazza; Retratos de Santa Catarina (1998), de Salomão A. Ribas Júnior; Santa Catarina - História da Gente (1988) de Walter F. Piazza e Laura Machado Hübener; Santa Catarina: 100 Anos de História (1997), de Celestino Sachet e Sérgio Sachet; Catarinensismos (1974), de Theobaldo Costa Jamundá; República e Oligarquias (1997), de Jali Meirinho; Nova História de Santa Catarina (1974), de Silvio Coelho dos Santos; Santa Catarina no Século XX (1999), ensaios de Sílvio Coelho dos Santos, Alcides Abreu, Carlos Humberto Corrêa, Hoyêdo Nunes Lins e Paulo Fernando Lago.
Sínteses da Guerra do Contestado em História Social, produzidas por historiadores com diplomas em História são encontradas em: Os Guerrilheiros do Contestado (1989), da coleção Lutas do Nosso Povo, da Editora do Brasil, de Renato Mocellin; Contestado: A Guerra do Novo Mundo (1983), da coleção Tudo é História, da Brasiliense, de Antonio Pedro Tota; Da Cidade Santa à Corte Celeste - Memórias de Sertanejos e a Guerra do Contestado (1998), fruto da dissertação de Delmir José Valentini; Ecos do Contestado. Rebeldia Sertaneja (2002), produto de dissertação de Mestrado em História Social, de Eloy Tonon; A Guerra do Contestado (1999), de Élio Serpa; Lideranças do Contestado: a formação e a atuação das chefias caboclas, de Paulo Pinheiro Machado (2004); e O Contestado; o sonho do milênio igualitário, de Ivone Cecília d'Ávila Gallo (1991).
Dentro das obras editadas no Paraná, há O Contestado Diante das Carabinas (1920), de Cleto da Silva. Na Estante Paranista, temos: Contestado: Distorções e Controvérsias (1987), de Mario Marcondes de Albuquerque; e O Presidente Carlos Cavalcanti e a Revolta do Contestado (1987), de Fredericindo Marés de Souza. Ainda de Curitiba, a publicação Combate do Irani (1998), de João Alves da Rosa Filho e Campanha do Contestado (1998), do mesmo João Alves da Rosa Filho, da Polícia Militar do Paraná. Já Marilene Weinhardt, produziu Mesmos crimes, outros discursos? algumas narrativas sobre o Contestado (2000), analisando as características de ficcionistas que escreveram sobre o assunto. Há, também, O Contestado (1995), de Eduardo José Afonso. O tema está, também, como capítulo, na História do Paraná (1976), de Ruy Christovam Wachowicz.
Existem inúmeros ensaios, de diferentes autores, publicados nas revistas oficiais do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (de Florianópolis), do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (de Curitiba) e nas revistas científicas Roteiro (da Unoesc-Joaçaba), Cadernos do CEOM (Unoesc-Chapecó), Revista do CPD (da antiga FEARPE, de Caçador), Cadernos de Cultura (1984) da Fundação Catarinense de Cultura, Ágora e Iniciação Científica (UnC) e na Revista Blumenau em Cadernos. O tema foi enfocado com relativo destaque, no passado, pela revista O Cruzeiro e, mais recentemente, por revistas populares, como a Isto É, a Super Interessante, a Nossa História (Paulo Pinheiro Machado, na ed. n. 10, agosto 2004) e a História Viva (Nilson Thomé, na ed. n. 12, outubro 2004).
Em História Local e História Regional, encontramos a Guerra do Contestado focalizada em muitas obras, dentre as quais citamos: O Continente das Lagens (1982), de Licurgo Costa; Concórdia: O Rastro de sua História (1992), de Antenor Geraldo Zanetti Ferreira; Campos Novos - Um pouco de sua História (1994), de Paulo Blasi; Apontamentos Históricos de União da Vitória (1933), de Cleto da Silva; Curitibanos na História do Contestado (1977), de Zélia de Andrade Lemos; Videira nos Caminhos de sua História (1996), de Alzira Scapin; Fraiburgo - Do Machado ao Computador (1994), de Thomas J. Burke; Capinzal - Fronteiras Sócio-Econômicas (1994), de Holga Brancher; Italianos e Ítalo-Brasileiros na Colonização do Oeste Catarinense (1997), de José Carlos Radin; A Questão de Palmas entre Brasil e Argentina e o Início da Colonização do Baixo Vale do Rio do Peixe (1996), de Adelar Heinsfeld; O Oeste Catarinense - Memória de um Pioneiro (1987), de José Waldomiro Silva; Monografia de Porto União, por Hermínio Millis (2002), organizado por José Fagundes e Joaquim Osório Ribas; Marcelino Ramos. A guerra e o pós-guerra do Contestado (2002), de Wilmar Wilfrid Rübenich; História de Rio Negro. Estado do Paraná (1976), de Raul d’Almeida; e História de Herval d’Oeste (2003) de Cylo Sérgio Dariva.
Importantíssimo para projetar a Guerra do Contestado no cenário nacional foi a edição do álbum O Contestado, pelo Governo do Estado de Santa Catarina e Fundação Roberto Marinho em 1987 (reeditado em 1998 pelo Senado Federal e, em 1999 e em 2000, pela Imprensa Oficial de Santa Catarina), ricamente ilustrado, apresentado por Américo Jacobina Lacombe, com os textos: A Questão do Contestado, de Herculano Gomes Mathias; Contestado - Uma Reflexão, de Walter F. Piazza; e A Insurreição Xucra do Contestado, de Nilson Thomé.
No ano 2000, destacou-se a mega-produção O Contestado, de Celestino Sachet e Sérgio Sachet, que contou com a consultoria histórica de Nilson Thomé, para o grupo RBS/TV (Rede Brasil Sul de Televisão, afiliada da Rede Globo), Diário Catarinense, de Florianópolis, e Jornal de Santa Catarina, de Blumenau, iniciada em março de 2000 e concluída em fevereiro de 2001, resultando em 180 capítulos sobre o tema, apresentados em mini-programas de televisão, dezenas de textos que foram distribuídos em 98 páginas de 12 suplementos mensais do jornal, com circulação estadual, depois republicados em um único suplemento. O trabalho resultou na edição de livro de Celestino Sachet e Sérgio Sachet, que levou o nome O Contestado (2001).
Nas universidades brasileiras, já existem algumas novas monografias, dissertações e teses sobre aspectos do Contestado, ao mesmo tempo em que cresce a cada ano o número de graduandos, especialistas, mestrandos e doutorandos que estão pesquisando o tema. Por exemplo: Educação: dominação e liberdade na guerra santa do Contestado (2002), produto da dissertação de Mestrado em Educação, de Maria da Salete Sachweh, de Canoinhas, também já editada em livro. Em 1998, na UFRGS, Márcia Janet Espig dissertou sobre A Presença da Gesta Carolíngia no Movimento do Contestado. Duas outras dissertações enfocam o Contestado: Terras Públicas e Particulares: o impacto do capital estrangeiro sobre a institucionalização da propriedade privada (1983) de Rosângela Cavalazzi da Silva, na UFSC, e, de Walmir da Silva Pereira, A Ferrovia São Paulo-Rio Grande e os Índios Xokleng em Santa Catarina (1995), também na UFSC. Em 1999, como monografia de especialização em Jornalismo na UEPG, Karina Janz Woitowicz apresentou História, Mídia & Memória - A Construção da Guerra do Contestado na Imprensa e no Imaginário Contemporâneo. No ano 2000, encontramos a dissertação Duas Instituições e um Projeto: Igreja, Escola e Nacionalização no Vale do Rio do Peixe em Santa Catarina - 1917-1945, desenvolvido pela caçadorense Ecleides de Fátima Bleichuvel no Programa de Mestrado em História da PUC-RS.
