Via PCB
buscado no Gilson Sampaio
Crédito: 3.bp.blogspot
(Nota Política do PCB)
A
Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
vem a público saudar a Articulação Nacional pela Memória Verdade e
Justiça - uma entidade que congrega organizações políticas, movimentos
sociais, sindicatos, coletivos de juventude, grupos artísticos e
familiares de mortos e desaparecidos - e manifestar seu apoio ao
trabalho que vem sendo desenvolvido no sentido de construir um grande
movimento de massas para que se apurem os crimes da ditadura, se
estabeleçam as ligações entre os grupos empresariais, funcionários
públicos e a máquina da tortura no Brasil e crie condições para que se
possa punir os torturadores e assassinos de toda uma geração de jovens,
trabalhadores, camponeses, sindicalistas e militantes sociais e
políticos que lutaram contra a ditadura no Brasil.
A
CPN avalia como positiva a instalação da Comissão da Verdade pelo
governo. Lembramos, todavia, que foi preciso uma condenação do Brasil
por parte da OEA para que o governo pudesse tomar essa medida, que
protelava para não melindrar as Forças Armadas e os setores
conservadores de sua base de sustentação. Mas alertamos que esta
comissão tem uma composição heterogênea e não possui sequer
representantes dos familiares dos mortos e desaparecidos. É um sinal de
que a Comissão foi composta para uma conciliação nacional, ou seja,
“virar esta página da história” e o Brasil seguir em frente na direção
de se transformar numa potência capitalista.
Por
isso, é necessária a organização de um grande movimento social,
envolvendo organizações sindicais, estudantis e de bairro, manifestações
de rua em todo o País, para que o resultado dos trabalhos não se
transforme numa conciliação com os algozes de nosso povo. O PCB, como
uma das organizações que mais brutalmente foi reprimida pela ditadura -
basta dizer que um terço de seu Comitê Central foi assassinado na
tortura e desaparecido - se compromete a levar esta luta até o fim, em
homenagem não apenas aos nossos mortos e torturados, mas também a todos
que sofreram e tombaram na luta contra a ditadura.
A
CPN também avalia que este não é o momento de privilegiar o debate das
divergências sobre as formas de lutas das organizações de esquerda
durante a ditadura, até mesmo porque a ditadura prendeu, torturou e
assassinou camaradas de todas as organizações. Este é o momento de
reverenciar todos os que lutaram contra o regime militar, especialmente
aqueles que rubricaram com sangue a luta contra a ditadura. São todos
eles nossos heróis, desde os que se alçaram em armas nas cidades, os
guerrilheiros de Caparaó e do Araguaia, até aqueles que desenvolveram
silenciosamente um paciente trabalho de organização dos trabalhadores
nas fábricas e nos sindicatos, aqueles que organizaram a população nos
bairros, os jovens nas organizações estudantis, os intelectuais e o
mundo da cultura em geral. Continuaremos a sua luta e não daremos trégua
aos inimigos do nosso povo.
As recentes
informações de um agente da ditadura de que os corpos de vários
companheiros foram incinerados em um forno de uma usina de açúcar em
Campos chocaram a opinião pública e mostraram a bestialidade com que os
facínoras da ditadura agiam contra os prisioneiros políticos. Entre os
corpos incinerados estariam os de quatro camaradas do PCB: Davi
Capistrano, João Massena, Luiz Maranhão e José Roman.
Associamo-nos
à correta iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) no sentido de que esta fazenda de Campos seja desapropriada para
fins de reforma agrária e que sua sede sejatransformada em um memorial
da tortura e da brutalidade da ditadura. Ali se encontra o verdadeiro
cemitério de nossos heróis, independente da organização a que
pertenciam.
Para reforçar esta luta, achamos
fundamental que a Articulação Nacional pela Memória Verdade e Justiça
organize um expressivo e unitário ATO NACIONAL na fazenda onde foram
incinerados os nossos camaradas, com ocupação de suas terras, para
honrarmos a trajetória de lutas desses nossos heróis.
A
Comissão Política Nacional do PCB manifesta sua solidariedade a todos
os familiares dos presos, mortos e desaparecidos e às entidades que se
constituíram para denunciar os crimes da ditadura e reafirma que esta
luta não foi em vão e que todo trabalho de denúncia, investigação, de
acúmulo e documentação realizado nestes anos será não só um precioso
aporte para a memória dos nossos heróis mortos e desaparecidos, mas
também um importante testemunho para as novas gerações.
Não silenciaremos enquanto toda a verdade não for apurada!
Não silenciaremos enquanto a justiça não for feita!
São Paulo, 13 de maio de 2012
(Comissão Política Nacional do PCB)
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