quarta-feira, 9 de maio de 2012

Internet: proteger a privacidade

buscado no Informação Incorrecta

Aviso

O presente artigo trata de como navegar na internet protegendo a própria privacidade.
Não confundam a protecção da privacidade com a imunidade perante os riscos de internet, porque é possível navegar de forma totalmente anónima e ser "infectado" com as piores ameaças informáticas.
Não desfrutem a navegação anónima para visitar páginas web perigosas, porque o conceito é o mesmo.
Não desfrutem a navegação anónima para tentar explorar o Deep Web (a Internet Invisível) porque outras são as protecções necessárias.
Utilizem a navegação anónima apenas para proteger os vossos dados sensíveis. 


Alt, pausa, pára tudo.
Fartos dos problemas que afligem o mundo? Ou será que o autor do blog tem dor de dentes e não tem paciência para grandes conspirações e economia?

Se calhar é a segunda.

Então, para variar, vamos ver um artigo que para muitos será inútil e supérfluo: vamos falar dos problemas que afligem a nossa privacidade. Mas, eis a boa notícia, são sobretudo as soluções que vamos apresentar.

Navegar na internet hoje significa ser exposto a muitos riscos. Não é apenas uma questão de vírus. Aliás, os
malwares (os programas nocivos) representam apenas o pequeno topo dum icebergue bem maior.

As grandes empresas querem obter o maior número de dados acerca de quem navega. E quem navega? Você, o Leitor. Obter dados é importante: é possível conhecer os nossos gostos, as preferências, as tendências...é possível construir campanhas de marketing bem "miradas".


Claro que tudo isso tem um custo: a nossa privacidade desaparece, os nossos dados, alguns dos quais podem ser sensíveis, ficam nas mãos de pessoas ou empresas que nem conhecemos. O que não é bom.

Depois há a questão da segurança: se partilhar dados sem o nosso conhecimento já não é simpático, que dizer dos dados altamente sensíveis? Tipo as nossas passwords, os códigos da conta bancária e mais ainda?

E se o Leitor pensar "Não faz mal, afinal não tenho nada a ver com os bancos online", está redondamente enganado. A declaração dos rendimentos, por exemplo, é feita cada vez mais com internet: o facto do vosso número de contribuinte acabar nas mãos de terceiros não incomoda? Segurança social, rendimentos, despesas...tudo pode ser "capturado" na internet. E há empresas que realizam óptimos lucros com a venda destas informações.


Por isso: eis como proteger-se.


Para começar: os indispensáveis

Algumas medidas são óbvias: um bom antivírus e um bom firewall não podem faltar em nenhum computador. Quais produtos? As versões gratuitas são válidas também e, se bem utilizadas, podem oferecer o mesmo grau de protecção dum produto pago. Aliás, em qualquer caso o produto gratuito até é superior.

O navegador

Os navegadores não são todos iguais: alguns são mais seguros do que os outros. Em qualquer caso, todos podem ser melhorados com medidas rápidas e eficazes, como veremos mais adiante.

Para simplificar ao máximo: Internet Explorer é o mais "perigoso" por uma razão muito simples: é o mais difundido (ou melhor, "era" até poucas semanas atrás), vem de raiz na maior parte dos computadores vendidos, por isso é lógico que seja o alvo preferencial de quem deseja provocar prejuízos.


Firefox, Chrome ou Opera representam uma solução melhor neste aspecto.


As extensões

Quem utiliza um navegador (o browser) que suporta as assim chamadas "extensões" (é o caso de Firefox, Chrome ou Opera) pode instalar alguns componentes que ajudam:

WOT

é um produto que indica antes de entrar numa página web se esta for segura ou não. Funciona de forma simples: um utente entra na página e se encontrar algo que não bate certo (por exemplo, um tentativo de phishing) sinaliza o facto à equipa do WOT. Obviamente, quantos mais pareceres acerca duma página, maior será o grau de confiança. Aconselhado.

AdBlock
e AdBlock Plus
muito útil: bloqueia a publicidade, as janelas pop up, aquelas que costumam abrir-se automaticamente ao entrar num blog ou site e que contêm mensagens publicitários. Aconselhado.