Sabemos estar em andamento a realização de mais algumas pesquisas de cunho científico sobre o tema “Contestado”, nos programas de Pós-Graduação, de Mestrado e Doutorado, em universidades brasileiras, as quais, muito certamente, trarão à luz novas valiosas informações a respeito da Guerra do Contestado. Recentemente, em Florianópolis e em Curitiba, foram publicadas outras obras sobre o “Contestado”, em Literatura e em História, não constantes nesta relação. Deixamos de apresentá-las aqui, por não conhecê-las em tempo hábil que possibilitasse sua inclusão.
Dentre nossas próprias publicações até 1992, além da produção de dezenas de ensaios para revistas e artigos para jornais, destacamos os livros: Trem de Ferro - História da Ferrovia no Contestado (1980 e 1983), Civilizações Primitivas do Contestado (1981), Guerra Civil em Caçador (1984 e 1985), A Aviação Militar no Contestado (1986), A Insurreição Xucra do Contestado (1987) e Sangue, Suor e Lágrimas no Chão Contestado (1992) e, mais dez livretes (todos em 1984): Origens e Etnias dos Desbravadores do Alto Vale do Rio do Peixe, Caçador na Campanha do Contestado, Frei Rogério Neuhaus - O Apóstolo do Contestado, A Revolução Federalista na Região do Contestado, Caboclo Pardo: O Homem do Contestado, Cultura e Tradições do Homem do Contestado, Formação Antropológica do Homem do Oeste Catarinense, O Espírito Guerreiro do Caboclo do Contestado, e Canoinhas na Mira dos Mosquetões. Além destas obras, também publicamos outros livros, voltados mais especificamente à História de Caçador, como: Isto é Caçador - Estudo Histórico e Geográfico do Município (1978) e Família Correa de Mello - Raízes Históricas de Caçador (1982 e 1983).
Paralelamente às nossas atividades na imprensa e no magistério, a partir de 1992, continuamos dedicando-nos à pesquisa, atividade que rendeu mais livros, alguns enfocando Caçador, outros o Contestado e, ainda, outros ligando Caçador e o Contestado, como: História da Imigração Italiana em Caçador (1993), Rio Branco e o Contestado - Questão de Limites Brasil-Argentina (1993), Colégio Aurora - Uma Visão Histórica (1993), Caçador - No Coração do Contestado (1994), O Velho Caçador (1994), Ciclo da Madeira - História da Devastação da Floresta da Araucária e do Desenvolvimento da Indústria da Madeira em Caçador na Região do Contestado no Século XX (1995), São João Maria na História do Contestado (1997), História da Educação Superior em Caçador, em três volumes: Raízes (1998), Afirmação (1998) e Consolidação (1998) e Os Iluminados - Personagens e Manifestações Místicas e Messiânicas do Contestado (1999).
Além destes títulos, disponibilizados ao público, no decorrer da nossa jornada na década de 1990, concluímos outros trabalhos, ainda não publicados, ao mesmo tempo em que iniciamos novas pesquisas. Em fevereiro de 2001, por exemplo, concluímos a pesquisa iniciada em 1999, A Política no Contestado - Contribuição ao Estudo da Formação Política da Região do Contestado em Santa Catarina - da Proclamação da República à Redemocratização de 1946. Esta pesquisa resultou na imediata produção de dois novos livros: Primeira História da Educação Escolar na Região do Contestado - Da instrução das primeiras letras no tempo do Império à conquista do ensino superior nos anos dourados (2002) e A Política no Contestado - Do Curral da Fazenda ao Pátio da Fábrica. Do Coronelismo ao Neocoronelismo - 1881-1970 (2002).
Em 2002, elaboramos o ensaio A (Falta de) Educação Escolar na Região do Contestado, inserido como capítulo do livro “Temas de Pesquisas em Educação” (2003) e, em seguida, produzimos o livro Pioneirismo da Imigração Alemã em Santa Catarina, na Região do Contestado. Revisão da História do Pioneirismo da Imigração Alemã em Santa Catarina pelo Resgate da Memória da Colonização Alemã na Região do Contestado (2004). Também publicamos Uma nova História para o Contestado (2004) e Breve História da Guerra do Contestado (2005).
