buscado no Gilson Sampaio
- Via Diário Liberdade
- Laerte Braga
O
aumento constante e expressivo da presença militar dos Estados Unidos
em países da América do Sul coloca em risco a segurança e a
independência desses países e significa uma real ameaça de futuros
conflitos numa região que os norte-americanos consideram como quintal.
Existem
indícios claros que se organiza um golpe contra o presidente Hugo
Chávez na Venezuela, que por extensão, numa teoria que os EUA gostam
desde os tempos de Kissinger e é chamada de efeito dominó, e se
estenderia a Bolívia, ao Equador e a Argentina. Países onde os governos
são considerados hostis.
Essa presença militar é
ostensiva no Peru, no Chile, na província do Chaco na Argentina e total
na Colômbia. Não exclui a ação política de agentes dos EUA, de Israel,
da União Europeia – a Grã Bretanha movimentou submarinos nucleares e
equipados com mísseis também nucleares para as ilhas Malvinas – e
políticos ou grupos de direita e extrema direita, caso, entre outros, do
ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso e do escritor
peruano Vargas Llosa.
Os presidentes da Colômbia
e Chile, Sebastian Piñera e Manuel Santos são alinhados incondicionais
dos EUA e na prática não passam de "governadores" de províncias.
O
controle da mídia de mercado, que se acentuou com a entrada de capital
internacional em países como o Brasil, por exemplo, faz com que a
percepção dessas políticas seja a menor possível e assim não desperte
reações populares capazes de colocar em risco os dois pontos mais
importantes da atual política dos EUA para a América do Sul. O Plano
Grande Colômbia que inclui a região Amazônica inclusive a parte
brasileira e o controle da Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e
Uruguai).
No caso específico do Brasil o governo
Dilma Rousseff dá sinais de ter abandonado a política de integração
latino-americana e procura jogar as regras do jogo internacional, o
mundo globalizado segundo a ótica e os interesses do capitalismo.
A
Amazônia brasileira desde o governo FHC através do antigo projeto SIVAM
– Sistema de Vigilância da Amazônia – é controlada pelos
norte-americanos. As imensas reservas de nióbio, outro exemplo, mineral
estratégico e de fundamental importância para armas nucleares, estão em
mãos de ingleses e mais de dois terços da produção e contrabandeada para
países como a Grã Bretanha, os EUA, Bélgica e outros.
O
controle da água e das imensas reservas de petróleo de países como o
Brasil e a Venezuela é vital para os projetos norte-americanos. O não
ter conseguido implementar políticas diretas para a instalação de bases
militares no Brasil não significa que os EUA tenha deixado o país de
lado, ou desconsiderado sua importância. A política externa brasileira
de morde e sopra fez com que os norte-americanos passassem a considerar
esse controle a partir da Colômbia, do SIVAM, do acorde de livre
comércio firmado no governo Lula com Israel, que abriu as portas para a
presença de empresas sionistas em setores estratégicos da economia e
políticas de "colaboração" com o governo federal e governos estaduais na
área de segurança pública.
E pela primeira vez,
desde o fim do governo João Figueiredo, o último general da ditadura,
um chefe militar – mesmo que na reserva – fala abertamente, em
entrevista ao jornal ESTADO DE SÃO PAULO, em "poder moderador".
A
constituição de 1988, por pressão dos militares, confere às forças
armadas esse poder em caso de "graves" distúrbios políticos, econômicos
ou sociais. O general Leônidas da Silva (ex-comandante do aparato
repressivo no estado do Rio de Janeiro), ministro do Exército no governo
Sarney, reagindo à Comissão da Verdade, que investiga os crimes da
ditadura, foi claro ao afirmar que é necessária a "convocação do poder
moderador".
Não importa que as circunstâncias
sejam diversas, a conjuntura seja outra, mas claro está que a democracia
em países da América do Sul é um ciclo consentido e sua efetiva
transformação em realidade vai depender da reação de forças populares.
É
uma luta que, em todos os países sul americanos, não vai ser travada
dentro do mundo institucional limitado por essa espécie de camisa de
força imposta por regimes totalitários – poder moderador –. A
cumplicidade dos governos que se seguiram à ditadura no Brasil permitiu
aos responsáveis pela repressão acumular forças para reagir agora à
Comissão da Verdade. É um aspecto positivo do governo Dilma, ainda que
não se saiba até que ponto a presidente terá forças para enfrentar a
reação dos quartéis. A maioria dos militares brasileiros da ativa é leal
a Washington e tem se deixado envolver pelos porões podres, mas ainda
vivos, da ditadura militar.
Há uma ilusão nos
países da América do Sul em relação aos governos dos EUA. Costuma-se
acreditar que presidentes republicanos são diferentes de presidentes
democratas na prática colonialista, o que é um equívoco. O que varia é a
forma de agir. Republicanos chegam com areia e democratas com vaselina.
A
derrubada de Chávez é quase uma obsessão em Washington e para isso a
cumplicidade da direita venezuelana não vai se limitar a ações
políticas. Se necessário for provocam um conflito social com o objetivo
de cindir as forças armadas e criar condições para a intervenção
internacional naquela conversa fiada de "ajuda humanitária" e "direitos
humanos".
A doença do presidente abre espaços
para especulações deliberadas na mídia de mercado, nas ações
diplomáticas, no buscar criar confusão na opinião pública e no tentar
impedir a permanência de Chaves, até agora imbatível nas urnas, fato que
deverá se confirmar nas eleições de outubro deste ano.
Se
o controle da América Central, a exceção de Cuba e Nicarágua se dá
através de uma ostensiva presença militar, como se viu no golpe que
derrubou Manoel Zelaya em Honduras, centro de uma escola militar de
golpes dos EUA, o da América do Norte por governos dóceis no México e no
Canadá (que os norte-americanos consideram um "México melhorado"), o da
América do Sul começa a se tornar visível a olho nu na presença
política, diplomática e militar e de governos controlados por
Washington, no cerco a países considerados hostis.
Não
é diferente do que fazem na África e a África, ou no Oriente Médio (por
exemplo apoiar a junta militar egípcia, o governo da Jordânia e
destruir Síria e Líbia), na Ásia no cerco militar (bases) da China, na
dubiedade das políticas da Rússia de Putin, já que detêm o controle da
União Europeia, a América do Sul, nessa visão totalitária dos EUA, não
pode ser a exceção.
Tem que estar sob o tacão nazi/sionista de ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO S/A.
A reação não está no mundo institucional, mas nas forças populares. É o desafio.
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