domingo, 1 de abril de 2012

A espada de Bolívar e o crédito

Buscado no Diário Liberdade


Laerte Braga

Aviões super tucanos fabricados pela EMBRAER são utilizados pela Força Aérea Colombiana para bombardear áreas controladas pela guerrilha naquele país. É a primeira vez que se tem notícia de uma intervenção direta do Brasil no conflito. Os sucessivos governos brasileiros vinham mantendo eqüidistância da guerra civil na Colômbia, até porque, ao contrário dos EUA, o Brasil não vê nem as FARCs-EP (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas-Exército Popular) ou o ELN (Exército de Libertação Nacional) como movimentos “terroristas”, mas segue a classificação das Nações Unidas, de “forças insurgentes”.

O ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva disse em recente encontro internacional que a “A América Latina não necessita da espada de Bolívar, mas de crédito”. É bem mais que um retrocesso, é uma capitulação. O governo Dilma Rousseff através de sua política externa conduzida pelo chanceler Tony Patriot deixou de ser protagonista da política mundial, para transformar-se em coadjuvante dos Estados Unidos. O caráter neoliberal ostensivo do governo Dilma, a transformação do PT numa espécie de PSDB do B, só fazem confirmar esse viés tecnocrata da presidente.
Se num primeiro momento o Brasil passou ao largo da crise que afeta a Europa Ocidental e os EUA, com poucos ferimentos e todos superficiais, o leme conduzido por Dilma leva o barco da condição de “potência emergente” a “potência de ocasião”. Uma espécie de entreposto onde os cavalos e diligências da Wells Fargo são trocados para que cumpram suas missões, hoje, com forte presença sionista no País.
Um acordo de livre-comércio firmado entre o Brasil, ao tempo de Lula e o governo de Israel, abriu as portas do País para uma ação efetiva e intervencionista, que controla setores estratégicos da economia brasileira, para grupos sionistas. Estendem-se aos “negócios” e a uma descarada intervenção política no País a partir de projetos desenvolvidos na economia com parceiros brasileiros (Eike Batista, por exemplo, proprietário do antigo estado do Rio de Janeiro, hoje estado Eike Batista), políticos, no controle da indústria bélica, a presença de agentes da MOSSAD – serviço secreto de Israel – e, pior, na cessão do SIVAM – Serviço de Monitoramento da Amazônia – a forças militares da Colômbia – principal colônia norte-americana/sionista na América do Sul –, dos EUA e last but not last, do Brasil.
A declaração de Lula é uma punhalada nas costas do processo de integração latino-americana e ao mesmo tempo a política externa de Dilma, tanto quanto sua política econômica apontam para um abismo que cedo ou tarde nos levará de volta ao tempo das diligências, exportadores de matérias primas.
Tudo isso são concessões ao projeto norte-americano chamado de Grande Colômbia, que inclui o Brasil e todo o conjunto de riquezas da Região Amazônica, principalmente. A água que é farta naquela região é uma das grandes cobiças desse projeto, as chamadas terras ricas, todo um processo de ocupação.  O próprio governo Dilma propõe e aceita uma agência internacional de controle das águas que, entre outros objetivos visa a privatização. Breve políticas de entrega do ar que respiramos e venda em tubos made in USA, ou made in Israel. Detemos perto de 20% da água potável do mundo, enquanto a Europa, por exemplo, tem 7%. Duas empresas francesas atuam no setor e querem o mercado brasileiro.
Esperar que a mídia brasileira traga essas questões de suma importância para um debate, é bobagem.
As denúncias de corrupção, por exemplo, feitas por um programa de tevê da principal rede do País, a GLOBO, têm claros objetivos. Mostrar uma desgastada rede (que levou recursos das verbas destinadas a obras com o objetivo de evitar catástrofes naturais) como íntegra – não foi nem sua gênese e não é em sua essência –, apontar empresas que eventualmente possam estar prejudicando associados da rede, e com isso recobrar audiência que se esvai anualmente.
