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“Durante a Idade Média e o Renascimento, os compositores compunham frequentemente as suas obras a partir de materiais pré-existentes. A composição original podia ser uma peça polifônica, como um moteto ou uma canção, ou apenas uma simples linha melódica, como uma cantiga monofônica ou um cantochão.
Longe de ser uma prática restrita, a
utilização de material pré-existente era visto como um desafio
técnico e intelectual.” (“Companion
to Medieval and Renaissance Music”, de Tess Knoghton e
David Fallows, pg 28)
A apresentação musical
era também um processo criativo em que a partitura – e
consequentemente, o compositor – representava apenas o ponto de
partida de onde o intérprete prosseguia, adaptando a peça à
ocasião, momento em que a audiência interferia também no processo.
O resultado, ao final, era um “novo” trabalho, derivado a partir
do trabalho “original” do compositor.
“O grau de controle do compositor sobre a
sua obra é importante aqui porque a contribuição do intérprete
durante o processo criativo da apresentação foi declinando
constantemente a partir da Idade Média, ao mesmo tempo em que
aumentava a do compositor.” (“Companion
to Medieval and Renaissance Music”, de Tess Knoghton e David
Fallows, pg 38)
É exatamente a isto que Glenn Gould se refere
quando fala da separação entre compositor, intérprete e audiência
ocorrida a partir do Barroco.
E faz todo o sentido que Gould advogue um
“retorno” a essa fusão entre os três atores do processo
criativo musical, que ele apelida de “relação cósmica”, já
que, até onde se depreende pela sua fala e obra, Gould se via como
um intérprete-recriador, e não como um mero e fiel executante de
partituras.
É fascinante como isso tudo, que remonta a eras
tão longínquas quanto a Idade Média, e outras nem tanto como os
anos 70 do século passado, falem, no fundo da mesma coisa, que
agora, em pleno século XXI, é vista como o Ó-do-Borogodó: o
Creative Commons.
Mais interessante ainda seria fazer o paralelo
entre essa tendência à “apropriação” da obra pelo compositor,
ou seja, o surgimento do conceito de “autor” como o
“proprietário” da obra, e o nascimento do capitalismo, que
coincide com o período que sucede à Idade Média.
No vídeo, além desses assuntos, abordados com a
habitual verborragia e paixão de Gould, estão duas peças medievais
fantásticas executadas por ele:
- “Pavana de Lord Salisbury”, de Orlando
Gibbons
- ” 6ª Galharda”, de William
Byrd
O vídeo acima é um trecho do documentário
“Chémins de la Musique” (Caminhos da Música),
realizado pelo violinista e cineasta francês Bruno
Monsaingeon (que aparece, no vídeo, entrevistando Gould).
Para ver o filme completo:
O torrent do documentário completo (2h 37m de
duração) encontra-se aqui.(Fazer
download desse arquivo, e depois trocar a extensão “txt” pela
extensão “torrent”)
Se precisar de alguém para semear, estou às
ordens, favor entrar em contato.
O formato do filme é MKV, e contém as legendas
em português embutidas (por erro do legendador aqui, entre outros,
elas estão nomeadas como inglês, mas são em português mesmo)
Caso haja necessidade, de qualquer forma, de ter o
arquivo de legendas por fora, ele encontra-se aqui.
Estou à disposição para tirar qualquer dúvida
sobre o que fazer para ver o filme completo, ou como usar arquivos
torrent.
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