quinta-feira, 10 de maio de 2012

A prática do Creative Commons na Idade Média segundo Glenn Gould

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Durante a Idade Média e o Renascimento, os compositores compunham frequentemente as suas obras a partir de materiais pré-existentes. A composição original podia ser uma peça polifônica, como um moteto ou uma canção, ou apenas uma simples linha melódica, como uma cantiga monofônica ou um cantochão.
Longe de ser uma prática restrita, a utilização de material pré-existente era visto como um desafio técnico e intelectual.” (“Companion to Medieval and Renaissance Music”, de Tess Knoghton e David Fallows, pg 28) 
A apresentação musical era também um processo criativo em que a partitura – e consequentemente, o compositor – representava apenas o ponto de partida de onde o intérprete prosseguia, adaptando a peça à ocasião, momento em que a audiência interferia também no processo. O resultado, ao final, era um “novo” trabalho, derivado a partir do trabalho “original” do compositor.
O grau de controle do compositor sobre a sua obra é importante aqui porque a contribuição do intérprete durante o processo criativo da apresentação foi declinando constantemente a partir da Idade Média, ao mesmo tempo em que aumentava a do compositor.” (“Companion to Medieval and Renaissance Music”, de Tess Knoghton e David Fallows, pg 38)
É exatamente a isto que Glenn Gould se refere quando fala da separação entre compositor, intérprete e audiência ocorrida a partir do Barroco.
E faz todo o sentido que Gould advogue um “retorno” a essa fusão entre os três atores do processo criativo musical, que ele apelida de “relação cósmica”, já que, até onde se depreende pela sua fala e obra, Gould se via como um intérprete-recriador, e não como um mero e fiel executante de partituras.
É fascinante como isso tudo, que remonta a eras tão longínquas quanto a Idade Média, e outras nem tanto como os anos 70 do século passado, falem, no fundo da mesma coisa, que agora, em pleno século XXI, é vista como o Ó-do-Borogodó: o Creative Commons.
Mais interessante ainda seria fazer o paralelo entre essa tendência à “apropriação” da obra pelo compositor, ou seja, o surgimento do conceito de “autor” como o “proprietário” da obra, e o nascimento do capitalismo, que coincide com o período que sucede à Idade Média.
No vídeo, além desses assuntos, abordados com a habitual verborragia e paixão de Gould, estão duas peças medievais fantásticas executadas por ele:
- “Pavana de Lord Salisbury”, de Orlando Gibbons
- ” 6ª Galharda”, de William Byrd
O vídeo acima é um trecho do documentário “Chémins de la Musique” (Caminhos da Música), realizado pelo violinista e cineasta francês Bruno Monsaingeon (que aparece, no vídeo, entrevistando Gould).

Para ver o filme completo:
O torrent do documentário completo (2h 37m de duração) encontra-se aqui.(Fazer download desse arquivo, e depois trocar a extensão “txt” pela extensão “torrent”)
Se precisar de alguém para semear, estou às ordens, favor entrar em contato.
O formato do filme é MKV, e contém as legendas em português embutidas (por erro do legendador aqui, entre outros, elas estão nomeadas como inglês, mas são em português mesmo)
Caso haja necessidade, de qualquer forma, de ter o arquivo de legendas por fora, ele encontra-se aqui.
Estou à disposição para tirar qualquer dúvida sobre o que fazer para ver o filme completo, ou como usar arquivos torrent.

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