Nada por exemplo sobre as grandes e megas corrupções de QUEIROZ GALVÃO, NOBERTO ODEBRECHT, ANDRADE GUTIERREZ, ARACRUZ, VALE, CST, aliados de primeira hora. Esses passam ao largo da hipocrisia da rede. Pegam sardinhas e deixam tubarões.
Empresas privatizadas como a VALE e a EMBRAER (governo FHC) são uma cunha sem dimensões que possam ser mensuradas na sua totalidade no processo de transformação do Brasil em vagão da locomotiva do imperialismo norte-americano/sionista.
São maiores que o Estado brasileiro, detêm o controle acionário desse Estado. A maioria do Congresso, dos governos estaduais e prefeituras, na modalidade financiamento de campanhas eleitorais.
O que as denúncias mostram é que privatizações e terceirizações são portas abertas para a corrupção e o controle do País por grupos econômicos, o momento em que o Estado abdica de sua soberania.
No início do governo Lula o presidente Hugo Chávez da Venezuela manifestou intenção de comprar 200 aviões super tucanos da EMBRAER para a Força Aérea de seu país e a operação não se concretizou a partir de um veto do governo do então presidente Bush. São parceiros da EMBRAER e donos da tecnologia. O que era uma perspectiva real para o País transformou-se num braço do capitalismo/imperialismo internacional.
Os bombardeios contra áreas da chamada selva colombiana são indiscriminados e atingem áreas civis. Na Colômbia existem “oficialmente” nove ml presos políticos e segundo organizações nacionais e internacionais de direitos humanos, vinte e dois mil presos políticos.
Não imagino que tipo de crédito o ex-presidente Lula imagina que a América Latina necessita e como possa ser dispensada a espada de Simon Bolívar. É um Lula completamente diverso do eleito em 2002. Hoje, um dos principais consultores de grandes empresas nacionais e internacionais no Brasil é o ex-chefe da Casa Civil de Lula, inclusive de Eike Batista, o ex-deputado e principal acionista do PT, José Dirceu. Uma espécie de facilitador dos “negócios”.
A Colômbia vive um drama que a mídia brasileira não noticia, esconde deliberadamente. Centenas de milhares de colombianos já perderam a vida em políticas de assassinatos seletivos de lideranças oposicionistas, supostos guerrilheiros em área urbana e rural (o governo paga por cabeça de guerrilheiro assassinado e não exige provas), grupos paramilitares ligados ao tráfico e com incentivo do próprio governo ocupam terras de camponeses em todo o país para a produção de cocaína. A Fundação Aznar, do ex-primeiro ministro espanhol e de extrema direta é uma das pontas de lança do imperialismo norte-americano/sionista no país. Agentes de Israel agem de maneira livre e com cobertura do governo e agora, aviões fabricados no Brasil são utilizados para bombardear a chamada selva colombiana, matando indiscriminadamente civis e combatentes das forças de insurgência.
A Marcha pela Paz programada por várias instituições com vistas a exigir um acordo político entre as forças beligerantes e a garantia de democracia plena, já é objeto de ameaças do governo Manuel Santos, pois é o governo que não tem interesse na paz, já que o grande beneficiário do “negócio das drogas”.
Toda essa situação de barbárie interessa aos grupos que controlam o País e que agora, com a concordância do governo brasileira, deitam ramas sobre a Região Amazônica em nosso País.
Lula não tem a menor idéia da importância da espada de Bolívar, pois é um dos que deixou de lado seus princípios e abriu as pernas, como o governo de sua sucessora, ao “crédito” dominador do capitalismo/imperialista.
A afirmação do ex-presidente deve ter provocado farta cervejada na Casa Branca. O Brasil está retomando seu passado de vagão da locomotiva imperialista.

Laerte Braga é jornalista.

Republicado também no Gilson Sampaio

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