Depois de quase trinta anos – três décadas! – de pesquisas e publicações, foi em 1999, que constatamos três realidades:
- A primeira, que dezenas de problemas históricos continuavam sem solução, ou seja, que diversos fatos a respeito do Contestado precisavam ser melhor elucidados e, assim, chamavam ao aprofundamento dos estudos sobre eles.
- A segunda, que o conhecimento por nós acumulado era superior ao conhecimento que tínhamos divulgado, ou seja, constatamos que ainda dispúnhamos de uma bagagem guardada, com conteúdos históricos sobre o Contestado, infinitamente superiores em número, gênero, grau e valor, ao que já havíamos divulgado ao longo do tempo.
- A terceira, que continuavam proliferando novos escritos sobre o Contestado, com outros desavisados autores estereotipando erros e inverdades históricas a respeito de determinados fatos, muitos deles que nós já havíamos reavaliado, mas que ainda não estavam publicados, por falta de oportunidade.
Estas três constatações induziram-nos à teimosa manutenção do Projeto Resgate da Memória do Contestado – com ou sem o desejável apoio externo – pela condução dos trabalhos em duas frentes, simultâneas e paralelas. Uma, mais imediata, marcando o início da construção da Nova História do Contestado, através de pequenas publicações, enfocando variados aspectos do Contestado, com o aproveitamento, ainda que parcial, da nossa bagagem acumulada, para disseminar o conhecimento a curto prazo. Outra, mais paciente, pelo aprofundamento de estudos sobre determinados e relevantes temas, eleitos como problemas que exigiam mais tempo e dedicação à pesquisa, assim provocando nosso retorno às fontes primárias, tanto às conhecidas como à busca de outras.
Para suprir, ainda que em parte, a carência de disponibilidade bibliográfica sobre o tema Contestado, entre 1999 e 2002 permitimo-nos elaborar uma multiplicidade de novos textos, dentro de uma coleção que intitulamos "Memória do Contestado". Este conjunto, reunindo 50 ensaios, com diferentes temas e enfoques, destinados à ampliação do conhecimento, à disseminação de novas informações, à provocação de reflexões e à promoção de debates sobre nossa História Regional, veio para atender a missão do nosso Projeto "Resgate da Memória do Contestado". Observando detalhes do passado da região, em nossas pesquisas encontramos acontecimentos suficientes para modificar muitas das versões antes propagadas, novidades que precisam ser apresentadas para que o “novo” seja exposto ao domínio público.
Idealizada para promover a divulgação dos nossos trabalhos científicos, que alicerçam a Nova História do Contestado, a coleção contempla micro-histórias, sínteses históricas e esboços históricos, produzidos em série, compondo partes, que proporcionam uma seqüência lógica na linha de tempo histórico. Se incorporarmos o tempo da nossa vida dedicado aos estudos e às publicações anteriores sobre o tema Contestado, podemos afirmar que a Nova História do Contestado levou trinta anos para ser esboçada, agora apresentando-se em três momentos: 1/3 tratando de temas que têm referências aos principais problemas que geraram acontecimentos considerados causas do conflito; 1/3 abordando especificamente os eventos da Guerra do Contestado; e os restantes 1/3, enfocando fenômenos resultantes de alguns aspectos da continuidade da História, assim chegando ao tempo presente.
