sexta-feira, 15 de abril de 2011

Via Campesina lança convocatória para o Dia Internacional de Luta Campesina

Via Adital

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Camila Queiroz

17 de abril de 1996.
19 sem-terra brasileiros que ocupavam um latifúndio são chacinados pela polícia na cidade de Eldorado dos Carajás, no estado do Pará. No mesmo dia, estava acontecendo a Segunda Conferência Internacional da Via Campesina, no México. Os companheiros decidiram prontamente que a data passaria a ser o Dia Internacional de Luta Campesina.
Neste ano, o dia de mobilização e resistência tem como palavra de ordem a luta "contra a acumulação e pela recuperação da nossa terra e nossos territórios”. As ações acontecem em todos os continentes.
Em uma convocatória, a Coordenação Latino-Americana de Organizações do Campo – CLOC/Via Campesina declara que o imperialismo está cada vez mais forte no continente, associado ao agronegócio e à mineração a céu aberto.
A produção de agrocombustíveis e transgênicos desgasta a terra, agrava a crise climática e acaba gerando o deslocamento forçado dos camponeses a grandes cidades, onde farão parte dos estatísticas de pobreza.
A invasão de empresas multinacionais saqueia recursos naturais e impõe monoculturas. Sem diversidade, os camponeses não têm como se alimentar. O uso de agrotóxicos envenena a terra e as populações, pontua a Convocatória.
Frente a tantas adversidades, a CLOC reafirma a importância da luta de camponeses, povos originários e afrodescendentes, lembrando que há séculos a América Latina resiste às invasões.
"Há muito tempo somos discriminados, oprimidos, detidos, perseguidos, assassinados e massacrados por lutar por nossos direitos e de todo povo do mundo, mas a cada momento nossa luta se reforça, a cada dia e a cada clamor do povo nós ensinamos revolta, indignação, solidariedade, mudança e luta!”, declaram.
Ações
No Brasil, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organiza, desde a semana passada, a Jornada Nacional de Lutas 2011. As mobilizações ocorrem em 20 estados do país. Os sem-terra estão acampados em latifúndios improdutivos e em órgãos do governo, como as secretarias de desenvolvimento agrário e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
O movimento prepara mais mobilizações para o dia 17 de abril. Segundo a coordenadora nacional do MST, Maria de Jesus, as ações deverão se concentrar na cidade de Eldorados dos Carajás. "Neste dia, nós queremos denunciar os 15 anos de impunidade de Carajás e, com isso, insistir na Reforma Agrária, nossa prioridade”. Em todo o país, 100 mil famílias estão acampadas. Para assentar a todos, Maria de Jesus afirmou que é necessária a quantia de R$ 5 bilhões.
O movimento esteve durante toda a semana na capital Brasília para negociar a Reforma Agrária com o governo. "Até hoje a Dilma não assinou um decreto para desapropriação de terras para a Reforma Agrária. Estamos aqui, falamos com vários ministérios e teremos um retorno no dia dois de maio”, relata.
Manifestações
Os argentinos se manifestarão em caminhadas, seminários, palestras, exibições de filmes, feiras de Soberania Alimentar, dentre outras. Em Córdoba, as organizações sociais se mobilizarão, no dia 18, por terra e moradia, contra as desocupações camponesas que violam os direitos humanos.
Na Costa Rica, a Rede de Mulheres Rurais organiza, em San José, o encontro Até aonde vai o sul. A ideia é fazer denúncias de violações aos direitos das comunidades e defender os recursos fundamentais para os camponeses.
13 províncias da República Dominicana se mobilizarão por meio das Organizações da Articulação Nacional Campesina. Elas exigem mais investimentos no campo, assim como a aprovação do anteprojeto de lei da Reforma Agrária, entregue ao congresso nacional em 2008.
Na Colômbia, a comunidade camponesa de Las Pavas comunidade, departamento de Bolívar, promoverá, no dia 17, uma marcha de solidariedade e apoio à própria comunidade, vítima da violência do agronegócio.
O Coletivo de Comunicação da CLOC produzirá, até o dia 21de abril, o programa de rádio Voz Campesina, que pode ser acessado no link:

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