buscado no Professor Jeovane
No mapa acima, cada estrela
corresponde a uma base militar dos Estados Unidos. Uma imagem que fala por mil
palavras a respeito do cerco ao Irã
Por Anna Malm para Irã News e
Pátria Latina*
A República Islâmica do Irã, a
qual costumamos nos referir simplesmente como o Irã, está localizada de maneira tal que seu território ocupa tanto a Eurásia como
o Oriente Médio. O Irã faz
fronteira com o Iraque do lado noroeste,
sendo que a Turquia fica um pouco mais acima deste mesmo lado. O
Afeganistão e o Paquistão são vizinhos
fronteiriços ao leste, sendo que ainda
mais adiante para o mesmo
leste encontra-se a China. Ao
norte própriamente dito encontra-se a Rússia.
O
território o Irã é banhado por quase todos os lados por águas de
mares, golfos, estreitos e lagos de uma grande significância política
para o transporte do petróleo mundial.
Trata-se do Golfo Pérsico, do Golfo de Omã - onde o estreito de Hormuz está localizado
ligando esses dois braços marítmos - do
Mar Árabe e finalmente do Mar Cáspio. Sua posição poderia dificilmente ser mais
central, quanto as rotas marítmas que
abastecem o mundo com o petróleo.
A capital do Irã é Teerã, que também é o maior centro
cultural-político-econômico do país. A civilização persa é uma das mais antigas
do mundo sendo que sua medicina,
astronomia, matemática assim como artes, literatura e filosofia formaram
os fundamentos do mundo moderno, tendo sido
também este o contexto no qual a Identidade Islâmica se
desenvolveu.
Sua população atual é de 79.000.000 de habitantes sendo que o
padrão de vida é alto. De 1900 à 1950 o país foi dirigido por uma monarquia
constitucional, ou seja já obedecendo as leis de um governo parlamentárico. Há
aqui também um monarca que foi deposto por não agradar ao poder colonial britânico e
seus interesses econômicos em relação ao petróleo do país. As companhias de pretróleo dos interesses britânicos não
estavam satisfeitas e o monarca simplesmente perdeu seu poder e sua base
poliítica a favor dos interesses britânicos.
O filho do acima mencionado
monarca pode então retomar o poder,
bem mais tarde, através de um
golpe-de-estado, em1953. Este golpe-de-estado se efetuou abaixo dos auspícios da mesma Inglaterra, agora ajudada pelos Estados Unidos. Quanto a
Inglaterra tudo estava sendo feito para o bem da sua principal companhia petrolífera
de então. O governo que tomou o
poder abaixo dos auspícios da Inglaterra e dos Estados Unidos foi o
governo do monarca que conhecemos como o Shah do Irã.
Esta pode ter sido a primeira vez
que os Estados Unidos agiram ativamente na arena internacional, nesse caso
através de um golpe-de-estado, para derrubar um governo que não se lhes
subjugava.
O último caso consumado, neste sentido, foi a guerra da Líbia que é um país do norte
da África. A guerra da Líbia foi imediatamente seguida por um resurgimento
armado com muito envolvimento “estrangeiro”
por todo a faixa petrolífera
que fica localizada mesmo
abaixo da que podemos chamar de faixa norte da África.
Todos os países africanos da abrangente faixa petrolífera encontram-se agora, depois da caída do governo da Líbia pelas
mãos da OTAN, em guerra aberta ou dissimulada, guerras estas
de maior ou menor intensidade. A
mídia ocidental continuando surda e muda
como sempre.
A Síria ainda temos na
encruzilhada do destino, a espera de uma definição.
Mas voltando ao Irã de 1953. No Irã
então, as manipulações da instalação do sistema político dirigido pelos
interesses econômicos coloniais-imperialistas
da Inglaterra e dos Estados
Unidos fizeram com que uma oposição
iraniana, contra as manipulações
estrangeiras, se fizesse notar.
Esta oposição culminou na revolução popular de 1979, que estabeleceu a
República Islâmica do Irã no governo do país.
O Irã é muito importante para a
segurança energética do mundo, assim como para sua economia global. A reserva
de gás natural do Irã é a segunda maior do mundo, e a sua reserva de petróleo é a quarta maior
do mundo.
De acordo com Yuri Baranchik [1],
a República Islâmica do Irã tornou-se num poder regional de peso e o
Irã ocupa agora uma posição
estratégica muito importante devido a uma série de fatores. Em relação a segurança energética
ressaltou-se então:-
1) sua localização estratégica
2) seus impressionantes recursos naturais
3) seu acesso marítmo as rotas de frete de cargo
4) seu potencial para poder integrar diversos
fatores numa teia de comunicações
favoráveis ao desenvolvimento econômico da Eurásia.
De acordo com o autor
temos que a lógica das relações internacionais contemporâneas se baseia
na primazia dos Estados Unidos, primazia
esta tendo que ser constantemente reafirmada.
