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O Brasil está atrasado
quando o assunto é a implementação de políticas
de regulação no campo da publicidade infantil, diz a
professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, que coordena o
grupo de pesquisa da relação infância, adolescência e mídia da
instituição.
Doutora em ciências
sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Inês
disse, em notícia publicada pela Agência Brasil, que “é
preciso haver maior reflexão e mobilização da sociedade brasileira
para exigir leis que protejam crianças e adolescentes dos “efeitos
nocivos” que o marketing direcionado a eles tem”.
Ela explicou que as
propagandas direcionadas ao público infantil geralmente se utilizam
de técnicas de persuasão e sedução que as crianças ainda não
são capazes de compreender, neste sentido, elas estariam sendo
enganadas à medida que são expostas a uma mensagem cujos mecanismos
próprios de construção lhes escapam.
Inês dá exemplo de
países que proibiram ou, ao menos, regulamentaram a publicidade
infantil e diz que o Brasil deveria fazer o mesmo. A professora cita
a Alemanha em que toda publicidade é dirigida aos pais e
onde não há peças publicitárias nos horários infantis. Em países
como a Suécia, a propaganda infantil é totalmente proibida.
São países
democráticos, como lembra a notícia, mas que entendem que uma
criança de até 8 anos não compreende o que são técnicas de
convencimento, por exemplo, e recebem o conteúdo publicitário sem
qualquer tipo de filtro. Vale dizer que assim como no projeto de
regular a mídia, ao regular a publicidade infantil ou mesmo
proibi-la não há qualquer espécie de censura à liberdade de
expressão.
O que existe no caso da
regulação da mídia é a garantia de qualidade e diversidade da
programação e, no caso da propaganda infantil, o mínimo de
respeito necessário à infância. Em um mundo inegavelmente
consumista onde as vozes da publicidade são das mais poderosas e até
sufocantes é no mínimo uma atitude de bom senso deixar que as
crianças decidam por conta própria o que querem ter e ser!
Brasil está atrasado
na implantação de políticas de regulação da publicidade
infantil, diz especialista
Por Thais Leitão
Rio de Janeiro – O
Brasil está muito atrasado em relação a outros países quando o
assunto é implementação de políticas de regulação no campo da
publicidade infantil. A avaliação é da professora do Programa de
Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará
(UFC), Inês Vitorino, que coordena o grupo de pesquisa da relação
infância, adolescência e mídia da instituição.
A especialista, que
também é doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), acredita que é preciso haver maior reflexão e
mobilização da sociedade brasileira para exigir leis que protejam
crianças e adolescentes dos “efeitos nocivos” que o marketing
direcionado a eles tem. “As propagandas voltadas para crianças são
em geral abusivas porque utilizam estratégias de persuasão que elas
não são capazes de identificar, então estão sendo enganadas”,
disse.
Inês Vitorino acredita
que o Brasil deve seguir o exemplo de países que adotaram modelos
que proíbem a publicidade infantil ou regulamentam a atividade de
forma específica. “Na Alemanha, por exemplo, toda a publicidade é
dirigida aos pais e nos horários infantis não há qualquer
publicidade. Na província do Québec, no Canadá, e na Suécia, a
publicidade infantil é inteiramente proibida. São países de
tradição democrática, mas optaram por esse caminho com base no
princípio norteador que a criança até 7 ou 8 anos não tem sequer
a clareza do conteúdo persuasivo. Ela assiste à publicidade e não
tem compreensão de que ali há uma oferta de venda”, explicou.
A especialista
ressaltou, ainda, que por meio da publicidade são apresentados
conceitos e valores, como níveis de competitividade e
desqualificação de pessoas pela falta de posse de determinados
produtos, com os quais a criança não está preparada para lidar.
“Sem maturidade para lidar com esse tipo de situação, a criança
sofre problemas de autoestima e conflitos familiares, porque ela
passa a pedir aos pais coisas que muitos deles não têm condições
de comprar”, ressaltou.
A professora da UFC
citou ainda outra situação considerada por ela um problema
familiar, que é a influência de crianças e adolescentes nas
compras da casa. De acordo com ela, dados colhidos por um instituto
de pesquisa brasileiro, em 2007, constataram que, no Brasil, 45% de
crianças e adolescentes entre 8 e 14 anos opinam sobre a compra de
carros pela família, 60% influem sobre a aquisição de celulares e
61% sobre a de computadores. Em consequência, a consultoria concluiu
que 80% das marcas devem incluir o público formado por crianças e
adolescentes nas suas estratégias de marketing.
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