No Script

Impede que os script duma página sejam activados. Para simplificar, o script pode ser visto como um pequeno programa que executa determinadas funções: o problema é que estes programas podem conter códigos malicioso também.
O problema com No Script é que este bloqueia qualquer script, o que pode causar problemas, pois há script perfeitamente legítimos. Aliás, determinadas páginas nem podem ser abertas sem a função script activa.
Então, que fazer? A minha sugestão é que instalar este componente e mantê-lo desactivado durante uma navegação "normal" (isso é, enquanto visitamos páginas que bem conhecemos ou que sabemos não representar perigo. Pode sempre ser activado no caso de páginas novas e "suspeitas".

Haveria outras extensões disponíveis, mas, tanto para não ser paranóicos, WOT e AdBlock (com eventualmente No Script) podem ser considerados suficientes. lembrem que as extensões abrandam o navegador: por isso é melhor limitar o número das mesmas (no geral, não mais de que quatro ou cinco extensões), dando prioridade às que tratam da segurança (como aquelas aqui reportadas).


Navegar de forma quase anónima

Com algumas medidas é possível navegar de forma quase anónima com a maioria dos navegadores. Começamos com o dizer que esta forma de navegar não é absolutamente anónima: pode oferecer mais protecção em determinados aspectos, mas não garante a anonimato. Para ser verdadeiramente "anónimos" é preciso mais do que isso.

Com
Firefox é possível seleccionar Opções, a seguir Privacidade e escolher a opção Modo permanente de navegação anónima.
Caso a navegação anónima não seja a opção mais desejada, aconselho fortemente em qualquer caso:
- Desseleccionar a opção Lembrar o histórico de navegação
- Desseleccionar Aceitar cookies de terceiros
É pouco, mas pelo menos isso... 

Chrome
não apresenta uma opção para a navegação anónima. 
Todavia em Definições, Definições avançadas e Definições de conteúdo é possível gerir a maneira como o navegador trata os cookies, as imagens, JavaScript e Localização (a nossa localização).
Melhor do que nada.

Opera
é o navegador que mais oferece neste aspecto. É possível gerir tudo e mais: é o único navegador que permite utilizar um separados em modalidade privado enquanto os outros permanecem normais. Muito útil em caso de pesquisas.
A propósito, para activar a modalidade em apenas um separador: clicar com a tecla direita do rato num separados já existente e escolher Novo separado privado. Só isso.

No geral, para qualquer navegador é boa norma, no mínimo:


  • não aceitar os cookies de terceiros
  • não lembrar o histórico de navegação
  • activar a protecção anti-phishing (quando presente)
  • não guardar as passwords
  • não permitir o ré-endereçamento automático
  • não permitir o download automático (escolher sempre a pasta de destino)
  • e, claro, bloquear páginas reconhecidas como perigosa (no Firefox há esta opção). 


Os navegadores quase anónimos

Alguns navegadores oferecem a possibilidade de navegar de forma quase anónima. Vale a mesma observação feita anteriormente: a verdadeira navegação anónima é outra coisa. Mesmo assim, os browser aqui apresentados permitem navegar sem deixar rastos (ou quase). O que já é bom.

Garantem uma protecção acrescentada, por isso podem ser uma boa solução na navegação do dia à dia. Eis alguns destes navegadores "anónimos".


Browzar

De momento é um daqueles que utilizo mais. Não guarda coockies, histórico, ficheiros temporários, password, cache e apaga todos os rastos uma vez fechado. Afinal é o mesmo efeito que pode ser obtido alterando as configurações de muitos navegadores, mas neste caso temos já tudo pronto num navegador leve, rápido e portátil.
Aconselhado como segundo navegador.

Epic Browser

Este é um navegador indiano, baseado no Firefox, e funciona bem. Só que não é portátil (requer instalação). Não guarda dados pessoais, nem cookies, vem embutido com um antivírus (não entra em conflito com o antivírus do computador, fiquem descansados). Óptimo nas redes sociais (foi projectado para este fim).

SRWare

É um Chrome mas sem as opções que transmitem para Google os nossos dados. Não tem instalação (é só baixar e utilizar), não guarda dados pessoais. Se gostam do Chrome, gostarão com certeza do SRWare: é idêntico mas com mais privacidade. Pode tranquilamente ser o navegador principal.

QTWeb

Gosto mesmo muito deste navegador. Elegante, muito rápido, sem instalação, permite bloquear tudo (Java, JavaScript, Pop-up, imagens...), até vem com um client torrent embutido. Com um simples botão é possível iniciar a navegação privada. Muito bom mesmo.

Opera

É o meu navegador favorito em absoluto, tem tudo e mais alguma coisa. Inclui a opção "navegação privada" e é altamente configurável. Aconselhadíssimo!