Deste modo temos que tanto as
elites do Partido Democrático (liberal
intervencionista) quanto as elites do
Partido Republicano dos Estados Unidos
aderem a idéia de que a força militar é a melhor forma de política
exterior para o seu país. Neste cenário as fronteiras e as soberanias
nacionais perdem, da perspectiva bélica
dos mesmos, os seus contornos e o
seu significado tradicional . No caso do Oriente Médio para eles quanto
maior for o território do que denominam como o “Grande-Oriente Médio”, tanto melhor.
Um “Grande-Oriente Médio”
significa, aos olhos dos acima
mencionados, um Oriente-Médio como uma
gigantisca base militar americana, e isto no coração da Eurásia.
Um político “Grande Oriente- Médio
significaria então para os Estados Unidos:-
1) um quase que total controle sobre o preço do gás e do petróleo.
2) um domínio político-econômico sobre os poderes regionais da Eurásia, ou seja, a China, a Índia e a Rússia.
A Rússia, A China, a Índia e o Irã.
Nesses quatro poderes regionais sustenta-se a balança estratégica, não só
da Eurásia, como também da
balança estratégica mundial.
Quem ainda consegue acreditar que
é o aspecto ou a perspectiva de um Irã nuclear que incomoda os Estados Unidos
[e por consequência seus irmãos em armas]? A China tem muito mais para
incomodar os Estados Unidos a esse respeito do que Irã nunca teria, mesmo
se o
Irã viesse a ter um relativamente
pequeno arsenal nuclear. O único provável alvo para um Irã com armas
nucleares seria da perspectiva do autor,
e assim também como da minha, Israel. O
autor ressalta então que neste caso o próprio Irã iria, de certeza, transformar-se numa total catástrofe nuclear. A história, a
experiência e a lógica nos mostram claramente que isto não faz sentido.
O problema é então, outro. O
próprio fato de um Irã com uma capacidade tecnológica incluindo o domínio do
setor da energia nuclear representaria uma derrota política para os Estados
Unidos no contexto da situação, e ainda
por cima uma prova concreta da possibilidade atual e realística de um mundo multipolar, mundo multipolar este com diversos centros de poder político- econômico em cooperação
conjunta, ou concorrência.
Mas é isso aí.
Isto não só acabaria com a primazia dos Estados Unidos, como também mostraria com toda a desejável
clareza as bases periclitantes dos arranjamentos nos quais o complexo industrial-militar estabelece os
Estados Unidos como uma super-potêmcia e o dólar como a única realmente internacional moeda-de-reseva. Isto quer dizer a moeda destinada a compras e
vendas no mercado internacional e isto então muitíssimo especialmente quanto a
compra e venda do petróleo e seus dericados no mercado internacional.
A economia atual dos Estados
Unidos é propulcionada por um empréstimo desenfreado no mercado financeiro e
esta não teria grandes chances de sobreviver uma liderança americana
enfraquecida. A supremazia dos mesmos se tornaria
em coisa do passado. Ao meu ver um passado a ser esquecido, depois de
bem analizado e entendido.
O autor Yuri Baranchik argumenta ainda que não é a necessidade do
petróleo própriamente dito que motiva as
ações dos Estados Unidos no contexto aqui estudado. O que motiva as ações dos
mesmos é
a sua necessidade
de controlar tanto o mercado petrolífero como o preço do petróleo no mercado internacional.
Os Estados Unidos tem fontes próprias para seu consumo energético
doméstico. Portanto quanto as suas
sanções que agora levam o
preço do petróleo às alturas,
isto não os afeta
diretamente, se visto deste específico
aspecto.
No entanto, as sanções unilaterais americanas, que eles ainda tentam chantagear outros
países a também imporem, faz
por outro lado que as economias da União Européia assim como a da China e da Índia, entre outros países, venham a sofrer as consequências. Eles mesmos
pretendendo passar ao largo da
tempestade.
É interessante notar aqui a
triste figura que a União Européia é
compulsionada a apresentar,
também neste caso como em muitos
outros.
O autor ressaltou então que poder
controlar o Irã politicamente significava
para os Estados Unidos o mesmo que poder
controlar o fornecimento energético da China e da Índia.
Nos tempos coloniais de outrora
os países europeus só podiam adquirir suas importações coloniais através de um
revendedor global, o qual conhecemos hoje em dia como a monarquia britânica.
Um controle do mercado e do preço do petróleo
facilitaria ainda por cima uma
marcha dos Estados Unidos a uma superioridade tecnológica sobre seus
competidores, concluiu Yuri Baranchik.
Ressaltamos então aqui que Irã é
um membro fundador tanto da ONU quanto
da OPEP – Organização dos Países Produtores de Petróleo. A importância
do Irã não acaba com a sua importância estratégica. A importância internacional do Irã também se
mostra na sua posição atual como um símbolo da luta pelo direito da
auto-determinação dos povos e da primazia da lei e do direito a ser exigidas
nas relações internacionais. Aqui o Irã torna-se no símbolo maior a ser
seguido.
REFERÊNCIAS E NOTAS:
[1] Yuri Baranchik, “Will the
U.S. Launch an Agression Against Iran?”
no jornal on-line da Strategic Culture Foundation -
www.strategic-culture.org
* Anna Malm é correspondente na
Europa de Pátria Latina e Irã News
fonte: site Irã News
fonte: site Irã News
Nenhum comentário:
Postar um comentário