domingo, 3 de abril de 2011

BARACK OBAMA DE OLHO NO NOSSO PRÉ-SAL

Via  PCB


imagemCrédito: Sindipetro-RJ

Emanuel Cancella
Temos que deixar de ser fornecedores de matéria prima para o mundo
O presidente dos Estados Unidos esteve no Brasil recentemente tentando convencer nossa presidenta a vender petróleo para seu país. E não parou por aí. Agora, mesmo dos EUA, envia recados insistentes demonstrado imenso interesse no nosso pré-sal.
Aqui no Brasil também os recados são permanentes. Crianças morrendo por falta de nutrição. O caos na saúde pública, decadência do SUS, e avanço acelerado dos planos de saúde. Crianças e velhos morrem sem atendimento.
Sucessivas catástrofes climáticas. Chuvas destruindo moradias e matando nossa gente. Um déficit habitacional de cerca de dez milhões de moradias no Brasil.
A educação grita nas ruas suas deficiências. No Rio de Janeiro, o piso de uma professora é de R$ 600,00. Não temos escolas técnicas suficientes para formar profissionais para atender à demanda do mercado em nosso país em crescimento. Talvez o recado mais contundente no campo da educação seja a falta da qualidade do ensino.
Das rodovias, principalmente em época de chuva, vem o recado do estado lastimável das pistas. O transporte no país é caótico seja nas capitais e também nas grandes cidades do país. Precisamos mudar radicalmente essa estrutura individualista e poluente. A solução passa pelos trilhos. O governo tem que subsidiar fortemente o transporte coletivo de massas e financiar o passe livre para os estudantes.
Outro recado importante vem do campo: continua em nosso país o êxodo rural, camponeses vão para os grandes centros em busca de oportunidades. O pequeno produtor rural não tem para quem vender suas mercadorias e muitos abandonam suas propriedades e juntos com a família vão para as grandes capitais. O destino dessas famílias, na maioria dos casos, é a favela. Precisamos fazer a reforma agrária.
Outro recado da maior relevância vem dos ambientalistas. Precisamos combater o aquecimento global. Investir maciçamente em energias mais limpas e renováveis. O Brasil pode ser exemplo para o mundo na mudança da matriz energética, investindo pesado na geração de energia eólica, hidráulica, solar e na biomassa. Outro recado que vem das áreas mais pobres de nossa gente: as famílias voltam a cozinhar com lenha, elas não conseguem pagar o preço do botijão de gás.
A presidente Dilma vai ter que decidir entre os apelos do presidente dos Estados Unidos e a necessidade de nosso povo. Os EUA precisam de petróleo, pois seu país só possui reservas para três anos e o que torna mais grave a situação energética dos EUA são os levantes nos países árabes, seus grandes fornecedores de petróleo que acabam prejudicando a exportação. O Brasil já é auto-suficiente na produção de petróleo. Entendemos que o pré-sal tem que ser produzido para financiar nossas necessidades internas que não são poucas.
O petróleo, diferente das outras energias, não se renova e dependendo do ritmo de produção ele se esgota mais rápido ou tem sua vida prolongada. Além dos vários combustíveis, ele é responsável por mais de 3 mil produtos petroquímicos. O Brasil tem que parar de ser fornecedor de matéria prima para o mundo. Dilma está numa encruzilhada e, mesmo com toda a repressão policial, o movimento social brasileiro mandou o seu recado em alto e bom som quando o presidente dos EUA pisou no Rio de Janeiro: Obama, tire as garras do nosso pré-sal! Leilão é privatização!

* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.


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