Há outros, mas mesmo assim pode ser suficiente para ter uma ideia. E alguma protecção também.


Navegação anónima

Até aqui algumas dicas para navegar na internet sem espalhar os nossos dados, para a protecção da privacy. Mas ficámos sempre no âmbito do quase anónimo.

É possível navegar de forma realmente anónima, sem a possibilidade de ser traçados? Parece que sim. Mas para isso é preciso mais do que o nosso simples navegador.


Todos os computadores ligados à internet têm um endereço IP: o
Internet Protocol Address (isso significa IP) é um código que identifica univocamente o computador conexo. Uma vez obtido o endereço IP dum computador, individuar a localização é questão de centésimos de segundos.

Por isso, requisito essencial para uma navegação realmente anónima será ocultar o endereço IP, coisa que os navegadores até aqui apresentados não fazem (por isso é uma navegação
quase anónima: não armazenam ou espalham dados pessoais, mas permitem localizar o computador sem problemas). Ao esconder o IP não é nada fácil descobrir a partir do qual País o computador é conexo e a navegação se torna realmente anónima.

Como ocultar o IP e permitir uma navegação não monitorada? Resposta: com um browser ou um programa dedicado.


Tor

É o instrumento mais conhecido. É um navegador com o qual é só descarregar e utilizar (já está configurado por uma navegação totalmente anónima). Fornece o IP dum outro País e por isso é o mais utilizado em Países onde actua a censura (como na China, por exemplo).
Utiliza Firefox e é um bocado lento, mas se o desejo for uma navegação sem a possibilidade de ser individuados, funciona particularmente bem. É portátil também o que é sempre bom: é suficiente descarrega-lo numa caneta USB para poder navegar em incógnito a partir de qualquer computador.

Ultra Surf

Funciona com um princípio parecido (mas não igual) ao Tor, só que apresenta duas grandes diferenças: é baseado em Internet Explorer e é mais rápido. Contrariamente a Tor, Ultra Surf não é um navegador: utiliza o navegador pré-definido do sistema para funcionar. Por isso funciona também com Firefox, Chrome ou outros: só que as prestações melhores são obtidas com Internet Explorer.

Mais valia: contrariamente a Tor, Ultra Surf inclui uma protecção contra conteúdos pornográficos ou particularmente violentos. Isso para os Leitores malandros.


FreeGate

É muito parecido com Ultra Surf. Utiliza Internet Explorer e atribui ao utilizador um IP dos Estados Unidos. Por isso acho que não deve ter muito sucesso nos EUA... A homepage do produto é uma das piores em circulação, mas funciona e também é portátil.

Alerta!

Como reportado no início, o facto de navegar de forma anónima não significa de forma nenhuma estar protegido contra vírus ou outras ameaças presentes na internet. Por isso:

  • Nunca desactivar o antivírus.
  • Nunca desactivar o firewall. 
  • Visitar páginas web perigosas só em caso de absoluta necessidade (isso é: nunca).

Há outros sistemas para navegar de forma anónima? A resposta é sim, há. Só que entramos num âmbito mais complicado e não parece o caso. As alternativas aqui apresentadas permitem navegar de forma anónima e segura, com a protecção dos dados pessoais: este é o objectivo.

Funciona? Sim, funciona. Todavia temos de lembrar o seguinte:


  • a navegação anónima não é uma imunidade geral: se o computador do Leitor estiver sob ataque de hackers, o facto de navegar com os instrumentos acima reportados não adianta muito (ou até nada).
  • navegar de forma totalmente anónima não é prático: aceder a determinados serviços pode ser até impossível (caso do correio electrónico). Até os browser quase anónimos causam problemas neste sentido. Portanto, a navegação totalmente anónima deve ser uma excepção.
  • diferente o discurso relativo às extensões (tipo WOT, AdBlock, etc.) ou às configurações do próprio navegador:  neste caso, pelo contrário, estamos perante instrumentos úteis que todos deveriam adoptar para melhorar a segurança da própria navegação e que em nada prejudicam aspectos como velocidade, acessibilidade, etc.
E lembrem: a navegação anónima terá sempre que ter como objectivo a protecção dos vossos dados.

Portanto: o Leitor acha que os Iluminati estão a segui-lo? Com Tor ou um dos outros produtos o Leitor será como um gato preto num depósito de carvão.

A propósito: que está a fazer o Leitor num deposito de carvão?
Pessoas esquisitas neste blog...


Ipse dixit.

Nenhum comentário: