domingo, 10 de junho de 2012

Propaganda: agências usam técnicas de persuasão e sedução para enganar crianças

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O Brasil está atrasado quando o assunto é a implementação  de políticas de regulação no campo da publicidade infantil, diz a professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, que coordena o grupo de pesquisa da relação infância, adolescência e mídia da instituição.
Doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Inês disse, em notícia publicada pela Agência Brasil, que “é preciso haver maior reflexão e mobilização da sociedade brasileira para exigir leis que protejam crianças e adolescentes dos “efeitos nocivos” que o marketing direcionado a eles tem”.
Ela explicou que as propagandas direcionadas ao público infantil geralmente se utilizam de técnicas de persuasão e sedução que as crianças ainda não são capazes de compreender, neste sentido, elas estariam sendo enganadas à medida que são expostas a uma mensagem cujos mecanismos próprios de construção lhes escapam.
Inês dá exemplo de países que proibiram ou, ao menos, regulamentaram a publicidade infantil e diz que o Brasil deveria fazer o mesmo. A professora cita a Alemanha em que toda publicidade é dirigida aos pais e onde não há peças publicitárias nos horários infantis. Em países como a Suécia, a propaganda infantil é totalmente proibida.
São países democráticos, como lembra a notícia, mas que entendem que uma criança de até 8 anos não compreende o que são técnicas de convencimento, por exemplo, e recebem o conteúdo publicitário sem qualquer tipo de filtro. Vale dizer que assim como no projeto de regular a mídia, ao regular a publicidade infantil ou mesmo proibi-la não há qualquer espécie de censura à liberdade de expressão.
O que existe no caso da regulação da mídia é a garantia de qualidade e diversidade da programação e, no caso da propaganda infantil, o mínimo de respeito necessário à infância. Em um mundo inegavelmente consumista onde as vozes da publicidade são das mais poderosas e até sufocantes é no mínimo uma atitude de bom senso deixar que as crianças decidam por conta própria o que querem ter e ser!
Brasil está atrasado na implantação de políticas de regulação da publicidade infantil, diz especialista
 
Por Thais Leitão

Rio de Janeiro – O Brasil está muito atrasado em relação a outros países quando o assunto é implementação de políticas de regulação no campo da publicidade infantil. A avaliação é da professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, que coordena o grupo de pesquisa da relação infância, adolescência e mídia da instituição.
A especialista, que também é doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que é preciso haver maior reflexão e mobilização da sociedade brasileira para exigir leis que protejam crianças e adolescentes dos “efeitos nocivos” que o marketing direcionado a eles tem. “As propagandas voltadas para crianças são em geral abusivas porque utilizam estratégias de persuasão que elas não são capazes de identificar, então estão sendo enganadas”, disse.
Inês Vitorino acredita que o Brasil deve seguir o exemplo de países que adotaram modelos que proíbem a publicidade infantil ou regulamentam a atividade de forma específica. “Na Alemanha, por exemplo, toda a publicidade é dirigida aos pais e nos horários infantis não há qualquer publicidade. Na província do Québec, no Canadá, e na Suécia, a publicidade infantil é inteiramente proibida. São países de tradição democrática, mas optaram por esse caminho com base no princípio norteador que a criança até 7 ou 8 anos não tem sequer a clareza do conteúdo persuasivo. Ela assiste à publicidade e não tem compreensão de que ali há uma oferta de venda”, explicou.
A especialista ressaltou, ainda, que por meio da publicidade são apresentados conceitos e valores, como níveis de competitividade e desqualificação de pessoas pela falta de posse de determinados produtos, com os quais a criança não está preparada para lidar. “Sem maturidade para lidar com esse tipo de situação, a criança sofre problemas de autoestima e conflitos familiares, porque ela passa a pedir aos pais coisas que muitos deles não têm condições de comprar”, ressaltou.
A professora da UFC citou ainda outra situação considerada por ela um problema familiar, que é a influência de crianças e adolescentes nas compras da casa. De acordo com ela, dados colhidos por um instituto de pesquisa brasileiro, em 2007, constataram que, no Brasil, 45% de crianças e adolescentes entre 8 e 14 anos opinam sobre a compra de carros pela família, 60% influem sobre a aquisição de celulares e 61% sobre a de computadores. Em consequência, a consultoria concluiu que 80% das marcas devem incluir o público formado por crianças e adolescentes nas suas estratégias de marketing. 

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