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por Laerte Braga
Militares
e militares. Trecho do depoimento do marechal Henrique Dufles Batista
Teixeira Lott após ter posto fim às manobras de golpistas para
impedir a posse de JK, em 11 de novembro de 1955. A Lott foi
oferecido o governo e a recusa foi imediata. Eis o trecho final de um
dos grandes militares de nossa História. "Comuniquei-me com os
presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados e do Supremo
Tribunal Federal, pondo-os a par do que ocorria. Ao mesmo tempo
enviei um emissário ao Cardeal Jaime Câmara, para que Sua Eminência
ficasse ao corrente dos fatos. Dentre em pouco chegavam ao Ministério
da Guerra os presidente das Casas Legislativas. Fiz-lhes uma
exposição franca. Estávamos com a situação consolidada já não
havia dúvidas. Pedi-lhe então que promovessem a substituição
estritamente legal , estritamente de acordo com a Constituição, do
presidente Carlos Luz, pois não queríamos assumir o poder civil.
Não era esse nosso objetivo e era preciso respeitá-lo, fazendo o
País retornar. dentro do mínimo prazo possível, ao leito da
normalidade constitucional e democrática. De meu entendimento com as
autoridades civis, surgiu então a solução de promover, por meio do
Congresso, o impedimento do Dr. Luz para continuar a testa do
Executivo e indicar como seu substituto legal o senador Nereu Ramos ,
o que feito pela manhã e horas seguintes do dia 11. ESTAVA
PLENAMENTE VITORIOSO O MOVIMENTO DO RETORNO AOS QUADROS
CONSTITUCIONAIS VIGENTES. A LEGALIDADE TINHA SIDO RESGUARDADA, COM O
SACRIFÍCIO DE ALGUMAS HORAS DRAMÁTICAS, DE PROFUNDA EXPECTATIVA.
FELIZMENTE, PODEMOS TUDO CONCLUIR SEM QUE HOUVESSE DERRAMENTO DE
SANGUE. FOI UMA VITÓRIA DO NOSSO ESPÍRITO DEMOCRÁTICO". Lott
abortou um golpe contra a posse de JK, em 11 de novembro de 1955. Em
1960 candidatou-se a presidente e foi derrotado pelo louco Jânio
Quadros. Em 1965 teve sua candidatura ao governo da antiga Guanabara
bloqueada pelo marechal Castelo Branco (anão perto de Lott). A
ditadura temia que, vitorioso, o velho marechal se constituísse num
baluarte contra o golpe de 1964 e derrotasse os golpistas pondo a um
período sombrio de nossa história. O marechal, um homem de profunda
vocação democrática, teve negado o direito de honras militares
quando faleceu. Decisão do ministro de Figueiredo Valter Pires,
outro anão perto dele. Lott, ao contrário de gente como Brilhante
Ustra, ou o pusilânime Leônidas Gonçalves Pires, tem seu nome na
História com as honras que lhe negaram em vida. A coragem, a vocação
democrática, a honra, tudo que falta aos torturadores.
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