quinta-feira, 17 de maio de 2012

A direita aberrante: entre o trágico e o cômico

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                  A rápida expansão do acesso ao computador entre os brasileiros, que resultou, nos últimos anos, na formação de uma provável maioria de internautas, deu margem a diversos fenômenos curiosos.  Um deles foi a proliferação dos sites geridos por uma extrema direita raivosa, que adicionou à velha pizza macarthista, requentada sem muita imaginação, incontinência verbal e bizarras teorias da conspiração.  Alguns de seus líderes, posando de perseguidos por "minorias totalitárias", foram viver no exterior, de onde remetem seus libelos. Não raro, utilizam como argumento de autoridade uma duvidosa experiência na esquerda militante, com a qual teriam se desiludido ainda na juventude.
                Embora, em regra, não tenha qualquer expressão eleitoral, esta direita aberrante reivindica o papel de autêntica defensora do conservadorismo no Brasil.  Os partidos direitistas tradicionais, como o DEM e o PP, são qualificados como clubes de centristas mercenários, reféns do estatismo.  Os elitistas tucanos recebem com frequência o rótulo de comunistas moderados.  Segundo a delirante tese da "estratégia das tesouras", PSDB e PT, alternando-se no poder, cumprem uma agenda perversa, cujos objetivos seriam conduzir o debate político cada vez mais para a esquerda, destruir os valores familiares, sufocar as resistências conservadoras e abrir caminho para uma "nova ordem" comunista.
                  Não me proponho a desconstruir o pensamento desta corrente.  Assumiria o risco de cair na caricatura, como um enfermeiro de sanatório tentando convencer o louco de que ele não é Napoleão.  Porém, tendo em vista o inegável fato de que os neomacarthistas conseguem seduzir, além de antigos órfãos da ditadura militar, muitos jovens que pendem para o fundamentalismo religioso ou para o fascismo, sinto-me instigado a exibir um pouco de suas facetas mais caricatas.  Divirtam-se ou indignem-se, conforme sua índole, humor e percepção da realidade.                      
                       Reinaldo Azevedo, diante das estatizações ocorridas na Bolívia, volta sua ira contra Evo Morales, para ele um falso índio! 



                        O cineasta Ipojuca Pontes crê que Karl Marx era uma espécie de apóstolo do Diabo.




                               Diogo Mainardi, em sua obsessão por Lula, produz uma crônica grotesca, com direito a racismo mal disfarçado e profecia ruim.


                            Félix Maier, sentindo-se um pária pela condição de teuto-brasileiro, compõe sua poesia de pé quebrado, que inclui reprise do besteirol de Luiz Mott sobre a "homossexualidade de Zumbi".  


                         
                    Para Olavo de Carvalho, a pérfida coalizão entre comunistas, muçulmanos e adeptos do governo mundial colocou um estrangeiro na presidência dos Estados Unidos:     


                                                     Segundo Graça Salgueiro, o Brasil jaz nas mãos do Foro de São Paulo.  Em Pernambuco, particularmente, o comunismo é uma unanimidade!




                       Sua xará do blog Graça no País das Maravilhas denuncia o controle dos "esquerdopatas" sobre a massa de eleitores semi-analfabetos, e mostra erudição escrevendo traseiros com Z.


                         Para Jair Bolsonaro, o único do gênero que tem votos,  o índio autêntico é um comedor de capim.


                      Caso acreditemos no pastor Julio Severo, os "brasileiros comuns" estão prestes a cair sob o jugo do nazismo gay, que já instrumentaliza o Ministério Público contra os heterossexuais.



                    
 Pelo menos num ponto, os neomacarthistas se mostram lúcidos: a constatação de que, por mais que esperneiem, nunca constituirão uma alternativa de poder.  Nada preciso acrescentar para revelar os motivos.       


2 comentários:

Gustavo Moreira disse...

Obrigado mais uma vez por prestigiar. "Eles" não nos deixam alternativas, a não ser continuar.

jader resende disse...

Obrigado a você Gustavo, por compartilhar um belissimo texto texto.
Abraços