por Rogério Pacheco Jordão
Transcrevo abaixo uma conversa que tive, recentemente e por e-mail, com o pesquisador americano Marcus Eriksen, um dos organizadores da expedição que mapeará, pela primeira vez, a partir de agosto, a situação do lixo plástico existente no Oceano Atlântico Sul entre o Brasil e a África. O projeto será levado a cabo pela Algalita, uma fundação baseada na Califórnia (EUA) e que há anos tenta dimensionar o tamanho do problema nos mares. No Oceano Pacífico Norte (onde são feitas coletas sistemáticas na faixa entre a costa oeste americana e o Havaí) a questão tem se agravado – os cientistas chegaram a recolher peixes que continham restos plásticos em seus organismos. Esta, evidentemente, não é uma informação das mais palatáveis: além de ser um detrito em si, o plástico, ao decompor-se em micro-partículas, acaba absorvendo outros poluentes. E como estarão as coisas aqui por nossas plagas? Acompanhe a conversa com o pesquisador:
Como será a expedição pelo Atlântico Sul?
Eriksen: Em agosto deveremos sair do Rio de Janeiro rumo às ilhas Ascenção (no meio do Atlântico), retornando para a cidade do Recife. Na seqüência, partiremos novamente do Rio rumo à Cidade do Cabo (África do Sul), pela via da corrente marítima sub-tropical do Atlântico Sul. O principal objetivo é pesquisar a quantidade bem como o tipo de lixo plástico existente nesta parte do Oceano. Nós também coletaremos amostras de peixes para saber se há ingestão de plástico e a presença de poluentes em seus tecidos e órgãos.
Mas por que pesquisar as correntes marítimas e não outras zonas, como as costeiras, por exemplo?
Eriksen: As correntes marítimas, como as cinco sub-tropicais existentes no mundo, e que são as maiores, são zonas naturais de acúmulo de restos plásticos. De uma maneira ou de outra, já pesquisamos três das correntes sub-tropicais. Nos faltam agora as do Atlântico Sul e a do Pacífico Sul. No passado, os restos que encontrávamos nestas correntes eram troncos de árvores e cascas de coco. Agora não é mais assim: entre 60% e 80% do que nossos pesquisadores encontram é plástico.
Eriksen: Em agosto deveremos sair do Rio de Janeiro rumo às ilhas Ascenção (no meio do Atlântico), retornando para a cidade do Recife. Na seqüência, partiremos novamente do Rio rumo à Cidade do Cabo (África do Sul), pela via da corrente marítima sub-tropical do Atlântico Sul. O principal objetivo é pesquisar a quantidade bem como o tipo de lixo plástico existente nesta parte do Oceano. Nós também coletaremos amostras de peixes para saber se há ingestão de plástico e a presença de poluentes em seus tecidos e órgãos.
Mas por que pesquisar as correntes marítimas e não outras zonas, como as costeiras, por exemplo?
Eriksen: As correntes marítimas, como as cinco sub-tropicais existentes no mundo, e que são as maiores, são zonas naturais de acúmulo de restos plásticos. De uma maneira ou de outra, já pesquisamos três das correntes sub-tropicais. Nos faltam agora as do Atlântico Sul e a do Pacífico Sul. No passado, os restos que encontrávamos nestas correntes eram troncos de árvores e cascas de coco. Agora não é mais assim: entre 60% e 80% do que nossos pesquisadores encontram é plástico.
E de onde vem o lixo plástico que flutua nos Oceanos, afinal?
Eriksen : A principal fonte de lixo plástico nos mares são os restos gerados pela indústria de pesca, como boias, linhas e redes. Mas há também os produtos plásticos descartados como lixo nos diversos países. Acredito que a solução do problema passa necessariamente pelas indústrias. Se você fabrica um produto, é preciso que ele seja totalmente, ou quase totalmente, reciclável, ou que seja feito de componentes 100% biodegradáveis. E o plástico, definitivamente não se encaixa neste perfil. A prática de se descartar o plástico deve ser abolida.
A Fundação Algalita pesquisa há 10 anos a situação do lixo plástico na corrente sub-tropical do Pacífico Norte. Há algum balanço desta experiência?
Eriksen: Nós podemos dizer com segurança que a presença de restos plásticos nesta parte do Oceano tem aumentado. No caso, o plástico provem de países como o Japão, China, Estados Unidos, México e Canadá. É importante pesquisar o resto plástico, já que outros poluentes são absorvidos por este no mar, como PCBs (policlorobifenilos, um poluente orgânico), DDT (pesticida), PAHs (hidrocarboneto) e outros derivados de combustíveis fósseis.
Eriksen : A principal fonte de lixo plástico nos mares são os restos gerados pela indústria de pesca, como boias, linhas e redes. Mas há também os produtos plásticos descartados como lixo nos diversos países. Acredito que a solução do problema passa necessariamente pelas indústrias. Se você fabrica um produto, é preciso que ele seja totalmente, ou quase totalmente, reciclável, ou que seja feito de componentes 100% biodegradáveis. E o plástico, definitivamente não se encaixa neste perfil. A prática de se descartar o plástico deve ser abolida.
A Fundação Algalita pesquisa há 10 anos a situação do lixo plástico na corrente sub-tropical do Pacífico Norte. Há algum balanço desta experiência?
Eriksen: Nós podemos dizer com segurança que a presença de restos plásticos nesta parte do Oceano tem aumentado. No caso, o plástico provem de países como o Japão, China, Estados Unidos, México e Canadá. É importante pesquisar o resto plástico, já que outros poluentes são absorvidos por este no mar, como PCBs (policlorobifenilos, um poluente orgânico), DDT (pesticida), PAHs (hidrocarboneto) e outros derivados de combustíveis fósseis.
Em pesquisas no Pacífico, vocês coletaram amostras de peixes que continham plástico em seus organismos. Quais as conseqüências disso?
Eriksen: As nossas pesquisas mostram que os peixes têm ingerido partículas de plástico quando eles sobem à superfície para caçar alimentos. E quando o plástico boia no mar, ele absorve, naturalmente, outros tipos de poluentes. Não sabemos ainda se o peixe, ao ingerir o plástico, também acaba absorvendo estes outros poluentes – que por sua vez, pela lógica da cadeia alimentar, estariam sendo consumidos por seres humanos no final da linha. É neste ponto em que concentram-se, agora, os nossos estudos.
Eriksen: As nossas pesquisas mostram que os peixes têm ingerido partículas de plástico quando eles sobem à superfície para caçar alimentos. E quando o plástico boia no mar, ele absorve, naturalmente, outros tipos de poluentes. Não sabemos ainda se o peixe, ao ingerir o plástico, também acaba absorvendo estes outros poluentes – que por sua vez, pela lógica da cadeia alimentar, estariam sendo consumidos por seres humanos no final da linha. É neste ponto em que concentram-se, agora, os nossos estudos.
Rogério Pacheco Jordão é jornalista e mantém o blog Entrementes
PS – Para quem quer saber mais sobre como é o dia-a-dia no barco em uma expedição de coleta de plástico no mar, sugiro este blog, com fotos e filmes: http://5gyres.org/whats_happening_now/blog/
Copiado do blog Escrevinhador
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