buscado no MST
Por: Virginia Toledo
Da Rede Brasil Atual
Com a negativa da bancada do agronegócio na Câmara em votar a PEC
438/2001, mais conhecida como PEC do Trabalho Escravo, o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamenta o fato de os parlamentares
envolvidos desviarem o foco da punição ao trabalho degradante para
questões envolvendo as propriedades rurais e a reforma agrária.
"A aprovação da PEC não é um oportunismo para querer discutir reforma
agrária, nós queremos discutir trabalho decente. O agronegócio
brasileiro é uma combinação extremamente estúpida, representando, de um
lado, o avanço das tecnologias adotadas no campo, e de outro, o uso do
trabalho escravo", ressaltou João Paulo Rodrigues, da coordenação
nacional do MST.
O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) defendeu que
a proposição da PEC tem o intuito de se expropriar a terra e "livrar o
governo da demanda da reforma agrária". Colatto considera que as
desapropriações vão suprir o que deveria ser de responsabilidade do
governo – o assentamento de famílias sem-terra.
Com dois
adiamentos seguidos, a votação da PEC foi remarcada para o próximo dia
22, resultado de um acordo polêmico entre a bancada ruralista e o
presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS). Os ruralistas mantiveram
propositadamente baixo o quórum para que o governo corresse o risco de
ser derrotado após oito anos da proposta "engavetada". Para João Paulo,
a bancada do agronegócio fará de tudo para que a PEC não seja votada
"porque os deputados não querem se constranger, nem votando contra nem a
favor", disse.
"Eles não vão deixar que a votação aconteça.
Porque qualquer que seja o resultado da votação vai ser ruim para eles.
Se votarem a favor, a PEC será aprovada. E se votarem contra, a opinião
pública vai toda contra eles", ponderou o dirigente do MST.
Força ruralista
Para
o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), o governo federal, ao não investir
na questão do Código Florestal e não enfrentar a bancada ruralista no
relatório inicial, deixou que os deputados criassem asas. "Estão se
sentindo fortes, uma bancada suprapartidária, acima da discussão de
governo e oposição, e muito acima da quantidade de deputados de qualquer
bancada."
Ivan refere-se à derrota do governo na votação do
projeto que modifica o Código Florestal. Na ocasião, o relatório de
autoria do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), mesmo sendo alvo de crítica do
governo, foi aprovado com ampla maioria pelos parlamentares,
representando um desconforto para o Palácio do Planalto, que defendia a
aprovação do relatório escrito e aprovado pelo senadores no ano passado.
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