A Coleção "Memória do Contestado" também traz de volta alguns textos deste autor, já conhecidos por terem sido inseridos em publicações anteriores, na maioria com suas edições esgotadas, mas, agora, não reproduzidos de forma simplesmente repetitiva, e, sim, aproveitados em partes, corrigidos, desta vez utilizados para novas análises e narrativas, sob outros pontos-de-vista. Qual pessoa não lembra suas realizações no passado e que, se pudesse voltar no tempo, corrigiria alguma coisa, porque esqueceu algo, perdeu algum elemento ou errou em certos procedimentos? Foi o que aproveitamos para fazer a partir de julho de 1999, ao levarmos a efeito o conjunto de pesquisas específicas que resultou, simultaneamente, na revisão dos textos antigos e na produção das dezenas dos novos conteúdos inseridos nesta coleção. Renovar-se constantemente faz parte do nosso raciocínio lógico propulsor colocado a serviço da História, como esta vontade ou desejo do homem de voltar atrás, para rever ou refazer, quando necessário. Aqui, está uma modalidade diferente de se construir História, dinâmica e renovada.
Todo o conteúdo dos nossos escritos reflete única e exclusivamente a visão histórica deste pesquisador sobre o passado e o presente da Região do Contestado. Despidos de quaisquer comprometimentos, sentindo-nos inteiramente à vontade, permitimo-nos ser críticos e assumimos a responsabilidade sobre a exposição da nossa versão, até por que os projetos têm sido idealizados e planejados apenas por nós, desenvolvidos e produzidos sem interferências de quem quer que seja.
José Honório Rodrigues escreveu que a História precisa olhar a floresta e não apenas as árvores, oferecendo uma interpretação generalizadora que ajude os vivos a compreender as raízes do presente. E Thompson diz que “...tive de começar pelo começo e reconstruir a administração da floresta em 1723. (...) Assim, mais uma vez, foi preciso reconstruir o contexto episcopal antes de se poder ver os Negros dentro dele” (p. 16). Este olhar para o todo da floresta e não apenas para as partes que a compõem, expressão tanto de Rodrigues como de Thompson, vem de encontro ao pensamento marxista, que indica a compreensão do singular a partir da apreensão do universal. Busca-se a totalidade e se enfoca a universalidade do tema, disposto no campo maior, para alcançar a particularidade e analisar sua singularidade no campo restrito.
Uma História deve ser total, da sociedade total, sob pena de não ser compreendida e se limitar a uma simples enumeração de fatos, números ou leis. A História, para ser total, deve não apenas enunciar fatos e acontecimentos, mas buscar as relações entre eles, desde as transformações econômicas às manifestações literárias, jurídicas ou mesmo artísticas. A História de um povo constitui um todo indivisível, sob pena de se transformar em mera divagação artística ou literária, sem nenhuma contribuição ao futuro desse povo (BASBAUM, 1957, p. 7).
Referências Bibliográficas
BASBASUM, Leôncio. História Sincera da República. Das Origens até 1889 (Tentativa de Interpretação Marxista). Rio: São José, 1957.
CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (Org.). Domínios da História. Ensaios de Teoria e Metedologia. Rio:Campus, 1997.
HOBSBAWM, Eric. Sobre História. Trad. Cid Knipel Moreira. 5 reimpressão. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
LAPA, José Roberto do Amaral. Historiografia Brasileira Contemporânea; a história em questão. Petrópolis: Vozes, 1981.
RODRIGUES, José Honório. História e Historiadores do Brasil. São Paulo: Fulgor, 1965.
THOMÉ, Nilson. A Valorização dos Caçadores diante dos Senhores. Tributo a Teoria e Método de Edward Thompson. In: “Revista Série-Estudos”, ISSN 1414-5138, do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, de Campo Grande (MS). n. 18, julho-dezembro de 2004.
THOMÉ, Nilson. A História do Contestado pelo viés do Cultural.. In: Anais do II Seminário Regional de História – História, Cultura e Diversidades, realizado na cidade de Palmas (PR), de 15 a 17 de setembro de 2004, promoção do Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná – UNICS, de Palmas. ISSN 1679-3544. Palmas: UNICS, v. 1, n. 2, 2004, p. 114-128.
THOMPSON, Edward Palmer. Senhores e Caçadores. A Origem da Lei Negra. Trad. Denise Bottmann. 2 ed. Col. Oficinas da História. Rio: Paz e Terra, 1997.
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