buscado no Mauro Santayana
(HD) - Não há melhor negócio no mundo do que a saúde. Não há
maior prova de humanismo do que o exercício honrado da medicina. São duas
visões conflitantes da mesma idéia, a que une a vontade de viver e o medo
permanente da morte.
O negócio da saúde envolve a
indústria do ensino, a atividade médica, as pesquisas biológicas e bioquímicas,
o desenvolvimento técnico e científico, a produção e a venda dos medicamentos,
os hospitais e as empresas de seguro médico, as chamadas operadoras.
Desde o governo militar a
proliferação de universidades privadas no Brasil tem sido grande negócio
político-empresarial. Muitas das licenças para o seu funcionamento foram
concedidas aos políticos ou a parceiros de políticos. Essas licenças são
renovadas, ainda que a qualidade do ensino seja cada vez mais deplorável. Sem laboratórios,
sem lições práticas de anatomia e
patologia, sem professores capacitados, surgiu o sistema em que médicos
incompetentes ensinam alunos despreparados a se tornarem também médicos
incompetentes e novos mestres de médicos ainda mais incompetentes.
Contrastando com esse quadro
desolador temos alguns dos melhores hospitais do mundo, estatais e privados,
que servem de referência internacional.
Mas esses, embora muitos deles reservem leitos para o atendimento
universal, pelo SUS, são de difícil acesso aos pobres.
A classe média se vale dos planos de saúde,
que se têm revelado dos maiores e mais lucrativos negócios do Brasil, cobiçados
pelos consórcios internacionais. A Amil, conforme se noticiou, está sendo
adquirida por capitais norte-americanos. Essas instituições foram, em seu
início, cooperativas de médicos e se transformaram em empresas mercantis
comuns.
No passado tínhamos menos recursos
técnicos, mas os médicos, de modo geral, possuíam melhor formação. A maioria
dos médicos brasileiros, felizmente, é constituída de homens e mulheres
dedicados, com alta qualificação e profundo sentimento humanista. Muitos deles
conseguiram superar as falhas do ensino, empenhando-se no aprimoramento
constante.
As
operadoras dos planos de saúde poderiam deixar de existir, se os recursos que arrecadam
– grande parte deles destinados só a remunerar seus controladores - fossem administrados
diretamente pelo Estado.
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