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O juiz Victor Montiglio ordenou na segunda-feira a prisão de 98 ex-agentes da DINA (Direcção de Inteligência Nacional), o principal aparelho repressivo da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90), incluindo toda a cúpula daquele organismo. As ordens de prisão decorrem da investigação sobre abusos de direitos humanos cometidos durante a chamada Operação Colombo, que resultou no desaparecimento de 119 pessoas, em Julho de 1975.
Documentos indicam que a temida polícia secreta de Pinochet capturou e matou os 119 opositores. A versão da ditadura era que os militantes teriam morrido em batalhas entre facções de esquerda fora do Chile. Investigações posteriores levaram à descoberta da maioria dos corpos, mas pelo menos 42 deles nunca foram encontrados. Apesar disso, o juiz defende que eles sejam considerados vítimas de sequestro. O próprio Pinochet foi acusado por sequestro pelo mesmo caso, antes de morrer, em Dezembro de 2006.
Entre os presos está o ex-general Manuel Contreras, o chefe da DINA, e os brigadeiros Miguel Krassnoff Martchenko e Marcelo Moren Brito, que já estão presos, condenados por outras acusações de violação dos direitos humanos.
O juiz Montiglio mandou prender tanto os que planificaram quanto os que executaram os crimes, incluindo guardas, informantes e até motoristas dos veículos que transportaram os detidos. Os militares ficam à disposição do juiz para novos interrogatórios até que este determine a sua responsabilidade individual.
Montiglio é considerado um dos melhores investigadores de casos de violação de direitos humanos. Ele considera que a DINA tomou a decisão de assassinar os 119 opositores quando estes já estavam presos e eram submetidos a torturas em lugares secretos. A maioria deles eram militantes do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária).
Pinochet morreu sem nunca ter enfrentado um julgamento pelos crimes cometidos durante o seu regime, em que 3 mil pessoas morreram ou desapareceram e 300 mil pessoas fugiram para o exílio.
A Operação Colombo - assim baptizada pelo próprio regime - foi um grande plano de encobrimento das denúncias internacionais contra a ditadura chilena.
As informações, publicadas na imprensa controlada pelos militares, eram que os corpos de 119 militantes tinham aparecido na Argentina e no Brasil depois de confrontos entre os próprios grupos de esquerda.
A notícia apareceu pela primeira vez no único número de uma revista chamada Lea, que circulou na Argentina em 15 de Julho de 1975. Tinha a estrutura de uma reportagem, com o título "La vendetta de la izquierda chilena" (A vingança da esquerda chilena), que relatava o suposto assassinato de 60 militantes do MIR. Informações semelhantes foram publicadas uma única vez no jornal O Dia, do Rio de Janeiro, com uma lista de outros 59 chilenos mortos em supostas lutas internas.
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