buscado Diário Centro Do Mundo
por Paulo
Nogueira
E então dou com um livro na biblioteca digital do
British Museum http://www.bl.uk/ que
me chama, imediatamente, a atenção.
O nome é Businness and Pleasure in Brazil,
Negócios e Diversão no Brasil. O autor, o inglês U.R. Burke,
compilou as cartas que escreveu para a mulher ao longo de uma
temporada no Brasil, em 1882. A maior parte do tempo de Burke no
Brasil foi passada na capital Rio de Janeiro, e ele misturou negócios
com turismo.
É um retrato fascinante, ainda que pouco
lisonjeiro, de um país às vésperas de grandes transformações.
Pouco tempo depois da passagem de Burke pelo Brasil, ainda na década
de 1880, a escravidão seria abolida e a república declarada.
Eram tempos de Machado de Assis, cuja dificuldade
em sobreviver como escritor pode ser avaliada numa carta em que Burke
lamenta a falta absurda de livrarias no Rio. E de quase tudo, aliás.
Ele disse à mulher que simplesmente não tinha como gastar dinheiro.
O Rio, em matéria de atrações para um viajante se divertir, era
uma nulidade, segundo Burke.
Burke conta que viu menos negros no Rio do que
imaginava. Mas algumas coisas relativas à escravidão ficaram
marcadas nele. Numa carta, ele reproduz um anúncio do Diário de
Notícias em que é comunicada a fuga de um escravo “de 25 ou 26
anos” de boa saúde. Quem desse pistas seria recompensado.
Mas a cena que mais o impressionou, neste campo,
foi a de um mendigo cego que tinha um escravo que o guiava pelas ruas
estreitas e caóticas do Rio. Não havia consulados e muito menos
embaixadas então na capital brasileira. Os diplomatas ficavam em
hotéis. Eram precários, segundo Burke. Ele ficou no melhor deles, e
afirmou que era inacreditavelmente ruim.
Os funcionários públicos — colocados em
sinecuras por políticos interessados em seus votos — podiam fazer
coisas incríveis. Burke narra o caso de um amigo inglês que tinha
um encontro marcado com um deles. O funcionário enviou um
representante à reunião, junto com uma carta em que dizia o
seguinte: “Estou bêbado. Mando por isso uma pessoa em meu lugar.
Atenciosamente, X.”
A melhor recordação de Burke foi o Visconde de
Barbacena, que ele conheceu pessoalmente. Barbacena, então com 80
anos, tinha sido diplomata em Londres, e era casado com uma inglesa.
Numa conversa, Barbacena contou a Burke que esteve presente à
coroação do rei inglês Jorge IV, e que viu muitos convidados
surrupiarem garfos, facas e colheres para guardar como lembranças da
festa real.
Também Petrópolis o impressionou positivamente
por ser limpa e organizada, ao contrário do Rio. Ele atribuiu isso
ao fato de Petrópolis ter sido fundada por imigrantes alemães.
Alguns hábitos dos brasileiros incomodavam Burke:
cuspir abertamente nas ruas. (Num livro sobre sua primeira viagem aos
Estados Unidos, Dickens assinalou a mesma coisa: achou repulsivas as
cusparadas americanas.) Sequer as mulheres o comoveram. “As
brasileiras não são bonitas”, escreveu ele.
Nas cartas de Burke você vê não apenas o Brasil
do final do século XIX – mas também o espírito inglês. Ele
afirma que o Brasil estaria numa situação muito melhor se tivesse
sido colonizado pela Inglaterra, e não Portugal.
Bem, eis uma afirmação que o tempo coloca sob
intensa suspeição.
Da Índia à Jamaica, da Nigéria ao Afeganistão,
não são tão inspiradoras assim as contribuições do império
britânico às terras colonizadas.
PUXADINHO
Outra bela visão
O Rio De Janeiro Imperial 3 Pelas
Lentes
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Um comentário:
http://www.blogdadilma.blog.br/tecnologia/115-redes-sociais/1429-twitaco-marca-1-ano-do-assassinato-do-blogueiro-edinaldofilgueira.html
Nesta sexta-feira, 15, diversas atividades marcam um ano do assassinato do 3º blogueiro e ativista social em todo o mundo (antes de #EdinaldoFilgueira foram mortos por seu ativismo o iraniano Omid Reza Mir Sayafi e o Bahraini Zakariya Rashid Hassan al-Ashiri).
A Deputada Federal Fátima Bezerra (PT-RN) apresentará projeto de lei idealizado no III Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, haverá passeata e missa em sua cidade Natal, além de um twitaço com a hashtag #EdinaldoFilgueira. Edinaldo Filgueira foi um lutador social, filho de agricultores que nem sobrenome possuíam. Foi militante no movimento estudantil, cultural, adquiriu formação superior, jornalista, blogueiro, presidente do PT em sua cidade, e é um mártir na luta pela democratização das comunicações.
“Mas existe nesta terra
muito homem de valor
que é bravo sem matar gente
mas não teme o matador
que gosta de sua gente
e que luta a seu favor
como #EdinaldoFilgueira*
feito de ferro e flor”
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