Gelio Fregapani
O sinal de alerta da
indústria brasileira continua após resultado industrial de
setembro. Mesmo com as medidas de incentivo que o Governo tem adotado
para ajudar o setor, ainda assim a produção caiu e a expectativa é
que a indústria encerre o ano no vermelho. O ato é que a nossa
produção industrial vem caindo apesar dos incentivos. Cresce a
importação e decresce a exportação de manufaturas. A indústria é
o primeiro elo da cadeia. Em pouco tempo o comércio sentirá esse
efeito.
Este não é o único
problema, pior ainda é que raramente identificamos uma indÚstria
realmente nacional, com capital nacional e direção também
nacional, e naturalmente o interesse principal delas é a remessa de
lucros. È isto o que caracteriza as “veias abertas.
Nem sempre as
multinacionais são maléficas. Certamente é melhor ter uma “multi”
instalada no País do que importar. Muitas vezes trazem tecnologia
inexistente, e eventualmente se nacionalizam, mas…
É óbvio que elas
cuidarão primeiro de política de seus países,como a Detroit Diesel
que retirou sua fábrica do Brasil quando a fabricação aqui
prejudicou a venda de blindados americanos para os árabes. E além
dos interesses políticos do estrangeiro, temos a evasão de divisas,
a qual, após certo volume passa a ser uma drenagem insuportável.
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MULTINACIONAIS
Há razões para não
termos uma indústria de automóvel própria? Claro: a pressão das
multinacionais e a corrupção dos nossos maus dirigentes. Nada
justifica, considerando o tamanho do nosso mercado. Ausência de
tecnologia? Não é motivo; quando realmente não a tínhamos,
atraímos a Willys, que se nacionalizou. Foi construída com ações
lançadas aqui. Como não tinha expressão nos EUA e lá não podia
competir, agigantou-se no nosso País e desenvolveu carros realmente
nacionais de sucesso. Foi vendida (para a Ford), somente para ser
destruída. Mais recentemente, Amaral Gurgel também construiu carros
nacionais. Foi derrubado pelos governadores de São Paulo e do Ceará,
certamente a soldo da Ford.
As multis, por
natureza, são monopolistas e facilmente impedem o nascimento de
indústrias locais. A americana Praxair Inc. é a proprietária da
totalidade das ações da líder do mercado brasileiro de gases
medicinais e industriais – empresa que, durante o governo Lula, se
tornou a sócia majoritária da Gemini, uma sociedade constituída
para produzir e comercializar gás natural liquefeito, que não só
monopoliza como algo indica que também corrompe. E os bancos
estrangeiros (os nacionais parecem estar se desnacionalizando) aqui
são os mais lucrativos do mundo, – a Presidente Dilma enfrentará
fortes problemas por diminuir os juros.
Os portos também são
colocados em mãos privadas estrangeiras. Existe até porto no
interior do Amazonas controlado por empresa estrangeira, com entrada
restrita aos brasileiros. O ensino superior privatizado também está
passando para as mãos de estrangeiros. E a quanto à mineração? O
nióbio é vendido para o exterior subfaturado. lesando o cofre do
governo.
Talvez mais grave do
que a desnacionalização noutro ramo industrial seja a
desnacionalização da chamada indústria da defesa. As
multinacionais estão entrando com força no mercado nacional, para
ocupar um setor altamente estratégico. Até o que aparenta ser
nosso, como a CBC tem sua sede no exterior.
É preocupante, além
do aspecto econômico, que o Estado pondere as terríveis
consequencias da admissão desmesurada de empresas alienígenas em
nosso redivivo parque militar-industrial, se quiser manter as
vantagens que tem.
O leitor perguntará: E
o que posso eu fazer? Para começar, pode dar preferência aos
produtos nacionais, se conseguir identificá-los, ao menos em
igualdade de condições. Querendo ir além, leia algo de Alexander
Hamilton e Friedrich Litz. Saberá bem o caminho para nossa
independência.
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