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O documentário A
Doutrina do Choque é o tema do artigo elaborado coletivamente
pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Globalização
Transnacional e da Cultura do Capitalismo (NIEG) que publicamos a
seguir.
Eis o artigo.
Neste artigo, seguimos com a filmografia utilizada pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Globalização Transnacional e da Cultura do Capitalismo (NIEG), considerando a linguagem audiovisual como um veículo de síntese, capaz de expor as bases do pensamento e ação do neoliberalismo em sua forma vulgar. O filme aqui abordado é “A doutrina do choque”, um documentário feito em 2009, baseado no livro da autora e jornalista canadense Naomi Klein, reconhecida mundialmente por seu livro No Logo (a respeito das marcas e da terceirização selvagem do fast fashion dentre outros produtos semi-descartáveis).
Neste artigo, seguimos com a filmografia utilizada pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Globalização Transnacional e da Cultura do Capitalismo (NIEG), considerando a linguagem audiovisual como um veículo de síntese, capaz de expor as bases do pensamento e ação do neoliberalismo em sua forma vulgar. O filme aqui abordado é “A doutrina do choque”, um documentário feito em 2009, baseado no livro da autora e jornalista canadense Naomi Klein, reconhecida mundialmente por seu livro No Logo (a respeito das marcas e da terceirização selvagem do fast fashion dentre outros produtos semi-descartáveis).
O filme mostra a
imposição de regimes econômicos neoliberais através do choque
coletivo, realizando analogias difíceis de serem assistidas. No
início do documentário a escritora faz uma analise do conceito por
ela utilizado. Segundo Klein “o estado de choque não é apenas o
que acontece conosco quando acontece algo ruim, e sim o que acontece
quando perdemos a nossa narrativa, quando perdemos nossa história,
quando ficamos desorientados. O que nos mantêm orientados, fora de
choque, é a nossa história”.
Nos anos ‘50, estudos
promovidos pela CIA, em convênio com instituições
psiquiátricas canadenses (forma ao Canadá pois realizar os mesmos
testes nos EUA seria ilegal) mostraram que a terapia do choque
diminuía a capacidade de raciocino, fazendo com que as pessoas
regredissem, ficando impossibilitadas de tomar qualquer atitude. Esta
forma científica de tortura foi usada durante guerras (a exemplo das
guerras não convencionais do Império contra a América Latina),
crises e desastres naturais, operando como demonstração de
crueldade sistêmica, amansando resistências de modo a preparar os
povos a tolerarem o avanço dos mecanismos para privatizar e
desregulamentar bens públicos.
A obra demonstra de
forma cabal como as idéias têm conseqüências, sendo o mentor do
neoliberalismo, o economista Milton Friedman, o principal responsável
pelas “torturas” em escala societária. Este intelectual,
formador na Escola de Chicago, é o principal alvo de críticas da
escritora Naomi Klein. Não sem razão.
Um dos exemplos dados
no documentário é o Chile. O país foi laboratório do
neoliberalismo, experiência “bem sucedida”, executando o sistema
previdenciário com uma calculadora financeira, operada por ex-alunos
de Friedman (daí o apelido de Chicago Boys) e assassinando, matando,
desaparecendo, violando, violentando, saqueando e torturando com a
outra pata, diretamente comandada pelo general Augusto Pinochet.
Outros exemplos dados
no filme, posteriores ao caso do Chile, são a Argentina (na Era
Menem, sendo que o desmonte começa quando José Alfredo Martínez de
Hoz foi ministro de Economia da ditadura); incluindo-se no rol
de exemplos do “choque”, ao governo anti regulador do republicano
Ronald Reagan EUA (1981-1988) e da conservadora Margaret Thatcher na
Inglaterra (1979-1990).
Esta doutrina (tortura
mental, bombardeio midiático, rolo compressor ideológico) econômica
produz desemprego, pobreza, aumenta o abismo social, pois concentra o
capital nas mãos de corporações e enfraquece o poder estatal. Um
dos artifícios da doutrina nefasta é mudar o foco quando as pessoas
estão muito concentradas em algumas emergências, com preocupações
em defender seus bens. Um cidadão em aflitos fica de olhos vendados
e acaba diminuindo seu ponto de vista, apavorando-se da perda do
mínimo, termina por entregar tudo (tal como a parábola dos nazistas
entrando em Varsóvia, Polônia). Por isso usa-se dos desastres da
natureza e de terrorismo psicológico sobre a população. Nestas
horas, aproveita-se para “ajudar”, oferecendo convênios,
empréstimos (como o do RS junto ao Banco Mundial) e o que parece um
“auxílio” torna-se caminho de mão única rumo ao despenhadeiro
societário, reforçando as teses de “não há alternativa” e de
“pensamento único” pró-mercado. A regra é sempre a
mesma, e funciona. Escondem-se as relações causais, oculta-se as
premissas de pensamento aplicando equações e modelos matemáticos
como tradução de teoremas das ciências sociais e passa a ser
“saber técnico” quando na verdade trata-se de disputa por
recursos coletivos.
A
Doutrina do Choque é documentário essencial para compreender o
quanto o neoliberalismo afeta a esfera econômica. O mesmo
procedimento faz desta doutrina o principal argumento para legitimar
a farsa com nome de crise, enfraquecendo as possibilidades do
estabelecimento de uma política voltada para o bem da sociedade.
Nota:
Como participar: as
pessoas interessadas em participar do Núcleo Interdisciplinar de
Estudos da Globalização Transnacional e da Cultura do Capitalismo
(NIEG) podem nos encontrar todas as 5as, a partir das 18 horas, na
sala do Grupo de Pesquisa Cepos (ao qual o Núcleo pertence), 3ª
318, 3º andar do centro 3 (prédio A), ciências da comunicação,
Unisinos.
O telefone de contato é
o geral da Unisinos (51 3591 1122) no ramal 1320, pedindo para falar
com Bruno, Anderson, Ivan ou Dijair, sempre a partir das 14 horas (2ª
a 6ª).
Ressaltamos que todos
os textos desta coluna são de autoria coletiva, sendo
responsabilidade do conjunto dos membros do NIEG-CEPOS. E-mail:
nieg.cepos@gmail.com – www.grupocepos.net
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